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3. SUSTENTABILIDADE NOS PAVIMENTOS

3.2. Práticas sustentáveis

3.2.9. Reciclagem in situ

Como foi visto ao longo do trabalho a reciclagem dos materiais fresados ocorre de duas formas diferentes: em usina ou in situ.

Nas técnicas in situ é utilizado e tratado todo o material existente com uma pequena quantidade adicional de ligante e às vezes incorporando algum outro componente, geralmente aditivo, para melhorar a qualidade do material resultante.

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 Reduz o uso de recursos naturais;

 Reaproveita materiais gerados para eliminação;

 Reduz o consumo de combustível;

 Reduz as emissões de gases de efeito estufa entre 50% e 85%;

 Minimiza os tempos de fechamento da pista;

 Mantém a cota da pista, o que elimina a necessidade de ajustar os acessos;

 Elimina as deficiências materiais existentes, tais como danos causados pela umidade;

 Reduz os custos de manutenção e reabilitação.

A redução nas emissões de gases de efeito estufa é devida principalmente à redução em transporte.

Vale a pena lembrar que estas metodologias de reciclagem in situ têm uma historia muito mais antiga que a WMA, por isso só serão descritas brevemente.

É de extrema importância uma adequada identificação dos problemas no pavimento para poder decidir entre as diferentes opções: a reciclagem no local a quente aborda defeitos perto da superfície com o uso de um dos três métodos de reciclagem no local: resurfacing, repaving e remixing. Os defeitos em uma profundidade de 5 a 10 cm podem ser minimizadas usando reciclagem a frio no local. A Reciclagem Profunda do Pavimento (FDR) recupera o material do antigo pavimento para seu uso como material de base estabilizada, fornecendo um bom suporte para as camadas do pavimento.

Normalmente, após a atividade de reciclagem in situ é executada uma camada superficial que vai estar em contato com o tráfego (STROUP-GARDINER, 2011).

Figura 29. Condições do Pavimento e metodologia de reciclagem a utilizar (STROUP-GARDINER, 2011).

Atualmente, mesmo que as técnicas de reciclagem estejam em segundo plano, a realidade é que é considerada uma evolução, já que reduz a poluição por causa do

58 transporte de novos materiais e também diminui o tempo de execução da obra, sendo que o principal objetivo destas práticas é atingir o melhor desempenho do pavimento. A evolução, como foi vista ao longo do trabalho, é a reutilização de materiais e redução de temperatura de produção da mistura asfáltica. Um dia isto será traduzido em técnicas in situ a frio provavelmente.

Reciclagem a quente in situ HIRP (Hot In Place Recycling)

O HIPR é usado para corrigir os defeitos na superfície limitada à profundidade máxima de 50 mm da camada asfáltica existente, extraindo o ligante mediante tratamento térmico, misturando-o com aditivos, rejuvenescedores ou CAP virgem antes de aplicar e compactar a mistura modificada.

Existem três técnicas diferentes de HIPR (Figura 30) (VAN DAM, et al., 2015):

 Resurfacing (reciclagem da superfície): a superfície de desgaste (tipicamente 13 a 38 mm) é aquecida, solta e misturada com novo ligante, aplicada e compactada. Para estradas de baixo volume é utilizada uma operação de reciclagem, onde a mistura reciclada é “reaplicada” e compactada e serve como nova superfície de desgaste. Para estradas de alto volume, a mistura reciclada “reaplicada” serve como base, sendo que emcima é aplicada uma nova camada de mistura asfáltica ou tratamento superficial.

 Remixing: a superfície de desgaste é aquecida, solta e misturada com novos materiais (agregados e ligante asfáltico), aplicada e compactada para melhoria significativa do pavimento. A superfície reciclada pode servir como superfície (para estradas de baixo volume) ou como a camada de base para um pavimento com uma nova camada de mistura asfáltica ou tratamento superficial (para estradas de maior volume de tráfego).

 Repaving (repavimento): esta técnica envolve essencialmente a reciclagem da superfície seguida da colocação de uma camada asfáltica (reforço) para fortalecer o pavimento e restaurar a camada superficial.

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Figura 30. Diferentes metodologias de reciclagem a quente in situ (STROUP-GARDINER, 2011).

Nos Estados Unidos, esta técnica é empregada em vários estados, com 18 Estados com mais de 10 anos de experiência (STROUP-GARDINER, 2011).

De forma geral, a reciclagem in situ a quente diminui os custos totais entre 15-20%, em comparação com um revestimento convencional. Alguns dados importantes da aplicação desta tecnologia nos estados americanos (WATSON, 2011):

 Em 2001, o Washington Department of Transportation (WSDOT) obteve uma economia de 15-35% nas atividades HIR em comparação com a fresagem convencional e aplicação de mistura asfáltica convencional;

 O Departamento de Obras Públicas de Denver usou HIR para reciclar o pavimento existente até uma profundidade de 25 mm e aplicou um recapeamento de mistura asfáltica convencional de 25 mm. Com isso, conseguiu economizar U$ 5 milhões em um período de 5 anos (30% do orçamento total) em comparação com o recapeamento tradicional de 50 mm.

 Benefícios ambientais também são obtidos com o uso de HIR. Por exemplo, St. Louis County, Minnesota, estimou que esta técnica eliminou mais de 2.000 caminhões e economizou 7.000 litros de combustível diesel no projeto Rice Lake Road. Do mesmo modo, o projeto Greenville, Mississippi relatou ter uma emissão de gases 80% menor do que uma usina de asfalto convencional, devido ao processo HIR reduzir o transporte rodoviário de mais do que 30.000 toneladas de material de fresagem e asfalto, convertendo em um só trabalho in situ. Isso equivale a mais de 2.000 caminhões de recursos.

60 Infelizmente não foi possível conseguir estatísticas de casos brasileiros e o desenvolvimento de projetos utilizando reciclagem a quente.

Segundo o Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT, a reciclagem a quente in situ:

“Como a reciclagem a quente ainda é um processo relativamente novo e devido à maior variabilidade dos materiais removidos em relação aos materiais virgens, devem ser tomados cuidados adicionais no projeto e construção de camadas com misturas recicladas a quente. Devido a esta variabilidade ainda existem incertezas quanto ao desempenho das misturas e a aplicação em camadas de rolamento ainda não é extensiva”.

Reciclagem a frio in situ - Cold In Place Recycling (CIR)

A reciclagem a frio começou a ser executada no Brasil nos anos 1990, sendo que tem sido aplicada em numerosas estradas como técnica de restauração. É a técnica menos poluente, mas também a que apresenta o pior desempenho, por isso recomenda-se limitar seu uso a vias de baixo volume de tráfego. Como ressalta (THIVES, et al., 2017), a mistura a frio não é uma alternativa à mistura a quente porque seu desempenho é menos eficaz e seu uso é limitado à reabilitação do pavimento deteriorado com uma baixa carga por veículo.

O CIR é usado principalmente para resolver pequenos problemas superficiais, restaurar o perfil e inclinação inadequada. O CIR consiste em fresagem a frio, dimensionando o RAP e adicionando ligante asfáltico, aditivos de reciclagem e novos agregados para produzir uma mistura reciclada a frio. Esta mistura reciclada a frio pode servir como base para uma nova superfície. Para estradas de baixo volume de tráfego, a superfície resultante da mistura reciclada a frio é apenas tratada com agente rejuvenescedor. Em estradas de maior volume de tráfego, a mistura reciclada a frio deve ser recoberta por uma nova camada de mistura asfáltica.

As especificações técnicas para seu uso no Brasil é dada pelo DNIT 166/2013 na norma “Pavimentação – Reciclagem de pavimento a frio “in situ” com adição de espuma de asfalto – Especificação de serviço”.

Esta norma fixa as condições a serem adotadas para execução e controle de reciclagem a frio "in situ" de pavimento, de forma a se obter uma camada de "base reciclada", utilizando-se material removido do pavimento (proveniente da fresagem de revestimento asfáltico e base, produtos de britagem e cimento Portland, de acordo com o projeto estabelecido, com a incorporação de espuma de asfalto).

Mesmo sendo muito breve a descrição da reciclagem a frio in situ, não deixa de ser importante. O objetivo de mostrar esta técnica é porque é a menos poluente, e o futuro deveria seguir nessa direção, uma melhor tecnologia para poluir menos.

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