• Nenhum resultado encontrado

Regime contabilidade organizada (IRS) versus regime simplificado (IRS)

CAPÍTULO 4 – A coleta em sede de IRS versus coleta em sede de IRC

4.4 Casos práticos

4.4.1 Regime contabilidade organizada (IRS) versus regime simplificado (IRS)

auferiu 150.000,00€ e é tributado em sede de IRS. Para a prossecução do objetivo de determinação de rendimentos empresariais e profissionais para efeitos de IRS com base na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade organizada optou-se por fazer o enquadramento legal da determinação dos rendimentos empresariais e profissionais em sede de IRS, para o efeito transcreve-se parte do,

“ Artigo 28.º

Formas de determinação dos rendimentos empresariais e profissionais

1 - A determinação dos rendimentos empresariais e profissionais, salvo no caso da imputação prevista no artigo 20.º, faz-se:

a) Com base na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado; b) Com base na contabilidade.

2 -Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de (euro) 200 000. (Redacção da Lei

Cruzando os dados constantes do caso 1 com a redação dos números 1 e 2, artigo 28.º do CIRS, o cenário observado cai automaticamente no regime simplificado do IRS, ainda que o arquiteto possa optar pela contabilidade organizada, desde que manifestada por escrito essa vontade à Autoridade Tributária conforme números 3 e 4 do mesmo artigo 28.º.

Acresce ao caso 1 o facto do profissional livre em apreço ter a sua viatura e o equipamento informático em processo de depreciação. No quadro do previsto no Decreto Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro, pode equacionar gastos de depreciação e amortização, apurando uma amortização constante e à taxa máxima, cujo resultado vem ilustrado na tabela que se segue:

Tabela 15: Depreciações dos ativos do profissional liberal

Depreciações/Amortizações Valor Amortização (%) Gasto (€)

Viatura próprio 20.000,00 € 25% 5.000,00 €

Equipamento Informático 1.500,00 € 33,33% 499,95 €

Total 5.499,95 €

Fonte: Elaboração Própria

O arquiteto realiza, ainda, outras despesas conexas com a sua atividade, desde logo a sua quotização na ordem, bem como despesas relativas ao funcionamento (eletricidade, luz, internet, telefone, serviços de limpeza, entre outros). Caso opte por determinar os rendimentos profissionais com base na contabilidade tem, ainda, que suportar despesas com o profissional de contabilidade contratado para o efeito.

Para simplificar os cálculos e para maior direcionamento ao objetivo importa, ainda, recordar que todos os gastos indicados são aceites fiscalmente, não havendo, portanto, lugar a acréscimos ou a deduções ao resultado líquido. Na posse desta informação passa-se de seguida à simulação dos regimes passíveis de integrar os rendimentos do arquiteto em sede de IRS.

Assim, comecemos por assumir que a determinação do rendimento empresarial/profissional do arquiteto se faz com base na contabilidade organizada.

Nesse caso o cálculo do rendimento coletável do empresário face aos gastos suportados vem ilustrado na tabela que se segue:

Tabela 16: A coleta no regime de contabilidade organizada em sede de IRS do profissional

liberal

Fonte: Elaboração própria

Há ainda a somar ao valor da coleta, o valor da sobretaxa constante no artigo 72.º-A do CIRS. “(…)Sobre a parte do rendimento coletável de IRS que resulte do englobamento (…), auferido por sujeitos passivos residentes em território português, que exceda, por sujeito passivo, o valor anual da retribuição mínima mensal garantida, incide a sobretaxa extraordinária de 3,5%”. E também, neste caso a taxa adicional de solidariedade do mesmo código, onde no número 2 menciona que “O quantitativo da parte do rendimento coletável que exceda (euro) 80 000, quando superior a (euro) 250 000, é dividido em duas partes: uma, igual a (euro) 170 000, à qual se aplica a taxa de 2,5%; outra, igual ao rendimento coletável que exceda (euro) 250 000, à qual se aplica a taxa de 5%.”

Regime contabilidade organizada (IRS) VALORES

Rendimentos

Serviços 150 000,00 €

150 000,00 € Gastos

Quotas com a ordem 120,00 €

TOC 1 800,00 €

Gastos de funcionamento 3 000,00 €

Gastos de depreciação e amortização 5 499,95 €

10 419,95 €

Rendimento coletável (Cat. B) 139 580,05 €

A sobretaxa e a taxa de solidariedade têm o valor de 7.879,90€,17 que somando à coleta totaliza

66.598,32€.

Neste exemplo, como se observa as despesas com o Técnico Oficial de Contas (TOC) foram consideradas e apresentadas para efeitos de dedução, até porque neste processo a declaração de IRS tem de ser assinada por TOC, no quadro do que este regime contempla.

A coleta deste empresário, no regime de contabilidade organizada em IRS, obtém-se por aplicação das taxas gerais constantes do artigo 68.º do CIRS.

Passando, agora à determinação do rendimento empresarial/profissional no quadro da aplicação do regime simplificado, vem que essa determinação do rendimento tributável é feita aplicando os coeficientes constantes no artigo 31.º do IRS. Para a simulação foi utilizado o coeficiente 75%, pelo facto da atividade de arquitetura estar contemplada na lista de atividades do artigo 151.º do IRS, conforme se ilustra na tabela 17.

Tabela 17: A coleta no regime simplificado em sede de IRS do profissional liberal

Fonte: Elaboração Própria

Neste caso a sobretaxa e a taxa adicional de solidariedade, soma o valor de 6502, 55€. O que daria um total a pagar de 52.222,55€.

Neste caso específico, existem alguns aspetos importantes a analisar:

 No regime de contabilidade organizada a taxa efetiva de imposto é de 47,7% e no regime simplificado a taxa efetiva do imposto é de 46,4%;

 A remuneração do titular do rendimento não é dedutível para efeitos de determinação do rendimento de Categoria B, como indica o número 8 do artigo 33.º do CIRS;18

17Valor da sobretaxa obtido foi de 4.390,40€ e da taxa de solidariedade foi de 3.489,50€.

18 Pelo número 8 do artigo 33.º - As remunerações dos titulares de rendimentos desta categoria, bem como as atribuídas a membros do seu agregado familiar que lhes prestem serviço, assim como outras prestações a título de ajudas de custo, utilização de viatura própria ao serviço da actividade, subsídios de

Regime Simplificado (IRS) Valores

Serviços * coeficiente 75%

Rendimento tributável (Cat. B) 112.500,00 €

 Os rendimentos do arquiteto caso prestasse serviços apenas para uma entidade podiam ser tributados como rendimentos de Categoria A do IRS.19 Ou seja, torna-se necessário

fazer uma confrontação das deduções relativas à Categoria A, para perceber o que seria mais vantajoso. Para se obter um rendimento inferior, na opção pelas regras da categoria A, então as deduções devem ser superiores a 25%. O que só acontece até um rendimento de 16.416,00 €. Acima deste valor será sempre preferível manter a tributação pelo regime simplificado da categoria B, pois os 25% não tributados são superiores a 4.104,00 €;

 Os gastos despendidos pelo arquiteto para o exercício da sua atividade de profissional liberal são reduzidos, na medida em que representam sensivelmente 7% do rendimento;

 No regime simplificado em IRS, aos rendimentos obtidos pela prestação de serviços é aplicada a taxa de 75%, o que significa que a Administração Fiscal considera que 25% do rendimento são dispêndios com o exercício da atividade. Ou seja, neste caso em específico 25% dos gastos seria o equivalente a 37.500,00€, bastante superior aos 10.419,95€ obtidos pelo regime de contabilidade organizada.

Por tudo isto, neste exemplo, e em suma, seria mais vantajoso optar pelo regime simplificado uma vez que o montante de gastos apresenta valores baixos, e acresce, ainda, a vantagem de se negligenciar o controlo subjacente a esses gastos, decorrente da contabilidade organizada.

4.4.2 Regime geral de determinação do lucro tributável (IRC) versus regime