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Capítulo VI Uma gestão em situação periférica

1. Regulamento Interno

Um dos objetivos propostos passou pela compreensão dos documentos de orientação pedagógica e curricular que apoiam a função de coordenação de estabelecimento. Nesse sentido foram questionados os entrevistados de forma direta para que enumerassem quais os documentos do agrupamento que privilegiam, tendo a resposta convergido no Regulamento Interno e no Projeto Educativo.

Consultados os Regulamentos Internos em causa percebemos desde logo que os mesmos definem o regime de funcionamento dos estabelecimentos de ensino que integram o respetivo Agrupamento de Escolas, no que diz respeito a cada um dos órgãos

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de administração e gestão, das estruturas de orientação e dos serviços de apoio educativos, bem como os direitos e deveres dos elementos da comunidade escolar.

No Regulamento Interno (2016-2017) do Agrupamento Gonçalo Mendes da Maia, no livro IV intitulado Coordenação de Estabelecimento o Coordenador surge como aquele cujas competências são as seguintes:

1. Coordenar as atividades educativas do estabelecimento em articulação com o Diretor.

2. Cumprir e fazer cumprir as decisões do Diretor e exercer competências por este delegadas.

3. Veicular as informações relativas ao pessoal docente e não docente e aos alunos.

4. Reunir periodicamente com o Diretor e sempre que este o julgar necessário. 5. Promover e incentivar a participação dos pais, Encarregados de Educação, Autarquia e Interesses Locais nas atividades promovidas pelo Agrupamento (Art. 112.º)

Por sua vez, o Regulamento Interno (2013-2017) do Agrupamento de Escolas do Castêlo da Maia vai mais além, pormenorizando as competências do Coordenador de Estabelecimento nos seguintes termos:

a. Divulgar a correspondência recebida na escola para que todos os interessados dela tomem conhecimento;

b. Emitir parecer sobre a utilização das instalações escolares por outros membros da comunidade;

c. Representar a escola;

d. Elaborar os horários e distribuir o serviço do pessoal não docente que presta serviço no estabelecimento de ensino e submetê-lo à aprovação do Diretor; e. Gerir as instalações, espaços, recreio, zonas verdes e equipamentos e outros do estabelecimento de ensino e zelar pela sua manutenção (Art. 26.º).

Finalmente, no Regulamento Interno do Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Vieira de Carvalho a figura do coordenador de estabelecimento surge no capítulo III, referindo-se ali que a coordenação de cada estabelecimento integrado no Agrupamento é assegurada por um coordenador e mais adiante (ponto 1.2 da página 23), esclarece que não há lugar à criação deste cargo em dois casos, nomeadamente, no estabelecimento que

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funciona como sede do Agrupamento (Escola EB 2,3) e nos estabelecimentos que tenham menos de três docentes titulares de turma, em exercício efetivo de funções.

No que toca às competências, de acordo com o aludido Regulamento, elas são

definidas do seguinte modo:

4.1 Coordenar as atividades educativas no estabelecimento, em articulação com o conselho executivo.

4.2 Cumprir e fazer cumprir as decisões do conselho executivo [sic!] e exercer as competências que por esta lhe forem delegadas.

4.3 Veicular as informações relativas a pessoal docente, não docente e discente.

4.4 Incentivar e promover a participação dos pais e encarregados de educação, da autarquia e da comunidade local nas atividades educativas.

4.5 Assumir a responsabilidade pelo livro de ponto do pessoal docente e não docente.

4.6 Registar as faltas e comunicá-las aos serviços administrativos do estabelecimento sede do Agrupamento (p. 23)

Aqui chegados, constatamos que todos os Regulamentos Internos em causa replicam as competências normativas básicas do Coordenador de Estabelecimento que se encontram explícitas no artigo 41.º do Decreto-lei 75/2008, de 22 de Abril. Inclusivamente, no caso do Regulamento Interno do Agrupamento Gonçalo Mendes da Maia percebe-se uma transcrição ipsis verbis do aludido normativo. Percebe-se também aqui implícita a intenção legislativa de fazer competir ao Coordenador de Estabelecimento funções de tipo quase exclusivamente executivo, uma vez que:

os órgãos de gestão de cada escola serão objeto de uma espécie de deslocalização (e não de um processo de eventual fusão), tratando do interior da escola para o seu exterior, a fim de darem lugar aos órgãos do

Agrupamento, localizados na respetiva sede (Lima, 2011,p.94).

Quanto às diferenças destaca-se o Regulamento Interno do Agrupamento do Castêlo da Maia, no qual se denota um esforço em espelhar de forma mais completa as funções exercidas pelo Coordenador de Estabelecimento e que também se fizeram perceber nas palavras dos entrevistados, tendo sido referido por vários, por exemplo, a preocupação com o zelo pelas infra estruturas escolares, nomeadamente a manutenção dos jardins e as insistências que são obrigados a acometer junto das autarquias para

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dispensarem profissionais para o efeito, e até por outros, bem como, ainda que em jeito de desabafo e descontração, o facto do Coordenador de Estabelecimento servir “até para pregar parafusos” (E7).

Em paralelo verifica-se igualmente uma semelhança no que respeita à estrita ligação do Diretor com o Coordenador de Estabelecimento que se constata quer nos documentos, quer nas palavras dos entrevistados que referem sobretudo que transmitem e fazem aplicar as ordens da direção, funcionando mesmo como uma sua extensão. Tal realidade serve mesmo de epígrafe na enumeração das competências do Coordenador de Estabelecimento no Regulamento Interno do Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Vieira de Carvalho quando se lê que: “Na qualidade de representante do conselho executivo no estabelecimento, compete ao coordenador (…)”.

Por fim, importa salientar que, embora apenas o Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Vieira de Carvalho o explicite no seu Regulamento Interno, os três Agrupamentos cumprem o que está legislado no que concerne à criação do cargo de coordenador de estabelecimento: “Nas escolas em que funcione a sede do agrupamento, bem como nos que tenham menos de três docentes em exercício efetivo de funções, não há lugar à designação de coordenador” (Decreto-lei 75/2008, de 22 de Abril, art.º 40º, n.º 2).