• Nenhum resultado encontrado

Registro de óbito

No documento Direito Notarial e Registral (páginas 31-42)

interdição

OBJETIVOS:

O Registro de óbito, a emancipação e a interdição são documentos feitos frequentemente pela população. Você sabia que eles devem ser averbados no Registro Civil das Pessoas Naturais? E que existem requisitos a serem cumpridos para essa averbação? Vamos estudar isso nesse capítulo. Vamos lá!!

Registro de óbito

O fim da personalidade civil se dá com a morte. Deste modo, a morte corresponde ao fato que rompe os laços existentes entre o indivíduo e a sociedade.

Loureiro (2017) aponta que não existe uma definição para morte, sendo ela considerada um fato natural que é perfeitamente reconhecida na maioria dos casos pela cessação da circulação e da respiração. No entanto, os juristas se viram na obrigação de resolver o problema da determinação e da constatação da morte, alegando dois motivos:

1. A possibilidade de assegurar por meios artificiais a circulação de um sangue oxigenado em um organismo em estado vegetativo;

2. A dimensão social do transplante de órgãos.

Assim, é determinado que de maneira geral a morte é considerada um fato natural que produz efeitos jurídicos relevantes, e, devido a esse fato, deve ser tornada pública para a sociedade, isso não só para que seja provado o desaparecimento físico e jurídico da pessoa, mas para que os efeitos jurídicos que derivam desse evento possam ser oponíveis todos.

Quando for constatada a morte de alguém, deverá então esse fato se tornar público por meio do registro de óbito, antes de tratarmos desse registro propriamente dito, é necessário fazer a distinção entre morte certa e morte presumida.

Tanto na morte certa quanto na morte presumida existe a certeza da morte, no entanto, na morte certa o falecimento pode ser constatado por meio de atestado médico e pela presença do cadáver. No que diz respeito a morte presumida, o art. 7º do Código Civil dispõe que pode ser declarada a morte presumida em dois casos, vide art. 7º:

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Destacamos a diferença de morte certa para morte presumida, para podermos trazer que o registro de morte certa é realizado no Livro “C”, já o registro de morte presumida é realizado no Livro “E” do Registro Civil de Pessoa Natural.

IMPORTANTE:

É o registro de óbito que declara então que uma pessoa de fato morreu, deixando de fazer parte da sociedade.

O art. 77 da Lei nº 6015/73 dispõe que não deverá ocorrer sepultamento sem que tenha sido feita certidão pelo oficial de registro do lugar do falecimento ou do lugar de residência da pessoa que faleceu, no caso do falecimento ocorrer em local diverso do seu domicílio. A lavratura do assento de óbito deve acontecer em vista do atestado de médico ou de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.

NOTA:

O §1 do art. 77 da referida lei traz uma ressalva no caso do ser de criança de menos de 1 ano. Nesse caso, antes de proceder ao assento de óbito da criança, o oficial deve verificar se houve registro de nascimento, caso não tenha registro de nascimento, deverá ser previamente feito, para que em seguida seja feita a certidão de óbito.

Entretanto, sabemos que existem casos em que o registro de óbito não pode ser lavrado de imediato, podendo ser devido a distância ou a qualquer outro motivo que possua relevância, caso isso ocorra, deverá ser lavrado posteriormente o mais rápido possível, no prazo de 15 dias.

O art. 79 da Lei 6015/73 traz o rol de pessoas que devem fazer a declaração de óbito, sendo elas:

a) Pelo homem, pela mulher, filhos, hóspedes, agregados e familiares;

b) A viúva, a respeito de seu marido e de cada uma das pessoas indicadas no item anterior;

c) O filho, a respeito do pai ou da mãe; o irmão, a respeito dos irmãos, e as demais da casa indicadas na letra “a”; o parente mais próximo maior e presente;

d) O administrador, diretor ou gerente de qualquer estabelecimento público ou particular, a respeito dos que nele falecerem, salvo se estiver presente algum parente em grau acima indicado;

e) Na falta de pessoa competente, nos termos das letras anteriores, a que tiver assistido aos últimos momentos do finado, o médico, o sacerdote ou o vizinho que do falecimento tiver notícia;

f) A autoridade policial, a respeito de pessoas encontradas mortas.

No que se refere aos pontos que devem conter no assento de óbito, eles fez traçados no art. 80 da Lei nº 6015/73. Desta forma, deverá conter no assento de óbito:

• A hora, se possível, dia, mês e ano do falecimento;

• O lugar do falecimento, com indicação precisa;

• O prenome, nome, sexo, idade, cor, estado civil, profissão, naturalidade, domicílio e residência do morto;

• Se era casado, o nome do cônjuge sobrevivente, mesmo quando separado; se viúvo, o do cônjuge pré-morto; e o ofício em que foi realizado o casamento, em ambos os casos;

• Os nomes, prenomes, profissão, naturalidade e residência dos pais;

• Se o morto faleceu com testamento conhecido;

• Se deixou filhos, nome e idade de cada um;

• Se a morte foi natural ou violenta, e a causa conhecida, com os nomes dos atestantes;

• O lugar do sepultamento;

• Se deixou bens e herdeiros menores ou interditos;

• Se era eleitor;

• Pelo menos uma das informações a seguir arroladas:

número de inscrição do PIS/Pasep; número de inscrição do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, se contribuinte individual; número do benefício previdenciário – NB, se a pessoa falecida for titular de qualquer benefício pago pelo INSS; número do CPF; número de registro da carteira de identidade e respectivo órgão emissor; número do título de eleitor; número do registro de nascimento, com informação do livro, da folha e do termo; número e série da carteira de trabalho;

• A apresentação da declaração de óbito (DO) e o seu número.

Após fazer a lavratura do registro de óbito, o oficial deverá pedir para que a pessoa que comunicou o óbito, ou, caso esse não saiba ou não possa assinar, poderá ser feita por alguém a seu pedido, devendo ser acompanhado de duas testemunhas.

Caso a lavratura do óbito aconteça após o enterro, se não houver atestado médico ou as duas testemunhas qualificadas, deverá assinar junto com o declarante mais duas testemunhas que assistiram o falecimento ou o funeral e que possam atestar a identidade do falecido.

Por força da Lei nº 8212/91 o registrador civil tem a obrigação de comunicar ao INSS, até o décimo dia de cada mês, todos os óbitos que ocorreram no mês anterior, para que possa imediatamente cancelar os benefícios previdenciários.

Emancipação

Você já deve ter ouvido falar em emancipação, mas você sabe o que ela quer dizer?

Loureiro (2017) conceitua emancipação como o ato que tem como objetivo conferir a um menor o governo de sua pessoa e o gozo

e administração de seus bens. Em suma, é com a emancipação que o menor adquire capacidade para a realização de atos da vida civil, sem a necessidade de representação ou assistência.

O direito de emancipar o menor pertence, a princípio, a ambos os genitores. É um atributo do poder familiar a ser exercido indistintamente pelos pais. Não obstante, na falta de um deles, pode o outro genitor conceder a emancipação. A falta de um dos genitores pode ocorrer não apenas em virtude de morte ou da ausência: o simples afastamento do domicílio, sem deixar notícias, já permite que o genitor que efetivamente tem a guarda do menor conceda a emancipação. Nesse caso, basta a afirmativa do genitor presente para que possa o notário lavrar a escritura pública de emancipação sem a anuência do outro. (LOUREIRO, 2017, p. 286)

Existem dois tipos de emancipação, sendo elas de acordo com Loureiro (2017):

• Emancipação consensual – ela corresponde a emancipação que acontece por meio da concessão dos pais, podendo ser feito por meio de escritura pública ou por sentença judicial, desde que o menor tenha completado 16 anos.

IMPORTANTE:

Não pode o tutor conceder emancipação ao tutelado por meio de escritura pública.

• Emancipação legal – ela ocorre quando ocorrer um dos seguintes fatos jurídicos: casamento, colação de grau em curso de ensino superior, estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que o menor com 16 anos completos tenha economia própria.

IMPORTANTE:

A emancipação não produzirá qualquer efeito antes de haver seu registro no Registro Civil de Pessoa Natural.

A emancipação constará no Livro “E” de registro civil das pessoas naturais, afirmando isso o art. 89 da Lei nº 6015/73 traz que “no cartório do 1° Ofício ou da 1ª subdivisão judiciária de cada comarca serão registrados, em livro especial, as sentenças de emancipação, bem como os atos dos pais que a concederem, em relação aos menores nela domiciliados.”

Deve constar no registro de emancipação, de acordo com Padoin (2011):

a) A data do registro e da emancipação;

b) O prenome, sobrenome, idade, filiação, profissão, naturalidade e residência do emancipado; data e ofício em que foi realizado o registro de nascimento;

c) O prenome, sobrenome, profissão, naturalidade e residência dos pais ou do tutor;

d) A data da sentença, nome do juiz prolator, Comarca e Vara, ou as referências da data, do livro, folha e tabelionato da lavratura do instrumento público.

No caso de a emancipação ter sido concedida pelo juiz, essa decisão deverá ser comunicada, de ofício, ao oficial de registro.

Deste modo, após a emancipação ser registrada, ela deverá ser anotada no assento de nascimento por meio de comunicação que deve ser expedida pelo oficial que registrou a emancipação, visto que a emancipação pode ter ocorrido em lugar diverso do que o emancipado foi registrado.

Interdição

Padoin (2011) dispõe que a interdição consiste no ato ou efeito que incapacita a pessoa para cuidar de seus próprios bens e direitos, declarado por sentença, sendo então nomeado curador que passa a administrar os interesses do interditado, devendo se limitar ao que foi decidido na decisão judicial.

Acentuando esse conceito, Diniz (2017) traz que:

A curatela é sempre deferida pelo juiz em processo de interdição que visa apurar os fatos que justificam a nomeação de curador, verificando, sempre tendo em vista os fins do instituto, não só se é necessária a interdição e se ela aproveitaria ao arguido de incapacidade, bem como a razão legal da curatela, ou seja, se o indivíduo é, ou não, incapaz de dirigir sua pessoa e seu patrimônio. A pessoa só pode receber curador mediante processo judicial que culmina com a sentença declaratória e constitutiva de seu estado de incapacidade. (DINIZ, 2017, p. 54).

Sabendo o que vem a ser interdição, nos cabe perguntar: você sabe quem pode promover a interdição?

Quem responde essa pergunta é o art. 747 da Lei nº 13105/2015, que dispõe que a interdição pode ser provida:

• Pelo cônjuge ou companheiro;

• Pelos parentes ou tutores;

• Pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando;

• Pelo Ministério Público.

É importante ressaltar que só será de competência a interdição a pedido do Ministério Público no caso de doença mental grave, nos casos em que o cônjuge, companheiro, parentes, tutores ou representante do abrigo, não existir ou não promoverem a interdição, ou no caso de incapacidade do cônjuge, companheiro, parente ou tutor.

NOTA:

O maior objetivo da interdição é o de proteger as pessoas que são impossibilitadas de referem suas próprias vidas sozinhas, devido a alguma deficiência física ou mental.

Após o juiz decidir sobre a interdição da pessoa, essa decisão deve ser comunicada ao Registro Civil de Pessoas Naturais pelo curador ou, caso este não o faço no prazo de oito dias, deverá o juízo o fazer, para que assim seja registrada no Livro “E” no Registro, onde esse registro é obrigatório.

No registro da interdição deverá ser declarado de acordo com o art.

92 da Lei nº 6015/73:

a) Data do registro;

b) Prenome, sobrenome, idade, estado civil, profissão, naturalidade, domicílio e residência do interdito, datas e ofícios dos registros de nascimento e de casamento, e nome do cônjuge, se for casado;

c) Data da sentença, nome do juiz prolator, Comarca e Vara;

d) Nome, profissão, estado civil, domicílio e residência do curador;

e) Nome do requerente da interdição e causa desta;

f) Limites da curadoria, quando for parcial a interdição;

g) Lugar onde está internado o interdito.

Loureiro (2017) aponta que cabe ao Oficial promover a qualificação do título judicial para verificar se estão presentes todos os requisitos

extrínsecos que elencamos, e também a causa da interdição que deu origem ao estado de incapacidade do interditado. Havendo a falta de um dos requisitos, o registrador deve recusar o registro, devendo devolver o título ao interessado em conjunto com uma nota de devolução que deve ser devidamente motivada e contendo as informações sobre as providências que devem ser adotadas pelo interessado.

No entanto, caso a causa da interdição não conste de forma expressa no mandado, mas estiver mencionada na sentença ou no laudo pericial que acompanha o título judicial, seria considerado um excesso de formalismo devolvê-la só porque não consta no mandado, tendo em vista que a informação essencial ao registro pode ser encontrada nas peças oficiais que acompanham o mandado.

IMPORTANTE:

Entre os pontos que devem ser declarados no registro podemos notar que não é necessário da data do trânsito em julgado da sentença que declarou a interdição. Isso acontece porque ela produz efeito desde logo.

Após ser registrada a interdição no Registro Civil da Pessoa Natural, o oficial da unidade de serviço em que ocorreu o registro deverá comunicar o fato a comarca de justiça por onde tenha tramitado o feito, para que deste modo possa o curador assinar o termo de compromisso.

RESUMINDO:

Estudamos neste capítulo sobre o registro de óbito, a emancipação e a interdição, todos esses documentos devem ser averbados no Registro Civil de Pessoas Naturais.

O registro de óbito deve acontecer após a morte de uma pessoa, devendo a lavratura do assento de óbito acontecer em vista do atestado de médico ou de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte, existindo um rol de pessoas que tem o condão de realizar essa declaração de óbito. Além disso, existem pontos que devem conter no assento de óbito, podemos lembrar alguns dele: hora, lugar de falecimento, prenome, nome, sexo, idade, cor, estado civil, entre outros que estudamos no capítulo. Em seguida, vimos que a emancipação é o ato que tem como objetivo conferir a um menor o governo de sua pessoa e o gozo e administração de seus bens. No registro de emancipação também devem constar alguns pontos, como por exemplo: data, prenome, sobrenome, data da sentença, entre outros como já vimos. Por fim, vimos o instituto da interdição, que consiste no ato ou efeito que incapacita a pessoa para cuidar de seus próprios bens e direitos, declarado por sentença, sendo então nomeado curador que passa a administrar os interesses do interditado, devendo se limitar ao que foi decidido na decisão judicial. No registro de interdição devem conter alguns pontos, como por exemplo: data do registro, data da sentença, nome do juiz, nome, profissão, entre outros. A emancipação e a interdição são registrados no Livro “E” do Registro Civil das Pessoas Naturais.

No documento Direito Notarial e Registral (páginas 31-42)

Documentos relacionados