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Regulamentação do Banco Central acerca da atividade de correspondentes bancários

MERCADO BANCÁRIO

4.2.3 Regulamentação do Banco Central acerca da atividade de correspondentes bancários

Com o objetivo de maximizar os recursos financeiros dos bancos e de facilitar a remessa de recursos para as mais diversas regiões, principalmente para aquelas cuja realidade socioeconômica torna inviável de entidades financeiras, o BC, com o advento da Circular 220, estabeleceu as condições para que estabelecimentos bancários firmassem contratos com pessoas jurídicas para a cobrança de títulos e execução de ordens de pagamento.

Apenas em 25 de agosto de 1999, entretanto, houve a extensão do “leque” de serviços que poderiam ser contratados com empresas correspondentes, com a edição da Resolução 2640 (aperfeiçoada pela Resolução 2707, de 30 de março de 2000), quando foi facultada, aos bancos múltiplos com carteira comercial e à Caixa Econômica Federal, a contratação de correspondentes no País para a prestação dos seguintes serviços:

• recepção e encaminhamento de propostas de abertura de contas de depósitos à vista, a prazo e de poupança;

• recebimentos e pagamentos relativos contas de depósitos à vista, a prazo e de poupança, como a aplicação e resgastes em fundos de investimentos;

• recebimentos e pagamentos decorrentes de convênios de prestação de serviços mantidos pelo contratante na forma da regulamentação em vigor;

• execução ativa ou passiva de ordens de pagamento em nome do contratante;

• recepção e encaminhamento de pedidos de empréstimos e de financiamentos;

análise de crédito e cadastro;

• execução de cobrança de títulos;

• outros serviços de controle, inclusive processamento de dados, das operações pactuadas; e

• outras atividades, a critério do Banco Central do Brasil.

O presente trabalho de pesquisa teve como fonte de busca os correspondentes bancários que atuam nas prestações de serviço, destacadas em negrito na página anterior, ressaltando-se que as tarefas terceirizadas pelos contratos de correspondentes bancários são meramente de cunho acessório às atividades privativas das instituições financeiras, não implicando cessão, a terceiros, de autorização concedida em caráter exclusivo pelo Banco Central.

O Conselho Monetário Nacional expediu, em 2002, a Resolução 2707 BC, de 30 de março de 2000), introduzindo os seguintes aperfeiçoamentos:

• facultar ao correspondente bancário contratado a tarefa de identificar o cliente quando da abertura da conta, não desonerando o gerente responsável pela abertura da conta de depósito nem o diretor designado também responsável, desde que instituídos mecanismos eficientes de controles internos por parte da instituição financeira contratante;

• permitir que os serviços notariais e de registros, que trata a Lei 8935, de 18 de novembro de 1994 (cartórios), sejam contratados como correspondentes bancários.

(Fonte: Demonstrativo de crédito no Brasil – Atuação do Banco Central)

Posteriormente, a Resolução BC 3110, de 31 de julho de 2003, consolidou as normas até então editadas sobre o assunto e introduziu a possibilidade de:

• contratação de correspondentes por parte de outros tipos de instituição financeira;

• substabelecimento do contrato a terceiros e;

• utilização de novos produtos.

É importante ressaltar que a contratação de correspondentes bancários é de total responsabilidade das instituições financeiras, sendo que esses, não desempenham função principal e nem exclusiva de correspondente no País.

4.2.3.1 Desenvolvimento da atividade de correspondentes bancários

A atividade de correspondente bancário no Brasil, após a regulamentação de sua atividade pelo BC, muito tem se desenvolvido. A abertura de convênios bancários para venda de empréstimos consignados em folha de pagamento, como para benefícios do INSS, influencia de forma bastante positiva o investimento de muitas instituições financeiras nesse segmento.

Consiste a atividade de correspondente bancário em levar aos brasileiros serviços bancários, ainda que esses clientes não se encontrem residentes em regiões com estabelecimentos bancários; ampliar os serviços bancários fora do âmbito das agências, oferecendo maior comodidade e democratização na concessão do crédito e das transações de conta corrente (CUSTÓDIO, 2003).

A atuação de correspondente bancário não é exclusividade brasileira. Segundo Demonstrativo Caixa Econômico Federal (2003), esse modelo é largamente utilizado na Europa (França e Alemanha), por meio das agências dos correios, como também, no Japão e na Jordânia, totalizando 150 mil pontos de atendimento por meio das agências postais, com faturamento estimado em US$ 45 bilhões por ano em depósitos na Europa e US$ 2 trilhões em depósitos no Japão. (Demonstrativo Caixa Econômica Federal, 2003)

Dentre as oportunidades geradas pela atividade de correspondente bancário, vale destacar a diminuição do “Custo Brasil” nas transações bancárias, aumento do poder de compra mediante empréstimo consignado ou crédito pessoal vinculado à abertura de conta-corrente e inclusão social (Demonstrativo Caixa Econômica Federal, 2003).

Nesse demonstrativo, são ressaltadas as vantagens na atuação dos correspondentes, junto à Caixa Econômica: aumento da cobertura geográfica, menores investimentos e custos operacionais que o modelo de abertura de agência, menos tecnologia para a efetivação das transações, “bancarização” da população residente em localidades mais remotas. Também são relacionadas às vantagens

para o correspondente bancário: incremento de fluxo e de receita em seu estabelecimento e maior conveniência para seus clientes.

Nessa pesquisa, daremos foco à atuação do correspondente bancário das instituições financeiras que operam somente o segmento de empréstimo consignado.

Nessa modalidade de crédito, encontramos instituições financeiras com correspondentes bancários, atuantes no segmento consignado, com 280 funcionários, com sede na região Sul, com limitado número de agências no País e atuando por meio dessa modalidade em todo o Território Nacional, por contratos firmados com correspondentes bancários. Podemos destacar instituições como Banco Cruzeiro de Sul, Banco de Minas Gerais, Banco Schain, que atuam no Ceará e em todo o Brasil, sem necessariamente ter agências locais.

Também pela atuação do correspondente bancário, os empréstimos consignados em folha de pagamento junto a instituições federais, estaduais, municipais e privados, vêm crescendo rapidamente.