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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 PRODUÇÃO MAIS LIMPA UM PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS

2.3.2 Rede Brasileira de P+L

O CEBDS foi o órgão articulador da Rede Brasileira de Produção mais Limpa, a qual estava integrada ao CNTL. A rede foi criada em 1997, com a parceria de sete organizações (CEBDS, SEBRAE Nacional, Banco do Nordeste, CNI, FNEP, PNUMA e PNUD) com elos em vários estados brasileiros (Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco - inicialmente), e buscou unir os esforços, trocar experiências, e desenvolver sistemas conjuntos para fortalecer as práticas de P+L e encorajar as empresas a se tornarem mais competitivas, inovadoras e ambientalmente responsáveis (SEBRAE/CEBDS, 2003). Sua criação foi orientada pelo CNTL através de capacitações.

Em 2002 um convênio entre o CEBDS e o SEBRAE ampliou os núcleos para onze estados, dentro do Programa Econegócios do SEBRAE (CEBDS, 2003). Os núcleos regionais do SEBRAE que aderiram a esta segunda fase foram os dos estados: Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Amazonas, Amapá, Mato Grosso do Sul, Pará, Espírito Santo, Alagoas e Rio de Janeiro. Na terceira fase os núcleos já formados receberam apoio para ampliar suas ações e foram criados mais nove núcleos regionais: Acre, Rondônia, Roraima, Tocantins, Goiás, Maranhão, Pernambuco, São Paulo e Santa Catarina.

- promover o desenvolvimento sustentável pela consolidação dos conceitos de Ecoeficiência e P+L como instrumentos para o aumento da competitividade do setor produtivo;

- difundir a prevenção como instrumento da proteção ambiental;

- promover a capacitação das empresas em assuntos ambientais associados à gestão financeira, utilizando a metodologia da UNIDO/UNEP; - estimular a adoção de métodos e tecnologias que resultem em P+L, melhorando a eficiência dos processos e reduzindo os riscos ao meio e à saúde dos trabalhadores;

- implantar núcleos nas diversas regiões do Brasil para disseminar e induzir a utilização das técnicas de P+L;

- desenvolver parcerias com órgãos e entidades paraestatais, governamentais ou particulares, nacionais, estrangeiras ou internacionais, visando o desenvolvimento e a implementação de técnicas de P+L;

- identificar e mobilizar fontes de financiamento; - estimular o intercâmbio de experiências em P+L nas empresas;

- apoiar projetos voltados para a promoção de P+L; - divulgar as iniciativas de P+L já desenvolvidas em projetos de cooperação internacional e/ou com a iniciativa privada; e

- promover um sistema que garanta o estímulo à melhoria contínua pela valorização das empresas que aderirem ao programa.

As atividades da rede foram divididas em duas etapas, a primeira com a formação de consultores, e, na segunda as empresas interessadas contratavam estes consultores para aplicar a metodologia de P+L, foram empresas-piloto da rede. A seguir as ações da rede nas três fases de implementação (SEBRAE/CEBDS, 2010):

Primeira fase: 76 empresas selecionadas que investiram R$ 2,8 milhões com medidas de P+L, obtendo uma redução de R$ 18 milhões por ano em gastos com matérias-primas, materiais auxiliares, água, energia

elétrica e retrabalho dos seus funcionários. Na figura 7 os dados relativos às capacitações.

Figura 7 - Distribuição das empresas-piloto e consultores formados na primeira fase da Rede Brasileira de P+L

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 SC BA MG MT RJ CE PE

Número de empresas piloto Número de consultores em formação

Fonte: Adaptado de CEBDS, 2002.

Segunda fase: Em um convênio de 2001 entre CEBDS e SEBRAE o foco foram as micro e pequenas empresas. Houve a formação da Rede de Econegócios. 85 micros e pequenas empresas participaram e investiram cerca de R$ 2,4 milhões em oportunidades de melhoria. Tais investimentos geraram benefícios anuais de R$ 5,6 milhões e mais benefícios ambientais, como a redução anual de 167 toneladas de matérias-primas, 111 mil metros cúbicos de água, 350 mil quilowatts de energia elétrica, dentre outros. A figura 8 mostra a aprovação dos consultores pelas empresas-piloto.

Figura 8 - Distribuição das empresas-piloto e consultores aprovados na segunda fase da Rede Brasileira de P+L

0 5 10 15 20 25 DF AM AP MS PA ES AL RJ RN PI SE

Número de empresas piloto Número de consultores aprovados

Fonte: Adaptado de: SEBRAE/CEBDS, 2003.

Terceira fase: Iniciada em 2007, como Rede Brasileira de Ecoeficiência, contemplou cinco ações principais: avaliação da rede existente; desenvolvimento de novos produtos; formação de novos núcleos, apoio aos existentes e interiorização nas unidades locais. Contemplou-se também a estruturação do portal da Rede e integração do sistema de comunicação. Na terceira fase, o SEBRAE Nacional investiu R$ 1.673.170,00, e formou 236 profissionais em 17 estados. As 160 micros e pequenas empresas que participaram dessa fase desenvolveram, junto aos consultores e facilitadores, condições para planejarem ações diretas de redução dos custos relacionados a desperdícios e riscos nos diversos segmentos produtivos estudados.

Esta rede teve a função de “guiar” ou “apontar rumos” para que os diferentes núcleos estaduais pudessem conduzir suas ações de acordo as experiências de outros Estados e empresas. A rede disponibilizou algumas publicações, entre elas o “Guia de Produção Mais Limpa – faça você mesmo” (SEBRAE/CEBDS, 2003) que orientava as empresas à implantação autônoma.

No relatório dos dez anos da Rede Brasileira de P+L (SEBRAE/CEBDS, 2010) foram apontados alguns obstáculos à implantação da P+L: resistência à mudança; percepção equivocada sobre as vantagens ambientais, aperfeiçoamento dos técnicos e redução dos custos operacionais; inexistência de políticas nacionais que deem suporte tecnológico e financeiro às empresas que adotem o modelo de P+L (grifo nosso); alocação incorreta dos custos ambientais e investimentos; falta de conhecimento técnico. Mesmo com essas dificuldades o relatório destaca que a rede possibilitou a capacitação de muitos consultores e conseguiu disseminar conceitos e práticas de sustentabilidade em todas as regiões do país.

A Rede Brasileira de Produção Mais Limpa Brasil finalizou suas atividades em 2009, quando terminou o convênio entre as instituições. Rossi e Barata (2009) ressaltam que os envolvidos na rede foram abandonando o projeto porque não houve respaldo político e nem financiamento.