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Reflexão sobre as minhas práticas

4. Fundamentação das práticas (Português, Matemática, Ciências Naturais e

4.1. Português

4.1.2. Reflexão sobre as minhas práticas

Sendo o português a minha língua materna, abordei esta disciplina com uma dupla carga emotiva. Ao longo da minha intervenção, fui gradualmente desenvolvendo estratégias de adaptabilidade por forma a responder, quer às necessidades individuais, quer às coletivas. Desta forma, recorri a novas estratégias com o intuito de beneficiar os alunos, proporcionando-lhes novos métodos de aprendizagem, de modo a mantê-los estimulados.

Jamais esquecerei a primeira aula de português. Tenho bem presente o que senti antes de a aula se iniciar, pois até então nunca havia lecionado em 2.º Ciclo, “Muitos professores encaram as suas primeiras experiências de ensino com grandes receios. Será que os alunos vão prestar atenção? Será que a minha aula vai resultar? Será que os alunos vão compreender os conceitos?” (Ponte e Serrazina, 2000, p. 16).

Comecei por abordar o texto poético, mais concretamente o poema “Mãos frias, Coração Quente”, do autor Augusto Gil. Segundo J. Franco (1999, p. 16), a poesia pode ser um elemento importante para o desenvolvimento, não só das capacidades de leitura e escrita, mas também do desejável equilíbrio sócio afetivo que facilitem o envolvimento da criança no seu próprio mundo, marcado por um passado reconhecido, motivador do empenho na construção de um humanismo corajoso, solidário e livre.

Inicialmente, procedi à leitura em voz alta e com a devida entoação, prendendo de imediato a atenção dos alunos. Procurei em todas as aulas partir dos conhecimentos prévios dos alunos e esta aula não foi,

pois, exceção. Considero que ao analisar o texto poético de uma forma meticulosa, os alunos não só perceberam o teor da mensagem, como também a carga emocional que as palavras transportam. O que mais me surpreendeu foi o facto de os alunos conseguirem discernir que as palavras poderão ter maior ou menor relevo, quando inseridas num ou noutro local de um texto.

Para além disso, pretendi estimular igualmente a criatividade dos alunos, quer nesta primeira aula, quer nas restantes, sendo esta, sem dúvida, uma das minhas metas enquanto futura professora.

Como acima mencionei, o papel do professor é determinante nestas idades, visto que a realidade escolar não permite que este possa acompanhar cada aluno individualmente e diariamente. Desta forma, os estímulos que desenvolvi tiveram como objetivo a motivação continuada do aluno empreendedor e focado na sua constante evolução, entre os períodos letivos sem aulas.

Destaco, igualmente, os recursos que se encontravam à nossa disposição, quer informáticos, quer materiais. Assim sendo, refiro a existência do computador, projetor e PowerPoint que constituíram uma novidade na realidade prática dos alunos, quebrando assim a rotina do manual escolar.

De uma forma clara, posso afirmar que recorri a estratégias diversas, visando sempre a mesma finalidade: preparar situações pra que os alunos adquirissem já a sua satisfação ao atingirem resultados empíricos positivos, para que depois os resultados práticos fossem satisfatórios.

Ao longo da minha intervenção, procurei igualmente introduzir os trabalhos de grupo, no entanto, apesar de considerar esta metodologia

espaço de sala de aula. Confesso que, inicialmente, tive algumas dúvidas se colheria benefícios práticos para os meus alunos, pois entendo que o trabalho de grupo, se não for devidamente executado, cria um clima de dispersão. Como tal, procurei criar pequenos grupos de três alunos. Do ponto de vista dos alunos, a escolha para a formação dos grupos parecia- lhes aleatória, mas tal era resultado da minha prévia constituição de grupos, pois entendo vital juntar um aluno ótimo, um bom aluno e outro que evidenciasse maiores dificuldades como tenho referido. O facto é que com esta estratégia de grupo, as tarefas tornaram-se muito mais agradáveis, produtivas e eficazes para os alunos, desenvolvendo uma série de competências, como o enriquecimento do trabalho, a desinibição dos alunos mais tímidos, a autodisciplina, entre outros. Nesta perspetiva, “(…) ao se aplicarem na sala de aula técnicas de trabalho em pequenos grupos com objetivos de cooperação (…) tal procedimento encoraja a participação dos alunos e tem como resultado melhor desempenho académico” (Sprinthall & Sprinthall, 1993, p. 311).

Também aqui considerei benéfico, os alunos trabalharem em grupos pois senti que aquele que, ao início, apresentava maiores dificuldades, ao ser auxiliado pelos seus colegas se foi libertando e interiorizando os conhecimentos de uma forma gradual. Este clima de união e entreajuda foi muito saudável, pois tal teve o condão de mobilizar e estimular toda uma turma.

Um outro fator que tive sempre presente nas aulas foi a avaliação, pois o aluno não deverá ser avaliado apenas em contexto de testes de avaliação, mas, sim, diariamente, em contexto de sala de aula. Entendo assim, que “ (…) a avaliação deve deixar de ser um momento terminal no processo educativo para transformar-se na busca incessante de

compreensão das dificuldades do educando e na dinamização de novas oportunidades de conhecimento” (Albuquerque e Silva, 1995, p. 9).

Saliento ainda a importância que as planificações tiveram durante toda a minha intervenção, pois são um instrumento fulcral na vida diária de qualquer professor, tendo em conta que “O modelo de planificação seguido é importante, pois reflete a maneira como foi concebida a aula”, (Braga, 2004, p. 26). Assim sendo, a planificação não foi linear e englobou três momentos: antes, durante e depois da ação, ou seja, “Planificação – Atuação – Avaliação – Reflexão – Planificação (Braga, 2004, p. 29).

No entanto, existiram aulas, como por exemplo a primeira de todas elas, em que não me foi possível cumprir o planificado. Tive de, no dia seguinte, dar continuidade e posteriormente conclui-la, pois “As aulas que planificamos nem sempre se concretizam exatamente em prática. Frequentemente, temos que rever modificar ou improvisar” (Carvalho & Semana, 2013, p. 38).

De um modo geral, o balanço que faço relativamente às minhas intervenções é positivo, pois para além de ter aprendido com os alunos, é bom saber que também eles aprenderam comigo.

Foi, para mim, uma mais-valia refletir sobre todos estes aspetos, pois fico com a sensação de que até mesmo a refletir estou a aprender, identificando os pequenos erros que cometi. Entendo que, o caminho para o sucesso passa por gradualmente corrigirmos pequenas falhas na nossa prática, e nada melhor para as detetarmos do que refletir sobre as mesmas.

Encontrando-me no início da minha carreira profissional, será evidente que ainda tenha muitas arestas para limar. Contudo, destaco,

neste progresso, de aula após aula, e me criticarem construtivamente, para que numa aula posterior, tentasse sempre aperfeiçoar. Essas pessoas foram a professora orientadora cooperante, a professora supervisora e a minha colega de estágio.