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Reflexão Crítica Final

Findo os diferentes estágios que integram o Estágio Profissionalizante e o Estágio Clínico Opcional, posso afirmar que constituíram experiências deveras interessantes e enriquecedoras, na medida em que não só considero que alcancei os objetivos propostos, como também tive um enorme prazer na sua realização. A aplicação e a sedimentação dos conhecimentos adquiridos em unidades curriculares frequentadas previamente, em simultâneo com a aprendizagem de um conjunto de saberes de cariz mais prático, tornaram possível o desenvolvimento das minhas competências clínicas e de formação social.

No âmbito dos estágios parcelares frequentei um conjunto de Workshops e aulas que abordaram de forma interativa diversos temas com os quais direta ou indiretamente me deparei na prática clínica e que se

revelaram muito pertinentes. O treino da exposição científica também foi contemplado em todos os estágios.

A minha integração nas atividades assistenciais dos diferentes serviços de saúde constituiu outro aspeto muito positivo, porque permitiu-me contactar com situações clínicas e patologias distintas, bem como observar e praticar diversas técnicas e procedimentos específicos das diferentes valências, o que se revelou fundamental para a minha aprendizagem e aquisição de autonomia. Também desenvolvi a minha capacidade de comunicação com o doente e a sua família, tendo sido particularmente gratificante percecionar a importância que o estabelecimento de uma boa relação médico-doente-família pode ter junto do doente e da sua família na adesão ao plano terapêutico estabelecido. Paralelamente, fortaleci as minhas competências na comunicação com colegas e outros profissionais de saúde.

As restrições do plano de contingência da COVID-19 tiveram impacto na condução dos estágios parcelares ao limitarem o número de cirurgias em que pude participar no estágio de Cirurgia, não me permitiram passar pelas valências do Bloco Operatório e da Enfermaria de Ginecologia, reduziram o período do estágio presencial de Saúde Mental e não me permitiram assistir a consultas de Pediatria. No entanto, enalteço e sou grata por ter tido a possibilidade de efetuar todos os estágios presenciais, que foram fundamentais para complementar os conhecimentos de cariz mais prático adquiridos em estágios realizados em anos anteriores.

Com intuito de preparar-me para o panorama atual, frequentei eventos (Anexos B9 e B12) que incidiram sobre problemáticas associadas à COVID-19 e que permitiram-me tomar conhecimento acerca das medidas que os profissionais e os estabelecimentos de saúde devem adotar. Fui sensibilizada para as diferentes realidades e estratégias estabelecidas e para a questão do stress-pós traumático no contexto da pandemia.

Seguidamente, apresento uma breve análise sobre alguns aspetos relativos a cada um dos estágios. No Estágio de Cirurgia destaco a minha experiência no Bloco Operatório, ao ter participado em cirurgias como 1º e 2º ajudante, bem como o desenvolvimento de um papel ativo, com autonomia progressiva, no seguimento dos doentes internados. O Estágio de Medicina Interna foi o estágio no qual assumi maiores responsabilidades e tive mais autonomia, o que cultivou o meu raciocínio clínico e contribuiu muito para o meu crescimento pessoal. Durante o estágio lidei com vários doentes em fim de vida, pelo que pude compreender melhor a gestão peculiar desses casos, de forma a evitar a obstinação terapêutica e garantir a prestação de bons cuidados. No Estágio de Ginecologia e Obstetrícia contactei com situações clínicas e patologias diversas de ambas as valências o que permitiu aprofundar os meus conhecimentos. Consegui ainda visualizar a realização de técnicas e procedimentos específicos destas áreas. No entanto, em parte devido a que uma percentagem significativa das consultas de ginecologia observadas tenha sido realizada por via telefónica, não surgiram muitas oportunidades para treinar o exame ginecológico e mamário. No Estágio de Saúde Mental pude observar diversas condições psiquiátricas em contexto de consulta e Serviço de Urgência. Constatei a importância da intervenção das Equipas Comunitárias de Saúde Mental junto do utente e da sua família. No estágio não contactei com a Pedopsiquiatria, mas procurei enriquecer o meu

conhecimento nessa área ao frequentar Workshops “A Criança e a Saúde Mental” e “A Saúde Mental na Adolescência” (Anexos B11 e B13). O Estágio de Medicina Geral e Familiar permitiu-me contactar com diversas áreas assistenciais do âmbito desta especialidade, que tanto me fascina, e assim conhecer melhor a intervenção do médico de família junto de uma diversidade tão grande de grupos etários e de problemas.

Considero que a realização de consultas com autonomia parcial permitiu que ao longo do estágio desenvolvesse bastante as minhas competências na condução da entrevista clínica e na abordagem holística do doente. Destaco ainda a minha participação em consultas domiciliárias porque deu-me a conhecer a importância e o funcionamento das mesmas. No que concerne ao Estágio de Pediatria, saliento a importância de ter passado uma parte significativa do estágio no Serviço de Urgência porque me permitiu contactar com as patologias agudas mais frequentes em idade pediátrica e treinar competências no diagnóstico e tratamento destas situações. No Estágio Opcional na Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal compreendi a relevância da abordagem multidisciplinar integrada na prestação de cuidados às pessoas com diabetes e do empowerment destas pessoas e dos seus cuidadores na adesão e gestão do processo terapêutico. Este estágio permitiu-me um primeiro contacto com a prática clínica de Oftalmologia e Nefrologia, que não tinha sido exequível até então, devido à pandemia COVID-19.

Estando na reta final do MIM, não poderia deixar de enaltecer o facto da maior parte dos estágios clínicos do plano de estudos da NMS|FCM assentarem numa formação do tipo tutorial, a qual permite que o ensino seja simultâneo à prática clínica e, deste modo, fomentam a aprendizagem e o raciocínio clínico. Como sugestão, julgo que seria interessante a inclusão de estágios clínicos opcionais não só no plano de estudos do 6º ano, como também nos anos que o precedem, de forma a ser possível o aluno contactar com um leque ainda mais diversificado de especialidades durante a frequência do MIM.

Pessoalmente, não poderia deixar de referir o desafio que constituíram os últimos dois anos letivos ao ter que conciliar os estágios clínicos, o estudo e o papel de mãe, mas que de certa forma me permitiram encarar as realidades com que me deparei com outra perspetiva e adotar uma atitude mais proactiva. Por outro lado, esta nova realidade permitiu-me otimizar a minha gestão do tempo, o que foi um fator muito positivo.

Ao longo do curso procurei estimular a minha curiosidade científica e a capacidade de auto-aprendizagem, aspetos que considero essenciais para o exercício da profissão médica, pelo que realizei diversos trabalhos de investigação ao nível das ciências básicas. Adicionalmente, exerci funções ao nível da docência, uma atividade que futuramente pondero desenvolver, em simultâneo com o exercício da prática clínica.

Por fim, considero que os estágios que efetuei permitiram-me incrementar muitas competências essenciais para a vida de um médico e contribuíram significativamente para o meu crescimento pessoal. Neste momento considero-me mais autónoma e capacitada para o exercício da minha prática médica futura, contudo sei que terei um percurso pautado pela constante aprendizagem e estudo para poder dar sempre o melhor de mim a quem mais necessita.

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