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Reflexões sobre a investigação e perspectivas de desenvolvimento

Capítulo 6 Um novo ciclo no ano lectivo 2008-

7.3. Reflexões sobre a investigação e perspectivas de desenvolvimento

A investigação-acção desenvolvida permitiu o envolvimento de todos os intervenientes nesta arquitectura pedagógica em Geografia e revelou-se a metodologia indicada para estudar a sua implementação e procurar soluções para os problemas encontrados.Com a colaboração de todos desenvolveram-se dois ciclos de investigação importantes que confirmaram a importância de associar às novas tecnologias uma pedagogia activa que promova um ambiente de trabalho colaborativo e resulte numa aprendizagem estimulante.

Importa no futuro continuar a experimentar outros e-recursos e novas formas de trabalho colaborativo, de forma que o ensino da Geografia se torne dinâmico e motive o interesse dos alunos para a aprendizagem de conteúdos fundamentais para formar cidadãos esclarecidos e conhecedores da realidade natural e socioeconómica do nosso país.

“Para integrar de forma eficaz as ferramentas cognitivas na sala de aula, os professores podem ter de desenvolver novas competências pedagógicas. O seu papel como professor deve alterar-se de transmissor de conhecimento para instigador, promotor, treinador, ajudante, modelador e orientador de construção de conhecimento. A experiência com as ferramentas cognitivas demonstrou que isso é difícil. Os professores estão habituados apenas a mostrar aos alunos como fazer as coisas e a fornecer-lhes as respostas que procuram.” (Jonassen, 2007:302)

Destacamos o facto do professor que opte por utilizar e-recuros no processo de ensino- aprendizagem poder agilizar as suas tarefas educativas, mas ter de despender um elevado número de horas para avaliar todas as participações dos alunos e para experimentar as novidades tecnológicas que entretanto vão surgindo. Mas o elevado grau de satisfação dos alunos e os resultados escolares extremamente positivos são uma óptima compensação para o trabalho desenvolvido.

Acresce ainda referir de que ao professor moderno não lhe basta apenas ter competências científicas na área de que é especialista, mas também ao nível da tecnologia digital, sob pena de não conseguir preparar os seus alunos para a Sociedade do Conhecimento emergente, onde a pesquisa e selecção e tratamento da informação vão ser competências fundamentais para o sucesso pessoal e profissional dos cidadãos. As novas tecnologias devem ser integradas no novo paradigma educacional da Sociedade do Conhecimento, mas não modificam sozinhas o processo de ensino- aprendizagem, dependendo esta mudança da atitude do professor, dos alunos e das instituições escolares. Se forem inovadores descobrem inúmeras novidades e modos de aprender, que podem ser um estímulo para um percurso escolar e profissional de sucesso. Se não, apenas darão relevância à falta de equipamento informático, às dificuldades de conexão com a rede e quebras de comunicação. Aprender é actualmente integrar toda a informação disponível no novo paradigma, tornando-a significativa, construindo o conhecimento permanentemente e em conjunto com os outros.

“Se somos pessoas fechadas, desconfiadas, utilizaremos as tecnologias de forma defensiva, superficial. Se somos pessoas autoritárias, utilizaremos as tecnologias para controlar, para aumentar o nosso poder. O poder de interacção não está fundamentalmente nas tecnologias mas nas nossas mentes.” (Moran, 1997)

Um novo modelo de ensino-aprendizagem começa a emergir por oposição ao modelo tradicional, onde o aluno tem uma grande margem de autonomia para gerir o seu percurso de aprendizagem, como acontece no ensino a distância. A aquisição de conhecimentos pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento, sendo os recursos utilizados variados e flexíveis. Deve ser estimulada uma atmosfera colaborativa, onde o professor é entendido como orientador e a avaliação tem sobretudo uma função reguladora do processo de aprendizagem.

“As abordagens construtivistas da aprendizagem esforçam-se para criar ambientes que permitam aos alunos construírem activamente o seu próprio conhecimento, em vez de recapitularem a interpretação que o professor tem do mundo. Em ambientes construtivistas, os alunos estão activamente envolvidos na interpretação do mundo exterior e na reflexão das suas interpretações.” (Jonassen, 2007:25)

Os professores, baseados na análise das suas práticas pedagógicas podem agir no sentido da transformação da realidade educativa. A investigação-acção pode ser um importante auxiliar de interpretação da realidade e com um enorme potencial

transformador, construindo um conhecimento educacional crítico. A complexidade dos processos sociais, obriga a uma visão da realidade que analise a sua fluidez, a sua dinâmica, os novos entendimentos da sociedade, da tecnologia e das práticas educativas. São possíveis diferentes interpretações resultantes da interacção dos diversos intervenientes no processo educativo, que avaliam a realidade, procurando compreender e negociar o significado das suas vidas e das suas práticas.

“A investigação-acção, como produtora de conhecimentos sobre a realidade, pode constituir-se como um processo de construção de novas realidades sobre o ensino, pondo em causa os modos de pensar e de agir das nossas comunidades educativas. O professor, ao questionar-se e questionar os contextos/ambientes de aprendizagem e as suas práticas, numa dialéctica de reflexão-acção-reflexão contínua e sistemática, está a processar a recolha e produção de informação válida para fundamentar as estratégias/actividades de aprendizagem que irá desenvolver, o que permite cientificar o seu acto educativo, ou seja, torná-lo mais informado, mais sistemático e mais rigoroso.” (Sanches, 2005)

As teorias têm um importante potencial explicativo da realidade e servem para planificar acções de sucesso, mas estas só são válidas no confronto com a prática e as reflexões posteriores que podem fornecer uma explicação coerente sobre a realidade concreta da acção educativa. Ao professor exige-se pois uma reflexão e actualização permanente, garantindo o desenvolvimento de currículos e estratégias educativas aliciantes, adaptadas ao mercado de trabalho e à vida na actual Sociedade do Conhecimento.