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Regressão Linear nas variáveis correlacionadas ao IMC

IV. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.4 Regressão Linear nas variáveis correlacionadas ao IMC

Depois de aplicada a correlação entre os factores referidos anteriormente, foi realizada uma regressão utilizando apenas as variáveis que estavam associadas ao IMC, sendo que estas entraram no modelo pela ordem da sua importância do grau de associação. No quadro 9, podemos observar as variáveis que se mostraram significativas nas correlações, referenciando que a idade decimal foi uma variável controlada.

Quadro 9: Regressão Linear das variáveis associadas ao IMC

Variáveis β p

Quarto do seu filho tem televisão -0,103 0,032

Internet em casa 0,055 0,253

Tipo de habitação predominante na sua área residencial 0,079 0,101 Existem caminhos ou faixas de circulação próprios para ciclistas 0,045 0,354 Taxa de criminalidade não permite os passeios nocturnos 0,056 0,253 Área total de cada escola -0,002 0,984 Área Descoberta de cada escola 0,070 0,539

Estado dos equipamentos -0,030 0,654

Zonas de convívio em cada escola 0,038 0,587

r2=0,037; p=0,05

O conjunto destas variáveis explica 3,7% da variância do IMC, como pode ser observado no quadro 9, sendo apenas significativo para a variável: o quarto do seu filho tem TV (β=-0,103; p= 0,032).

V. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo apresentaremos a discussão dos resultados, tendo em conta os objectivos definidos, visando analisar a influência dos factores ambientais obesogénicos na obesidade infantil.

Manteremos a mesma estrutura utilizada aquando da apresentação dos resultados, com o intuito de facilitar a compreensão e interpretação dos mesmos.

5.1 Análise Descritiva

Tendo em conta a amostra total da nossa investigação, é de referir que 67% se encontra nos valores de corte normal, apresentando a prevalência de excesso de peso e obesidade respectivamente os valores de 22,6% e 10,4%. Á semelhança do nosso estudo, também Padez e colaboradores (2004), no total da amostra, encontraram 20,3% de crianças com excesso de peso e 11,3% com obesidade. Relativamente à prevalência da obesidade, os dados de um estudo, revelam que os níveis de excesso de peso e obesidade são preocupantes, 21,8% dos jovens apresentam prevalências de obesidade (Gomes, 2009). De acordo com o estudo de Coelho e colaboradores (2008), numa amostra de 1875 alunos, com idades compreendidas entre os 5 e os 17 anos, 9,5% dos alunos apresentava obesidade e 21% excesso de peso. Também é de referir que as prevalências de excesso de peso e obesidade, num estudo com 897 crianças de 7 a 9 anos, foram de 8,30% e 3,35% respectivamente (Pereira, Lima, & Martins, 2004). No estudo de Oliveira e Fisberg (2003), com 699 crianças, na faixa etária dos 5 aos 9 anos, a prevalência de excesso de peso foi de 9,3% e obesidade de 4,4%. Ainda de referir que Silva e colaboradores (2008), no seu estudo, efectuado a 2651 crianças portuguesas com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade, a média da prevalência do excesso de peso foi de 21,9% e para a obesidade foi de 5,5%. Em Vouzela, Maia e colaboradores (2009), registaram valores de obesidade entre os 3,9% e os 9,8% e de excesso de peso entre 15,6% e 25,0%.

Os países do Sul da Europa, são os que estão na liderança da prevalência de obesidade infantil (entre 21 países, estão as ilhas mediterrânicas de Malta, Sicília, Gibraltar e Creta e os países Portugal, Espanha e Itália), apresentando mais do que 30% de crianças com excesso de peso e mais do que 10% com obesidade. Também na Europa, 20% das suas crianças tem excesso de peso (Force). Particularmente, em Portugal, crianças dos 3 aos 6 anos já evidenciam 23,6% de excesso de peso, mostrando que esta situação começa cedo, agravando-se com a idade (Rito, 2001). Em Espanha, os últimos dados revelam que cerca de 14,5% da população espanhola é considerada obesa (Aranceta et al., 2003; Martínez et al., 2004).

Relativamente às diferenças entre géneros, os alunos do sexo feminino caracterizam-se por apresentarem valores de excesso de peso e obesidade superiores aos do sexo masculino. Tais resultados também foram confirmados no estudo de Padez e colaboradores (2004), efectuado numa amostra de 4511 crianças, com idades compreendidas entre os 7 e 9 anos, referindo que 33,7% das raparigas e 29,4% dos rapazes sofriam de excesso de peso ou obesidade. Carvalhal e colaboradores (2008), referem que as crianças obesas são maioritariamente do género feminino. Noutro estudo com um grupo de 30 crianças obesas, com idades compreendidas entre os 4 e 10 anos, 57% eram do sexo feminino (Bass & Beresin, 2009). Também a prevalência do excesso de peso, foi de 14,1% para os rapazes e de 18,6% para as raparigas, enquanto que a prevalência de obesidade nos rapazes foi de 4,4% e nas raparigas foi de 6,5% (Silva et al., 2008). Em pesquisa realizada no norte de Portugal (Viana do Castelo), Rodrigues e colaboradores (2006) analisaram 4071 crianças (6 aos 10 anos), observando valores de excesso de peso de 26% para os meninos e de 30,9% para as meninas. Ainda num estudo, realizado com crianças, com idades dos 6 aos 10 anos, no concelho de Albergaria-a-Velha, constatou-se prevalências de excesso de peso de 27,6% para as meninas e de 21,34% para os meninos, a prevalência de obesidade foi de 12,67% para as meninas e de 13,95% para os meninos (Santos, 2009).

Contrariamente ao nosso estudo, Balaban e Silva (2001) referem que a prevalência de excesso de peso e obesidade no sexo masculino foi maior do que no feminino. Também para Matos e colaboradores (2006), os rapazes

apresentaram valores ligeiramente superiores de obesidade em relação às raparigas. Noutro estudo com 255 crianças, entre os 8 e os 10 anos, as taxas de excesso de peso e obesidade foram de 43,7% nos rapazes e 41,7% nas raparigas (Mota, Flores, Ribeiro, & Santos, 2006).

Estas ligeiras diferenças entre meninos e meninas, podem dever-se a factores biológicos e genéticos, na medida em que as raparigas possuem mais percentagem de massa gorda do que os rapazes, e na adolescência as raparigas iniciam dois anos mais cedo, as modificações da composição corporal originadas pelas hormonas sexuais (estrogénios, androgénios e a progesterona), que acarretam um aumento significativo da acumulação de gordura, também o salto de crescimento é influenciador nas diferenças referenciadas, apresentando estes picos de crescimento uma forte influência na altura e no peso (Baptista & Meyer, 2008).

Outro dos factores que pode justificar estas diferenças entre os sexos, será o aumento dos níveis de comportamentos sedentários nas crianças e adolescentes, reduzindo assim a energia gasta, e se a energia consumida permanecer inalterada, resulta numa crescente prevalência do excesso de peso e obesidade (Office, 2006), pois os rapazes brincam mais, jogam mais e preferem actividades mais lúdicas, competitivas, espaços exteriores e actividades mais dinâmicas (Mourão, 2000), apresentando também os rapazes maiores percentagens de posse dos equipamentos de tempos livres relativamente ao sexo feminino, verificando-se diferenças significativas entre os sexos para os equipamentos: bicicleta, TV no quarto e consola de jogos (Matos et al., 2006). Por outro lado, as raparigas preferem brincadeiras menos dinâmicas, mais interactivas e com um número reduzido de elementos (Mourão, 2000), apresentando assim, uma prática de actividade física mais reduzida, que se acentua durante a adolescência (Baptista & Meyer, 2008).

Assim os indivíduos do sexo masculino são significativamente mais activos e participantes em actividades mais intensas que os indivíduos do sexo feminino (Magalhães, 2001; Maia & Lopes, 2002; Maia & Lopes, 2003; Ridgers et al., 2005; Sousa, 2006; Sousa, 2004).

As raparigas evidenciam metade da probabilidade de serem aptas comparativamente aos rapazes (Santos, 2009), podendo levar à desmotivação por parte das mesmas em realizar as tarefas mais dinâmicas. Mota e colaboradores (2005), sugerem que o recreio da escola é um local importante para promover actividade física moderada a vigorosa, contribuindo para a actividade física diária em crianças pequenas, especialmente nas meninas. O tempo livre também pode ser outro dos factores influenciadores na escolha dos indivíduos, em actividades mais ou menos activas. Assim, a sociedade onde vivemos, permite ao homem ter mais tempo livre e à mulher ficar em casa para desempenhar as tarefas domésticas. Logo, os rapazes têm mais tempo disponível para jogar, brincar e ver TV, enquanto que as raparigas ajudam nas tarefas domésticas (Mourão, 2000).

No que respeita às escolas observadas, estas caracterizam-se em termos de recreio: com áreas médias descobertas maiores que as cobertas. No que se refere ao tipo de equipamentos presentes nos recreios das escolas, o mais observado foi a presença de balizas e o equipamento encontrava-se em mau estado, tornando-se menos atractivo para a sua utilização. À semelhança do referido, também Azevedo e colaboradores (2010) na caracterização das escolas observadas no seu estudo, referem que quanto à conservação dos espaços de recreio, a apreciação global, o solo, as vedações, o mobiliário/instalações, as condições de segurança, os equipamentos e a superfície de impacto apresentavam-se em más condições.

Relativamente ao piso existente nos recreios, este é duro, e segundo Pereira (2006), no planeamento de um espaço de jogo e recreio, deve-se procurar obter um múltiplo tipo de solo, permitindo assim, o aumento do valor lúdico e formativo, como também a segurança. Ainda de mencionar que as zonas de sombras mais presenciadas nos recreios das escolas estudadas são os telheiros, e as zonas de convívio com bancos, possibilitando o descanso das crianças, pois a actividade física das crianças deste escalão etário caracteriza- se por elevados picos de intensidade alternados com períodos de repouso.

5.2 Prevalência de obesidade segundo Área e Equipamentos dos recreios

Relativamente a este ponto, e no que se refere às áreas, apesar de não haver grandes diferenças entre as escolas estudadas, podemos mencionar que a escola A é a que apresenta menor área total, descoberta, por criança, e

simultaneamente a que apresenta maior percentagem de alunos

normoponderais e menor prevalência de obesidade. No entanto a escola C é a que apresenta maiores áreas (total, coberta, descoberta e por criança), e possui menos alunos normoponderais. Podemos assim especular que, apesar de os alunos possuírem mais espaço nos recreios, optam talvez por actividades mais paradas, menos activas, traduzindo-se assim, tais hábitos, em maiores prevalências de obesidade. Durante os períodos de jogo ao ar livre, quando é mais provável que as crianças sejam mais activas fisicamente, algumas circunstâncias contextuais e sociais acabam por influenciar a sua actividade física (Brown et al., 2009). Contrariamente aos nossos resultados, o estudo de Carvalhal e colaboradores (2009), demonstra que as escolas com maiores áreas de recreio por criança, apresentam menor prevalência de obesidade e maior percentagem de peso normal.

O tipo e diversidade de equipamento, poderão ser factores importantes na prevalência de obesidade. A escola F, é a única escola, que não possui qualquer tipo de equipamento e simultaneamente a que apresenta maior prevalência de alunos com obesidade. Os resultados de Carvalhal e colaboradores (2009) verificaram que, a percentagem de crianças obesas era inferior nos recreios que possuíam equipamentos mais diversificados. Um outro estudo constatou que os espaços de recreio equipados com material adequado ao ar livre, juntamente com actividades bem organizadas e supervisionados, são importantes para a promoção da actividade física (Haug, Torsheim, Sallis, & Samdal, 2010). Lopes e colaboradores (2006), partilham da mesma opinião, pois no referido estudo, como resultado da intervenção no recreio escolar, todos os valores percentuais médios da actividade física total aumentaram em ambos os sexos e grupos etários, o que significa, que a intervenção resultou num aumento da actividade física das crianças no recreio escolar. Também os resultados de Willenberg e colaboradores (2010), indicam que alterações

simples, como o fornecimento de equipamento solto, corte e pintura de marcações de linhas de jogo, e o aumento da presença do professor na área de jogo, são susceptíveis de proporcionar oportunidades para o aumento da actividade física. Outro estudo refere que, o tempo gasto em actividade física moderada a vigorosa, aumentou significativamente em escolas com intervenção, como resultado da pintura do playground (Stratton & Mullan, 2005).

Existem muitos factores que influenciam as atitudes das crianças nos recreios escolares, sendo de referir: a idade, o número de alunos em relação ao espaço disponível, a qualidade das superfícies de jogo, as dinâmicas de grupo existentes, a qualidade dos equipamentos e materiais de jogo, o envolvimento dos supervisores e professores, estabelecimento de regras, tempos de intervalo, etc. (Evans, 1989).

Assim, o facto de se aumentar as condições para o desenvolvimento motor e social dos alunos, o enriquecimento de envolvimentos e espaços de jogo, não só leva à diminuição da taxa de incidentes violentos nos espaços escolares, como também promove comportamentos mais cooperativos em actividades construtivas (Blatchford & Sharp, 1994; Pereira, Neto, & Smith, 1998). Também Stratton e Mullan (2005), chegaram à conclusão de que os níveis de actividade física aumentaram consideravelmente após a intervenção nos espaços de recreio escolares.

Em suma, os recreios escolares, constituem-se como momentos e oportunidades óptimos de estimulação e desenvolvimento de estilos de vida activos (Lopes, 2006).

5.3 Relação entre os ambientes obesogénicos e a prevalência de obesidade

Relativamente às associações da prevalência de obesidade e IMC, com a presença de TV no quarto da criança (variável casa), estas revelaram-se negativas. A inexistência de TV no quarto leva ao aumento do IMC. Estes resultados poderão ser explicados pelo estudo de Gomes (2009) que revela que, os indivíduos que têm mais TV no quarto, são os normoponderais, mas como são o grupo que, pratica mais actividade física e com mais frequência, durante a semana, acabam por compensar as horas que passam a ver TV. Contrariamente aos nossos resultados, foi constatado que quanto maior for o número de horas semanais gastas a ver TV maior será a associação com o aumento do IMC (Deheeger, Rolland-Cachera, & Fontvieille, 1997; Hancox & Poulton, 2006; Lin, Huang, & French, 2004)Também vários estudos revelaram que o grupo das crianças com excesso de peso e obesidade passam um maior número de horas em comportamentos sedentários (vêem mais TV, utilizam mais o computador, passam mais tempo a jogar jogos electrónicos), quer à semana quer ao fim-de-semana, do que o grupo dos normoponderais (Carvalhal et al., 2008; Carvalhal & Silva, 2006; Crespo et al., 2001; Padez et al., 2005), reduzindo assim, o tempo que as crianças passam a dormir (Denninson, 2002). Para além de que a TV é considerada uma das actividades sedentárias extremamente relacionada com a obesidade (Carvalhal et al., 2008; Crespo et al., 2001; Moreira, Padez, Mourão-Carvalhal, & Rosado, 2005), devido ao facto de, durante esta actividade se poder consumir alimentos, e poder-se potenciar o aumento do consumo calórico (Crespo et al., 2001).

Poderemos então depreender que, o facto de a criança ter TV no quarto poderá permitir que esta despenda mais horas nessa tarefa, e de acordo com Friedman e Alves (2009), as crianças que assistem 5 horas ou mais de TV por dia, têm 5 vezes mais hipóteses de se tornarem obesas, do que crianças que assistem 2 horas de TV por dia. Também existem outros estudos, realizados nesta área, em que referem que a TV no quarto das crianças é um forte indicador do aumento do risco das mesmas virem a ter excesso de peso (Denninson, 2002; Saelens, 2003). No estudo de Jenovesi e colaboradores (2003), as crianças normoponderais gastaram menos tempo nas actividades de

ver TV e jogar videojogos do que as crianças com excesso de peso, sustentando evidências nas quais crianças que assistem à TV por mais de quatro horas/dia são menos activas e obesas ou mais propensas ao excesso de peso (Berkey et al., 2000; Eisenmann, Bartee, & Wang, 2002).

Assim podemos concluir que, apesar do tempo destinado à utilização dos computadores e TV, não estar sistemática e negativamente associado à inactividade física, a forma de utilização do tempo livre (especialmente no período pós – escola e fim-de-semana) em actividades passivas ou sedentárias parece ter uma relação importante, particularmente nos adolescentes, uma vez que diminui a sua prática ou o seu envolvimento em actividades físicas (Mota & Sallis, 2002).

Assim, assistir à TV por mais de três horas/dia e jogar videojogos por mais de duas horas/dia, são factores de risco para excesso de peso e obesidade (Tremblay & Willms, 2003).

Em suma, e de acordo com a American Academy of Pediatrics (2003), é recomendado que o limite para TV e videojogos seja de duas horas/dia.

A associação positiva entre o IMC e a presença de internet em casa (variável casa), revela um aumento dos valores de IMC. Tal resultado poderá ser explicado pelo facto de que, se existir internet em casa de fácil acesso para a criança, poderá implicar a preferência pela sua utilização, em detrimento de actividades mais activas, levando provavelmente ao aumento dos valores de IMC.

Relativamente à associação entre o IMC e área de residência, pode-se referir 3 correlações significativas, pois o IMC relaciona-se positivamente com o tipo de habitações predominante na área de residência, a existência de caminhos ou faixas de circulação próprias para ciclistas e por fim com o facto de a taxa de criminalidade não permitir os passeios nocturnos. Contrariamente ao nosso estudo, Swinburg e colaboradores (1999), referem que a disponibilidades de trajectos, como ciclovias ou calçadas, iluminação das ruas e escadas

acessíveis nos prédios, além da existência de espaços para recreação, como parques e clubes, seriam variáveis que exerceriam grande influência para uma vida mais “activa”. Também Mourão-Carvalhal e Colaboradores (2010), referem que o reduzido trânsito nas ruas, a existência de locais para andar a pé e a existência de instalações desportivas são factores preventivos. Embora, o facto de haver boas condições na área de residência, não implique que a população usufrua dessas mesmas condições, podendo outros factores, como a violência nas ruas e falta de tempo, influenciar negativamente a utilização das mesmas. Como referem Mourão-Carvalhal e colaboradores (2010), que a falta de segurança na zona de residência à noite é um factor de risco na prevalência de obesidade

Comparativamente à associação entre a prevalência de obesidade e área descoberta de cada escola, é de referir a existência de uma associação positiva, isto é, a prevalência de obesidade aumenta com o aumento da área descoberta de cada recreio em cada escola. Tais resultados poderão ser explicado, em primeiro pelo facto de os recreios possuírem uma maior média de área descoberta, e em segundo, pelo facto do clima predominantemente existente nesta região ser com Invernos longos e rigorosos, impedindo assim a ocupação da área supracitada. Assim sendo, se a escola não possuir infra- estruturas adequadas de resguardo e sombra, as crianças encontram-se impossibilitadas de brincar ou jogar, deste modo, alteram o seu padrão natural de comportamentos que se reflecte ao nível da actividade física (Azevedo, 2008).

Relativamente às correlações entre IMC e as variáveis relativas à Escola, este relaciona-se positivamente com a área total de cada recreio, a área descoberta de cada recreio, o estado dos equipamentos e por fim com as zonas de convívio em cada escola. Tais resultados poderão ser explicados pelo não aproveitamento do espaço disponível para as crianças puderem brincar, pois são espaços com tipos de equipamento pouco atractivos e em mau estado, colocando também em causa a segurança das crianças. Para Azevedo (2008), quando se observam os recreios escolares, nomeadamente, o seu estado de preservação, inovação e qualidade do envolvimento físico, verifica-se a

existência de enormes espaços vazios, desprovidos de qualquer equipamento ou vegetação. Assim, Bowers e Gabbard (2000) referem os recreios como sendo ambientes ideais, para o desenvolvimento e enriquecimento de aprendizagens, proporcionando assim aumento dos níveis de actividade física, desde que a intervenção nos recreios escolares seja uma prioridade (Lopes et al., 2006; Ridgers, Stratton, Fairclough, & Twisk, 2007; Stratton & Mullan, 2005; Verstraete, Cardon, Clercq, & Bourdeaudhuij, 2006), dado que a qualidade dos espaços pode ser determinante no nível e na diversidade de brincadeiras com jogos mais atractivos (Fjortoft, 2001).

Posto isto, de todas as variáveis associadas ao IMC, a presença de TV no quarto foi a única que se apresentou como variável que influenciou a obesidade.

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