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Reflexão Conversar sobre o vivenciado na sessão, do que gostaram mais e menos e se desejariam de repetir alguma das atividades Devem mencionar um sentimento que caraterize o vivenciado.

ENQUADRAMENTO DO ESTÁGIO NA CASA DE SAÚDE DA IDANHA

igura 6 – Sala de Snoezelen e de arrumação

7. Reflexão Conversar sobre o vivenciado na sessão, do que gostaram mais e menos e se desejariam de repetir alguma das atividades Devem mencionar um sentimento que caraterize o vivenciado.

Promover a capacidade de reflexão sobre as sensações vivenciadas;

Potenciar a capacidade de justificar/refletir sobre o vivenciado;

Promover a comunicação;

-- Relembrar as atividades Apoio verbal; realizadas. 5’

Neste espaço apresenta-se de forma sucinta os 10 utentes acompanhados, identificando as suas principais características e a intervenção psicomotora desenvolvida, culminando com a avaliação final e respetiva análise de resultados. Os utentes estão ordenados de um a dez, e identificados por iniciais, sendo que as informações detalhadas sobre alguns deles encontram-se no anexo 11, que pode ser observado atentamente para completar todos os dados apresentados.

Utente 1 – IL

Identificação do utente: IL (11 sessões)

Diagnóstico: Dependência alcoólica Idade: 63 anos

Tempo de Intervenção psicomotora

1 mês

A IL quando avaliada pela Psicomotricidade mostrou problemas a nível da postura e limitações ao nível da memória a curto prazo. Salienta-se também que apesar de comunicativa e de apresentar um discurso coerente, não tomava iniciativa e carecia de instruções simples e diretivas. Contrariamente, não ostentou dificuldades na identificação das partes do corpo, apesar de ser consideravelmente impulsiva nas respostas, patenteando-se alguma confusão ao nível da lateralidade. Afável ao toque e colaborante nas atividades propostas, não manifestava comportamentos de recusa, mas apresentava baixa autoestima, desvalorizando as suas capacidades e competências.

Com o decorrer das sessões foi observado que ao nível da postura existia necessidade de reforço verbal constante, sendo que o ajuste revertia apenas por um curto período de tempo, possivelmente associado às alterações na memória. Nesta área não foram sentidas melhorias significativas, mas considera-se que não se registou nenhuma detioração. Ao nível da tomada de iniciativa e autoestima, denotaram-se melhorias significativas, evidenciando-se no final da intervenção, uma iniciativa mais vincada, associada a melhoria de autoestima, que permitiu também uma maior capacidade de socialização com os restantes utentes, interligada aos benefícios da intervenção em grupo (Morais, 2007).

Em suma, apesar de ter existido um período em que a utente regrediu, por alteração terapêutica, estando consideravelmente desorientada e com períodos confusionais, regressou ao seu estado habitual, sendo visível que os resultados no final da intervenção foram positivos. Importa salientar que a utente, com dependência alcoólica e com a sua idade, corre o risco de desenvolver uma demência, tendo sido a intervenção psicomotora benéfica ao nível preventivo secundário (Alzheimer’s Australia, 2015; Rodríguez, 2002).

Utente 2 – JC

Identificação do utente: JC (20 sessões)

Diagnóstico: Perturbação neurocognitiva

vascular e ciúme delirante

Idade: 74 anos

Tempo de Intervenção psicomotora

3 meses e meio

Ramo de Aprofundamento de Competências Profissionais – Casa de Saúde da Idanha

motora dos MS’s o utente não apresentava dificuldades e salientava uma adequada perceção das suas competências, com capacidade para programar, adequar e ajustar os movimentos. Verificou-se que escrevia com a mão direita, corretamente e com uma letra legível, mas utilizava a mão esquerda para outras tarefas (e.g. lançamentos), uma lateralização manual pouco definida. Quanto à motricidade e praxia fina, revelaram-se algumas dificuldades na minúcia e destreza manual, apresentando influência negativa em algumas AVD’s (e.g. apertar botões). Denotou-se ainda que uma adequada expressividade corporal, mas com dificuldades na compreensão ou interpretação de gestos nos outros. Compreendia e cumpria instruções simples e diretivas sem dificuldade. Em termos cognitivos, foram visíveis alguns comprometimentos da memória a curto prazo, assim como dificuldades em manter o estado de atenção/concentração adequado, necessitando de ser remetido para a tarefa, evidenciando também algumas limitações no pensamento abstrato. Apesar de colaborante e participativo nas atividades, apresentava falta de motivação e iniciativa.

Com o decorrer da intervenção psicomotora, foi notório que o utente ficou mais participativo e comunicativo, com mais tomada de iniciativa e interação positiva com os colegas. Relativamente às suas principais dificuldades, salienta-se que na marcha o constante arrastamento de pés foi diminuído, e que o utente apresentava uma melhor consciência da sua postura. Para a motricidade fina dos MS’s realizaram-se bastantes atividades de desenho, moldagem de plasticina, onde o utente demostrava especial interesse. Assim permitiu-se melhorias a este nível, apesar da presença de tremores, que influenciavam o desempenho, refletindo-se depois em tarefas diárias, que o próprio utente assumia ter. Quanto a memória, não existiram melhorias, tendo-se evidenciado mais dificuldades em termos da memória sensorial/percetiva, que começou progressivamente a influenciar a sua orientação no espaço.

Numa apreciação geral, considera-se que foi um utente que beneficiou bastante das sessões, de forma a colmatar as suas dificuldades. Para além disso, face ao ciúme delirante, a Psicomotricidade foi um excelente meio para facilitar uma socialização adequada e combater o isolamento social (Vázquez e Mila, 2013) que inicialmente ostentava.

Utente 3 – IB

Identificação do utente: IB (20 sessões)

Diagnóstico: Perturbação depressiva,

perturbação neurocognitiva sem etiologia e síndrome de imobilidade

Idade: 74 anos

Tempo de Intervenção psicomotora

3 meses

A IB foi internada no início de janeiro, com início de sintomas compulsivos em setembro de 2014 e sintomatologia depressiva desde os 50 anos. No momento de avaliação psicomotora, a utente evidenciou desorientação no espaço e tempo e tónus desadequado, face à sua hipertonicidade. Apresentava um padrão postural e locomotor desadequado e equilíbrio estático e dinâmico com dificuldades, essencialmente interligadas aos problemas de somatização. Relativamente à cognição, foram evidenciadas dificuldades na manutenção da atenção/concentração, na memória a curto prazo e perceção visual, assim como na compreensão de algumas instruções. Quanto à socialização, a utente mantinha o contacto ocular e aceitava o toque, mas apresentava um baixo nível de comunicação e comportamento de interajuda, com uma evidente baixa autoestima e dificuldades nos níveis de autonomia e tomada de iniciativa.

Desta forma, as principais dificuldades da utente focavam-se na marcha e postura que com o decorrer das intervenções apresentaram ligeiras melhorias,

mais segurança, começando a tomar iniciativa para se levantar em atividades que se propunha a posição bípede. Outras das suas dificuldades foram também dissolvendo com o decorrer da intervenção, sendo notório um nível de concentração melhor, uma memória a curto prazo menos destruturada e um nível de orientação adequado. Quanto à parte da socialização, participação e satisfação, considera-se as dinâmicas criadas nas sessões e as atividades de interação em grupo, permitiram à utente melhorar o nível de comunicação e interação com os pares, assim como a sua tomada de iniciativa.

Em suma, a IB que inicialmente tinha pouca expressividade facial, postura incorreta e prostrada, características interligadas com o seu diagnóstico (APA, 2013), no final da intervenção, surgiu com humor eutímico, expressiva, participativa e com um nível de comunicação adequado e coerente. Assim, considera-se que a Psicomotricidade em contexto grupal permitiu melhoria em termos sociais e prevenção/melhoria em termos cognitivos (Chiu, 1999; Morais, 2007).

Utente 4 – AA

Identificação do utente: AA (27 sessões)

Diagnóstico: Perturbação neurocognitiva

vascular e perturbação depressiva

Idade: 66 anos

Tempo de Intervenção psicomotora

4 meses

A AA foi internada no início de dezembro do ano anterior, para controlo de sintomas, como insónia, agitação, humor ansioso, mas também para alívio do cuidador. Foi avaliada pela Psicomotricidade um mês depois do internamento, uma vez que inicialmente não apresentava estabilização de sintomas para poder ser introduzida no grupo. No momento da avaliação, verificou-se que a utente ao nível da orientação para a realidade não apresentava problemas. Ao nível motor, sem comprometimentos no equilíbrio, no padrão locomotor, motricidade fina e na coordenação oculomanual, mas com acatisia, apresentando assim dificuldade em permanecer sentada. Quanto à cognição, ostentava algumas dificuldades em manter a atenção/concentração, mas sem problemas na memória e linguagem significativos. Onde a utente apresentou dificuldades mais evidentes, foi ao nível da socialização, por ter dificuldades em respeitar o espaço do outro e em cumprir algumas regras sociais.

Cerca de três meses após o internamento, com melhorias visíveis, estava prevista a alta para a utente. Contudo surgiram alguns sintomas que necessitaram de controlo, como a manifestação de disartria e lentificação psicomotora, tendo sido detetado uma massa cerebral na área de Broca. Esteve, desta forma, ausente na unidade cerca de duas semanas regressando, posteriormente, para mais três meses de internamento, após intervenção cirúrgica. No segundo internamento, a utente vinha orientada, consciente e com aceitação do tratamento, não se tendo verificado diferenças desde a última sessão de Psicomotricidade de que tinha usufruído, apesar de se evidenciar labilidade emocional

Tendo em conta que as principais dificuldades da utente focavam-se no nível social e controlo da agitação psicomotora, estas componentes foram estimuladas nas intervenções, constituindo o facto de se tratar de uma atividade grupal, uma mais-valia na estimulação da componente social, sendo também, o controlo da acatisia era uma competência a adquirir. A AA esteve sempre empenhada e com iniciativa, relatando a importância da participação nas sessões. Salienta-se que existiu um momento em que começou a evidenciar alguma lentificação psicomotora, conjuntamente com

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verificaram alterações significativas na memória sensorial/percetiva, no entanto foram detetados algumas variações ao nível da memória a curto prazo, essencialmente componentes menos significativas para a utente.

De forma geral, as sessões ajudaram a utente a controlar a sua impulsividade e agitação psicomotora inicial, permitindo as dinâmicas grupais ajustar as capacidades sociais, necessárias a uma vida independente, fora do contexto de instituição (Morais, 2007). Para além disso, na fase mais frágil da utente, as sessões em grupo demostraram-se uma forma para a mesma, permitindo fortalecer as competências sociais ao mesmo tempo que se reforçava a nível emocional.

Utente 5 – YB

Identificação do utente: YB (26 sessões)

Diagnóstico: Degeneração lobar

frontotemporal

Idade: 53 anos

Tempo de Intervenção psicomotora

3 meses

A YB foi internada para controlo de alguns sintomas, como heteroagressividade, compulsão por doces e por renitência aos cuidados de higiene, tratando-se de um internamento voluntário. Na avaliação psicomotora verificou-se que era uma utente orientada na pessoa e parcialmente no espaço e tempo, necessitando de alguma orientação para a realidade. A nível motor, apresentava um padrão de marcha adequado, mas uma postura incorreta essencialmente quando estava sentada. Para além disso, salienta-se que ao nível do equilíbrio estático e dinâmico, a utente apresentava dificuldades, perdendo a estabilidade com facilidade. Ao nível cognitivo verificou-se algum comprometimento da memória a curto prazo, dificuldades no pensamento abstrato e na planificação de ações. Apesar de não tomar iniciativa e ter falta de confiança nas suas capacidades, mostrou ser colaborante nas atividades propostas, mas sem evidência de comportamentos de interajuda. Mostrou bastantes dificuldades na organização do discurso em momentos de reflexão, assim como dificuldade na adequação do discurso ao contexto e pessoas, associada à sua obsessão por comida.

Quando iniciou o processo de intervenção necessitava de bastante reforço verbal para controlar a sua obsessão, tendo sido necessário ajustar algumas das atividades às suas características (e.g. se fossem mencionados alimentos na sessão, a utente realçava logo a sua vontade em comer). Este discurso reduziu com o decorrer da intervenção, considerando-se que a existência de atividades com dinâmicas de grupo e que prendiam a atenção da utente, permitiram maiores níveis de abstração. Contudo, apesar deste discurso obsessivo ter diminuído, considera-se que a utente ainda não conseguia ponderar que informação devia selecionar e a quem devia comunicar. Considera-se que a nível social pode ser prejudicial, uma vez que as informações que verbaliza podem colocá-la numa situação de risco. Ao nível da falta de iniciativa e dificuldade em valorizar as suas capacidades, registaram-se melhorias, apresentando-se uma utente empenhada e participativa, com melhor perceção das suas qualidades, evolução proporcional ao crescimento da relação terapêutica com a técnica e relação saudável com outros utentes. Quanto ao equilíbrio e adequação da postura, estimuladas, através de reforços verbais para correção da postura e com percursos de diversos obstáculos e solos irregulares, permitiram à utente conseguir ajustar melhor os desequilíbrios, compensando-os adequadamente. Salienta-se ao nível cognitivo, que as alterações na memória a curto prazo foram melhoradas, mas surgiram dificuldades ao nível sensorial/percetivo.

Desta forma, considera-se que as sessões para esta utente foram essencialmente importantes em termos sociais, motores e posturais. Para além disso

de atividades dinâmicas e da interação com outros utentes, que coadjuvaram com a estimulação de competências cognitivas. Este facto é de enorme importância, uma vez que a utente tem apenas 53 anos de idade, e tal como refere Guimarães et al. (2006) a perturbação neurocognitiva frontotemporal evolui de forma mais rápida que outras, sendo assim a Psicomotricidade um meio de prevenção deste avanço insidioso (Vázquez e Mila, 2013).

Utente 6 – BC

Identificação do utente: BC (30 sessões)

Diagnóstico: Perturbação neurocognitiva sem

etiologia

Idade: 78 anos

Tempo de Intervenção psicomotora

3 meses

A BC foi internada para esclarecimento de disgnóstico. Vivia até ao momento com o marido, seu principal cuidador, devido à sua dependência, essencialmente relacionada com dificuldades na memória e de orientação espaciotemporal. Na avaliação psicomotora verificou-se que ao nível motor, não existiam dificuldades no equilíbrio dinâmico e estático, assim como apresentava uma adequada postura, marcha e padrões manipulativos, com uma coordenação oculomanual distinta. Quanto à noção de corpo e lateralidade, a utente revelava estas informações consolidadas, com exceção da contralateralidade. As principiais dificuldades centravam-se ao nível cognitivo, face às memórias sensorial/percetiva e a curto prazo estarem completamente destruturadas, sem capacidade de reter a informação. Este facto prejudicava outras competências, como a atenção/concentração e capacidade de compreensão. Em termos de socialização, a utente mantinha um contacto ocular e tom de voz adequados. Contudo foram verificados comportamentos de interajuda diminuídos, parecendo estar interligados ao facto de inicialmente não reconhecer as pessoas à sua volta. Identificou-se igualmente baixo nível de iniciativa, mas demonstração de interesse pelas sessões e atividades propostas.

O trabalho realizado ao nível da memória não teve como objetivo a sua melhoria, mas sim a manutenção e a contenção do processo evolutivo. Desta forma, crê-se que os objetivos foram cumpridos, e que a utente começou a reconhecer o espaço e as pessoas envolventes, nomeadamente o grupo de utentes e a terapeuta, ainda que sem identificação dos nomes. Esta melhoria fez com que começasse a tomar mais iniciativa e que os comportamentos de interajuda progredissem. Ainda assim, considera-se que ao nível da orientação espacial a utente ainda se encontrava bastante desorganizada. Reconhecendo os espaços frequentados, mas não se orientando no período de deslocação entre uns e outros, necessitando sempre de apoio. O facto de estas dificuldades serem identificadas por outros utentes com quem manteve uma relação próxima, fez com que a parte social evoluísse, pois solicitava ajuda. Quanto à autoestima relativamente baixa no início, associada a comportamentos e atitudes depreciativas sobre as suas competências, o facto de as sessões serem grupais e conterem atividades a pares, ajudou na sua maior valorização. No entanto, sempre apresentou pouca capacidade crítica sobre as suas reais dificuldades, desvalorizando as suas alterações mnésicas, referindo ser independente e ter apenas esquecimentos pouco significativos.

Em suma, considera-se que os objetivos para esta utente foram cumpridos ao longo do processo terapêutico, uma vez que não se registaram deteriorações cognitivas significativas, verificando-se essencialmente benéfico em termos sociais,

Ramo de Aprofundamento de Competências Profissionais – Casa de Saúde da Idanha

Utente 7 – EF

Identificação do utente: EF (31 sessões)

Diagnóstico: Degeneração lobar

frontotemporal

Idade: 76 anos

Tempo de Intervenção psicomotora

4 meses

A EF foi internada para controlo sintomático e alívio do cuidador, com diagnóstico demencial há cerca de dois anos. No momento de avaliação psicomotora, verificou-se uma marcha atáxica, com necessidade de apoio, sendo referenciada com alto risco de queda, apesar de não ter implicações significativas no equilíbrio estático. Ao nível cognitivo, apresentava algumas condicionantes na memória percetiva e verbal, bem como dificuldades na compreensão de instruções, necessitando de um discurso simples e diretivo. Sem dificuldades na comunicação, mas com discurso incoerente, pouco adequado aos contextos e com delírios ocupacionais. Ao nível socioafetivo, a utente com humor eutímico, era interativa e apresentava comportamentos de interajuda, com colaboração nas atividades propostas, mas com desvalorização das suas capacidades.

Ao longo do processo de intervenção a utente evidenciou alterações no comportamento, salientando-se o facto de, por vezes, recusar a participação na sessão, apresentando um estado de sonolência, mau estar e frequentemente quadro delirante residual, com evidência de alterações no pensamento e na orientação espacial. Foi notório o aumento das queixas álgicas, com influência na realização da extensão total dos MS’s e na marcha, que levou a que o percurso para a sala terapêutica, no final da intervenção, fosse realizado com auxílio da CR. Para além disso, assistiu-se ao aumento da hipertonicidade, quer nos MS’s e MI’s, assim como dificuldades na motricidade fina. Em termos cognitivos, existiu detioração da memória a curto prazo, assim como do nível de compreensão e orientação temporal.

Apesar das evidentes alterações e modificações no sentido negativo, ao longo da intervenção, não se pode descurar o facto de a utente estar diagnosticada com perturbação neurocognitiva frontotemporal, que evoluí normalmente de forma rápida, influenciando negativamente o humor, o autocontrolo e a organização dos inputs sensoriais (Guimarães et al., 2006; Snowden, et al., 2002), questões que foram progressivamente surgindo. Contudo, considera-se que apesar do avanço da demência, a intervenção psicomotora permitiu uma prevenção deste avanço impetuoso. Para além disso, constituía um momento interação social, tornando-se potencialmente favorável, pelo facto de ser a única intervenção terapêutica para a utente.

Utente 8 – TS

Identificação do utente: TS (14 sessões)

Diagnóstico: Perturbação neurocognitiva de

múltiplas etiologias

Idade: 79 anos

Tempo de Intervenção psicomotora

2 meses

A TS foi internada para controlo de sintomas, com uma demência de aproximadamente quatro anos de evolução. Realizada a avaliação psicomotora, a utente revelou dificuldades ao nível da orientação espacial e temporal, com dificuldade em reverter com o treino de orientação para a realidade, face às alterações mnésicas. Em termos motores surgiram dificuldades em termos do equilíbrio estático e dinâmico,

nos movimentos ativos, apresentando algias quando realizados movimentos na cintura escapular e ombro. Em termos cognitivos, salienta-se as dificuldades ao nível da memória a curto e longo prazo, perceção visual, pantomima, leitura e sequencialização de tarefas. Realça-se ainda que apresentava um tempo de reação lento e algumas dificuldades na compreensão das instruções. A utente de humor subeutímico, apresentava pensamentos negativos, interligados com a sua baixa autoestima e dificuldade em valorizar as suas capacidades.

No final da intervenção, foram evidenciadas melhorias bastante significativas, essencialmente em termos sociais e ao nível do humor. Inicialmente recusava a participação nas sessões, necessitando de reforço positivo constante. Com o decorrer da intervenção começou a apresentar um humor eutímico, comportamentos de interação bastante vincados e começou a ser a própria a tomar iniciativa para participar nas sessões, acabando muitas vezes por persuadir outros utentes. Durante as sessões esteve sempre colaborante e interativa. Em termos motores, evidenciou-se maior segurança na marcha e equilíbrio, mantendo as capacidades de motricidade e praxia fina adequadas. Ao nível cognitivo, a desorientação temporal manteve-se, assim com alguns períodos confusionais, influenciados pelas alterações da memória remota. Contrariamente ao esperado, na memória a curto prazo, não foram demonstradas alterações, sentindo-se pontuais melhorias (e.g. relembra uma atividade da semana anterior, identificando o seu trabalho). Contudo, continuou a patentear comprometimento cognitivo, necessitando de apoio verbal, para a compreensão de instruções.

Em suma, considera-se que a utente beneficiou na totalidade da intervenção psicomotora, permitindo que o humor lábil inicialmente evidenciado, se dissociasse e desse espaço para um humor eutímico. Para além disso, permitiu trabalhar diversas competências motoras e cognitivas, que com o avançar da demência se deterioram, permitindo que este avanço fosse mais diferido (Morais, 2007).

Utente 9 – MC

Identificação do utente: MC (17 sessões)

Diagnóstico: Doença de Alzheimer Idade: 83 anos

Tempo de Intervenção psicomotora

2 meses

A MC, diagnosticada com doença de Alzheimer há cerca de nove anos, foi