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Reflexão final acerca dos desafios sentidos e sugestões de reformulação

5. Implementação e reflexão sobre a sequência de tarefas

5.3. Reflexão final acerca dos desafios sentidos e sugestões de reformulação

Uma vez aplicada a sequência de tarefas, em que os alunos são elementos ativos na construção da sua aprendizagem, impõe-se uma reflexão sobre a mesma. De salientar que a investigadora iniciou este trabalho de reflexão ainda durante a sua aplicação, sempre que as reações dos alunos a surpreenderam ou quando entendeu que o apoio por si prestado poderia não ter sido o mais adequado às dificuldades dos alunos. Quando oportuno, efetuou registos desses pequenos momentos de reflexão. “Subitamente, enquanto circulava pela sala, comecei a ter dúvidas sobre a minha interpretação da situação anterior, porquanto os alunos poderiam ter construído a figura de forma intuitiva.” (DB31, Anexo 21).

O extrato anterior revela que a investigadora utilizou momentos, em que não foi solicitada pelos alunos, para refletir sobre as orientações que lhes tinha fornecido. Dedicou ainda alguns desses momentos à reflexão sobre a globalidade do trabalho realizado em termos de aprendizagem, como é evidenciado no extrato que se segue:

No pequeno período de reflexão que me foi permitido no momento, fiquei com a noção de que esta questão necessita de reformulação; apercebi-me de que nesta fase os alunos ainda não estavam preparados para lidar com a demonstração de duas conjeturas numa mesma pergunta. Esta demonstração não trouxe vantagens significativas em termos de aprendizagem porque, por um lado, foram poucos os pares que a realizaram com sucesso de forma autónoma e, por outro, consumiu muito do tempo da aula no apoio aos alunos, inviabilizando o terminus da tarefa neste bloco letivo.

De igual modo, dedicou momentos à reflexão sobre a globalidade do trabalho no que concerne ao clima de aula, como é evidenciado, respetivamente, nos dois extratos que se seguem:

Comecei por relembrar a simbologia necessária, não obstante, verifiquei que os alunos responderam à pergunta 2.4., sem que antes tivessem respondido às perguntas 2.1., 2.2. e 2.3.. Questionei-me então se esta tarefa, da forma como estava construída, permitiria atingir, na totalidade, os objetivos definidos. É verdade que depois do diálogo em que os alertei para o facto de que as conclusões tiradas a partir de casos particulares necessitam de ser justificadas, porque podem não ser válidas na generalidade das situações, os alunos tentaram responder às restantes questões. Todavia, nesta segunda questão desapareceu o entusiasmo sempre presente nas atividades desenvolvidas com a turma ao longo do ano letivo. Na tentativa de dar mais algum dinamismo à aula, resolvi intervir.

(DB5, Anexo 26)

Por volta das 8 horas e 55 minutos já muitos pares tinham terminado a questão 4. e não manifestavam interesse em resolver o desafio da 5.ª questão. A Denise e o António já a tinham terminado e estavam a descansar. Quando lhes perguntei porque não resolviam a última questão a Denise disse: “É um desafio, fica para quando já não estiver cansada.”. Perante esta resposta, e estando nós muito próximos do final do ano letivo, entendi que não deveria insistir com os alunos. Optei por deixar ao seu critério a decisão sobre a resolução ou não deste desafio. Contudo, decidi que se voltasse a aplicar esta sequência de tarefas, alteraria o enunciado desta 5.ª questão.

(DB112, Anexo 35)

Analisada a fase de implementação desta sequência de tarefas, novos momentos de reflexão se impõem, nomeadamente quanto aos desafios sentidos e a possíveis sugestões de reformulação desta sequência de tarefas. Não há dúvida de que o maior desafio sentido pela investigadora diz respeito à formulação de perguntas durante o apoio prestado aos alunos, nomeadamente a formulação de perguntas de inquirição, de modo a que conseguissem avançar no trabalho, quando estavam a sentir dificuldades. Em muitas situações, a investigadora também teve necessidade de efetuar perguntas de focalização para testar conhecimentos e de seguida voltar às perguntas de inquirição. A dificuldade de formulação destas perguntas de inquirição, não foi sentida durante o estabelecimento das conjeturas, mas sim durante a realização das demonstrações. Além das dificuldades manifestadas para efetuarem as conexões necessárias, acresceu a dificuldade de as comunicarem matematicamente. Outro desafio sentido pela investigadora durante a aplicação desta sequência de tarefas foi a gestão do tempo. No momento da implementação foi bastante sentido, em especial pela aproximação do final do ano letivo. De facto, num olhar retrospetivo, houve um ou dois momentos em que essa pressão poderá ter influenciado, de forma menos positiva, o desempenho dos alunos em algumas questões, sobretudo quando se aproximava o final das aulas. Analisando as produções dos alunos, a investigadora considera que, se tivesse efetuado mais algumas perguntas de inquirição, o desempenho dos alunos nessas questões poderia ter sido melhor.

Analisando os desafios sentidos, e a forma como lhes deu resposta, a investigadora não tem dúvidas de que os alunos não foram os únicos a “aprender de forma diferente”. Ela também aprendeu mais um pouco, nomeadamente que é possível ensinar todo um tópico programático com recurso a novas tecnologias, e tomou consciência de que tem de continuar a libertar-se da pressão do fator tempo. O desenvolvimento de determinadas competências poderá ser demorado, mas, sem querer efetuar

previsões, está convicta de que, caso se opte por este tipo de trabalho ao longo de um ciclo de ensino, ele será compensador para os alunos e para os professores.

Quanto a sugestões de reformulação desta sequência de tarefas, a investigadora propõe as devidas adaptações às Tarefas 1, 2 e 3 (Anexos 4, 5 e 6, respetivamente), uma vez que estas foram construídas para introduzir itens não lecionados no 2.º ciclo, em virtude de ter sido aplicada a sequência de tarefas no primeiro ano de implementação do PMEB (ME-DGIDC, 2007), ano letivo 2010/2011. Estas três tarefas poderão ser substituídas pela Tarefa 1 - 2.ª versão (Anexo 17), a aplicar num bloco de 90 minutos (dois tempos letivos) para que os alunos possam recordar conceitos adquiridos no 2.º ciclo, e que são necessários ao desenvolvimento da sequência de tarefas. A investigadora também propõe que a Tarefa 5 (Anexo 8), nomeadamente no que respeita à questão 2., não seja aplicada sem um diálogo prévio acerca da necessidade de efetuar a demonstração das conjeturas, eventualmente com a apresentação de exemplos. Propõe, ainda, a substituição da Tarefa 11 (Anexo 14), pela Tarefa 11 - 2.ª versão (Anexo 18), uma vez que a questão 2. se revelou de extrema complexidade para os alunos. No que respeita ao espaço temporal propõe que esta sequência de tarefas não seja aplicada no final do ano letivo, a fim de reduzir, sobre o professor, a pressão do tempo.