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REALIDADE DO SECTOR CULTURAL E CRIATIVO EM LISBOA

No documento Momentum : Centro cultural e criativo (páginas 97-101)

CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO TERRITORIAL

3. REALIDADE DO SECTOR CULTURAL E CRIATIVO EM LISBOA

cultura e criatividade, podemos dizer que Lisboa tem revelado ser uma cidade capaz de se tornar altamente criativa e inovadora, transformando-se numa referência a nível mundial nesta matéria, uma vez que, é uma cidade que tem vindo a apostar e a desenvolver a economia criativa portuguesa, bem como, as indústrias e as atividades culturais e criativas devido ao crescente dinamismo e consequente aumento dos níveis de diversidade no sector cultural e criativo.

Ao longo dos último anos, a capital portuguesa tem vindo a reestruturar-se e a reorganizar-se em torno das novas exigências dos cidadãos do mundo, tendo como objectivo, captar, reter e formar talento e novos conhecimentos, ideias, soluções e, posteriormente, desenvolvimento a todos os níveis. Com isto, têm emergido cada vez mais aglomerações de lugares criativos, não só no centro da cidade, devido à maior facilidade de acesso e à maior movimentação urbana, como também nas zonas ribeirinhas e mais periféricas, substituindo e solucionando o uso de espaços antes destinados a atividades industriais, agora dedicados a fins criativos.

Na figura que se segue (Fig.14) podemos observar o mapeamento e a densidade da concentração das diferentes indústrias e das atividades que têm vindo a contribuir fortemente para o desenvolvimento da economia criativa de Lisboa, sendo que, é de notar que as áreas mais centrais da cidade, Santos – Cais do Sodré – Baixa – Mouraria, revelam ter um poder

criativo superior à média do resto das regiões da cidade. Todavia, tanto o eixo Marvila – Poço do Bispo, como o eixo Santos – Alcântara, representam duas zonas da cidade que se encontram em plena expansão e desenvolvimento, sendo que, tendo em conta os factos mencionados, bem como, todas as informações analisadas ao longo do trabalho, é possível assumir que existe um crescente interesse e desejo, tanto dos residentes como das empresas, sejam elas nacionais ou internacionais, para desenvolverem negócios baseados no uso da criatividade e da inovação nestas regiões.

Nos últimos anos, têm emergido cada vez mais indústrias e atividades culturais e criativas na cidade, uma vez que, são indispensáveis para desenvolver a economia de Portugal, seja através da idealização e concepção de produtos tangíveis com valor de mercado acima da média, seja através das dinâmicas criativas que apoiem a cultura nacional. Quanto ao caso de Lisboa, as indústrias culturais tendem a fixar-se principalmente no eixo Marquês de Pombal, Avenida da República e Alvalade, enquanto que, as atividades artísticas e culturais tendem a espalhar-se por toda a malha urbana, contribuindo para a revitalização de inúmeros espaços degradados da cidade.

A atual transformação evidente na cidade de Lisboa, quer em relação à criação de novos polos e espaços criativos, quer no aumento de postos de trabalho culturais e criativos, quer na implementação de novas medidas de atração e de incentivos para a criação de eventos internacionais, quer a forte aposta na regeneração urbana e em medidas empreendedoras, entre outras, está a tonar a cidade cada vez mais cosmopolizada e mais desenvolvida a nível económico, cultural, político, social e ambiental, contribuindo para a satisfação dos interesses e desejos dos investidores, talentos e empresas criativas.

O desenvolvimento e a viabilidade da economia criativa está diretamente dependente da interação e da dinamização dos diversos segmentos apresentados na figura anterior (Fig.14), sendo que, para que todo o processo dê resultado, os talentosos que trabalham nas indústrias e nas atividades criativas dos diferentes segmentos, devem criar situações win-win através da adoção de uma postura prospectiva e de futuro com vista a inovar, criar e gerar valor, não só entre os diversos segmentos, como também com entidades internacionais, sejam elas públicas ou privadas.

Em termos de educação e ensino, Lisboa tem um conjunto ampliado e invejável de instituições de ensino direcionadas tanto para as engenharias e as tecnologias, como para as ciências e a programação, passando também por inúmeros estabelecimentos orientados para as artes, para o desporto, assim como para o turismo e lazer. Isto, leva a que Lisboa seja uma das cidades mais procuradas pelos estudantes de todo o mundo, motivando-os a virem estudar

para Lisboa não só devido a estas condições, como também devido à existência de cada vez mais infraestruturas, equipamentos e oportunidades para pôr em prática o potencial criativo de cada individuo, assim como devido aos aspectos associados com o clima, gastronomia, história e cultura local, qualidade e bem-estar social, segurança, nível de acessibilidades, proximidade de boas praias, diversidade da oferta de atividades de lazer e recreação, diversidade de culturas e estilos de vida, etc., sendo que, todos estes factores têm vindo a suscitar um crescente interesse pela cidade de Lisboa entre as novas gerações, aumentando o número de entradas no país, os níveis de internacionalização de Lisboa, bem como, as probabilidades de atrair, reter e formar capital criativo.

Neste sentido, a Câmara Municipal de Lisboa deve funcionar como uma ferramenta essencial no apoio e na implementação de medidas que promovam o potencial criativo da cidade, devendo relacionar a cultura local com factores criativos e tecnológicos, tendo como objectivo, obter crescimento económico e gerar emprego associado à economia criativa. A CML acredita que é possível fazer-se mais e melhor nas áreas culturais e criativas em Lisboa mas, para isso, é necessário que esta instituição conceda espaços e incentivos financeiros, com o objectivo de individuais criarem espaços e ambientes capazes de gerar sinergias, parcerias, redes de inovação, bem como, inúmeras vantagens e benefícios económicos para a cidade através da contribuição do talento endógeno através das indústrias e das atividades criativas.

Tal como já foi referido no trabalho, o contexto em que vivemos atualmente a nível global, bem como, todo o caminho que percorremos desde o período associado à recessão económica e financeira de carácter global, levou a que as pessoas procurassem novos estilos de vida e novos lugares com o objectivo de solucionarem os problemas emergentes resultantes desse período. Isto, obrigou a que conceito de trabalho se alterasse, bem como, as mentalidades dos próprios cidadãos a nível social, económico, político, cultural e ambiental, originando mudanças benéficas não só a nível regional como também global, tendo por base o uso da criatividade e a inovação como ferramentas essenciais para criar novas soluções e novas ideias, bem como, para acrescentar valor aos bens e serviços já existentes, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento económico e criativo das áreas onde são aplicadas.

Assim, a manifestação de mudanças associadas ao uso de potencial criativo e inovador nas estratégias dos diversos sectores económicos é um tema bastante valorizado entre as cidades mais desenvolvidas do mundo e bastante pertinente para os tempos que correm. Com isto, tal como inúmeras capitais europeias e mundiais, Lisboa deve agir segundo estratégias mais sustentáveis e que incentivem o uso de criatividade e inovação com vista a

Ø Implementação de políticas baseadas no multiculturalismo e na integração social tanto dos residentes como dos visitantes – Esta medida tem como objectivo atrair, acolher e integrar pessoas de diversas culturas, promover a qualidade de vida e o bem-estar social, gerar maior diversidade na oferta cultural e de lazer, bem como, aumentar o número de postos de trabalho. Ø Reabilitação de edifícios e espaços históricos – Esta estratégia leva a que a história e a

identidade dos lugares se preserve no tempo e que diversos espaços degradados e/ou abandonados sejam realojados para fins criativos, uma vez que, estas edificações são reconhecidas por corresponderem aos espaços preferenciais dos membros da classe criativa na eleição de espaços para darem início os seus negócios disruptivos.

Ø Criação de bairros culturais e centros criativos – Os criativos buscam diversos produtos e serviços e para os atrair é necessário criar infraestruturas, equipamentos e promover ambientes que satisfaçam os seus estilos de vida, assim devem ser tidas em consideração medidas que dinamizem e aumentem do comércio de rua com vista a aumentar o fluxo turístico e alcançar inúmeras mais-valias, trazendo novas oportunidades de vida e dinâmicas essenciais para estes lugares se desenvolverem a todos os níveis.

Apesar dos dados expostos em relação ao sector cultural e criativo de Lisboa não serem recentes, tudo indica que, até à atualidade, a economia criativa tem vindo a contribuir positivamente para o desenvolvimento e para o crescimento da cidade de Lisboa em diversos aspectos, uma vez que, já em 2013 Lisboa era a cidade mais criativa de Portugal, abrangendo cerca de 30% do emprego criativo e 47% do VAB a nível nacional – valores excepcionais no mercado europeu. Estes valores correspondiam a mais de 38 000 postos de trabalho nas quase 22 000 empresas identificadas no período em questão como negócios pertencentes às indústrias e atividades culturais e criativas em Lisboa.

Com estes dados, podemos afirmar que o sector cultural e criativo em Lisboa reagiu de forma bastante positiva à crise internacional instalada em 2008 quando comparado com outras áreas e sectores que registaram profundas quedas. Segundo a análise realizada ao sector cultural e criativo de Lisboa, podemos identificar que este não só registou aumentos nos postos de emprego, como também no número de indústrias e atividades criativas na região em questão, contribuindo para potenciar as capacidades de resiliência e de desenvolvimento regional.

4.

RELAÇÃO DO TURISMO E DOS CENTROS CRIATIVOS NO

No documento Momentum : Centro cultural e criativo (páginas 97-101)