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Capítulo 7. Turismo e desenvolvimento: que relação?

8.3 Recomendações

Atendendo aos contributos mencionados emerge um conjunto de recomendações que podem proporcionar uma mais-valia para o desenvolvimento do turismo no continente africano.

Em Primeiro lugar, as autoridades governamentais devem apresentar um conjunto de medidas adequadas para a obtenção da estabilidade política. Uma vez que é o primeiro passo a ser dado quando um país se quer desenvolver em termos económicos, sociais e turísticos. Um país em conflitos inibe os investimentos públicos e privados, aumenta a fome e a pobreza, apresenta vários problemas de segurança e conforto que impossibilita a captação turística. Neste projecto de investigação observou-se que, nas duas últimas décadas, os menores crescimentos do turismo internacional ocorreram em países com instabilidade política, muitas vezes associada a conflitos militares e a situações de pobreza.

Em segundo lugar, o desenvolvimento do turismo deve ser sustentável. Os responsáveis pelo planeamento e desenvolvimento do turismo no continente africano devem deixar de observar somente os efeitos económicos imediatos de turismo e adoptar mecanismo que permitam analisar todos os efeitos de turismo na implementação de um produto turístico (em todas as fases do ciclo de vida de um produto) e também devem envolver os residentes e as autoridades locais no processo de planeamento das actividades turísticas.

Em terceiro lugar, os responsáveis para o planeamento e desenvolvimento do turismo devem promover campanhas de sensibilização e consciencialização sobre o turismo, direccionadas para todos os intervenientes, apresentando os contributos derivados do desenvolvimento da actividade turística. Na medida em que consciencialização é o ponto de partida para um bom desenvolvimento turístico.

Em quarto lugar, os governantes devem desenvolver infra-estruturas e serviços públicos necessários para garantir um bom funcionamento da actividade turística. Atendendo ao nível de desenvolvimento do turismo nos países africanos, os governantes e os responsáveis para o planeamento e desenvolvimento do turismo devem desenvolver infra-estruturas gerais (como por exemplo, serviços, estradas, aeroportos, equipamentos turísticos) para facilitar e melhorar o exercício da actividade turística.

Turismo e Desenvolvimento: o caso do continente africano 111

Em quinto lugar, os responsáveis pelo planeamento e desenvolvimento do turismo devem incentivar e as empresas ligados ao turismo, devem fomentar a formação e a educação dos recursos humanos a todos os níveis profissionais, quer nas chefias como nos prestadores de serviços que lidam directamente com os visitantes, de modo a oferecer serviços de qualidade aos visitantes, através de quadros qualificados e capazes. Este aumento da formação contribuirá não apenas para o desenvolvimento do turismo receptor, mas também para o aumento do turismo emissor, uma vez que se verificou neste projecto de investigação uma relação estatisticamente significativa entre a taxa de alfabetização e indicadores do turismo emissor.

Em sexto lugar, considera-se, também importante que os governantes apostem na conservação e protecção dos recursos naturais, uma vez que estes são para a maior parte dos países em desenvolvimento atractivos primários para os turistas internacionais. Os países do continente africano possuem elementos naturais com elevada capacidade para atrair turistas, mas se não forem adoptadas abordagens adequadas para a conservação e protecção desses recursos, o turismo pode ameaçar a autenticidade das áreas naturais, uma vez que o turismo não acontece sem trazer alterações ao ambiente natural. Caso isto se verifique a evolução positiva que a turismo internacional registou nestas duas últimas décadas no continente africano poderá ficar comprometida no futuro Por outro lado, considera-se também que o desenvolvimento do turismo internacional poderá contribuir para que sejam definidas medidas para apoiar a conservação, encorajar investimentos e desenvolver infra-estruturas que permitam aos visitantes aceder às áreas de conservação.

Em sétimo lugar, considera-se que ainda existe muito potencial no continente africano para o desenvolvimento do turismo internacional, tanto em termos de turismo emissor como de turismo receptor. Esta conclusão é corroborada pelas baixas quotas de mercado que este continente apresenta a nível mundial. Neste sentido, sugere-se que os responsáveis pelo planeamento e desenvolvimento do turismo apostem em campanhas de marketing para divulgação externa das regiões, como destinos atractivos e seguros.

Por fim, salienta-se, com base nos resultados apresentados que ainda existem muitas lacunas em termos de desenvolvimento social, económico e humano na maioria dos países do continente africano. Os resultados obtidos neste projecto de investigação comprovam claramente a hipótese teórica de que o turismo influencia e é influenciado pelo desenvolvimento social, económico e humano. Perante estas evidências considera-se que as sugestões apresentadas são apenas alguns

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exemplos de medidas que podem ser adoptadas para desenvolver o turismo no continente africano. No entanto, os agentes responsáveis pelo desenvolvimento social, económico e humano devem incorporar na sua agenda um conjunto de medidas que permitam num futuro próximo melhorar os indicadores sociais, económicos e humanos dos países do continente. A adopção de medidas neste sentido irá ter reflexos positivos no desenvolvimento da actividade turística. Por sua vez, o desenvolvimento do turismo irá contribuir para a melhoria desses indicadores sociais e económicos. Para finalizar, como qualquer trabalho de investigação, este projecto de investigação enfrentou algumas dificuldades na sua execução e algumas limitações. Neste sentido e apresentam-se no ponto seguinte as principais limitações deste estudo e algumas propostas de investigação que poderão ser desenvolvidas sobre esta temática.