• Nenhum resultado encontrado

Capítulo IV – Tratamento de dados

4.1. Implementação das estratégias – 1º conto – A princesa e a ervilha

4.2.1. Reflexão do segundo conto – O beijo da palavrinha

O beijo da palavrinha foi, como já referimos anteriormente, um conto considerado por nós muito interessante para explorar com a turma.

Por um lado, pela sua função integradora de todas as áreas do conhecimento (Matemática, Estudo do Meio, Expressões e Português), por outro lado pelo seu

conteúdo singular.

Centrando-nos, exclusivamente, na cadeia de atividades que propusemos, no âmbito da leitura e da escrita, concluímos que a partir das evidências recolhidas nos três dias de intervenção, este grupo de alunos nunca tinha realizado leituras parcelares e em coro. Para os alunos esta cadeia de atividades foi inovadora e desafiante pois estes encontravam-se mais habituados a realizar a seguinte cadeia leitora:

-leitura individual em silêncio; -leitura em voz alta pela professora;

-leitura/audição em voz alta por alguns colegas.

Por fim, compreendemos que naquela turma, explorar apenas algumas partes do conto de cada vez conduz a que os alunos tenham uma maior atenção e maior curiosidade para conhecer o final do conto.

Com a realização do mapa da história constatámos que os alunos mostraram facilidade no seu preenchimento, concluindo assim que compreenderam a temática da história. Isto faz-nos acreditar que esta estratégia foi bem aceite pelos alunos por

se tratar de uma forma diferente de explorar a mesma. Através desta experiência, consideramos que é essencial o professor apresentar aos alunos vários tipos de texto, nomeadamente no que se refere aos textos literários, não devendo, por isso, cingir-se, exclusivamente, aos textos que se encontram no manual utilizado pela escola.

Verificámos, também, que explorar apenas parcelas de obras, pode incentivar alguns alunos a dirigirem-se às bibliotecas escolares e municipais com o objetivo de ficarem a conhecer o desfecho das mesmas por não se encontrarem completas. O próprio manual (p. 113) refere este incentivo várias vezes “Procura na biblioteca da tua escola o livro O beijo da palavrinha e lê-o para conhecer o seu desfecho.”

Os contos tradicionais tendem sempre a ter um final feliz “e ficaram felizes para sempre”, no caso deste conto, o final é diferente e não é o esperado pelos leitores, visto que no final a protagonista da história, a menina Maria Poeirinha morre, sendo um final menos alegre mas muito mágico. Este facto deixou os alunos um pouco tristes. Os mesmos chegaram a mencionar o seu desgosto “oh, não achei piada ao

que aconteceu à menina”, “eu pensava que a menina ia conseguir ver o mar”. O

final da história não correspondeu às expetativas e fê-los confrontar a história com a realidade, percebendo assim que na vida nem tudo tem um final feliz.

Finalmente considerámos que os objetivos propostos para cada atividade foram cumpridos, porque diversificámos nas estratégias de leitura.

Um dos pontos fortes destas atividades foi o resumo. Não só permitiu levar os alunos a contactarem com uma redação de escrita manual que é favorecedora da consolidação da ortografia, memorização do léxico, mas que está também ligada ao processo de aprendizagem e compreensão. O resumo permitiu também do ponto de vista do professor, ter um posicionamento de supervisão e verificar se os alunos, efetivamente, tinham compreendido ou não o conto apresentado mas também verificar o seu nível de português ao nível da componente linguística (sintaxe, léxico,…) e discursiva (organização do discurso).

Deste modo, ter explorado estas atividades deixou-nos muito satisfeitos, por um lado, porque planificar de forma cuidada e reflexiva fez-nos pensar acerca da nossa prática pedagógica. Acreditar que através da reflexão existe um crescimento profissional é para nós uma evidência. Por outro lado, através da realização de certas atividades tivemos um registo escrito individual para avaliar cada aluno e poder constatar se compreenderam o conteúdo do conto.

5. Análise global dos resultados

Posteriormente, toda a apresentação da recolha e análise de dados, achámos importante elaborar uma análise global dos resultados de todo este processo de investigação.

Numa primeira fase desta investigação foram implementados questionários com os quais se pretendia recolher dados sobre os hábitos de leitura dos alunos em estudo. O objetivo deste questionário era averiguar se o tipo de leituras que os alunos realizavam fora da sala de aula ia ao encontro das leituras presentes no manual de português utilizado naquela turma. Todos os alunos em estudo preencheram um questionário respondendo às seguintes questões:

i. Que tipo de livros lê? ii. Onde lê?

iii. Lê sozinho ou acompanhado? Com quem? iv. Quanto tempo lê por semana?

Para facilitar a interpretação dos dados recolhidos através do questionário decidimos organizá-los, recorrendo a uma tabela onde indicamos as várias respostas e o número de alunos que as efetuou.

Para interpretar os dados das perguntas colocadas aos alunos procedemos à realização da seguinte tabela (2).

Tabela 2 - Tratamento de dados/ Inquérito por questionário

Tratamento de dados/ Inquérito por questionário

Pergunta Que tipo de livros lê?

Respostas Aventuras Poesia Banda

desenhada informativos Livros Número de

alunos 17 3 4 2

Pergunta Onde lê?

Resposta Em casa Em casa e na

escola Outros locais inconclusivas Respostas Número de

alunos 7 11 7 1

Pergunta Lê sozinho ou acompanhado?

Resposta Sozinho Acompanhado Com quem?

Número de alunos

22 4  Família

Pergunta Quanto tempo lê por semana?

Resposta 2h30 4 horas 12 horas Respostas

inconclusivas Número de

Através dos dados analisados verificámos que a maioria dos alunos lê livros de aventuras. Essas leituras são realizadas em casa e na escola, sem serem acompanhados. Apesar dos resultados da quarta pergunta serem inconclusivos verificámos através de perguntas orais ao longo do projeto que a maioria dos alunos lê diariamente.

Com os resultados obtidos, através da análise das estratégias de atividades explícitas no manual, entendemos que o manual deveria conter atividades mais variadas. Através da análise do mesmo, verificámos que a tipologia de atividades propostas é repetitiva, ou seja, apesar das tipologias textuais serem diversificadas as atividades que são pedidas aos alunos são muito idênticas.

Segundo o nosso ponto de vista, o manual peca pela falta de obras completas. No entanto verificámos que ao longo do manual encontram-se várias atividades que incentivam/recomendam à leitura autónoma de contos na íntegra, que são abordados através de excertos durante as aulas. Estas mesmas atividades geralmente sugerem que os alunos procurem as obras na biblioteca (escolar ou municipal) com a finalidade de conhecerem o desfecho das histórias.

Como futuros educadores/professores sabemos que nem todos os nossos alunos realizam esta leitura autónoma, de forma sistemática.

No decorrer da prática supervisionada, fizemos um estudo para analisar as estratégias que melhor se evidenciam com os alunos, colocando algumas em prática. Consideramos que correram bem e os alunos sentiram-se muito motivados em participar.

Devemos ainda referir que consideramos importante a utilização dos três momentos da leitura (antes da leitura, durante da leitura e depois da leitura), uma vez que estes cativam os alunos para as novas aprendizagens se forem devidamente explorados.

Em conclusão, este estudo permite-me refletir sobre a importância da utilização de diferentes estratégias e cabe ao professor introduzir essas novas estratégias, mesmo não estando explícitas no manual.

Documentos relacionados