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1. Introdução

3.2.4. Realização do diagnóstico

O diagnóstico é realizado por um laboratório sediado em Espanha, chamado OVISLab S.L. – Laboratorio de Sanidad y Calidad de la Producción Animal. Neste laboratório recorreu-se ao teste de ELISA para realizar a análise das amostras enviadas. O kit comercial usado foi fabricado pelos laboratórios IDEXX. Este teste permite detetar anticorpos específicos de Map usando soro e plasma de ovinos e caprinos (no caso de bovinos, o leite pode também ser usado). Permite-nos obter resultados em duas horas. A sensibilidade deste teste varia de 55% a 78% de acordo com o tipo de amostra usado (o soro apresenta uma sensibilidade de 55,2%, o plasma de 62,2% e o leite de 78,2%) por sua vez, a especificidade é maior que 99% o que assegura confiança nos resultados5.

5 Disponível em: https://www.idexx.com/livestock-poultry/ruminant/map.html; Acedido em: 16-09-2016 Figura 3.9 – Técnicas de recolha de sangue.

A: É possível apenas uma pessoa recolher sangue ou administrar uma injeção intravenosa; B:Um ajudante contêm o animal, enquanto o clínico recolhe sangue.

(Adaptado de: Sheep and Goat Medicine 2nd edition, Pugh e Baird, 2012)

Figura 3.10 – Frasco de GUDAIR®, utilizado numa exploração

(Imagem captada pela autora)Figura 3.9 – Técnicas de recolha de sangue.

A: É possível apenas uma pessoa recolher sangue ou administrar uma injeção intravenosa; B:Um ajudante contêm o animal, enquanto o clínico recolhe sangue.

41 3.2.5. Vacinação

A vacinação foi efetuada após a obtenção de um diagnóstico positivo, se o proprietário assim o desejasse, uma vez que a vacinação contra a paratuberculose não é obrigatória. A vacina utilizada denomina-se GUDAIR® (Fig.3.10) e não é comercializada em Portugal, pelo que, para realizar a sua compra e administração é necessário requerer autorização à direção de serviços de medicamentos e produtos de uso veterinário para a utilização especial de medicamento veterinário.

GUDAIR® é uma vacina inativada, composta pela estirpe 316 F de Mycobacterium avium

paratuberculosis e óleo mineral, utilizado como adjuvante, formando assim uma suspensão.

Esta vacina tem apenas como espécies alvo ovinos e caprinos, aos quais se administra uma dose única de 1mL. Podem ser inoculados tanto animais jovens (a partir das duas ou três semanas) como animais adultos6.

6 Disponível em:

http://www.noahcompendium.co.uk/Virbac_Limited/GUDAIR_emulsion_for_injection_for_sheep_and_goats/- 62806.html; Acedido em: 14-04-2016

Figura 3.10 – Frasco de GUDAIR®, utilizado numa exploração

(Imagem captada pela autora)

Figura 3.11 – Localização geográfica de Vilar Chão no Concelho de Alfandega da Fé.Figura 3.10 – Frasco de GUDAIR®, utilizado numa exploração

42 3.3. Casos Clínicos

Antes de relatar cada caso clínico que foi surgindo ao longo do meu período de estágio, é importante descrever como a atividade económica de pastoreio decorre nesta região. O pastor é a pessoa responsável por cuidar e acompanhar o rebanho, tem conhecimento das técnicas de condução e das práticas de maneio dos animais. A grande maioria pastoreia o próprio gado, sendo os casos de pastores assalariados raros. Podendo desempenhar outras atividades, normalmente agrícolas.

O número de animais por rebanho é muito variável, estando a produção maioritariamente dirigida para a carne, pela venda de animais jovens. Os casos em que há venda de leite são raros, sendo mais comum o uso do leite para consumo próprio, na produção de queijos. Esta situação observa-se mais frequentemente nas explorações de caprinos. O número de fêmeas e de machos não é proporcional, existe uma média de 3 ou 4 machos para rebanhos de cerca de 120 animais.

A condução dos animais é feita pelo pastor, à frente dos animais e com o auxílio de cães que seguem na retaguarda. A facilidade de condução dos animais prende-se com o seu comportamento gregário. Os cães tem também como função a proteção do rebanho contra predadores.

As raças mais usadas são as raças autóctones, mas muitas vezes surgem também raças cruzadas, as raças exóticas são pouco usadas uma vez que se considera que têm mais dificuldades de adaptação.

Durante a noite, os animais ficam nas denominadas “corriças” ou currais. A localização destas instalações deve ser fora das aldeias, hoje em dia apenas conseguem autorização de construção se obedecerem a determinadas condições.

A alimentação baseia-se no pastoreio de percurso. Uma vez que na maioria dos casos os terrenos do proprietário do rebanho são insuficientes para assegurar a alimentação de todo o rebanho, é necessário recorrer a outros terrenos, por vezes arrendados ou simplesmente cedidos. Outras vezes optam mesmo por usar terrenos abandonados ou mesmo montes (terrenos não cultivados ou com vegetação natural). Por sua vez a água apenas tem de ser fornecida durante os meses de Verão mais quentes e secos, no resto do ano, a água presente nos campos é suficiente.

A nível higio-sanitário observa-se uma maior preocupação da parte dos produtores, recorrendo ao serviço das OPP’s para fazer a vacinação e desparasitação anual, algumas até mais do que uma vez por ano.

43 3.3.2. Caso Clínico 1

Caracterização da exploração

A exploração localizava-se na Freguesia de Vilar Chão, que pertence ao concelho de Alfândega da Fé (Fig. 3.11). Apresentava um efetivo de 137 caprinos da raça Serrana.

História e anamnese

A paratuberculose foi detetada na exploração no ano de 2011. Um historial de mortalidade elevada e de animais em fraca condição corporal foi o que levou o médico veterinário a suspeitar desta doença. Após a recolha de amostras e envio para o laboratório, o resultado foi positivo. No entanto, nessa altura o proprietário optou por não vacinar o efetivo devido aos encargos financeiros que esta vacinação acarretava.

Seguimento Clínico

A exploração foi visitada pela primeira vez em 2016, no dia 28 de Março, data em que foi submetida ao controlo serológico anual. Aquando dessa visita, o proprietário voltou a referir os sinais já descritos em 2011, sendo que segundo o mesmo, estes sinais afetavam uma maior percentagem de animais do rebanho, de forma mais marcada e que cada vez mais esses animais caquéticos, morriam. Assim, foi pedido à ACRIGA que realizasse a vacinação para a paratuberculose. No dia 8 de Junho de 2016, procedeu-se então à vacinação com GUDAIR© e com COVEXIN© (vacina usada para combater as enterotoxémias - clostridioses). As visitas seguintes que a exploração recebeu foram no dia 16 de Junho e 28 de Setembro do mesmo ano, onde foi colocado o bolo ruminal e o brinco em animais novos da exploração, que também foram vacinados com a vacina conjuntival Rev1 (vacina usada no programa de erradicação da brucelose), com COVEXIN© e desparasitados com Seponver© (Closantel +

Figura 3.11 – Localização geográfica de Vilar Chão no Concelho de Alfandega da Fé. (Dísponível em: https://www.flickr.com/photos/9480263@N02/3714121602, Acedido em: 12-10-2016)

Figura 3.12 – Localização geográfica de Soeima no Concelho de Alfandega da Fé.Figura 3.11 – Localização geográfica de Vilar Chão no Concelho de Alfandega da Fé. (Dísponível em: https://www.flickr.com/photos/9480263@N02/3714121602, Acedido em: 12-10-2016)

44 Mebendazol). Estes animais também sofreram um controlo serológico (a recolha de sangue deve ser sempre realizada antes de qualquer vacinação).

No Quadro 3.1 encontram-se registadas todas as intervenções realizadas na exploração, desde o ínicio do corrente ano.

Intervenção Data

Controlo Serológico

Vacinação Desparasitação

Rev1 Covexin Gudair Sinvermin Seponver

28-03-2016 106 + 10 10

08-06-2016 117 117

16-06-2016 16 16 16

28-09-2016 5 5 5 5

Quadro 3.1. Quadro de intervenções do Caso Clínico 1

A exploração pode ter sofrido outras intervenções uma vez que também colaborava com a ANCRAS (Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana), no entanto, caso tenha acontecido, não existem informações.

Discussão

A doença, após cinco anos do seu diagnóstico, atingiu um ponto no qual o proprietário se viu obrigado a tomar medidas. A vacinação, como principal meio de controlo foi realizada. Deparamo-nos com um caso, como muitos no qual o poder económico muitas vezes impede que se tomem as melhores decisões. Sabendo que já em 2011 a exploração apresentava problemas, adiar a vacinação pode ter criado um problema ainda mais grave, pois aumentou a disseminação do agente pelos animais, aumentando a probabilidade de infetar outros animais da exploração e não só. Também as explorações vizinhas ou rebanhos com os quais haja partilha de pastos a até mesmo de estradas e caminhos podem ser afetados (Windsor et al., 2014). A não obrigação de vacinar permite que o produtor tome uma decisão, que pode não ser a mais correta e por isso é muito importante o papel do médico veterinário na informação e aconselhamento das explorações.

45 3.3.3. Caso Clínico 2

Caracterização da exploração

Na freguesia de Soeima, concelho de Alfandega da Fé (Fig. 3.12), localiza-se uma exploração de ovinos da raça Churra da Terra Quente com um efetivo de 139 animais. Esta exploração tem a sua produção dirigida sobretudo para a carne mas o leite também é aproveitado.

História

No dia 13 de Abril de 2016 foi realizada a visita periódica anual para vacinar, desparasitar e realizar o controlo serológico. Durante o trabalho, o proprietário demonstrou alguma preocupação devido a problemas na exploração. Os sinais clínicos descritos pelo proprietário eram a perda de peso, “estavam mais magrinhos” mas apresentavam um apetite normal, os animais “andavam tristes” era também uma das diferenças que o produtor referenciava. Por isso, o médico veterinário suspeitou de paratuberculose e para descartar essa possibilidade realizou imediatamente a recolha de amostras.

Seguimento Clínico

Os resultados desta análise foram duvidosos, isto é, dos 6 animais, 5 apresentaram um resultado negativo e o sexto obteve um resultado duvidoso.

Por essa razão, no dia 9 de Maio de 2016, realizou-se uma nova recolha, repetindo a análise ao animal duvidoso (Fig. 3.13) e a outros 5 escolhidos aleatoriamente com sinais clínicos (Fig. 3.14). Durante esta visita, o proprietário disse que a exploração apresentava diversos problemas a nível reprodutivo, ele declarou que desde a última visita (13-04-2016) tinham ocorrido cerca de 16 abortos e no último ano foram pelo menos 4 os casos de prolapso vaginal e/ou uterino, que o proprietário não soube descrever exatamente.

Os resultados então obtidos foram negativos.

Figura 3.12 – Localização geográfica de Soeima no Concelho de Alfandega da Fé. (Dísponível em: https://www.flickr.com/photos/9480263@N02/371412

1602, Acedido em: 12-10-2016)

Figura 3.13 – Animal cujo resultado inicial foi suspeitoFigura 3.12 – Localização geográfica de Soeima no Concelho de Alfandega da Fé. (Dísponível em: https://www.flickr.com/photos/9480263@N02/371412

46 No dia 28 de Junho, foi colocado o brinco, o bolo ruminal e controlados serologicamente 13 novos animais, como é hábito da associação, foi também realizada a sua vacinação e desparasitação.

A última intervenção realizada ocorreu no dia 1 de Junho de 2016, quando se vacinou com OVIVAC© (vacina contra a Clamidiose).

No Quadro 3.2 encontram-se registadas todas as intervenções ocorridas na exploração.

Figura 3.13 – Animal cujo resultado inicial foi suspeito (Imagem captada pela autora)

Figura 3.14 – Outros animais considerados suspeitosFigura 3.13 – Animal cujo resultado inicial foi suspeito

(Imagem captada pela autora)

Figura 3.14 – Outros animais considerados suspeitos (Imagem captada pela autora)

Figura 3.14 – Outros animais considerados suspeitos (Imagem captada pela autora)

47 Discussão

Uma vez que a exploração apresentava alguns problemas cuja causa não foi determinada, é importante que se faça um diagnóstico para que se possa combater e melhorar as condições da exploração. Uma vez que uma das preocupações eram os abortos, outros agentes devem ser pesquisados como Campylobacter fetus subsp. fetus, Campylobacter jejuni,

Chlamydophila abortus, Toxoplasma gondii, Coxiella burnetti, Brucella spp, Listeria spp, Salmonella spp, Mycoplasma spp, Yersinia spp, Fusobacterium necrophorum, Escherichia coli

assim como os herpesvirus, o vírus da Língua Azul e o vírus causador da Border Disease. Os abortos causados por fungos são mais raros mas podem ocorrer (Benkirane et al., 2015; Pugh e Baird, 2012). Para realizar a deteção dos agentes causadores é necessário a obtenção de amostras adequadas. É possível também que os abortos descritos desde o período de 13 de Abril a 9 de Maio possam ter sido desencadeados pelo stresse causado ao animal durante a recolha de sangue, vacinação e desparasitação. As deficiências nutricionais, assim como, as intoxicações por nitratos/ nitritos, por plantas, por fármacos, por metais pesados e rodenticidas podem ser uma possível causa de aborto (Pugh e Baird, 2012), no entanto, são mais fáceis de descartar pois os animais apresentam também outros sinais.

Os prolapsos vaginais/uterinos no pós-parto na maioria dos casos deve-se a hipocalcémia (Pugh e Baird, 2012), no entanto, está também descrita a ocorrência de prolapsos em casos de gestações gemelares ou de apenas um feto, mas de grandes dimensões (McLean, 1956). Sendo assim, este problema não parece estar relacionado com nenhuma outra doença. Neste caso seria apenas aconselhável, registar os animais que tiveram este problema, para na próxima época reprodutiva estar mais atento a este tipo de situações, auxiliando no parto caso seja necessário. Sem esquecer a necessidade de fornecer um aporte nutricional adequado às necessidades a todas as fêmeas gestantes.

Intervenção Data Controlo Serológico Recolha de Sangue Vacinação Desparasitação

Rev1 Covexin Ovivac Sinvermin Panacur

13-04-2016 112 + 14 14 126 126

09-05-2016 6

28-06-2016 13 13 13 13

01-06-2016 139

48 3.3.4. Caso Clínico 3

Caracterização da exploração

Esta exploração encontrava-se localizada na Freguesia de Sambade, que pertence ao concelho de Alfândega da Fé (Fig.3.15). O seu efetivo era composto por 65 animais da espécie ovina, cuja raça era cruzada.

História

A exploração recebeu a visita anual para controlo serológico, vacinação e desparasitação no dia 21 de Abril de 2016. O rebanho foi vacinado com COVEXIN©, como é mais vulgar e desparasitado com Panacur© (fenbendazol).

Posteriormente, o proprietário contactou a associação, pois estava preocupado, suspeitava que os animais estivessem a ser intoxicados por herbicida, pois “os animais comem mas não engordam” e estão fracos, “parecem não ter forças”.

Seguimento Clínico

O médico veterinário prontificou-se a visitar a exploração e observar os animais. Esta visita decorreu no dia 9 de Abril de 2016. Suspeitando que se pudesse tratar de um caso de paratuberculose, pois os animais aparentavam realmente uma baixa condição corporal (Fig.3.16), procedeu-se à recolha das amostras (Fig.3.17).

Dia 25 de Julho de 2016, foi feita uma visita à exploração para colocação de brincos, bolo ruminal, vacinar, desparasitar e fazer o controlo serológico de 6 novos animais.

Todas as intervenções realizadas, no ano de 2016 até ao momento, encontram-se registadas no Quadro 3.3.

O resultado enviado pelo laboratório foi negativo.

Figura 3.15 – Localização geográfica de Sambade no Concelho de Alfandega da Fé. (Dísponível em: https://www.flickr.com/photos/9480263@N02/37

14121602, Acedido em: 12-10-2016)

Figura 3.16 – Animal apresentando baixa condição corporal Figura 3.15 – Localização geográfica de Sambade no Concelho de Alfandega da Fé. (Dísponível em: https://www.flickr.com/photos/9480263@N02/37

49

Figura 3.16 – Animal apresentando baixa condição corporal (Imagem captada pela autora)

Figura 3.17 – Realização da recolha de amostrasFigura 3.16 – Animal apresentando baixa condição corporal

(Imagem captada pela autora)

Figura 3.17 – Realização da recolha de amostras (Imagem captada pela autora)

50 Discussão

Este caso permitiu-nos observar animais, cujos sinais clínicos, que eram realmente compatíveis com paratuberculose mas cujo resultado comunicado pelo laboratório não foi o esperado. A realidade é que esta é uma situação muito observada em casos de paratuberculose, são vários os proprietários e pastores que acham que o rebanho está a ser envenenado por herbicidas ou que o vizinho não informou da aplicação de outros produtos fitoquímicos. E na realidade, o rebanho apresenta os sinais clínicos compatíveis com a paratuberculose. E por essa razão a paratuberculose foi imediatamente considerada. Uma vez que foi descartada esta possibilidade, é importante ter em consideração todos os diagnósticos diferenciais, para diagnosticar o rebanho corretamente, poder tratá-lo e melhorar o seu bem-estar e capacidades produtivas.

Intervenção Data Controlo Serológico Recolha de Sangue Vacinação Desparasitação

Rev1 Covexin Sinvermin Panacur

21-04-2016 50 + 9 9 59 59

09-05-2016 6

25-07-2016 6 6 6 6

51 3.3.5. Caso Clínico 4

Caracterização da exploração

A exploração encontrava-se situada na freguesia de Lagoa, que pertence ao concelho de Macedo de Cavaleiros (Fig.3.18). Era composta por caprinos da raça Serrana e tinha um efetivo de 160 animais. A sua produção era dirigida sobretudo para a carne mas o leite também era aproveitado.

História

Esta exploração foi diagnosticada com paratuberculose em 2010. A partir daí começou a vacinar todos os anos (2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016).

A queixa inicial era a mais comum, os animais estavam magros apesar de comerem normalmente, além de que nos últimos tempos a taxa de mortalidade tinha aumentado consideravelmente.

Seguimento Clínico

No dia 26 de Janeiro de 2016 a exploração recebeu a visita anual para realizar o controlo serológico. Nessa mesma data foi realizada a vacinação contra a Agaláxia Contagiosa. Posteriormente foi marcada a vacinação com GUDAIR© dos animais novos da exploração, neste dia foram vacinados 28 animais (Fig.3.19).

Figura 3.18 – Localização geográfica de Lagoa no Concelho de Macedo de Cavaleiros. (Dísponível em: https://www.flickr.com/photos/9480263@N02/3727557022,

Acedido em: 12-10-2016)

Figura 3.19 – Vacinação de um animalFigura 3.18 – Localização geográfica de Lagoa no Concelho de Macedo de Cavaleiros. (Dísponível em: https://www.flickr.com/photos/9480263@N02/3727557022,

52 No entanto, o produtor achava que a vacinação não estava a ser bem-sucedida, isto é, ele notava uma redução da mortalidade, no entanto alguns animais continuavam magros (Fig.3.20). Tinha casos de diarreia (não intermitente) nos quais o animal não recuperava e acabava por morrer. Também nos animais jovens ocorriam diarreias e por vezes apresentam- se “borrachos” (os animais apresentavam dificuldades em manter-se de pé, aparentemente fracos, os membros encontravam-se trémulos). A nível reprodutivo também existiam problemas, ocorriam abortos com frequência, apenas nasceram cerca de 50 cabritos numa exploração com cerca de 100 fêmeas aptas para reprodução. O proprietário afirmava que era muito frequente observarem-se animais com abcessos e corrimentos nasais na exploração.

Figura 3.19 – Vacinação de um animal (Imagem captada pela autora)

Figura 3.20 – Alguns dos animais mais velhos, que apresentavam baixa condição corporalFigura 3.19 – Vacinação de um animal (Imagem captada pela autora)

53 A colocação de brincos, introdução de bolos ruminais e controlo serológico de animais jovens foi realizado mais tarde, no dia 25 de Julho de 2016. Estes animais foram também vacinados e desparasitados.

Por fim, no dia 24 de Agosto foi feita a vacinação contra a Enterotoxémia com COVEXIN© e a desparasitação com Seponver© a todo o efetivo.

Todas as intervenções que ocorreram na exploração durante 2016 estáo registadas no Quadro 4.4. Intervenção Data Controlo Serológico Vacinação Desparasitação

Rev1 Covexin Gudair Micogalaxia Sinvermin Seponver

26-01-2016 143 143

12-04-2016 28

25-07-2016 17 17 17 17

24-08-2016 160 160

Quadro 3.4. Quadro de intervenções do Caso Clínico 4

Discussão

A exploração era vacinada já há sete anos. O produtor no entanto afirmava que não existiam melhorias significativas. Mas a verdade é que a mortalidade diminuiu bastante, apesar de se continuarem a observar animais com sinais clínicos. É muito importante ter em consideração que a exploração se encontrava com outros problemas concomitantes, desde os problemas reprodutivos, às diarreias tanto em adultos como em jovens.

Figura 3.20 – Alguns dos animais mais velhos, que apresentavam baixa condição corporal

54 Os problemas reprodutivos aqui presentes podiam ser de dois tipos, problemas de fertilidade ou abortos, que como já descrevi previamente podem ser causados por inúmeros agentes. As diarreias dependendo da faixa etária podiam ter diferentes etiologias. Na fase neonatal a origem pode ser multifatorial, E. coli, rotavírus, Cryptosporidium, Salmonella, Giardia,

Clostridium perfringens, Coccidias assim como diarreia nutricional. Nos animais jovens a

causa mais provável é a infestação por nematodes, mas também Clostridium perfringens, Coccidias e Giardia. Finalmente nos adultos, pode ocorrer parasitismo, acidose ruminal, peritonite, endotoxémia, ingestão de toxinas, infeção por Salmonella, doença renal, doença hepática e deficiências em cobre (Pugh e Baird, 2012).

O facto de o proprietário referir o nascimento de cabritos “borrachos” é um indicativo de que podiam existir deficiências nutricionais na exploração, o que conduz a um sistema imunitário deficiente, mais suscetível a infeções. Em principio os cordeiros deviam ser capaz de ficar em pé e alimentarem-se entre os 30 minutos e as 2 horas após o nascimento, os cabritos por sua vez deviam fazê-lo ainda em menos tempo, apenas alguns minutos. Caso isso não aconteça, é indicativo de hipoglicemia e os animais devem ser tratados o mais rapidamente possível. No caso de regiões com deficiências em selénio, a sua suplementação é também aconselhada (Pugh e Baird, 2012).

A presença de abcessos remete para a linfadenite caseosa, uma doença bacteriana provocada por Corynebacterium pseudotuberculosis. Nestas situações o ideal são as vacinas autógenas, denominadas vacinas de rebanho, pois as vacinas já existentes causam mais reações locais ou sistémicas mais graves e podem não ser as ideais para os agentes que se encontram nos abcessos (Pugh e Baird, 2012). Além dos abcessos na pele, estes existem também nos linfonodos e nos órgãos internos (Williamson, 2001). Quando afeta os linfonodos mesentéricos pode alterar a função intestinal, uma vez que interfere com as ansas intestinais adjacentes, causando diarreia e emaciação (Moser, 1982).

É muito complicado numa exploração com tantos problemas avaliar o sucesso da vacinação, o ideal seria tentar diagnosticar e tratar cada uma das situações pois só assim seria possível observar a resposta do rebanho à vacina.

55 3.3.6. Caso Clínico 5

Caracterização da exploração

A exploração do caso clínico 5 localizava-se na freguesia de Talhas, no concelho de Macedo de

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