ECOLOGIA HUMANA
RECURSOS ALIMENTARES COMO FACTORES DE STRESS NUTRICIONAL Intolerância à lactose no adulto
A maior parte dos mamíferos deixa de ser tolerante à lactose – láctase é inactivada deixa de digerir o leite
Em comparação com outros Mamíferos, o leite humano possui a mais elevada concentração do dissacarídeo lactose. A enzima lactase está ligada à membrana dos microvilli do intestino delgado. A lactase hidrolisa a lactose em monossacarídeos, que são depois transportados para o lúmen das vilosidades intestinais
o Quando são normais os níveis de lactase no intestino delgado, a lactose é rapidamente quebrada e absorvida. No int. grosso (cólon) as bactérias não entram em contacto com a lactose o A lactose não digerida passa para o intestino grosso onde é fermentada por bactérias comensais. As bactérias produzem gases e pequenos ácido gordos, que causam flatulência, espasmos, dores abdominias, diarreias….
Em populações com elevada frequência de tolerância à lactose, leite e produtos lácteos são apreciados e consumidos durante toda a vida. Pelo contrário, em populações asiáticas, por exemplo, aqueles itens alimentares não fazem usualmente parte da dieta dos adultos
As pop. Africanas tolerantes são pastores – relação adaptativa?
Epidemia (não infecciosa) de obesidade e diabetes entre os índios Pima do Arizona
Populações, como os Pima, cuja economia de subsistência se baseava na caça, pesca e algumas actividades agrícolas, estavam sujeitas a períodos frequentes de escassez de recursos. Para se adaptarem às alterações excessivas de recursos calóricos, um “thrifty gene”, ou uma constituição genética, que lhes permitisse armazenar gordura durante os períodos de abundância de alimentos e assim suportar os períodos de escassez, seria vantajoso.
o Essa constituição genética permitia uma “poupança alimentar” que era favorável naquelas condições particulares.
Quando as populações adoptaram um estilo de vida diferente - pouco exercício físico, dieta rica em gorduras, e um acesso calórico constante - a mesma constituição passou a ser prejudicial, continuando a possibilitar um elevado armazenamento de gorduras, agora desnecessário.
Uma constituição genética potencialmente protectora em períodos de fome, contribuiu para a elevada deterioração da saúde da população.
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Origem das principais doenças infecciosas humanas
Doença infecciosa/(transmissível qualquer doença causada por um agente biológico como vírus, bactérias ou outros parasitas
Nos actuais caçadores recolectores o padrão de doenças infecciosas é muito diferente do que se encontra em populações produtoras de alimentos
Tipos de agentes infecciosos
MACROPARASITAS (protozoários)
o Gerações longas. Tendem a estar de uma forma latente o Raramente se reproduzem directamente no hospedeiro
o Respostas imunitárias de curta duração e dependentes da carga parasitária o Infecções geralmente persistentes
MICROPARASITAS (vírus e bactérias)
o Gerações curtas, taxas elevadas de reprodução dentro dos hospedeiros
o Tendem a desencadear respostas imunitárias fortes numa reinfecção (2ª infecção de modo indirecto)
o Período infeccioso curto e infecção geralmente transitória
MODO DE TRANSMISSÃO (passagem do parasita de hospedeiro para hospedeiro) Directa
Transmissão por contacto directo entre hospedeiros Inalação de gotículas
Ingestão
Penetração através da pele Indirecta
• O parasita precisa de intermediários (vector)para passar de hospedeiro para hospedeiro
• Ciclos de vida complexos com várias fases/formas de vida – há formas que só apresentam no vector (ex. fase sexual em Platelmintes)
43 Há 1.000.000 – 100.000 anos
Nos Caçadores-recolectores (pop. Com <100 pessoas) apenas deveriam estar estabelecidos agentes com elevada eficiência de transmissão e pouca capacidade para desencadear fortes respostas imunitárias - ACROPARASITOSES PREDOMINANTES
Os actuais caçadores-recolectores sofrem de doenças infecciosas semelhantes ou idênticas às que se encontram em populações selvagens de outros primatas
Presume-se que o estabelecimento dessas doenças infecciosas entre os caçadores-recolectores ocorreu há muito tempo
Entre 10.000 – 100 anos
Desenvolvimento da agricultura irrigada Algumas cidades com 100 000 habitantes
Maioria dos agregados populacionais pequenos < 300 pessoas
Com o aparecimento de grandes cidades e a intensificação de contactos entre populações, geram-se condições para sustentar agentes mais infecciosos, como microparasitas com ciclos directos: amibas, bactérias, vírus.
Surgem as doenças infecciosas das criança
A rubéola, tifo, disenteria ou sarampo, requerem efectivos entre 100 000 - 500 000 indivíduos para se estabelecerem EPIDEMIAS
São doenças que só podem ser sustentadas em populações muito densas, inexistentes antes do desenvolvimento da agricultura
A partir do séc. XV
Na época dos descobrimentos no continente americano os agentes infecciosos europeus fizeram com que mata-se mts nativos pois ñ conseguiram suportar.
No séc. XIX com a explosão da densidade populacional devido à industrialização era de esperar que aumentasse o número de doenças, mas houve o declínio (antes do aparecimento das vacinas, antibióticos) - quando passou a existir sistemas de esgotos Aumento da higiene
Transição Epidemiológica do século XIX
Transição Epidemiológica - descreve as mudanças no padrão de doenças que acompanhou as melhorias nas condições de saúde no final do século XIX e início do século XX.
À medida que a taxa de mortalidade se reduziu e a expectativa de vida aumentou, as populações apresentaram uma mudança de um padrão de doenças dominado por doenças infecciosas para outro em que prevalecem doenças crónicas como o cancro, as doenças cardiovasculares, diabetes…
A transição não está de forma alguma completa. Muitos países, particularmente os mais pobres, têm ainda um enorme fardo de doenças infecciosas em paralelo com o problema crescente das doenças crónicas.
Políticas e esforços concertados são necessários para melhorar tanto a qualidade ambiental quanto a saúde pública.
o Em Africa ainda são as doenças infecciosas que mais matam Malária
Agente plasmódio – pensa-se que já estava presente desde o início da espécie, uma vez que é encontrada em outras espécies de primatas, mas com a agricultura aumentou
DTT – insecticida que mata o mosquito vector mas não é utilizado em Africa, continuando a matar Actualmente a malaria é uma doença dos “países pobres”
44 DOENÇAS EMERGENTES OU REEMERGENTES (ex: SIDA)
Termos usados para descrever o surgimento de uma infecciosa anteriormente desconhecida, ou a expansão de uma infecciosa já conhecida para um nicho ecológico novo ou região geográfica diferente frequente/ acompanhada por alteração considerável da infecciosidade do agente
A maioria das doenças emergentes é causada por alterações no “tráfego microbiano”: Introdução de patogéneos em populações humanas a partir de outras espécies, ou Disseminação de patogéneos de pequenas para grandes populações
Este processo é frequentemente precipitado por alterações ecológicas ou ambientais (naturais ou induzidas pelo homem – alterações climáticas, desflorestação…) e é facilitado por movimentos populacionais e diversos factores sociais.
A maioria das doenças emergentes é causada por alterações no “tráfego microbiano”: Introdução de patogéneos em populações humanas a partir de outras espécies, ou disseminação de patogéneos de pequenas para grandes populações
Conhecem-se cerca de 1400 agentes patogénicos no homem, dos quais mais de 50% tiveram origem em outras espécies animais
Agentes emergentes ou reemergentes, em particular vírus, tendem a ser zoonóticos - transmissíveis de animais para o homem (ex: vírus da gripe das aves)
Actualmente existe grande risco de doenças infecciosas emergentes (DIE) serem transmitidas ao homem a partir de animais selvagens ou domesticados.
Entre os factores que para tal contribuem, incluem-se o recente crescimento e expansão demográfica das populações humanas, a intensificação da agricultura, a ruptura nos habitats devida às alterações climáticas e à desflorestação.
o Por outro lado, o aumento das deslocações a nível mundial, facilita a rápida propagação das DIEs. Nas últimas décadas, tem aumentado a incidência de DIEs, das quais 70% são zoonóticas e causadas por vírus e patogénecs resistentes a drogas.
O combate aos surtos de DIESs tem sido dificultado devido à sua imprevisibilidade, à ausência de medidas efectivas de controlo, tais como vacinas e terapias antivirais... a que acresce o desconhecimento das respostas imunitárias que os agentes zoonóticos induzem
o Muitos agentes zoonóticos provocam poucos ou nenhuns sinais de doença nos seus hospedeiros naturais, como aves selvagens , morcegos, mas os hospedeiros transmissores para o homem podem manifestar sintomas de doença moderados (ex: porcos infectados com o vírus da influenza) a severos (ex: cavalos infectados com o vírus Hendra). O hospedeiro terminal (spillover) pode apresentar sintomas muito severos e taxas de mortalidade elevadas (ex: humanos infectados com o vírus H5N1 da influenza ou o vírus Hendra)