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A arquitetura dos múltiplos sistemas complexos como as cidades, com suas pontes e ruas de ligações; as sociedades e as pessoas que se unem por relações de amizades, laços profissionais e familiares; o cérebro e as redes de células nervosas conectadas por axônios; as células que estão ligadas a moléculas formando redes por reações bioquímicas; todas essas redes, em diferentes escalas de constituição, são ligações que conduzem informações. O conjunto dessas conexões, ligadas entre si, quer sejam objetos, dados, pessoas, configuram-se como parte integrante de um sistema em evolução e autoconstituição. Para tanto, fatores como a continuidade, quantidade, dispersão geográfica e interligação são processos pelos quais se constituem uma rede de conexão. Conexões entre os indivíduos e as estruturas mais abrangentes, em meio às quais a convergência midiática articula-se na sociedade contemporânea transitam na esfera da comunicação ubíqua e reativa. Portanto, estas conexões sociais são formadas por redes de objetos, indivíduos e tecnologias.

Logo, os processos informáticos produzidos pelas interações serão estabelecidos pelos indivíduos e suas relações com as ferramentas. Nesta análise, o que se considera como relevante são as dinâmicas produzidas nesta constituição das interações na rede, que estabelecem novas associações e estão ligadas a milhares de links, dados, informações e indivíduos. Então, as habilidades conectivas destas ações geram novas conexões e vias na rede. A expansão e novas possibilidades de circulação das informações na comunicação ubíqua permitem que as redes de conexões se ampliem na atual sociedade. Por conseguinte, a circulação pelos contínuos espaços de fluxos estabelece vínculos e diferentes formas simultâneas de práticas que irão (re)definir estes processos. Castells (1999) identifica, através da perspectiva da teoria social, o espaço como um “suporte

material de práticas sociais de tempo compartilhado que funcionam por meio de fluxos. [...] qualquer suporte material tem sempre sentido simbólico” (1999, p. 500).

Para tanto, as “práticas sociais de tempo compartilhado” são definidas como práticas simultâneas, reunidas pelo espaço.

Por fluxos, entendo as sequências intencionais, repetitivas e programáveis de intercâmbio e interação entre posições fisicamente desarticuladas, mantidas por atores sociais nas estruturas econômicas, política e simbólica da sociedade. Práticas sociais dominantes são aquelas que estão embutidas nas estruturas sociais dominantes. Por estruturas sociais dominantes, entendo aqueles procedimentos de organizações e instituições cuja lógica interna desempenha papel estratégico na formulação das práticas sociais e da consciência social para a sociedade em geral (CASTELLS, 1999, p. 501).

O autor estabelece assim, o espaço de fluxos como “uma nova forma espacial” da sociedade em rede, com “características das práticas sociais que dominam e moldam a sociedade em rede” (Castells,1999, p. 501). Este espaço caracteriza-se pelos processos de funções de organização material das práticas da sociedade informacional, descritos pela combinação de três camadas de suportes materiais, que formam, assim, o espaço de fluxos. A primeira camada é constituída por “um circuito de impulsos eletrônicos”, configurando-se como um “suporte material de práticas simultâneas, [...] é uma forma espacial” (1999, p. 501); essas funções ocorrem através das interações entre as possibilidades das tecnologias da informação. Os lugares, nessa rede, existem pelas definições dos “intercâmbios de fluxos de redes”. A segunda camada é formada pelos nós, os “centros de importantes funções estratégicas”, os nós e os centros seguem a hierarquização conforme o peso na rede. Para tanto, o espaço dos fluxos possui um lugar, ainda que sua estrutura lógica não seja determinada pelo lugar, desta forma “[...] está localizado em uma rede eletrônica, mas essa rede conecta lugares específicos com características sociais, culturais, físicas e funcionais bem definidas” (Castells, 1999, p. 502). Ou seja, alguns lugares como o centro das redes, são intercambiantes. Já a terceira camada “refere-se à organização espacial das elites gerenciais dominantes (e não das classes)”, exercendo funções que são direcionadas ao espaço articulado. Portanto, estes espaços de fluxos são:

[...] parte da suposição implícita de que as sociedades são organizadas de maneira assimétrica em torno de interesses dominantes específicos a cada estrutura social. O espaço de fluxos não é a única lógica espacial de nossas sociedades. É, contudo, a lógica espacial dominante porque é a lógica espacial dos interesses/funções dominantes em nossa sociedade. Mas essa dominação não é apenas estrutural. É estabelecida, na verdade, concebida, decidida e implementada por atores sociais (CASTELLS, 1999, p. 503).

Nesta perspectiva, “o poder dos fluxos é mais importante do que os fluxos do poder” (1999, p. 565), sendo deste modo, parte imprescindível, os atores sociais. No entanto, a forma, a capacidade de organização e a legitimação dos processos são da “elite dominante”, capaz de constituir e estabelecer os parâmetros das estruturas sociais e de interesses dominantes. Como tendência dominante, configura-se a sociedade da informação, com suas funções e processos de comunicação em redes. Esses processos comunicacionais e a difusão das redes, bem como a nova morfologia das sociedades, modificam substancialmente a operação e os resultados de todas as esferas sociais, dos processos de produção, poder e cultura.

Dessa forma, as ligações e interações ou laços sociais impulsionam as informações e seus fluxos em diferentes aparatos tecnológicos e dispositivos móveis. Raquel Recuero (2009) observa a definição do termo dentro da perspectiva das Redes Sociais na Internet. Para tanto, uma rede “é uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem da rede tem, assim, seu foco na estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais e nem suas conexões” (Recuero, 2009, p. 24). O uso de diferentes artefatos tecnológicos e dispositivos móveis para produzir, estocar e compartilhar informações nas diferentes esferas da comunicação está sendo utilizado em escala crescente para a produção e recepção de conteúdos na área da comunicação para saúde.

Com os fluxos comunicacionais cada vez mais intensos, as possibilidades de acesso à informação e as interações nas Redes Sociais na Internet (RSIs) potencializam-se, oportunizando não só a interação entre indivíduos, como também um novo espaço para a comunicação da saúde. O indivíduo inserido nas redes aproxima e estreita os laços sociais num processo comunicativo e de interação social, construído constantemente pelos atores envolvidos de forma perene. Logo, é a interconexão entre grupos que pode gerar mudanças significativas nas redes. As relações de interatividade – aliadas às possibilidades de interação, compartilhamento, engajamento e distribuição nas redes de relacionamento – aumentam as potencialidades do texto. A abundância textual ofertada nas redes de conexão perfaz um caminho entre a cognição e o processo de aquisição das leituras obtidas. A potencialidade das tecnologias móveis, das Redes Sociais na Internet, além das mudanças causadas nas diferentes esferas sociais e na sociabilidade,

permite uma observação no modo de construção dos textos; “a tecnologia informática veio potencializar a criação de textos permutatórios, antes criados através de cartões e páginas soltas pelos pioneiros” (Primo, 2003). Essa relação estabelecida com o texto nas diferentes telas permite que qualquer leitor, em diferentes espaços, possa receber as potencialidades hipermidiáticas. Acarretando, portanto, nesta nova modalidade de inscrição, divulgação e apropriação dos textos que multiplicam o acesso e as redes de conexão.

O impacto das tecnologias de informação na vida dos indivíduos e nas diferentes comunidades de interação vem transformando o modo de comunicar, interagir, compartilhar e distribuir informações na sociedade contemporânea. A ampliação das redes de conexão trouxe uma perspectiva ampla para distribuição e recepção de diversos conteúdos. Essas formas alteraram a relação nas diferentes esferas sociais e nos seus grupos, bem como as interações entre o virtual, o real e os atores sociais. As relações de vigilância entre público e privado estabelecem novas perspectivas nas esferas da comunicação ubíqua. Há uma reconfiguração do espaço público, das conexões que enviam dados e informações nos diferentes ambientes das cidades e na esfera privada; por conseguinte os atores sociais estão inseridos nas redes produzindo e compartilhando informações, trocando e estocando dados. Essas ações e interações nas diversas plataformas ubíquas estão cada vez mais vigiadas e monitoradas; a cada clique, são potencialmente personalizadas por filtros e algoritmos que indicam o próximo caminho que será seguido. Os novos espaços que surgem a partir dos fluxos comunicacionais e informacionais das sociedades em redes, assim como novas formas e processos espaciais são (re)configurados nestes ambientes, onde os indivíduos deixam seus rastros, podendo seguir, buscar, trocar, compartilhar, engajar-se, cooperar, e, assim, fortalecer os laços sociais nas redes de conexão na Internet.

As conexões e interações que esse indivíduo estabelece, entre dispositivos e aparatos tecnológicos móveis, estão inseridas no grande contexto ubíquo da comunicação. As diversas redes sociais constituem-se como ambientes de sociabilidade; onde é possível observar as interações, as dinâmicas de participação, colaboração, filtragem e presença que são, também, habilidades cognitivas. No vasto campo das Redes Sociais na Internet (RSIs), a atual Web 3.0 renova e amplia o espaço de fala desse indivíduo. A criação do Facebook delimita o início desta nova “era”, ingressando, a partir de 2004, “na era das RSIs 3.0, caracterizadas pela

integração com outras redes e pelo uso generalizado de jogos sociais [...] assim como de aplicativos para mobilidade” (Santaella e Lemos, 2010). Os espaços de fluxos informacionais possibilitam trocas em tempo real, modificando processos da forma de apropriação desses conteúdos, bem como no modo de transmitir informações. São conversações, compartilhamentos, fluxos de cooperação e engajamento que ressaltam as suas dinâmicas de inserção em diferentes vias.

Essas trocas e fluxos informacionais perfazem um caminho da democratização do conhecimento científico, até pouco tempo atrás centrado nas comunidades científicas e/ou na comunicação de massa. Com as Redes Sociais na Internet (RSIs) 3.0 e a potencialização da ubiquidade da informação, a mudança traz consigo uma nova perspectiva para a comunicação da saúde. Tanto no que se refere à construção de um imaginário coletivo – as diversas formas de agregação destes espaços, relacionando-se entre corpo e tecnologias, sob as formas de representação nestes espaços –, quanto às informações de fontes não oficiais, referentes à prevenção, qualidade de vida, a programas e ações do Estado; como de fato aos recursos relativos para o bem-estar social, físico e mental. A nova condição “móvel”, na sociedade urbana mundial, citada por Lévy (2003), multiplica os contatos, contribuindo para novos (re)encontros e reconexões entre indivíduos e consigo mesmo. Os contatos intensificam-se “em escala planetária”. Uma nova sociedade, então, é reconfigurada, no sentido de estabelecer diferentes conexões em tempo e espaço distintos.

As interações constituem-se como rastros, pois permanecem em determinado espaço e tempo até que sejam apagadas. Algumas, mesmo assim, mantêm-se ativas em servidores e outros arquivos. Essas interações mediadas por computador, dispositivos e aparatos tecnológicos móveis estabelecem uma ligação com os atores da ação. Desta forma, há percepção das trocas sociais determinadas pelas interações. É através dos aparatos tecnológicos que acontece a circulação da informação; é através deles que os indivíduos criam “laços sociais” em diferentes níveis, podendo as identidades tornarem-se persistentes nas redes e é também por meio deles que a informação transita.

Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais). [...] O estudo das redes sociais na Internet,

assim, foca o problema de como as estruturas sociais surgem, de que tipo são, como são compostas através da comunicação mediada pelo computador e como essas interações mediadas são capazes de gerar fluxos de informações e trocas sociais que impactam essas estruturas (RECUERO, 2009, p. 24).

Ou seja, o primeiro elemento constitutivo de uma rede social são os atores, representados pelos nós (ou nodos). Atuam como parte do processo, moldando as estruturas sociais estabelecidas com as interações e constituição dos laços sociais. No entanto, não são de imediato discerníveis, devido às interações mediadas por computador, podendo, desta forma, serem representados por perfis nas diferentes Redes Sociais na Internet. Recuero (2009) relata a diferenciação da observação dos atores nas análises destas redes:

Trata-se das pessoas envolvidas na rede que se analisa. Como partes do sistema, os atores atuam de forma a moldar as estruturas sociais, através da interação e da constituição de laços sociais. Quando se trabalha com redes sociais na Internet, no entanto, os atores são constituídos de maneira um pouco diferenciada. Por causa do distanciamento entre os envolvidos na interação social, principal característica da comunicação mediada por computador, os atores não são imediatamente discerníveis. Assim, neste caso, trabalha-se com representações dos atores sociais, ou com construções identitárias do ciberespaço. Um ator, assim, pode ser representado por um weblog, por um fotolog¸por um twitter ou mesmo por um perfil Orkut. E, mesmo assim, essas ferramentas podem apresentar um único nó (como um weblog, por exemplo), que é mantido por vários atores (um grupo de autores do mesmo blog coletivo) (RECUERO, 2009, p. 25).

Os atores, então, são representações dos atores sociais, configurando-se como espaços, lugares de fala, de interações, onde são expressos elementos da personalidade e/ou individualidade de cada um. A construção de diferentes narrativas e expressões de “eus” personaliza as redes da Internet. O espaço de fala potencializa os laços sociais. O indivíduo não apenas recebe informações, mas tem a possibilidade de emitir e transmitir diversos questionamentos, informações, opiniões. Nesse ambiente, não é apenas a noção de tempo e espaço que muda; também as relações são modificadas, possibilitando um vasto acesso às informações referentes à saúde. Esses fluxos comunicacionais em tempo real fortalecem os laços sociais na área da saúde. O redimensionamento conduziu a novas adaptações para as demandas das comunicações. Uma ideia pode ser

replicada de forma viral e instantânea no ciberespaço em questão de segundos, alcançando diferentes vias de conexões.

Através da análise dos laços sociais, pode-se aferir o capital social de uma rede, empresa, marca, pessoas, etc. Na perspectiva de Recuero (2009) os laços relacionais possuem interações entre os participantes da rede. Já os laços dialógicos têm interações sociais mútuas entre os indivíduos. Os laços associativos, por sua vez, têm conexão entre indivíduo e um grupo e/ou instituição; portanto, as interações sociais reativas possuem um sentimento de pertencimento em determinada comunidade formada pela rede. A combinação da quantidade de tempo, intensidade relacional/emocional, confiança mútua e reciprocidade são características de um laço e determinantes da sua força relacional em determinada rede social. Neste sentido, Recuero (2009) define laços fortes e laços fracos. Os primeiros são constituídos em conexões mais vastas e concretas no que refere-se às trocas sociais; já os laços fracos têm trocas mais difusas e são estruturadores das redes sociais conectando os clusters.

Laços fortes são aqueles que se caracterizam pela intimidade, pela proximidade e pela intencionalidade em criar e manter uma conexão entre duas pessoas. Os laços fracos, por outro lado, caracterizam-se por relações esparsas, que não traduzem proximidade e intimidade. [...] Laços fortes e fracos são sempre relacionais, pois são consequência da interação que, através do conteúdo e das mensagens, constituem uma conexão entre os atores envolvidos. Já o laço associativo, por sua característica básica de composição, tenderia a ser, normalmente, mais fraco, pois possui menos trocas envolvidas entre os atores (RECUERO, 2009, p. 41).

Os indivíduos pertencem hoje a uma comunidade vasta de compartilhamento. Consequentemente o texto se atualiza quando ele consegue não somente dialogar com os diferentes horizontes históricos, mas também quando, nestas perspectivas, atinge o objetivo da informação ser replicada, tendo consideráveis fluxos e reflexos. A atual cultura da mobilidade, como discorre Lemos (2008), é uma cultura locativa. Essa mobilidade nas diferentes comunidades criadas compõe o aspecto fundamental do “gerenciamento de reputação” (Rheingold, 2006) que se caracteriza com a disponibilidade de observação para, então, classificar a reputação e o “capital social” do outro. O autor salienta como fundamental para esses fluxos, a educação,

a disponibilidade de observação e o modo de aplicação destes meios pelos indivíduos.

[...] estar disponível para ver de que forma as outras pessoas classificam uma pessoa em particular ou uma publicação, e isto, adicionando características que a tecnologia mede, mas que são essencialmente medidas sociais, que podem aumentar o valor do meio. Um outro aspecto importante é a educação. Como as pessoas são educadas, para que forma e como usar o meio. A tecnologia sozinha não irá fazer nada sem que as pessoas a utilizem, e como elas sabem usá-las? (RHEINGOLD, 2006, p. 210).

Para esse autor, as tecnologias são como “sistemas de comunicação cotidianos”, não se restringindo apenas aos sistemas teóricos; por isso, a necessidade desse entendimento e da compreensão para o uso. O senso de comunidade, permitido pelas Redes Sociais na Internet, possibilita minimizar o sentimento de isolamento, por conseguinte, estabelecendo a noção de pertencimento.

[...] a Internet facilitou o contato off-line, aumentando o conhecimento entre vizinhos e aumentando a frequência de contato com outros vizinhos. Estas conclusões são importantíssimas, na medida em que salientam o fato de que os laços sociais na Internet, muitas vezes, são laços que também são mantidos off-line (RECUERO, 2009, p. 43 – 44).

A interação mediada por computador propicia esses processos de espacialidade, oportunizando novos ambientes relacionais e de interação, importantes para estabelecer e manter os laços iniciais. Fixam, então, laços de proximidade por interesses comuns e afinidades. Ou seja, estes laços, à medida que as interações acontecem, serão reforçados. Ou, conforme o seu alcance, permanecem como laços fracos. Isso depende das características da localidade e da globalidade, seja ela física ou virtual. O indivíduo, nas diferentes redes de conexão com interações mediadas por computador ou dispositivo móvel, estabelece vínculos sem o deslocamento físico, sem alterar a sua mobilidade. Logo, a onipresença nas Redes Sociais na Internet potencializa e auxilia o fortalecimento destes laços. Esse

“valor constituído a partir das interações entre os atores sociais” (Recuero, 2009, p. 45) vai determinar o capital social.

Para tanto, são as conexões estabelecidas entre esses indivíduos, aliando reciprocidade e confiança, que irão determinar o capital social. Putnam (2000, p. 19) observa que o termo é referente “à conexão entre indivíduos – redes sociais e normas de reciprocidade e confiança emergem dela”. O fortalecimento do capital social advém do robustecimento dessas relações. Desta forma, os processos de desenvolvimento para o benefício próprio irão determinar os interesses do indivíduo em fazer parte da rede. O capital social confere como que um elemento essencial para o desenvolvimento e a constituição das comunidades (Putnam, 2000). A multiplicidade das Redes Sociais na Internet permite diferentes lugares e ferramentas, utilizadas para manter os relacionamentos e as interações nos processos do capital social e dos laços. Assim sendo, é preciso estar presente, ser visto, para “existir” no ciberespaço. O ator é o que ele expõe nos ambientes em que circula. É, portanto, através dos seus registros de informações que a memória vai constituindo-se. De fato, faz-se necessário analisar as interações nas redes, visto que a quantidade ficará estática, no entanto, não continuam trocando. Logo, há um processo permanente de construção de identidade nas redes.

Um processo que perpassa não apenas as páginas pessoais, como fotologs e weblogs, nicknmaes em chats e a apropriação de espaços como os perfis em softwares como o Orkut e o MySpace. Essas apropriações funcionam como uma presença do „eu‟ no ciberespaço, um espaço privado e, ao mesmo tempo, público. Essa individualização dessa expressão, de alguém „que fala‟ através desse espaço é que permite que as redes sociais sejam expressas na Internet (RECUERO, 2009, p. 26 – 27).

Com o espaço de fala ampliado e a visibilidade aumentada, os recursos de sociabilidade nas redes são estabelecidos. A vigilância e a visibilidade tornam-se o “imperativo” da interação mediada por computador. São os atores sociais os constituintes das redes, os construtores dos espaços de relações, interações e expressões individualizadas e coletivas. Assim sendo, potencializam os processos de pertencimento, de constituição do capital social, de engajamento e as possibilidades de cooperação e manutenção dos laços sociais nas comunidades. No entanto, os processos de personalização estão estabelecendo as vias de conexões

e direcionando os rastros nas redes. Neste sentido, Pariser (2012) observa que há “muitas ligações”, mas poucas conexões. “E isso é importante, pois são as pontes que criam nosso senso do que é „público‟ – o espaço em que resolvemos os problemas que transcendem nosso nicho e nossos restritos interesses pessoais”