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REDUZIR AS DESIGUALDADES REGIONAIS É O CAMINHO PARA UM PAÍS MAIS JUSTO

No documento POLÍTICAS PÚBLICAS DO NORDESTE PARA O BRASIL (páginas 138-142)

Francisco Alexandre9

Dizer que o Brasil é desigual é afirmativa antiga e repisada. Por outro lado, é perceptível que por anos a fio não existiram planeja-mentos estratégicos apontando políticas consistentes para reduzir as diferenças inter-regionais candentes quando se olha para o Bra-sil como um todo. Esta dinâmica foi mudada nas gestões do Parti-do Parti-dos TrabalhaParti-dores (PT). O governo Lula olhou com cuidaParti-do as diferentes realidades do país instituindo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que deu fôlego de desenvolvimento, período marcado por geração de emprego e diminuição das desigualdades na região. Estratégia paralisada a partir do golpe que derrubou o governo Dilma Rousseff (PT) e levou o país ao obscurantismo e rea-cionarismo vivenciados atualmente.

A alternativa diante da falta de perspectivas em relação aos gover-nos conservadores ultraliberais que controlam o país desde 2016 foi criar o Consórcio Nordeste, iniciativa exitosa que mostra quão importante é pensar as necessidades locais a partir de suas reali-dades, com a visão daqueles que as enfrentam no dia a dia, ou seja, das lideranças políticas, da população, das organizações sociais, das entidades de classe e das universidades, entre outros.

As experiências do PAC e do Consórcio Nordeste mostram que a mudança de patamar nas regiões menos desenvolvidas do país passa, necessariamente, por entender que os problemas vividos por cada uma delas são todos de ordem nacional, que o país so-mente se tornará mais igual com ações do governo federal capazes de fomentar crescimento e diminuir desequilíbrios.

9. Engenheiro civil e advogado; membro do Diretório Estadual PT-PE.

As propostas trazidas no Relatório do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas do Nordeste (NAPP-NE) tiveram como ponto de partida a avaliação das experiências exitosas dos governos lide-rados pelo Partido dos Trabalhadores da região, onde acontecem experiências que merecem ser avaliadas e incluídas no plano de governo a ser apresentado ao Brasil. O trabalho é uma obra feita a muitas mãos, com a participação de técnicos, lideranças políticas, parlamentares, senadores e governadores, que ajudaram a cons-truir um conjunto de propostas com o objetivo dar nova visão ao processo de desenvolvimento da região.

Pensar estratégia de médio e longo prazo para região Nordeste é uma questão central para qualquer que seja o governo. Somos mais de 56 milhões de habitantes. Mais de 39 milhões de eleitores e 18%

do território nacional. Região que há décadas acompanha a estag-nação na distribuição da riqueza nacional, representando apenas 14% do PIB nacional. O desafio é, portanto, como fazer esse vasto território voltar a ter crescimento sustentável, geração e distribui-ção de riqueza, empregos e condições sociais dignas para a maioria das pessoas.

Quando falamos em desenvolvimento da região Nordeste pensamos em infraestrutura, equilíbrio hídrico, meio ambiente, agricultura (familiar e agronegócios), rodovias, ferrovias, navegação, portos, sustentabilidade, fontes e disponibilidade energética, tecnologia da informação. Petróleo e gás, que têm importância fundamental na economia nordestina, tiveram a indústria afetada pela falta de política estratégica do atual governo, que priorizou o fechamento de unidades, refinarias e a liquidação de ativos da PEtrobrAs como forma de privatizar a empresa de forma fatiada. Um escândalo com o patrimônio do país.

Do mesmo modo, o desenvolvimento regional passa também pela otimização da rede de universidades, escolas técnicas e institutos

de educação. Preocupação com a rede de atendimento à saúde, estruturas de segurança e transporte. Muitas delas carentes de atualização tecnológica, com estruturas precárias e inapropriadas.

Somam-se a isso a necessidade de desenvolvimento de políticas e programas para formação, atração e retenção de talentos nas es-truturas do Estado.

O Nordeste é uma região estratégica para o país e assim precisa ser encarado. Temos vantagens que precisam ser exploradas e vistas como oportunidades para o país. Entre elas, podemos citar que es-tamos mais perto da Europa, Ásia e Estados Unidos (entre 2 e 3 mil km, a depender do porto de partida). Então, para criar as condições para o escoamento da produção nacional é preciso que se conso-lide os eixos ferroviários ligando o centro-oeste para os portos da região. Quando se fala em energia limpa, a região tem potencial e pode gerar energia solar e eólica todo o ano, o que cobra a necessi-dade de se pensar em projetos capazes de responderem a estratégia de política energética do país.

As experiências mostram que o Estado tem papel fundamental no fomento, elaboração e implementação de políticas públicas para suportar projetos estruturantes (para os que insistem na cantilena de que o Estado deve ficar fora desses papéis, vale lembrar como estados nacionais, a exemplo dos EUA Inglaterra e Alemanha, agi-ram na crise pandêmica que afeta o mundo há dois anos), junta-mente a parcerias com fundos de investimentos, bancos e a bus-ca por parcerias público-privadas, que têm mostrado ser uma boa forma de financiar setores estratégicos, muitos deles intensivos em capital, com menor desembolso para o Estado.

O desafio para os que trabalham o programa de governo é entender que entre as missões está a de observar que as realidades e neces-sidades país afora são distintas. Assim, é essencial ter programas que possam dar vazão às demandas como elas são, pois a

produ-ção de projetos pensando somente a partir das regiões centrais não dialogam com o mundo real da grande parte do país que ainda vive à margem da condição digna de sobrevivência humana. São realidades, portanto, que precisam fazer parte das preocupações na elaboração do Programa Lula Presidente, planejando ações para o país voltar investir e retomar o desenvolvimento com a retomada de empregos, renda e erradicação da miséria.

No documento POLÍTICAS PÚBLICAS DO NORDESTE PARA O BRASIL (páginas 138-142)