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5.8 Representações sobre contribuições do curso Redes de Aprendizagem para a construção

5.8.1 Da reflexão sobre as tecnologias

Os professores explicitaram que o curso Redes de Aprendizagem proporcionou que fizessem um processo reflexivo sobre o momento histórico vivido na atualidade, em decorrência do avanço das tecnologias digitais e o novo movimento sócio cultural que se instalou na sociedade, conhecido como cibercultura. Sendo este um momento histórico que requer do professor novos conhecimentos sobre como lidar com os alunos nativos digitais e em relação à necessidade de realizar ações pedagógicas integradas com tecnologias digitais.

“Possibilitou reflexão sobre as tecnologias, a sociedade e a escola, em relação à cultura dos jovens, conhecida como cibercultura, e os avanços que apresentam em outras áreas, em detrimento da escola que ainda está muito atrasada tecnologicamente, um dos empecilhos são os equipamentos que se danificam e não são consertados”. (Participante 3).

“Para refletir sobre o perfil das novas gerações e o uso de tecnologias digitais. É um curso muito bom porque permitiu que o professor reflita frente a esse cenário tecnológico” (Participante 6 e 7).

“O curso oportunizou reflexão sobre as novas tecnologias, a sociedade e a escola. Discutir a cultura dos jovens, a cibercultura e os avanços que têm em outras áreas, em detrimento da escola que ainda encontra-se muito atrasada tecnologicamente.” (Participante 21).

“Contribuiu para melhorar a minha maneira de lidar com os alunos, entender um pouco a cultura deles e assim direcionar melhor o trabalho na sala de aula. Os alunos devem utilizar as tecnologias como beneficio na aprendizagem e não só para entretenimento.” (Participante 4).

“Através do curso foi possível detectar diversas possibilidades de transmitir e receber informações contidas no espaço virtual, fortalecendo os conteúdos dos livros, contribuindo para a construção do conhecimento. Foi possível perceber a interação dos alunos com as atividades que se aproxima do contexto atual, seja na sala de aula, ou mesmo à distância, tornando a aprendizagem significativa e consequentemente obtendo melhores resultados.” (Participante 1)

“Conhecer um pouco sobre a era da cibercultura, mídias sociais e ferramentas tecnológicas como criação de vídeo.” (Participante 18)

“O curso trouxe alguns elementos para que eu pudesse entender um pouco o movimento da cultura digital e da cibercultura como uma nova linguagem. No contexto atual e que influencia no contexto dos alunos”. (Participante 19)

“Discutimos um pouco sobre as novas gerações em relação à cibercultura e o ciberespaço, a sociedade atual e potencialidades no contexto da escola“. (Participante 22).

A reflexão é um componente necessário na ação docente. O profissional competente atua refletindo na ação, criando uma nova realidade, experimentando, corrigindo e inventando através do diálogo que estabelece com essa mesma realidade (GOMEZ, 2004, p.110).

A escola exige um profissional atento às questões de seu tempo que saiba mobilizar o ensino baseado também nos meios digitais. Silva (2002) chama a atenção dizendo que muitos educadores já perceberam que a educação autêntica não se faz sem a participação genuína do aluno, que a educação não se faz transmitindo conteúdos de A para B ou de A sobre B, mas na interação de A com B. (SILVA, 2002, p.2). Assim, mesmo reconhecendo a importância da cultura digital na escola contemporânea, o professor ainda não se mobilizou para mudar o modelo comunicacional tradicionalmente instituído.

Nesse sentido, há necessidade de uma que permita reconfigurar o conhecimento para além das regularidades propostas pela modernidade. Não se trata somente da inclusão de novidades, mas envolve uma mudança na forma de entender o conhecimento (CUNHA, 2008).

A reflexão sobre cibercultura aparece nas palavras dos participantes da pesquisa como uma necessidade da era atual. O pensar dos docentes se aproxima do que Levy (1999) chama de movimento comunicacional da nova era, conforme leciona:

A cibercultura resulta de um movimento de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas propõem. [...] estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorar as potencialidades mais positivas deste espaço nos planos econômico, político, cultura e humano (LEVY , 1999, p.7).

Levy fala da necessidade de podermos explorar as potencialidades trazidas pela cibercultura em todos os campos da sociedade, e é nesse sentido que os professores refletem em relação ao que está posto no mundo tecnológico e a distância que ainda se encontram para efetivar o uso dessas ferramentas como novo espaço de ensinar e aprender na escola. Por outro lado, elucidaram que essas tecnológicas trazem novas possibilidades e horizontes, conforme os fragmentos abaixo:

O curso mostrou alguns caminhos e possibilidades para usar as novas mídias (Participante 12).

Para abrir novos horizontes (Participante 13).

Ampliou o conhecimento sobre formação continuada e uso das TDIC na escola e a função das tecnologias na sociedade e na escola (Participante 14).

Reconhecem a importância da formação continuada para ampliar os horizontes, principalmente em relação ao uso das tecnologias na escola. Para Tedesco (2004, p.23), “as transformações que vêm ocorrendo no meio em que se desenvolvem os sistemas educacionais são de tal envergadura que estão forçando uma redefinição da empresa formativa”. Uma formação com o propósito da reflexão sobre a cultura digital e a escola, no mínimo, deve reavivar nos docentes, a necessidade da aprendizagem constante, da ação refletida a partir do contexto de cada realidade.

Nesse sentido, a reflexão do professor é apenas o início do processo de mudança na ação do professor que busque um processo educativo, num momento histórico marcado pela cultura digital. Segundo Borges (2009, p.98), associa-se a necessidade da escola se adequar aos novos tempos de mudança do contexto social, pois:

[...] a escola precisa inserir-se nos processos de mudanças que a sociedade atravessa, para que ela possa cumprir sua função social, de sistematização e divulgação de saberes, que se encontram cada vez mais disponibilizados, expressos em múltiplas linguagens, de fácil acesso, principalmente nos espaços virtuais (BORGES,2009, p.98).

Ficar no só campo da reflexão é um desperdício de tempo, o avanço necessário seria criar práticas educativas inovadoras que alimentem a concepção de formação de sujeitos ativos e críticos neste novo mundo que se instala em decorrências das vertiginosas mudanças. Com isso, a inovação de que falamos não se trata de um processo permanente, mas como assegura Cunha (2008), ela pode acontecer em determinado lugar, tempo e circunstância, como produto de uma ação humana sobre o ambiente ou meio social.