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Os estudos com problemáticas sociais nas suas dimensões regionais, tratados na ciência regional partem do pressuposto de algumas correntes teóricas de desemprenho econômico que combinam investigações empíricas e/ou analíticas.

Dentre as diversas formas de investimento visando a redução das desigualdades regionais, o papel do custo de transporte na definição de relocalização industrial é funda- mental para um processo de desenvolvimento local. Assim, investimentos em rodovias e outras formas de melhorias no sistema de transporte, tornando-o mais eficiente e adequado representam um meio importante para alcançar o crescimento econômico, não só regional, mas também nacional. Essa expansão e a melhoria das facilidades de transporte servem

para reduzir os custos que as firmas têm, assim como expandir as oportunidades econômi- cas, colaborando para o aumento, potencial, da renda e o padrão de vida dos habitantes de uma região (HADDAD,2006).

É importante ressaltar que as intervenções espacialmente localizadas podem aumentar as vantagens competitivas de uma região. Weisbrod e Treyz(1998) eHaddad

(2006) defendem que os efeitos de economias de escala e de acessibilidade possibilitariam a expansão da área de mercado das firmas e oportunidades de acesso a mercados de insumos mais amplos.

No caso brasileiro, um aumento da integração dos mercados nacionais e inter- regionais elevariam os efeitos de economias de escala. De uma forma que fosse possível tornar cada vez mais atrativo investir em outras regiões que não fossem o Sul e Sudeste, evitando reconcentração espacial. Conforme Brandão (2019) destaca, os efeitos aglo- merativos do Sul-Sudeste são marcantes, atrativos e cruciais para a tomada de decisão privada de realização de inversões de capital. Muito embora regiões como Nordeste, mais próximo da Europa e outros continentes apresentem vantagens em termos de custo de transporte. Mas ainda no Brasil, as regiões polos, como considerada por Perroux, o eixo São Paulo-Rio-Minas favorecem processo de concentração.

Diniz et al. (1993) acreditou que considerar o Brasil como um caso de desenvol- vimento poligonal, onde um limitado número de novos polos de crescimento ou regiões têm capturado a maior parte das novas atividades econômicas. O resultado está longe de ser uma verdadeira desconcentração, especialmente porque os novos centros estão no próprio estado de São Paulo ou relativamente próximos dele. Esta região, que inclui São Paulo, poderia ser caracteriza como o polígono Belo Horizonte – Uberlândia – Londrina – Maringá - Porto Alegre – Florianópolis - São José dos Campos - Belo Horizonte. Conforme Figura 4.

Figura 4 – Eixos de desconcentração, polos tecnológicos e o novo polígono de aglomeração industrial

Fonte: Diniz et al.(1993, p.37).

Um dos elementos fundamentais a ser levado em conta é a correlação espacial entre as regiões: mudanças econômicas em uma determinada localidade resultam em potenciais efeitos sobre outras regiões. Essa constatação é de grande importância para a avaliação dos impactos de políticas de transporte sobre as regiões de um país, tendo em mente as relações de complementaridade e competição entre os espaços econômicos relevantes (HADDAD,2006).

O papel do Estado via plano e/ou programas de “desenvolvimento” tem grande importância em um contexto pós-desenvolvimentista. Visto que, a intervenção direta pelo Estado, por meio do BNDES, cumpre papel fundamental de fornecer recursos que nos últimos anos, por meio dos créditos públicos, o Estado brasileiro procurou sinalizar prioridades ao setor privado (BRANDÃO, 2019).

Ao estimular a economia por meio de investimentos em infraestrutura, setoriais ou mesmo incentivando o setor privado a investir, os efeitos de fluência identificados por

Hirschman(1958) poderiam ser maximizados. Para esse autor, os investimentos devem ser alocados em áreas que já apresentem certo dinamismo econômico. Isto justificaria o montante de investimentos concentrados em algumas regiões, sobretudo em suas capitais, como Manaus, Porto Velho e Belém na região Norte; Recife, Fortaleza e Salvador no Nordeste; Cuiabá, Goiânia e Distrito Federal no Centro-Oeste, além das grandes capitas do Sul-Sudeste. Entender as formas de transmissão dos efeitos causados pela instalação de polos de crescimento para áreas periféricas, tornar-se necessário, principalmente no caso

da região Nordeste, onde a disparidade intra regional é mais acentuada e se encontram áreas bastante pobres conformeRibeiro (2015) destacou.

Com base nos estudos de Solow (1956) e Romer (1990), pode-se dizer que o progresso tecnológico é o principal motor do crescimento sustentável de longo prazo. Além do que a tecnologia se mostra como o mais importante canal de transmissão desse crescimento dos polos para regiões periféricas (RIBEIRO,2015).

A criação de polos de crescimento, envolvem o desenvolvimento de instituições que promovem o suporte e a viabilidade de crescimento do referido polo. Tais desenvolvimentos institucionais geram eficiência na organização e gestão das atividades econômicas, sociais e políticas. Os benefícios trazidos por essas ações aos polos servem como modelos a serem replicados pelas economias periféricas. Não obstante, um polo que apresente um melhor desenvolvimento institucional e, ao mesmo tempo, mantenha relações de comércio ou atividades de investimentos com economias periféricas tendem a estabelecer instituições similares na região de operações (OGUNLEYE, 2013; RIBEIRO, 2015).

Nesse contexto, a economia regional em suas diversas formas de investigar e buscar entender o espaço, o território e a região, evidencia uma gama de complexos mecanismos indutores do crescimento econômico regional. À luz das teorias, esses efeitos podem apresentar um desempenho econômico a partir de um local caracterizado como enclave que se destaca dentre as demais localidades (PERROUX, 1955). Além disso, poderá haver uma canalização dos recursos para essas regiões como os denominados efeitos propulsores (HIRSCHMAN, 1961; MYRDAL, 1968). Outro ponto relevante a destacar é que se determinadas regiões gerarem maior especialização em seu setor produtivo, fornecem assim maior vantagem competitiva frente às demais (NORTH, 1977).

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Conforme discutido no Capítulo 3, os problemas com as desigualdades regionais são problemas fundamentalmente estruturais que causaram atraso no processo de desen- volvimento e unificação do mercado nacional. Foi possível observar algumas disparidades inter e intra regionais no território brasileiro, com grandes diferenças entre as regiões Norte e Nordeste das regiões do Centro-Sul. Em que as perspectivas de mudanças são baixas se o Estado não promover políticas públicas com fito de redução das desigualdades de uma forma mais ativa. No Capítulo 4, muito se discutiu sobre os estudos com problemáticas sociais nas suas dimensões regionais, tratados na ciência regional, que partem do pressu- posto de algumas correntes teóricas de desempenho econômico que combinam investigações empíricas e/ou analíticas. Dentre as diversas formas de investimento visando a redução das desigualdades regionais, o papel do custo de transporte na definição de relocalização industrial é fundamental para um processo de desenvolvimento local. Assim, investimentos em infraestrutura representam um meio importante para alcançar o crescimento econômico não só regional, mas também nacional, levando em conta as características das estruturas produtivas regionais.

A expansão e melhorias nos indicadores de educação, saúde, infraestrutura, redução da concentração de renda e aumento do PIB, dentre outros, auxiliam no processo de desenvolvimento nacional. Vale destacar a importância das intervenções espacialmente localizadas, sobretudo, no que concerne ao aumento das vantagens competitivas das regiões. Nesse sentido, a presente dissertação buscará, nos dois próximos capítulos, compreender e decompor a estrutura produtiva regional, bem como investigar as diferenças de renda intermunicipal no Brasil. Para tanto, utilizará alguns métodos que serão explanados nesse capítulo.

Além do esforço analítico/exploratório e teórico dos Capítulo 3 e Capítulo 4, esse capitulo tem como objetivo explorar e descrever os métodos utilizados nos Capítulo 5 e Capítulo 6. Inicialmente, foi utilizado o método shift-share, com o objetivo de analisar em que medida a diferença de crescimento entre cada região e a média nacional se deve à região ter um desempenho da sua estrutura produtiva uniformemente melhor que a média. Ou mesmo ao fato de a região ser especializada em setores de rápido crescimento. Na segunda parte, foi feita inicialmente uma Análise Exploratória de Dados Espaciais e, em seguida, foram utilizadas técnicas de econometria espacial para analisar os aspectos fundamentais da desigualdade intermunicipal de renda no Brasil.

4.1

ANÁLISE DIFERENCIAL-ESTRUTURAL PARA A ESTRU-