• Nenhum resultado encontrado

2. METODOLOGIAS ADOTADAS PARA A INVESTIGAÇÃO

3.3 REFLEXÃO SOBRE OS DADOS RECOLHIDOS

O universo das empresas de mobiliário em Paços de Ferreira é constituído, na sua maioria, por empresas familiares, sendo, por isso, todo o processo de continuidade do negócio, de gestão e de fabrico do mobiliário assegurado pelos elementos da família, e é com este intuito, que desde cedo as gerações mais novas da família são integradas neste mundo laboral, para que possam adquirir os conhecimentos e o ofício, para que no futuro sejam esses a garantir a continuidade da empresa.

Na generalidade, é constatável que as empresas têm um caráter fortemente familiar e que a sua atividade laboral centra-se na criação e desenvolvimento de todo o tipo de mobiliário, quer de interior, quer de exterior, existindo, ainda, a possibilidade destas empresas construírem mobiliário personalizado para cada cliente, tendo em conta o gosto pessoal do comprador, bem como adaptam o móvel pretendido às medidas, assim como, os materiais a serem utilizados na confeção e o local onde o cliente pretende colocar o objeto desejado, nunca descorando a qualidade dos materiais e dos funcionários, o que permite um produto final de excelência, reconhecido nacional e internacionalmente. Num contexto particular, a micro empresa (com menos de 10 funcionários), foi a empresa onde se encontrou as maiores dificuldades em aplicar o questionário. Como referido anteriormente, o facto de as empresas terem uma preponderância para seguirem de geração em geração, existe, por parte dos elementos da família, uma desvalorização do conhecimento científico em detrimento do conhecimento adquirido pela experiência acumulada pelos antecessores, o que não facilita a comunicação tendo sido necessário adaptar o conhecimento cientifico à gíria e ao conhecimento popular. Desta forma, a empresa não estava sensibilizada para as questões relacionadas com os sistemas de gestão da qualidade, tão pouco conhecia os benefícios que a certificação poderia trazer. Quanto ao Design, a entidade não possuía qualquer linha de mobiliário próprio.

Importa, ainda, salientar que para este tipo de empresa, devido à falta de conhecimento científico, o conceito de sistemas de gestão da qualidade não tem qualquer relevância, não estando, por isso, sensibilizados para as questões de implementação de sistemas de qualidade e certificação. Os “nossos produtos têm qualidade”, foi a primeira resposta dada pelo representante da empresa, pois para este, a qualidade refere-se ao produto final, sendo verificada depois de todo o móvel montado. No que diz respeito ao Design, esta é

tipo de mobiliário desenvolvido através de projetos apresentados pelos clientes, onde são estes que fornecem os detalhes para o desenvolvimento da(s) peça(s) pretendida(s). Posto isto, constata-se que a necessidade de recorrer a um designer é inexistente.

No que compete a esta empresa, num cenário futuro, caso pretenda criar uma linha de mobiliário próprio, será importante procederam a integração de um designer na equipa, uma vez que estes proporcionam uma evolução e uma melhoria da qualidade das peças. A implementação do Design facilitará a deteção de erros, a criação de soluções para os problemas que possam surgir e ainda possibilitará o estudo de possíveis melhorias do produto, reduzindo gastos desnecessários.

Num contexto mais amplo, temos o exemplo da média empresa. Esta é mais completa, mais ampla e mais informada, onde o conhecimento é valorizado ao nível do Design e dos Sistemas da Qualidade.

Neste seguimento, importa salientar que é uma empresa que já teve o interesse na certificação. Contudo, justificaram que não a concretizaram porque o processo iria acarretar custos elevados e não iria trazer grandes vantagens para o crescimento do negócio. Com certeza que a empresa não foi bem informada no que respeita às vantagens da certificação, pois esta poderia trazer enormes benefícios para a evolução da empresa, bem como para a centralização dos seus clientes e para a procura da melhoria contínua. As ótimas condições da infraestrutura permitiriam o seu crescimento, e expansão do volume de negócio, combatendo a perda de clientes que tem sofrido. É de salientar que a certificação é uma mais-valia no que toca à integração da empresa no mercado, pois o símbolo da certificação da qualidade é uma garantia para os consumidores de que o produto que pretende adquirir é de facto um produto com qualidade, tornando-se, desta forma, uma empresa mais forte, dando mais credibilidade ao seu potenciais cliente. Esta é uma empresa que tem uma linha de mobiliário própria, pois já possui departamento de Design, tendo disponibilidade em adaptar a(s) peça(s) ao local e ao gosto do cliente. O representante desta empresa frisou que no início da criação da equipa de Design algumas dificuldades surgiram, visto que os designers que constituem a equipa tiveram formação em escolas profissionais, sendo necessário, posteriormente, recorrer a formação extra e a ajuda externa para conseguirem dar resposta emergente aos clientes em tempo útil, de maneira a poder cumprir prazos. Atualmente, a equipa já é estável, conseguindo

No contexto da grande empresa, a certificação do sistema de gestão de qualidade abriu caminho à melhoria contínua, baseando-se numa cultura de “zero defeitos” para a criação do mobiliário que caracteriza a empresa.

O principal foco centra-se nos clientes, procurando satisfazer (“e até exceder”) as suas necessidades e expectativas, pois existe a consciência de que se oferecerem o melhor desempenho em todos os produtos que executam, a opinião e a avaliação que os clientes fazem sobre a empresa, trará um realçamento da imagem e reputação no mercado. Todos os funcionários têm consciência que o seu papel na empresa é fundamental para a qualidade final da(s) peça(s)/produto, existindo uma preocupação constante com a formação e com as condições em que cada trabalhador executa a sua função.

O representante desta empresa frisou que se houver uma participação ativa no processo de qualidade e se todos os elementos se empenharem pela excelência no negócio, é possível construírem um futuro mais sólido para os clientes, para os parceiros de negócio e para a própria empresa.

Posto isto e, no que compete à ideia do gabinete é verificável que a aplicabilidade deste mostra-se pouco viável. Os inquiridos mostram-se pouco recetivos à ideia, mesmo com os representantes das empresas a afirmarem que recorreriam a este apoio externo disponível, é latente que estas, apenas, recorreriam ao gabinete de apoio num momento de maior constrangimento sendo a última opção a ser considerada como válida. Esta falta de recetividade à mudança, na nossa perspetiva, deve-se ao facto destas empresas se encontrarem numa localidade pequena e fechada, onde o conhecimento pelo fabrico de mobiliário é passado de geração em geração, e se os anteriores proprietários não tinham nem recorriam a este tipo de apoio, eles também não o devem fazer. Não é uma coisa que esteja nos genes, na lida e no funcionamento recorrente das empresas. A viabilidade deste gabinete de apoio poderia verificar-se num meio em que as empresas não estivessem tão fechadas à inovação, onde o empreendedorismo, o espírito inovador e a ansia de se afirmarem pela diferença fosse uma máxima das empresas, onde estas características fossem fulcrais para a sobrevivência e desenvolvimento da indústria. O facto destas empresas já se encontrarem há tantos anos no mercado fez com que estas adquirissem clientes fiéis, onde famílias de geração em geração vão optando sempre pelos produtos desenvolvidos pelas “fábricas da terra” onde os seus pais já tinham comprado o seu

fidelizar-se, provocando uma inércia em relação à procura de novas ofertas, não favorecendo a competitividade entre empresas.

Contudo importa salientar que se tem conhecimento como o mercado reage quanto à atual situação socioeconómica em que o país se encontra, existindo uma consciência para a limitação do poder de compra dos consumidores.

A principal ideia do gabinete passa pela ajuda e pela sensibilização das empresas tanto a nível da inovação tecnológica a partir do Design, bem como, na informação da importância da implementação de um sistema de gestão de qualidade e, nas que forem viáveis, originar a certificação das mesmas.

Com este estudo, pode-se concluir que as empresas do concelho de Paços de Ferreira ainda estão um pouco presas ao passando e timidamente vão dando pequenos passos rumo à evolução.

Algumas atingirão, e outras já o fizeram, o sucesso e afirmação no mercado nacional e internacional. Outras poderão progredir e aumentar o seu volume de vendas. No entanto, existirão sempre aquelas que serão o pequeno negócio familiar que garante o sustento da família.

Importa mostrar que foi verificável que algumas das empresas de excelência subcontratam trabalho a micro empresas, garantindo o cumprimento de prazos e produção, e ainda, garantindo a continuação da existência daquele pequeno negócio, que, em alguns dos casos, não teria mais em que trabalhar.

O concelho, agora conhecido como Capital Europeia do Mobiliário, poderá ajudar micro e médias empresas a alargarem horizontes e colocar as empresas de excelência no patamar máximo a nível mundial, pois os apoios canalizados para esta indústria mostram-se uma prioridade dos políticos locais e nacionais. Um pequeno impulso e um pouco mais de informação são importantes para que estas empresas mais frágeis possam tornar-se enormes indústrias de produção de mobiliário, aumentando o número de empresas pacenses reconhecidas por esse mundo fora.

CONCLUSÃO

Com o trabalho desenvolvido neste estudo de investigação, pode-se concluir que o papel do designer na criação de respostas a problemas emergentes, aliados à inovação e à criatividade são um ponto forte das empresas estudadas; também outro ponto forte é a implementação de um sistema de gestão da qualidade nas empresas.

Pode-se verificar as lacunas que existem atualmente e perceber as dificuldades da sobrevivência de algumas das empresas de mobiliário pacenses como a micro empresa, que é uma empresa que não tem qualquer autonomia, o que é assustador para a sua sustentabilidade no mercado. Conclui-se que a empresa não evolui, porque se acomodou e vai conseguindo resistir à crise económica.

A empresa média é uma empresa que ao longo dos anos tem vindo a ter algumas preocupações, apesar de ter revelado que a falta de sensibilização a nível da implementação do sistema de gestão da qualidade, foi notório, que não houve um completo envolvimento quando pensaram na certificação e não lhes foi transmitido os benefícios reais, mas apenas os custos que teria.

A empresa modelo que é um dos exemplos para outras empresas do concelho, pois é uma empresa que está no mercado há muitos anos e que vai evoluindo conforme os tempos e assim consegue manter-se ganhando e alargando mercados atingindo mercados internacionais.

Uma empresa que tem um departamento de Design e um departamento de sistemas de gestão de qualidade consegue ultrapassar barreiras atingido os seu objetivos, ou seja, alcançar novos mercados e superar os seus clientes, pela positiva, criando uma imagem positiva perante o mercado, levando a empresa a atingir a excelência.

O conceito do gabinete é dar apoio as empresas no desenvolvimento de novos produtos e auxiliar na implementação e certificação do sistema de gestão da qualidade.

O facto de as empresas terem dito que recorreriam ao gabinete de apoio ao Design e à qualidade, não implica que o irão fazer, dadas as imensas dificuldades pelo que passam. Assim, a criação do gabinete fica, entretanto, suspensa, pois deu-se conta que as empresas do concelho não iriam aderir de maneira sustentável aos serviços de um possível gabinete de apoio ao Design e à Gestão da Qualidade. No entanto, há possibilidade de que esta

BIBLIOGRAFIA

Best, K. (2009). Gestão de design. Lisboa, PT: Diverge Design S.A.

Bürdek, B.E. (2006). Design - História, teoria e prática do design de produtos. São Paulo, SP: Editora Edgard Blücher LTDA.

Cardoso, R. (2004). Uma introdução à história do design (2nd ed.). São Paulo, SP: Editora Edgard Blücher LTDA.

Costa, S.P.A (2013). Passos para a implementação de um sistema de gestão da qualidade numa instituição de ensino superior. Dissertação de mestrado. Universidade Fernando Pessoa, Portugal

Dias, S. & Lage, A. (n. d.). Desígnio – parte 1 Teoria do design 11º/12º anos. Porto, PT: Porto Editora.

Dias, S. & Lage, A. (n. d.). Desígnio – parte 2 Teoria do design 11º/12º anos. Porto, PT: Porto Editora.

Fiell, C. & Fiell, P. (2005). Design do século XX (5th ed.). Köln, DE: Taschen. Jornal “O Progresso de Paços de Ferreira” (1920) 10 de Junho de 1920.

Margolin, V. (2014). Design e risco de mudança. Vila do Conde, PT: Verso da História. NP EN ISO 9001:2008 (2008). Norma Portuguesa de Sistemas de Gestão da Qualidade:

Requisitos. Caparica: Instituto Português da Qualidade.

Pereira, D.F.C. (2012). Metodologia do designer aplicada aos sistemas de gestão da qualidade, ambiente e segurança no trabalho. Dissertação de mestrado, Instituto Politécnico do Cávado e Ave, Portugal.

Philips, P.L. (2009). Briefing: a gestão do projeto de design (2nd ed.). São Paulo, SP: Editora Edgard Blücher LTDA.

Santos, M., Ramos D., Almeida, L., Rebelo, M., Pereira, M., Barros, S. & Vale, P. (2013).

Sistemas Integrados de Gestão - Qualidade, Ambiente e Segurança (2nd ed.). Porto: EditoraPublindustria.

Vicente, J.M.A.N (2012). Contributos para uma metodologia de design sustentável aplicada à indústria do mobiliário: o caso português. Tese de doutoramento, Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de Arquitetura, Portugal.

Guia do empresário, Centro tecnológico do calçado de Portugal. Gestão da qualidade, ambiente, segurança e saúde no trabalho- Sistema integrado. Quadro de Referência estratégica nacional.

BIBLIOGRAFIA DE SITES

AEP, câmara de comércio e indústria. O que é a implementação de sistemas da

qualidade/ISO 9001? Acedido Novembro 20, 2014, em

http://www.aeportugal.pt/inicio.asp?Pagina=/areas/qualidade/iso90012000

Carlos Filipe. Qualidade e custos. Acedido Novembro 15, 2014, em http://carlosfilipelagarinhos.blogspot.pt/2011/03/qualidade-e-custos.html

Engenharia UBC. Ciclo PDCA. Acedido em Dezembro 5, 2014, em http://engenhariaubc.br.tripod.com/ciclopdca.htm

IAPMEI, parcerias para o crescimento. Certificação de sistemas de gestão da qualidade nas organizações. Acedido Novembro 16, 2014, em http://www.iapmei.pt/iapmei-art-03.php?id=338

PortalQAS. Sistemas de gestão da qualidade. Acedido Novembro 15, 2014 em http://www.portalqas.pt/sistemas-de-gestao-da-qualidade-iso-9001-sgq.html

Revista Bussiness Portugal. Paços de ferreira- da capital nacional à ‘capital europeia do móvel’. Acedido Janeiro 20, 2015, em http://revistabusinessportugal.pt/da-capital-nacional-a-capital-europeia-do-movel/

SGS. ISSO 9001- certificação – sistemas de gestão da qualidade. Acedido Novembro 15 2014, em http://www.sgs.pt/pt-PT/Health-Safety/Quality-Health-Safety-and- Environment/Quality/Quality-Management-Systems/ISO-9001-Certification-Quality-Management-Systems.aspx

Sistema de CEP- Controle Estatístico de Processo. Os 14 princípios de Deming. Acedido Fevereiro 20, 2015, em http://www.datalyzer.com.br/site/suporte/administrador/info/arquivos/info80/80.html Slideshare. FBAUL arte contemporânea II. Acedido Setembro 8, 2014, em http://pt.slideshare.net/FBAULartecontemporaneaII/7-neoplasticismo-e-bauhaus

ANEXOS

Questionário | Dissertação| Importância do Design e da Qualidade nas Empresas de Paços de Ferreira

Mestrado SIGQAS (5ª edição)

Orientadores: Professor Dr. Gilberto Santos, Professor Dr. Demétrio Matos | Aluna: Diana Freitas

Empresa:

Data: __/__/__

1. Informação gerais da empresa

1.1. Que tipo de empresa é? (exemplos: familiar, associativa, etc.) 1.2. Iniciaram a atividade em que ano?

1.3. Como surgiram no mercado?

1.4. Qual o número de empregados? 1.5. Qual o mercado em que atuam? 1.6. Que tipo de produtos fabricam?

2. Informação sobre Design

2.1. Tem departamento de design?

2.2.Tem algum colaborador externo a dar apoio ao departamento de design?

2.4. Os vossos modelos próprios tem saída no mercado?

2.5. Quais os problemas de não ter design próprio?

2.6. Quais são as maiores dificuldades na sua empresa no que se refere ao design?

2.7. Gostaria de ter mais apoio no que se refere ao design? De que forma?

3. Informação sobre Sistemas de Gestão da Qualidade

3.1. A vossa empresa tem o sistema de gestão da qualidade implementado?

3.2. O que os motivou a implementação?

3.3. Quais os benefícios da implementação?

3.5. O que motivou a certificação?

3.6. Quais os benefícios da certificação?

3.7. Quais as dificuldades da certificação?

4. Caso não estejam certificados (só para as empresas não certificadas)

4.1. Pensam certificar-se?

4.2. Acha necessária a certificação? Porquê?

4.3. Sabe que benefícios lhe traz a certificação? Se sim quais?

5. Viabilidade da criação de um gabinete

5.1. Se houvesse um gabinete de apoio a estas duas vertentes recorreriam? Porquê?

5.2. O que gostariam que esse gabinete vos apoiasse?

Documentos relacionados