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Recolha e Análise de dados: Segunda parte do segundo questionário

CAPÍTULO 5: DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

5.3.3. Fase de Avaliação : Segundo questionário “Avaliação das novas propostas de signos”

5.3.3.2. Recolha e Análise de dados: Segunda parte do segundo questionário

A segunda parte do segundo questionário do presente estudo foi composta por uma só questão, questão esta que consistiu em comparar os actuais signos do SPC com as novas propostas para os mesmos. Nesta questão não foram discriminado quais os signos referentes ao sistema SPC e quais as novas propostas para os mesmos. Apenas foi pedido que os inquiridos assinalassem os signos que melhor representassem a(s) palavra(s) apresentadas, cujos resultados se sintetizam nos quadros 19 e 20.

Percentagens de preferências relativas aos signos

13.1. a) Colar cervical 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.2. Furador 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.3. Agravador 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.4. Recortar 12,50% 62,50% 18,75% 6,25% 13.5. Novembro 18,75% 37,50% 31,25% 6,25% 13.6. Esperto 6,25% 37,50% 56,25% 0,00% 13.7. Até à vista 6,25% 56,25% 37,50% 0,00% 13.8. Lenhador 0,00% 93,75% 6,25% 0,00% 13.9. Brilhante 0,00% 87,50% 12,50% 0,00% 13.10. Velho 6,25% 68,75% 18,75% 6,25% 13.11. a) Desejar 6,25% 50,00% 31,25% 12,50% 13.12. Margarina 0,00% 68,75% 31,25% 0,00% 13.13. Salsichas 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.14. a) Pastelaria 0,00% 81,25% 18,75% 0,00% 13.15. Requeijão 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.16. Algodão doce 0,00% 93,75% 6,25% 0,00% 13.17. a) Arroz 12,50% 62,50% 18,75% 6,25% 13.18. a) Esparguete 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.19. Motorista 0,00% 87,50% 12,50% 0,00% 13.20. Capital 0,00% 75,00% 25,00% 0,00% 13.21. Esfregão da loiça 0,00% 81,25% 18,75% 0,00% 13.22. Aspirador 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.23. b) Abre-latas 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.24. Gilete 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.25. a) Colunas 0,00% 93,75% 6,25% 0,00% 13.26. a) Bom companheiro 0,00% 81,25% 18,75% 0,00% 13.27. a) Campeonato 0,00% 81,25% 18,75% 0,00% 13.28. Baliza 0,00% 100,00% 0,00% 0,00%

Quadro 20: Percentagens de preferências dos inquiridos relativas aos signos

( A - actual signo SPC; B - nova proposta para signo; B a) - nova proposta para signo versão a; B b) - nova proposta para signo versão b; B c) - nova proposta para signo versão c; NA - nenhuma das opções anteriores; NR – Não responde)

Percentagens de preferências relativas aos signos com mais de uma versão

Figura A B a) B b) B c) Total: B NA NR 13.29. Liberdade 18,75% 18,75% 25,00% 12,50% 56,25% 12,50% 12,50% 13.30. Fatia de queijo 0,00% 50,00% 50,00% 100,00% 0,00% 0,00% 13.31. Sombrio 0,00% 31,25% 25,00% 56,25% 43,75% 0,00% 13.32. Presunto 0,00% 31,25% 68,75% 100,00% 0,00% 0,00% 13.33. Quinta 0,00% 81,25% 18,75% 100,00% 0,00% 0,00%

Quadro 21: Percentagens de preferências dos inquiridos relativas aos signos com mais de uma versão

( A - actual signo SPC; B - nova proposta para signo; B a) - nova proposta para signo versão a; B b) - nova proposta para signo versão b; B c) - nova proposta para signo versão c; NA - nenhuma das opções anteriores; NR – Não responde)

i) 39.39% dos signos obtiveram valor igual a 100% na coluna B, o que significa que os inquiridos

foram unânimes ao preferir a nova proposta de signos em detrimento da já existente.

- 23 signos da nova proposta obtiveram uma percentagem superior a 75%, nas preferências dos inquiridos em detrimento das já existentes no SPC.

- 93.94% dos signos da nova proposta obtiveram valores percentuais iguais ou superiores a 50%, nas preferências dos inquiridos em prejuízo das propostas visadas pelo SPC. Podemos concluir que a maioria dos educadores preferiu os signos da nova proposta aos signos actuais do sistema SPC.

- Apenas 37.50% dos participantes escolheram as novas propostas dos signos “Novembro” e “Esperto”. Podemos deduzir deste valor que as novas propostas não se adequaram, segundo a perspectiva dos educadores, ao conceito das palavras. Como verificámos na análise da primeira parte do questionário, no novo signo para a palavra “Esperto” não se registaram sugestões dos educadores que correspondessem a este conceito. De facto, e como referido, este mais facilmente se adequará à palavra “Ideia” do que à palavra “Esperto”. Por esta razão, aconselhamos que o mesmo signo seja representado pela colocação do dedo indicador debaixo do olho, com a

sugestão de um movimento do mesmo dedo no sentido descendente, que culturalmente reflecte o conceito de esperto. Devemos ter em linha de conta que o conceito Esperto não se refere

objectivamente a alguém muito inteligente, mas a alguém mais pragmático e, como tal, a sua representação gráfica deveria estar mais próxima do seu referente cultural – que identifica a esperteza com a sageza –, do que com aquilo que nos parece mais correcto em termos éticos – uma vez que a utilização corrente deste gesto tem frequentemente um sentido pejorativo.

- Se, por um lado, facilmente entendemos a razão de a nova proposta para o signo “Esperto” não ter tido grande aceitação junto dos educadores, por outro não compreendemos como o signo “Novembro” não teve tal aceitação. No signo “Novembro”, 18.75% dos inquiridos preferiram o actual signo SPC, enquanto que 37,50% se mostraram mais favoráveis à nova proposta de signo. Em 31,25% dos casos não se notou a preferência de nenhuma das anteriores propostas e 6,25% dos inquiridos optou por não responder. Este signo é referente a um mês do ano e, como

constatámos na análise do SPC, um mês do ano é representado por uma grelha (indicador calendário) sob uma imagem representativa do mês. O actual signo “Novembro” do SPC é representado por um boneco de neve sobre a grelha representativa do mês. No entanto, como sabemos, em Portugal o mês de Novembro corresponde ao meio do Outono e não é habitual nevar. No dia 11 do referido mês festeja-se o “dia de S. Martinho”, dia conotado com magustos, embora antes e após o dia em si se proceda a este ritual de comer castanhas e provar os primeiros vinhos das colheitas (água-pé). Este acontecimento é um dos mais representativos do mês de Novembro, e foi por isso adoptado para o representar. A nova proposta para o signo

“Novembro” consiste numa figura composta por um assador de castanhas, castanhas e a grelha do sistema, indicadora de mês. Como verificámos na análise da primeira parte do questionário, os educadores não aplicam ou não conhecem alguns elementos estruturais do sistema, o que nos leva a supor que este tenha sido o motivo pelo o qual o novo signo “Novembro” não tenha tido maior e melhor aceitação na presente amostra.

- No signo “Esperto”, 56.25% os inquiridos não preferiram nenhuma das opções de signos

apresentadas para a palavra. O mesmo facto reflectiu-se nos signos “Sombrio”, com 43.75%, e em “Novembro”, “Desejar” e “Margarina”, com 31.25% dos inquiridos a não preferirem nenhuma das soluções apresentadas para signo.

- Como podemos observar pelo segundo quadro acima (quadro 20), relativamente às novas versões apresentadas para os signos “Liberdade”, “Fatia de queijo”, “Presunto” e “Quinta”, as três últimas foram seleccionadas unanimemente pelos educadores. As restantes foram escolhidas por 56.25% dos mesmos.

- Ambas as versões propostas para o signo “Fatia de queijo” obtiveram 50% de preferência dos inquiridos para cada uma delas.

- A proposta “b” para o signo “Liberdade” obteve mais de 25% das preferências dos educadores em comparação com 18.75% da versão “a”, e 12.50% da versão “c”. No entanto, e como podemos observar pelo quadro (quadro 21), a versão para o signo “Liberdade” com maior número de sugestões que coincidiam com o significado do signo foi a versão “a” e não a “b”.

- 18.75% da presente amostra preferiu o actual signo SPC para o conceito de “Liberdade”.

- Apesar de a versão “b” do signo “Presunto” ter obtido 100% das sugestões coincidentes com o significado do signo na primeira parte do questionário, nesta segunda parte apenas 68.75% dos inquiridos preferiram esta versão.

- A nova proposta para o signo “Sombrio” obteve 56.25% na soma das duas versões, apesar de na primeira parte nenhum dos educadores ter dado uma sugestão correcta do signo e de 43,75% da amostra não ter mostrado preferência por nenhuma das opções de signo apresentadas.

A partir dos dados recolhidos nesta segunda parte do questionário podemos observar pelos quadros acima que a grande maioria os educadores preferiu os novos signos propostos em detrimento dos actuais signos do SPC. Assim sendo, podemos concluir que a maioria das novas propostas correspondem a uma melhor solução gráfica para os conceitos dos signos.

5.3.4. Conclusão

Pela análise realizada no segundo questionário do estudo em questão, podemos verificar que mais de metade dos educadores da amostra (68.75%) necessitam com frequência de utilizar expressões ou palavras que não se encontram no actual sistema SPC. Este facto pode ser indicador de que não existem signos do SPC suficientes – o sistema existente no Boardmaker 5.2 contém cerca de 4131 signos –, ou que estes não estão bem adaptados às diversas necessidades dos educadores. Para além disso, a situação referida condiciona uma outra, uma vez que 68,75% dos inquiridos, quando não encontra um determinado signo, constrói-o. Assim sendo, concluímos que a construção de signos pode ser considerada como um método de trabalho frequente nas práticas profissionais destes educadores. Verificou-se igualmente que cerca de 75% dos

participantes perde relativamente algum tempo na execução dos mesmos. Talvez por este motivo a grande maioria da amostra (87.50%) considerou importante a participação de um designer de comunicação no desenvolvimento de recursos visuais de Comunicação Aumentativa e Alternativa. Segundo 75% da amostra existem poucos recursos visuais CAA adaptados à Língua Portuguesa. Este pode ser um indicador de que existe a necessidade de desenvolver ou de adaptar

correctamente recursos visuais – como são exemplo as histórias adaptadas – para a língua e cultura portuguesa.

Mediante os resultados obtidos na avaliação dos signos tornou-se notório que existem signos cuja nova proposta poderia estar melhor resolvida graficamente pois não reflectem o seu significado. Encontramos este problema nos signos “Sombrio”, “Esperto” e “Lápis de cor”. Apesar de os signos “Esperto” e “Lápis de cor” serem facilmente resolvidos, já o mesmo não acontece com o signo “Sombrio”. Este conceito, como referimos, é relativamente difícil de ser representativo de um mesmo valor para um elevado número de indivíduos, daí terem sido desenvolvidas duas versões completamente diferentes do mesmo. E como podemos observar pelos resultados, a versão “a) Sombrio” obteve uma percentagem superior à versão “b” do mesmo signo. Isto leva-nos a concluir que os conceitos mais subjectivos são os mais difíceis de se representar graficamente e que estes são normalmente referentes à classe dos adjectivos.

Esta fase de avaliação foi também muito importante para entender que todos os signos devem ser avaliados e testados antes de serem utilizados, pois alguns destes necessitam de um redesenho segundo os dados recolhidos na fase de avaliação.