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Organograma 2 – Argumentos dos pesquisadores sobre as relações na pesquisa ação.

6 SOBRE OS ENTENDIMENTOS VIVIDOS E OS ACORDOS CONSTRUÍDOS: ALGUMAS “RESPOSTAS”, NOVAS PERGUNTAS

6.1 REFLEXÕES QUE EMERGEM SOBRE A PESQUISA-AÇÃO NA PRODUÇÃO ACADÊMICA

Uma primeira consideração diz da análise do estado da arte da produção acadêmica em Educação Especial nos estudos que versam acerca da inclusão escolar e que tomam a pesquisa-ação como aporte teórico-metodológico. A presença de estudos, nessa perspectiva, em programas de pós-graduação, aparece com diferentes tônicas nos estados brasileiros bem como nas Instituições de Ensino Superior. Observa-se, que algumas universidades se dedicam mais a essa perspectiva investigativa do que outras. Esses dados indicam tendências de determinados

programas e linhas de pesquisa, como ocorre na UFES, na UERJ, na USP e na UFSCar. No entanto, essa ênfase na pesquisa-ação pode também remeter às escolhas teórico-metodológicas dos grupos de pesquisa e dos professores orientadores, conforme pudemos perceber quando tomamos os nomes dos orientadores dos trabalhos dos quatro programas de pós-graduação que têm maior número de estudos na perspectiva de pesquisa-ação. Observamos que eles se repetem no conjunto de estudos daqueles programas.

Nossa análise revela também ausências em algumas subáreas do campo da Educação, como currículo, educação profissionalizante e planejamento educacional, o que pode evidenciar que linhas de pesquisa nessas áreas ainda não se têm dedicado a estudos sobre os processos de inclusão escolar de alunos com NEE pela via da pesquisa-ação. Há, assim, a concentração de pesquisas na área de Educação Especial, o que, a nosso ver, representa um reducionismo do debate sobre a inclusão escolar, que precisa ser superado no campo acadêmico.

No que concerne às temáticas e aos objetos de estudos, a maioria dos estudos que enfatizam questões da prática pedagógica reporta-se à formação de professores. O diálogo com os autores-pesquisadores das teses e dissertações mapeadas indica que esses objetos são discutidos a partir de diferentes referenciais teóricos e perspectivas para a formação de professores. Alguns estudos abordam a formação continuada pela via da pesquisa-ação, outros buscam motivar, apoiar e colaborar com pesquisas que tomam o professor como pesquisador de suas práticas. Muitos estudos enfatizam processos de intervenção e/ou ações colaborativas entre profissionais da educação e pesquisadores acadêmicos no contexto escolar.

Nesse sentido, os estudos analisados indicam a relevância da problematização da formação de professores. Concordamos com Gatti (2008, p. 16), para quem, “[...] quando se pesquisam ações educacionais, seja sob que perspectiva for, dever-se-ia ter sempre no horizonte a questão da formação de quem vai formar, e também de quem está formando”. Ao contrário do que encontramos em nosso estudo, a autora aponta que, nas concepções associadas aos estudos em Educação, como campo investigativo que tem por objeto ações educacionais, “[...] o professor é ‘um’ ausente

em muitos dos estudos sobre ações educacionais [...]” (GATTI, 2008, p. 16). Assim,

da formação de professores na relação com as práticas docentes, concebendo o professor como sujeito ativo e presente na investigação.

Alguns estudos apontam o potencial da pesquisa-ação como perspectiva para a formação de outros sujeitos, como gestores, pedagogos, familiares, alunos e o próprio pesquisador, entretanto, os dados apontam que, o grande número de estudos que têm nos professores sujeito-alvo de suas pesquisas foca-se quase sempre no professor do ensino comum.

Autores, como Prieto (2007), mostram preocupação com a baixa incidência de estudos que investigam a formação de profissionais da Educação Especial, tendo em vista o lugar que esse profissional passa a ter na perspectiva de inclusão escolar (colaborador, formador e interventor). Os trabalhos analisados por Nunes e outros (2003b) destacam a importância da formação do profissional que atua em Educação Especial, apontando a reorganização dos cursos de formação inicial e a utilização da formação continuada para suprir as falhas e complementar a primeira formação. Além disso, compartilhamos a ideia abordada em alguns desses trabalhos de que “[...] um componente importante de tal formação parece estar no esforço para romper a dicotomia entre teoria-prática, passando a valorizar os conhecimentos práticos dos educadores e demais profissionais” (NUNES; FERREIRA; MENDES, 2003a, p. 121). Acrescentaríamos a concepção do professor como intelectual crítico- transformador, atento às implicações de sua atividade nas esferas institucionais, sociais, políticas e econômicas (GIROUX, 1997).

As análises também mostram algumas ausências, seja nas temáticas abordadas, seja nos objetos, seja nos sujeitos de investigação. Problemáticas relacionadas ao processo de inclusão no ensino médio ou no ensino superior e à profissionalização de pessoas com deficiência não aparecem nos estudos; uma constatação que Bueno (2004) também faz a partir do balanço da produção discente em Educação Especial, o que pode ser evidenciado pelos baixos índices de pessoas com deficiência que chegam aos níveis mais altos de escolarização e profissionalização.

Essas questões apontaram indícios da necessidade de aprofundamento da discussão acerca da produção de conhecimentos em Educação Especial na perspectiva da inclusão escolar. Essa necessidade, levou-nos a constituir momentos

de Discurso com os autores a fim de compreender se a pesquisa-ação possibilita novas formas de conhecimentos que permitam avanços na problematização de questões como a formação e o trabalho docente, a prática pedagógica, a gestão escolar e outras tensões que marcam o movimento vivido, perante os desafios de romper com a lógica da homogeneização e os ditames pragmáticos do capitalismo

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6.2 OS PRESSUPOSTOS QUE SUSTENTAM A PESQUISA-AÇÃO: ALGUNS

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