• Nenhum resultado encontrado

ÍNDICE DE QUADROS

1 PORQUE E COMO ESTUDAR A SAÚDE NAS IDADES MAIS AVANÇADAS? AVANÇADAS?

3.2 Recorte Geográfico – Cuiabá desde sua formação

A área de estudo é a região urbana de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, que teve sua origem em 1719 pela mineração ligada à exploração de ouro. Nos primeiros dois séculos de sua existência ocorreram oscilações do crescimento populacional, apresentando-se em algum momento mais populosa do que outras áreas brasileiras, e em outro menos populosa, devido a sua distância do litoral brasileiro e, pelas suas atividades econômicas ali desenvolvidas como a extração aurífera, deixando marcas no relevo urbano, sendo a arquitetura do seu Centro Histórico tombada tanto pelos governos estadual e federal, na metade no século XX (SOUZA, 2011).

O município de Cuiabá situa-se na mesorregião centro-sul Mato-Grossense (Figura 1), na província geomorfológica denominada Baixada Cuiabana e é o centro Geodésico da América do Sul (PEDROLLO, 2008), compreendendo uma área de 3.538,17

42

km2, constando 254,57 km2 à macrozona urbana e 3.283,60 km2 à área rural. Apresenta densidade demográfica de 155,19 hab/km² (CUIABÁ, 2010a).

FIGURA 1 - Área de Estudo – Zona urbana de Cuiabá, 2010

O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), juntamente com a Fundação João Pinheiro, elaborou o ―Atlas de desenvolvimento humano no Brasil, 2013‖, segundo o qual nos últimos vinte anos o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) para Cuiabá passou de 0,569 em 1991, para 0,692 em 2000 e para 0,785 em 2010, assim, Cuiabá ocupa a 92ª posição no ranking de IDHM dos 5.565 municípios brasieliros considerado alto (0,700 a 0,799). Apresentou aumento de 7,5 anos na esperança de vida ao nascer nas últimas duas décadas, passando de 67,5 anos em 1991 para 70,7 anos em 2000 e para 75,0 anos em 2010. Em 2010, a esperança de vida ao nascer para o Estado de Mato Grosso era em média 74,3 anos e, para o Brasil, de 73,9 anos12.

12 Fonte: Pnud ((Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) e FJP (Fundação João Pinheiro). Disponível em: < http://atlasbrasil.org.br/2013/perfil_print/cuiab%C3%A1_mt>.

43

Mato Grosso é um estado com extensão territorial de 906.069 Km2, e é composto por 141 municípios. Está inserido em duas grandes bacias hidrográficas, a do Paraguai e a Amazônica, posição que, associada aos fatores climáticos, geológicos, e hídricos, entre outros, acomodaram grande complexidade ambiental, composta pelo pantanal, pela floresta amazônica e por formações do cerrado. Essas características, juntamente com as variáveis socioeconômicas definiram os processos de ocupação do território, determinando o modo de uso e ocupação do solo.

O estado apresentou povoamento extensivo desde a década de 1950, porém, intensificado depois de 1970, com as políticas de integração nacional promovidas pelo Governo Federal. Esse processo fez a população experimentar um aumento ímpar em seu ritmo de crescimento anual entre 1970 e 1980, registrando nas duas décadas taxa média de crescimento anual de 6,64% e 5,38%, respectivamente (IBGE, s.d.). Esta transição se deveu pelos benefícios trazidos não apenas com a mobilização de recursosdestinados ao financiamento das empresas, mas também pelas obras de infra-estrutura, com políticas de incentivo à ocupação das terras e com ações de estímulos ao desenvolvimento regional. Estas medidas ocasionaram um movimento sem precedentes na história econômica desta região, pois a partir delas se registrou o rompimento com os velhos padrões da sua estrutura econômica garantindo assim o acesso à expansão das atividades econômicas (RIVERA, 2006).

No período de 1970 a 1980 o processo de incorporação do território mato- grossense foi mais intenso, salientando-se a abertura de rodovias e a implantação de núcleos de colonização. Muitos dos municípios surgidos a partir da década de 70 tiveram sua origem em projetos de colonização privados ou governamentais, sobretudo na porção norte do estado. Tais investimentos nos anos de 1970 foram fundamentais para a transformação de Mato Grosso e de Cuiabá (CUNHA, 2006).

A partir dos anos 90, houve uma modificação nos condicionantes que impulsionaram o processo de ocupação empreendido nas décadas anteriores, diminuindo de intensidade (CUNHA, 2006). A partir daí os novos vetores que começaram a comandar o processo de ocupação foram menos dinâmicos que os anteriores, representados por projetos de assentamento implantados pelo INCRA e pela instalação e ampliação de

44

grandes empreendimentos agropecuários, implantados pela iniciativa privada, em parceria com os governos federal e estadual (Zoneamento Sócio-Econômico Ecológico de MT- ZSEE, 2000)13.

Na década de 1970, Cuiabá contou com o processo de urbanização acelerado tendo em vista o intenso fluxo migratório, incremento populacional que se concentrou na cidade, como consequência do incentivo do governo federal, estimulado pela Política de Integração Nacional, fomentando dessa forma a migração para o estado de Mato Grosso à procura de novas oportunidades.

Desses migrantes alguns tinham alto poder aquisitivo e, consequentemente, ocupavam as áreas com melhores localizações, outros tinham baixa renda e estavam à procura de uma porção de terra para a sobrevivência, sem qualificação profissional sendo impelidos a se fixar na periferia da cidade sem nenhum controle por parte do poder público, fato que acelerou o crescimento demográfico. Ao contrário do que se assemelhava, ou era esperado frente ao progresso e desenvolvimento econômico, tal padrão de ocupação dos espaços urbanos reforçou as iniquidades e desigualdades sociais (PEDROLLO, 2008).

A população urbana, em 1970 que era de 88.254 habitantes, atingiu 198.086 habitantes em 1980, chegando a 395.662 habitantes em 1991, 476.532 em 2000 e, o último censo de 2010 contabilizou 540.814 habitantes (IBGE, s.d.).

Dessa forma constituiu-se o espaço urbano de Cuiabá: por um lado com extensas áreas remetidas à especulação imobiliária e, por outro, áreas extremamente povoadas, desprovidas de serviços urbanos, favorecendo a periferização, o favelamento e a consequente exclusão social (CUIABÁ, 2010a).

Cuiabá destaca-se pela concentração das funções administrativas, como centro comercial atacadista e varejista, e pela prestação de serviços especializados, cuja área de polarização se estende por todo o Estado de Mato Grosso, sul do Pará e parte do Estado de Rondônia, constituindo uma metrópole regional (ROMANCINI, 2011).

De acordo com Romancini (2011), alguns fatores foram relevantes para o aumento populacional de Cuiabá, tais como:

13

45

A criação da Universidade Federal de Mato Grosso, que se tornou um ponto de atração; a implantação dos linhões de energia elétrica a partir de Cachoeira Dourada (em Goiás); a ampliação e pavimentação da rede viária na década de 1970, que facilitou o fluxo populacional para a cidade, bem como as oportunidades de negócios e empregos nos diversos setores da economia urbana.

Cuiabá vem sendo marcada por muitas mudanças ao longo das últimas quatro décadas. No final dos anos de 1960 as frentes pioneiras do norte mato-grossense transformaram o município na base urbana regional de apoio ao processo de expansão. Como consequência desse crescimento foram tomada algumas medidas urbanísticas na cidade, tais como a abertura de novas avenidas; a canalização de córregos; a construção de pontes de concreto e a abertura de pistas laterais; asfaltamento e arborização de avenidas; iluminação pública, entre outras.

As áreas vazias da zona urbana foram sendo paulatinamente ocupadas e no processo de crescimento da cidade deu-se a conurbação com o município adjacente, Várzea Grande, à margem do rio Cuiabá. A nova realidade urbana tomou forma administrativa formando o Aglomerado Urbano Cuiabá — Várzea Grande, sendo sua criação estabelecida pela Lei Complementar Estadual n.º 028/93 e disposta pela Lei Complementar Estadual n.º 83/2001 (CUIABÁ, 2010b).