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Região e regionalismo geográfico enquanto recorte regional

4 CONSIDERAÇÕES CONCEITUAIS

4.2 Região e regionalismo geográfico enquanto recorte regional

Região geográfica, termo complexo, possui características intra-regionais únicas que se diferenciam entre outras regiões. Não há concordância quanto o modo de identificar as regiões, definir seus limites ou seu grau de importância senão por suas semelhanças internas.

Ainda é subjetivo identificar as regiões, definir limites ou seu grau de importância. Pode-se chamar de região uma grande extensão territorial que se diferencia por seu clima ou seu processo de produção, ou como qualquer parcela possível de divisão na atmosfera.

A região ou região geográfica subdivide-se em Região Natural, Região Artificial, Humana ou Política e Regiões Industriais. Entende-se por região natural os espaços onde seu recorte representativo está para as formas naturais da Terra, tais como: regiões polares, regiões de pântano, sertão, deserto; ou seja, o que definirá a divisão da região natural são os elementos da natureza, tais como: clima, vegetação, relevo e geologia. Porem percebe-se que mesmo a representação ambientalmente natural, a região é um recorte determinado pelo homem, o que implica neste ser também artificial quanto aquilo representado.

Região Humana ou Política é definida pelos processos antrópicos, delimitadores por interesses políticos, econômicos, sociais, que definem suas áreas de convívio, revelados pelo modo de interação socioambiental, tais como: Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

As regiões Industriais por sua vez, são definidas pelo seu processo de industrialização e comércio. No caso do Brasil, a exemplo de região industrial, encontra-se no Sudeste deste país o ABCD Paulista.

Como é possível perceber a região tem características elementares que diferenciam e assemelham-se de acordo com o interesse representativo determinado pelo homem. Região, de forma simplificada, diz respeito a um recorte que representa uma fração daquilo que se quer investigar.

Segundo Haesbaert, a região pode ser definida como artefato, o que implica dizer que esta é delimitada por um determinado recorte de um possível fato, ou seja, realidade daquilo que é existente. Logo, inicialmente denominado artifício, este está para o intelecto e visual daquilo que se pretende investigar, enquanto o fato, esta para o que será investigado. Dessa forma, implica dizer que se delimita um determinado espaço, denominado recorte que representará uma área como artifício de investigação de um fato concreto, ou seja, artefato regional.

É imprescindível salientar que em se tratando de região industrial ou política, estas estão relacionadas intrinsecamente com a região artificial uma vez que a mesma sofre ação antrópica no seu processo de criação, manutenção e existência, além de envolver política e economia. Logo, região subdivide-se apenas em natural e artificial.

Entende-se por região humana ou política e região industrial como sendo uma subdivisão da região artificial, correspondendo assim como a uma subdivisão. Da região a região artificial, à região industrial, humana ou política.

Região também pode ser um conjunto de lugares onde as diferenças internas são menores que as externas existentes entre lugares dessemelhanças. Essa região é definida pelo seu grau de semelhança climática, vegetativa, além do povo que a compõe e seus costumes.

Uma teorização classifica região como sendo homogêneas, em que se encontram semelhanças entre áreas de produção, essas podem ser funcionais, em que não há relação quanto à funcionalidade de uma determinada área. Mas, a uma influência de um local sobre o outro; podem ser polarizadas, devido às atividades de um local, que passa a existir a partir de uma teoria econômica, conhecida também como Teoria dos Polos de Crescimento8, de Perroux, em que uma indústria motriz atrai outras indústrias

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A Teoria dos Polos de Crescimento, de François Perroux, surge devido ao aparecimento de uma indústria motriz, considerando como tal aquela indústria que, antes das demais, realiza a separação dos

centralizando-as e causa um crescimento que se difunde espacialmente; ou região plano, onde há espaço econômico como conteúdo plano.

É possível caracterizar região apenas em homogêneas, quando há um grau de semelhança intra-relacional, ou heterogêneas, quando apresenta dessemelhança intra e inter-relacional, a qual se refere a uma

área contínua com características de homogeneidade relacionadas ao domínio de um determinado aspecto, seja ele, natural ou construído, econômico ou político. Esse aspecto personaliza e diferencia uma região das demais. Dessa maneira, citamos a região amazônica, domínio do clima e da mata equatorial; a região da uva e do vinho gaúcho, marcada pela serra e pela produção da vinicultura; assim como, a Região Metropolitana do Recife, formada pela capital pernambucana e mais 13 municípios sob sua direta influência. (FREITAS, 2009, p. 45).

A região, embora possa conter suas características homogêneas em relação a seu aspecto estrutura, sejam populacionais, físicos, concretos e semelhanças entre áreas de produção, mantém intrínseca em seus processos possíveis propriedades heterogêneas oriundas das particularidades da totalidade, sejam quanto seus recursos construídos ou naturais, sejam nos seus processos urbanos e/ou rurais.

A Geografia Crítica considera região sob uma articulação dos modos de produção. Tem-se uma diversificação causada por um desenvolvimento diferenciado das sociedades: o aparecimento da divisão social do trabalho, da propriedade da terra, dos meios e das técnicas de produção, das classes sociais e suas lutas, de modo que tudo isso se deu com enorme distância em termos espaciais, levando a uma diferenciação inter e intra grupos. Região, nesse caso, pode ser vista como resultado do desenvolvimento desigual e combinado, caracterizado pela sua inserção da dimensão espacial.

Para Marx, a região é vista como “relações dialéticas entre formas espaciais e os processos históricos que modelam os grupos sociais [...] onde a organização espacial constitui parte integrante de uma dada sociedade” (CORRÊA, 1995, p. 21). A partir dessa concepção, “[...] o conceito de região é articulado à luz dos modos de produção [...] através das conexões entre classes sociais e acumulação capitalista, [...] por meio das relações entre Estado e a sociedade local; [...] ou então, introduzindo a dimensão política” (Ibid., p. 41). A região pode ser igualmente “vista como um espaço de

fatores da produção, provoca a concentração de capitais sob um mesmo poder e decompõe tecnicamente as tarefas e a mecanização. (ANDRADE, 1987, p.58).

conveniência na qual os lugares e os subespaços são espaços funcionais, e o Estado- Nação é considerado como um espaço menor dentro do global” (LUSTOSA, 2011, p. 50).

Acompanhando as palavras de Lutosa, nota-se que as diferenças entre espaço,

região geográfica e lugar, são determinadas pelas suas dimensões e utilização espacial,

que a depender dos seus usos e dimensões, estarão associadas e correlacionadas intrinsecamente com as demais categorizações e conceituações regionais. As regiões são formações homogêneas, porem, por sua área abranger tanto o urbano quanto o rural, contempla também a heterogeneidade.

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ARACAJU:

DO

ESPAÇO

MUNICIPAL

À

REGIÃO

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