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A “região natural” e a sociografia de Le Play Interacção fundamental entre Homem e

2.2. A REGIÃO URBA A: PERSPECTIVA PRÉAHISTÓRICA E HISTÓRICA

2.2.11. A “região natural” e a sociografia de Le Play Interacção fundamental entre Homem e

Le Play considerava as comunidades humanas como extensões do mundo natural, concebido como “região natural”. Le Play baptizou com a denominação “sociografia”, o estudo da interacção entre os seres vivos e a região em que se integram.

Esta interacção é o elemento fundamental, a meu ver, da definição territorial das regiões. Porque é a interacção existente entre o Homem e o Território que determina as noções de pertença e as suas simbologias geográficas, culturais e ambientais, assim como a economia do lugar. É na base dessa relação que as populações determinam os seus interesses, não na base da maior simplicidade relacional inter(hierárquica, ou em estudos demográficos feitos com o distanciamento de quem está centralmente situado relativamente aos diversos

60 Mumford, Lewis, Regions – To Live In, Survey Graphic 7, publicado em 1925 e republicado em Cambridge, “Planning the Fourth

70 lugares, às diversas regiões.

Dir(se(á que a escolha do desenho regional pelas populações tem o seu quê de emocional, será menos informada que uma decisão de peritos ao centro, perderá na perspectiva do quadro global…E desde quando é que a escolha dos parceiros de futuro, do espaço geográfico que queremos partilhar nas grandes decisões sobre o nosso desenvolvimento, é uma decisão meramente contabilística? Quando é que a serena percepção humana que temos dos nossos potenciais parceiros, ou o percurso sócio(cultural, quando não económico, com eles partilhado ao longo de décadas, não pesa na nossa decisão? Só mesmo ignorando a relação entre o homem e o território para decidir ao centro, com base em projecções puramente "racionais" – isto é, destituídas da dimensão humana.

Esta tentação, que é a um tempo política e administrativa, seria menos grave se fosse possível criar o tipo de ambiente cultural, social e económico que leva à descolagem económica, ao aumentar da competitividade por força do empenhamento, da crença num papel mais ambicioso, e do entusiasmo, sem a dimensão cultural e a participação dos agentes e das pessoas em geral nas escolhas dos desenhos territoriais…mas não parece que seja.

2.2.12. A ”conurbação”, de Patrick Geddes. Como sustentabilizar o crescimento urbano. “World cities”.

Geddes iria utilizar esta metodologia na concepção da obra Cities in Evolution, publicada em 1915, na qual descreveu com apreensão a expansividade das cidades industriais britânicas e norte(americanas, tendência que designou como “conurbação”. Com este termo, Geddes pretendeu exprimir a ocorrência de um novo tipo de aglomeração populacional, catalisadora de redesenhos sociais, administrativos e políticos. Pela primeira vez, era expresso o conceito de um agregado de cidades vizinhas e funcionalmente interligadas, expandindo(se muito para além dos limites das respectivas divisões administrativas.

Patrick Geddes utilizou o termo "cidades mundiais", , para realçar a primazia de um pequeno conjunto de cidades onde tinha lugar um volume desproporcionado dos negócios de dimensão mundial. O termo é hoje utilizado para descrever as cidades que se encontram no centro do "espaço dos fluxos económicos e financeiros internacionais"61 – as cidades que constituem os pontos de controlo para a produção transnacional, o marketing internacional e as finanças internacionais: Londres, Nova Iorque, Frankfurt Tóquio, Seul e Pequim numa primeira linha, Los Angeles, Chicago, Paris, Bruxelas, e Zurique, S. Paulo,

71 Singapura, Hong Kong, por exemplo, numa segunda linha.

Quando reflectimos no que justifica uma organização regional no País, colocamos em primazia, regra geral, os factores de desenvolvimento económico, dos quais dependem tantos outros. Mas esta expansão urbana que extravasa de modo fluido, imparável e denso os limites das divisões administrativas, tornando(se ingovernável nas fronteiras das suas circunscrições, é a primeira justificação de uma organização regional. O controlo do crescimento urbano, a sua orientação e a salvaguarda dos valores ambientais fundamentais relativamente à dinâmica da urbanização, não é algo que se adquira com instrumentos e processos decisórios meramente locais, numa sociedade que apresenta crescimento urbano.

A urbanização é um elemento fundamental do desenvolvimento humano, porque é o factor morfológico e económico que permite com melhores e mais rápidos resultados libertar a Humanidade da pobreza.

A urbe transforma energia em riqueza e por essa via constitui uma alavanca essencial do processo de desenvolvimento humano, designadamente nas sociedades em desenvolvimento.

Na medida em que não se "sustentabiliza" o crescimento urbano, todavia, ele gera metabolicamente os elementos de deterioração ambiental, social e cultural que contendem com os objectivos pretendidos com a sua criação.

A tensão entre estes dois fenómenos, o de urbanizar para viver melhor e o esforço dos mais esclarecidos dos urbanistas em atalhar às piores consequências da urbanização, tem caracterizado a história urbana da Humanidade desde o seu advento e não parece que vá ser diferente no futuro, designadamente na China e na Índia. Na China, o processo de urbanização permitiu retirar da miséria 250 milhões de seres humanos nos últimos 25 anos62.

Ainda segundo Geddes e perfeitamente actual, a destruição de áreas urbanas definidas e das áreas rurais envolventes causada pela expansão urbana, só pode ser condicionada através do planeamento cuidado dessa expansão. Seria também este autor a mencionar o conceito de regiões bipolares, em referência ao eixo urbano em formação entre Glasgow e Edimburgo – por ele designado por região urbana bipolar de Clyde(Forth. Geddes apoiou a doutrina das cidades(jardim, de Ebenezer Howard.

62 Wang, Rusong, Director do Centro da Academia das Ciências da República Popular da China para as Ciências Ecológicas e Ambientais. Discurso no Ecocity Summit 2008, em S. Francisco, California, EUA, publicado na Revista electrónica Ecocity, Ecocity Media, Abril 2010, ecocity.wordpress.com/category/rusong(wang/

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2.2.13. A metrópole económica e a área metropolitana de Gras. Os factores de