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PARTE 3 : EIXO Z TRANSPARÊNCIA

5.4 O CINEMA E AS TRANSPARÊNCIAS DA LUZ

5.4.2 Refletores

Na produção audiovisual, sem dúvida o Sol continua sendo uma das maiores possibilidades de iluminação. Desde o início do Cinema foi assim e, possivelmente, continuará sendo. Mas, apesar de ser a maior fonte de Luz de que se dispõe e de fornecer tanto luz direta quanto difusa, sendo amplamente explorado quanto a esses aspectos de potência e de direção/difusão, o Sol, desde praticamente o início do Cinema, deixou de ser pensado como única fonte de iluminação para os filmes.

Além da limitação do número de horas diárias de Luz, as questões climáticas, que definem os dias de Sol, os nublados e os de chuva, sempre foram empecilhos para as produções. Em função disso, foram desenvolvidos diversos tipos de lâmpadas e refletores para produzir Luz e criar a iluminação dos ambientes, "traduzindo" as situações de Luz necessárias para se atingir transparência cultural pretendida na representação.

Existe uma diversidade de formatos, nomes, definições e listas de tipos de refletores, sugeridos, tanto por autores que abordam o assunto, quanto por diretores de fotografia e empresas do ramo. Não há um consenso sobre uma classificação padrão que leve em conta a potência dos refletores, a difusão e o uso. Além disso, novos equipamentos são desenvolvidos e incorporados constantemente, como os atuais painéis de LED e os refletores xenon.

Como ilustração dessa variedade, John Alton (1995), que em seu livro Painting with Light, publicado originalmente em 1949, dividia em duas as principais fontes de iluminação utilizadas por ele naquele momento: 1) Arc Lights (lâmpadas adaptadas do teatro, e produzem Luz a partir de eletrodos de arco de carbono. Em desuso no Cinema) - divididas em Brute, Molarc e Duarc; e 2) Incandescent Lights (equipadas com lâmpadas incandescentes de tungstênio e lentes Fresnel) - Junior e Senior Solarspot, Baby Keg-Lite, Midget, Dinky-Inkie, Single e Double Broad (com difusor), Cinelight (difusa).

Atuallmente, os refletores têm outras formas de classificação, mas que se definem principalmente quanto à potência e difusão. Blain Brown (2008) sugere uma divisão dos refletores segundo o que considera seus maiores gupos: Fresnéis de tungstênio, HMIs, Brute Arc (arcos de carbono), Open-Face Lights (sem lentes), PAR, Soft Lights (lâmpadas fluorescentes), Broad (lâmpadas incandescentes com difusor frontal) e painéis de LED.

Edgar Moura (1999) indica que, na prática, os refletores dividem-se em três grandes grupos: Fresnel, PAR e Soft (tanto os com difusor quanto os fluorescentes). Os HMIs, refletores bastante comuns, principalmente quando se quer bastante potência, e que já adquiriram uma categoria própria, também são classificados por Edgar Moura dentro dos três tipos anteriores.

A partir disso, a seguir, são apresentadas as características de alguns desses refletores. Como há diferenças de entendimento sobre a forma como devem ser categorizados, optou-se por separá-los segundo aspectos que os distinguem entre si e segundo as denominações mais comuns:

Fresnel - O nome do refletor é, na verdade, o sobrenome do físico francês Augustin- Jean Fresnel, que inventou a lente usada nesses refletores. Trata-se de um refletor com lâmpada incandescente de tungstênio, acoplada a um mecanismo no interior do projetor, que permite, por meio de um eixo, aproximar ou afastar a lâmpada da lente frontal do projetor e que, por ter ranhuras, permite que o facho de luz seja mais concentrado ou disperso, segundo a variação do mecanismo de controle. Os fresnéis podem ser de baixa ou alta potência, variando de cerca de 1000 Watts até 20.000 W ou mais. (FIGURA 30).

FIGURA 30 - Fresnel 1000W, com mecanismo aberto. Foto: Luís Santos FONTE: Acervo pessoal de Luís Santos.

P.A.R. (Parabolic Aluminized Reflector) - É um refletor similar a um farol de carro, com uma lâmpada circundada por uma área refletora e selada por uma lente frontal.

Produz uma luz intensa, dado seu foco concentrado. Os mais comuns são os de baixa potência, em geral de 1000 Watts.

Maxi Brut - É, na verdade um conjunto de refletores P.A.R. montados em um painel, em grupos que podem variar de 2 a 36 refletores, e que podem ser acionados no todo ou em parte, conforme a necessidade. Por seu foco dirigido e potente, o que lhes dá uma alta intensidade de Luz, são comumente usados em externas noturnas ou para grandes áreas em estúdio, rebatidos em painéis de tecido branco ou com filtros de correção de cor. (FIGURA 31).

FIGURA 31 - Dois conjuntos de refletores PAR, com filtro CTB. Foto: Luminaria Inc. FONTE: BROWN, 2002, p. 172.

H.M.I. (Hydragyum Medium Arc-Lenght Iodide) - O que caracteriza esse refletor é sua lâmpada. Na prática, como comenta Moura (1999, p. 92): "é só uma questão de a lâmpada do refletor ser ou não ser HMI. HMI não é nenhuma lâmpada mágica, é só uma lâmpada a descarga, numa ampola de quartzo, que contém um gás de mercúrio". Mas, essa lâmpada que caracteriza os HMI é o que faz o sucesso desse refletor, posto que são muito mais eficientes que as lâmpadas de tungstênio quanto ao rendimento luminoso. "HMIs geram o equivalente a 3 a 4 vezes a luz das

lâmpadas halógenas de tungstênio, mas consomem até 75% menos energia para a mesma potência de saída" (BROWN, 2002, p. 142) 48. E, embora existam HMIs de baixa potência (1000W ou menos), em geral, os HMI são conhecidos por sua alta potência (5.000W, 10.000W, 12.000W, 18.000W, 20.000W e 24.000W), o que exige um gerador próprio. Além disso, pelo fato de produzirem uma luz de 5.500K de temperatura de cor, similar à luz do dia, são ainda mais eficientes em externas, pois as lâmpadas de tungstênio, para reproduzir esse efeito, precisam usar filtros de correção de cor CTB (color temperature blue) para simular a luz do dia. Por isso, são muito usados para simular o Sol e a Lua em condições de iluminação externa. (FIGURA 32)

FIGURA 32 - HMI Fresnel 12.000W/18.000W. Foto: Arri Group. FONTE: BROWN, 2002, p. 144.

Aberto - São refletores diretos simples, que usam lâmpadas de tungstênio no formato "palito". Não têm lente frontal ou difusão. Possui baixa potência (cerca de 1000W). (FIGURA 33).

48 HMIs generate three to four times the light of tungsten halogen, but consume up to 75% less energy

FIGURA 33 - Refletor Aberto 1000W. Foto: Luís Santos FONTE - Acervo pessoal de Luís Santos.

Soft (difuso) - são os mesmos Abertos, só que com uma "caixa" difusora acoplada na frente da lâmpada, que reflete e espalha a luz. Também pode se tornar difuso com o encaixe de uma tela difusora.

Painéis fluorescentes - são os painéis que já produzem uma luz difusa por causa do tipo de lâmpada que usam. Ao contrário das lâmpadas de filamento anteriores, a luz é produzida por uma descarga elétrica que altera o estado do mercúrio presente no interior do tubo, e que, por sua vez, excita a camada de fósforo das paredes do tubo, produzindo Luz. Assim, esses painéis produzem uma iluminação bem mais espalhada, como se fosse um painel difusor. Embora consuma muito menos energia que as lâmpadas de tungstênio e produza menos calor, essas lâmpadas não têm muita potência para iluminar locais mais amplos, são fracas. Em geral, servem para cenas menores e mais próximas, como nos diálogos e em cenários pequenos. Podem variar de 2 a 8 lâmpadas, com potência aproximada de 100 a 500W49. (FIGURA 34)

49 A empresa Kino Flo (KINO FLO, 2012a), precursora dos painéis de Luz flurescente, indica em seu

site que os modelos ParaBeam 400 e 200 produzem a mesma quantidade de luz difusa que refletores de 2000W e 1000W de tungstênio, respectivamente.

FIGURA 34 - Painel de lâmpadas fluorescentes 220W. Foto: Luís Santos. FONTE - Acervo pessoal de Luís Santos.

Painéis de LED - São como os painéis fluorescentes, mas, ao contrário de lâmpadas, usam um grande números de Diodos Emissores de Luz (LEDs)50. Produzem pouco calor e também são difusas. Como as fluorescentes, também são mais indicados para usos em situações menores, com pouco alcance. Também são usados painéis pequenos de LED para iluminar espaços restritos, como para simular a iluminação emitida pelos painéis de veículos em cenas noturnas. (FIGURA 35)

FIGURA 35 - Painel de LED Celeb 200 Kino Flo. Foto: Autor desconhecido. FONTE - KINO FLO Lighting Systems, 2012b.

50 Por exemplo, a empresa Mole-Richardson (MOLE-RICHARDSON CO., 2012) informa que seus