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Como já adiantado no início do capítulo, o boletim de ocorrência é o principal instrumento de coleta de dados para fins de estatística oficial, pois é nele que a autoridade policial realiza a tipificação do delito.

No caso das mortes violentas intencionais, a classificação do delito é essencial para determinar o fluxo da informação. Em se tratando de homicídio e todas as suas formas qualificadas no código penal ou na legislação esparsa, a atribuição para apurar é do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa, que possui 03 Delegacias de Homicídios, responsável por cada Região Integrada da Capital, 01 Delegacia de Homicídios Múltiplos e 01 Delegacia de Proteção à Pessoa, essas duas últimas com atuação em todo o Estado.

Por outro lado, se a morte violenta intencional for relacionada a outro delito, como latrocínio, lesão seguida de morte, estupro seguido de morte, infanticídio e outros, a atribuição para investigar é da Delegacia Territorial responsável pela área em que o fato ocorreu ou até mesmo de uma Delegacia Especializada, a depender das peculiaridades do fato. Por exemplo, se o homicídio foi cometido por menor de 18 anos, a responsabilidade pela apuração recai sobre a Delegacia do Adolescente Infrator (DAI).

A porta de entrada do fluxo é o Centro Integrado de Comunicação (CICOM), que recebe a demanda via “190”, por populares, pelas unidades de saúde ou pelas

guarnições da Polícia Militar que tomam conhecimento do fato. Após isso, prepostos da Polícia Judiciária, plantonistas do CICOM, acionam a equipe do Serviço de Investigação de Local de Crime, composta por 01 delegado de polícia e 03 investigadores, que fica de sobreaviso na sede do DHPP.

Após a confirmação do fato pelas guarnições da PM, imediatamente, o delegado da equipe SILC emite as guias de remoção de cadáver e de perícia; informa os respectivos números ao CICOM e segue para o local para adoção das providências de polícia judiciária. Em posse dos números das guias, o CICOM aciona os prepostos do Departamento de Polícia Técnica para proceder com a perícia e remoção do cadáver, registrando as informações preliminares no Sistema Integrado de Comunicação (SIC). A guia de remoção segue com o cadáver para o DPT, e a guia de perícia, com o perito responsável.

No local de crime ou na unidade hospitalar, após análise preliminar do fato e circunstâncias da morte, a equipe SILC converge todas as informações, por telefone, para o Centro Integrado de Comando e Controle (CICOC), responsável por elaborar um breve resumo do fato para ser publicado no Portal, que é de acesso restrito. O CICOC foi criado a partir de uma força tarefa de enfrentamento aos crimes violentos letais intencionais, e funciona em regime de plantão com representantes dos órgãos defesa social, atuando de forma paralela ao CICOM, no monitoramento das mortes violentas intencionais que ocorrem em todo o estado da Bahia. O Centro Integrado tem como objetivo reunir as principais informações do fato com as equipes de campo, seguindo um protocolo para constar os dados preliminares do fato, os números de controle dos documentos que são gerados e os profissionais envolvidos nas providências institucionais.

Sendo confirmado que a morte está relacionada a homicídio, com os dados coletados no local de crime ou na unidade hospitalar, a equipe SILC gera o Boletim de Ocorrência de Homicídio, com informações gerais do fato, e posteriormente elabora o Relatório de Investigação de Local de Crime.

Se o fato for relacionado a outro crime (ex. latrocínio), as providências adotadas até então são encaminhadas para a Delegacia Territorial responsável pela área do fato. O Relatório de Investigação de Local de Crime é o principal documento relacionado a morte violenta em Salvador. Trata-se de um formulário, em documento

eletrônico, que possui número de controle, sendo armazenados eletronicamente de acordo com o Delegado responsável pela apuração.

Segue um breve resumo do protocolo estabelecido pelo DHPP para a elaboração desse Relatório:

 Registrar através de fotos e vídeos o local do crime;

 Especificar o local do crime e do local onde o cadáver foi encontrado, inclusive com coleta de coordenadas geográficas;

 Informar a qualificação da vítima (cor, idade, sexo, filiação, endereço residencial, documentos);

 Constar a guarnição da PM que confirmou o encontro do cadáver e a que deu socorro;

 Descrever as circunstâncias do crime: como, onde, motivação, qual o instrumento utilizado e as lesões (quantidade e região do corpo);

 Constar nas guias de exame médico legal e pericial, bem como nas intimações, a Delegacia de Homicídio do DHPP responsável pela área onde o crime ocorreu;  Informar o horário de acionamento e horário de chegada do rabecão;

 Constar se houve ou não preservação de local de crime.

O Departamento de Polícia Metropolitano, ao qual estão subordinadas as Delegacias Territoriais, responsáveis pelas investigações das demais mortes violentas e das tentativas de homicídio, realiza o monitoramento das vítimas que dão entrada nas unidades médicas de Salvador. O Serviço de Investigação Preliminar (SIP), como é denominada essa atividade, funciona em regime de plantão, com sede no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS). Quando uma vítima de tentativa de homicídio é atendida na rede pública ou privada de saúde, a equipe SIP é acionada para deslocar para unidade médica e proceder com as medidas de polícia judiciária. No caso da tentativa de homicídio, dificilmente a equipe tem êxito na coleta de vestígios do crime no local do fato, isso porque, somente os principais hospitais da cidade possuem posto policial, tais quais: Hospital Geral do Estado, HGRS, Hospital do Subúrbio, Hospital Ernesto Simões, entre outros. Ocorre que, é comum a vítima ser socorrida para hospitais ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que não possuem posto policial, com isso não há coleta de dados do local de procedência da

vítima; e quando a vítima evolui a óbito há muita dificuldade para obter essa informação.