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Os realistas no Espaço Exterior

2. Capítulo II Investimentos no Espaço Exterior: Estado versus Privados

3.3. Os realistas no Espaço Exterior

“The future lay in our hands. Uncertain, yet promising.” (Arndt, 2003).

À luz das teorias da ‘CP’, as implicações no vislumbre para um ‘EE’ com ou sem

357 Aqui entram novamente em disputa as teorias Neo-Realista e a do Constitucionalismo Global. 358 Esta é uma questão para os actores políticos equacionarem na sua ‘SP’.

Jorge Paulo Napoleão Garcia Inácio - 2017/8 73

conflito armado, recorrendo ao realismo clássico359 e ao neo-realismo360 (Baylis, Smith, &

Owens, 2008, pp. 91-96) e (Nye Jr., 2002, p. 5), este semi-estado de Anarquia, impele a que exista uma cooperação entre Estados.

Na corrente realista existe um pessimismo na cooperação, devido à Teoria dos Jogos361 e o “dilema do Prisioneiro”362, assume entre os Estados, os “jogadores” que não

estão preocupados com o melhor resultado em conjunto, mas sim com o ganho individual, influenciando o equilíbrio do Poder.

Existe outro dilema de segurança a ponderar, o aumento da segurança de um é encarado com a diminuição do outro, se um Estado aumentar os seus níveis de segurança, o Estado adversário encara como uma ameaça devido à diminuição da sua.

Figura 29-Ciclo Acção-Reacção

Fonte(Müller & Schörnig, 2006, p. 40)

Todo e qualquer Estado que tente dominar militarmente o ‘EE’ , alarma os outros Estados tornando-os vulneráveis, e aplicando a 3ª Lei de Newton, vão reagir, aumentando os seus níveis de segurança, «Nestas situações, a falta de comunicação ou de entendimento - por exemplo, devido a falhas técnicas de meios espaciais - poderá ser o detonador de uma reacção ofensiva» (Baltazar, 2009, pp. 110-111).

Temos como corolário, que esta situação valida esta dissertação quando é questionada a necessidade de renegociar os Tratados para o ‘EE’363.

359 Cfr. GG e Anexo III Nota II Secção V. 360 Cfr. GG e Anexo III Nota II Secção VI. 361 Cfr. GG e Anexo III Nota II Secção IX. 362 Cfr. GG e Anexo III Nota I Secção V.

Jorge Paulo Napoleão Garcia Inácio - 2017/8 74

Resumindo, a questão de partida «Necessitará o Espaço Exterior de um Tratado no/para o século XXI?», tem implícita a questão “Segurança” que estará sempre inerente a esta intenção.

Por último, analisando a figura infra, está implícita a conclusão desta dissertação, que acerta na “mouche”364.

A essência do gráfico é transmitir um possível entendimento do ‘EE’ seguro, e isso significa a ausência de conflitos.

Figura 30-Gráfico para a segurança no EE

Fonte(Baltazar, 2009, p. 120)

Para tal, é essencial uma garantia de segurança e isso acarreta a inexistência de probabilidades de armamento espacial e que a (agora crescente) ameaça do Space Debris sofra uma substancial diminuição365.

As abordagens das dissertações já existentes em Portugal, elaboradas por Ana Baltazar e Vera Gomes, foram uma boa base de partida, a primeira sublinha a importância da EU/UE e dos militares, que nunca se pode descurar. A segunda expõe a importância da política Externa do ‘EE’, evidenciando a crescente supremacia do Estado Chinês nesta matéria366.

A dissertação traçou objectivos de outro alcance, alargando conteúdos e procedimentos. Na nossa perspectiva, é necessário que existam na UNOOSA entendimentos,

364 Popularmente em França, usado como sinónimo do centro do alvo, e, adoptado posteriormente por vários

desportos e na literatura como sinónimo de tiro certeiro. Cfr. GG.

365 Estas garantias para que exista uma ‘SP’ que promova “o bem comum da humanidade”, necessita

de um ‘SL’, leia-se Tratado consistente e sem lacunas.

366 A crescente influência da República Popular da China, veio alterar a ‘SP’ de diversos Estados - as

parcerias, os acordos que o Estado faz legitimamente, são questões que implicam um outro olhar sobre os tratados.

Jorge Paulo Napoleão Garcia Inácio - 2017/8 75

Acordos, Tratados Internacionais, Convenções ou Códigos de Conduta, para que sejam ultrapassadas as lacunas agora existentes e clarificados: conceitos, actores e os seus papéis367.

O objectivo é o desenvolvimento de regras definidas no ‘EE’, devido à sua complexidade, a nível tecnológico, logístico e económico368.

Assim, três vectores são considerados369:

Em primeiro lugar, a existência de uma plataforma que permita a diversos Estados e/ou Privados aplicarem uma política espacial comum com objectivos para a exploração do

‘EE’, evitando o desperdício de tempo e dinheiro.

Um segundo vector implica que se incentivem as parcerias, aumentando assim o

“know-how”, evitando o desperdício, e tornando a exploração do ‘EE’ politicamente mais

clara para os cidadãos e mercados.

O terceiro vector envolve a existência de um contributo idêntico para a segurança do

‘EE’ , passando a ser essa uma responsabilidade partilhada por todos os intervenientes no ‘EE’, tendo como foco a Segurança Internacional.

Comum a estes três vectores encontramos o investimento económico, que deverá ser sujeito a medidas cautelares, bem como todos os pressupostos para controlar o “Poder

Espacial” e as tentações armamentistas do ‘EE’.

A dúvida, permanente, passará sempre pela questão da não revisão/renegociação dos actuais Tratados e o preenchimento das suas lacunas.

Finalmente, não podemos dissociar a evolução do Planeta Terra com a “Globalização”, de uma mudança evolutiva, para o ‘EE’.

Considerando as observações supra descritas, pressupomos que a nossa pergunta de partida assim como a questão coadjuvante sejam respondidas positivamente.

367 Por esta razão, optámos por não fazer uma deriva da dissertação para uma análise económica mais

aprofundada, ou sequer para analisar as consequências do investimento dos mercados no próprio Planeta.

368 Em termos de ‘SP’ são necessárias clarificações das posições a tomar, e entre elas, o

posicionamento em relação às regras de ‘SL’, que precisam de ser estabelecidas, de modo a que se obtenha um ponto de coexistência pacífico.

Jorge Paulo Napoleão Garcia Inácio - 2017/8 76