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Estrutura produtiva e desigualdade intermunicipal de renda no Brasil: uma abordagem regional

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Programa de Pós-Graduação em Economia

Denis Fernandes Alves

Estrutura Produtiva e Desigualdade Intermunicipal

de Renda no Brasil: uma abordagem regional

Natal/RN

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Estrutura Produtiva e Desigualdade Intermunicipal

de Renda no Brasil: uma abordagem regional

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia (PPECO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Economia. Área de concentração: Economia Regional.

Orientador: Prof. Dr. William Eufrásio

Nunes Pereira.

Coorientadora: Profa. Dra. Janaína da

Silva Alves.

Natal/RN

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Alves, Denis Fernandes.

Estrutura produtiva e desigualdade intermunicipal de renda no Brasil: uma abordagem regional / Denis Fernandes Alves. - 2020. 204f.: il.

Dissertação (Mestrado em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Economia. Natal, RN, 2020. Orientador: Prof. Dr. William Eufrásio Nunes Pereira. Coorientadora: Profa. Dra. Janaína da Silva Alves.

1. Economia Regional - Dissertação. 2. Estrutura produtiva regional - Dissertação. 3. Desigualdade de renda - Dissertação. 4. Shift-Share - Metodologia - Dissertação. 5. Spatial Panel Fixed Effects Lag Model - Dissertação. I. Pereira, William Eufrásio Nunes. II. Alves, Janaína da Silva. III. Título. RN/UF/CCSA CDU 332.13

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

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Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Programa de Pós-Graduação em Economia

Denis Fernandes Alves

Estrutura Produtiva e Desigualdade Intermunicipal

de Renda no Brasil: uma abordagem regional

Aprovada em: 02 de março de 2020. Membros da Banca Examinadora:

Prof. Dr. William Eufrásio Nunes Pereira

(Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Profa. Dra. Janaína da Silva Alves

(Coorientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Prof. Dr. Francisco do O’ de Lima Júnior

Universidade Regional do Cariri (URCA)

Prof. Dr. Fernando Cezar de Macedo Mota

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Natal/RN

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Aos meus professores. Dedico!

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Mais uma vez agradeço a Deus por tudo que me proporcionou e as pessoas que colocou em meu caminho antes e durante a realização do meu mestrado. Meu maior guia espiritual nos momentos bons e também nos momentos difíceis que enfrentei nessa jornada.

A minha mãe, Marilene, e ao meu pai, Antônio, pelo apoio incondicional e incentivo diário. Além de serem fonte de tanto amor, carinho e compreensão, e por tentarem me convencer de que posso chegar onde quer que eu queira, se me esforçar o bastante. Aos meus irmãos, Dayanne e Davy, que me acompanharam e me proporcionaram momentos de descontração e risadas, me ajudando sempre que precisei. Mesmo distantes, vocês quatro sempre estavam por perto quando mais precisei!

Ao meu orientador/mentor, Prof. William Pereira, a quem tenho profunda admiração e respeito. Agradeço pelas orientações, atenção e reflexões desde o início de tudo, pelas aulas de Economia Regional e pelas discussões no Grupo de Estudos do GEPETIS. Agradeço também a minha co-orientadora, Profa. Janaína Alves, um ser humano exemplar, e excelente professora na disciplina de Econometria. Obrigado pelas orientações, dicas, recomendações e apoio.

Agradeço a todos do corpo docente do PPECO/UFRN, especialmente ao Prof. Igor Silva, pela orientação no estágio docência, na disciplina de Microeconomia I e ao Prof. Diego André pelos ensinamentos na disciplina de Econometria Espacial, além da atenção e do apoio com o modelo econométrico dessa dissertação.

Sou grato a professora Alice Cruz e aos Professores Fernando Macedo e Lima Júnior pelas excelentes contribuições com a dissertação. Agradeço ao Prof. Wellington Justo e ao Prof. Luís Abel pelas parcerias nas publicações de artigos científicos, dicas, apoio, conselhos e amizade.

Não poderia deixar de agradecer aos meus colegas de mestrado, Gabriella, Mavig-son, JoelMavig-son, Wilde, Pollyana, Thomas, pelos bons momentos que juntos compartilhamos. E, em especial, a Flávio, por ser sempre presente e ter me ajudado sempre que precisei, a Mattheus pela boa amizade, confiança, conselhos e apoio, e a Danyelle, por revisar o texto da dissertação, sempre enxergar algo a mais que os outros e me consolar com palavras amigas, além de me ensinar o papel da verdade. Gratidão meus amigos, sem vocês tudo isso seria bem mais complicado.

Agradeço a todos as pessoas que de forma especial fizeram parte de bons momentos nessa minha jornada do mestrado, em especial a Jefferson Patrick, Thierry Barros, Natani-elle Lima, Thereza D’avila, Natanael Souza, Lucas Pereira, Rainyel Oliveira, Geovanio

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De maneira geral tenho muito a agradecer as boas pessoas que conheci quando residi em Araraquara/SP, Natal/RN e em João Pessoa/PB. Foram dois anos de muitas mudanças, alegrias, tristezas e sentimento de dever cumprido ao final de tudo.

Por fim, agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Economia e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPECO/UFRN), aos funcionários de maneira geral, sobretudo os funcionários do NEPSA II, onde passei grande parte do tempo na sala de estudos do Núcleo de Economia Aplicada e Conjuntura (NEAC). E grato a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de mestrado, código de Financiamento 001.

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Pra quem só passa pela vida isso pode até parecer brincadeira, mas não Como eles, eu volto ao monte, volto à caverna Sinto o bicho que sou se contorcendo em minha veia Volto ao tudo para achar a resposta mais sensata A carne dos Deuses em minha cara Simplesmente A carne dos Deuses em minha cara Eu volto ao monte A carne dos Deuses em minha cara E assim eles me mostraram: Passe dos limites da sua casa, da sua turma Se comunique sem nenhum tipo de rótulo Supere seus limites Não se conforme com a informação Busque, atreva, ultrapasse os muros impostos Atravesse a linha do seu horizonte Eleve seu espírito como um flash sem destino, em todas as direções Supere seus limites de respiração, de força, de bicho Como um macaco nu que luta incondicionalmente pela vida Então, sinta mais Abrace cada sentimento, seja ele qual for Como se abraça a quem se ama E quando precisar, chore Onde estiver, chore E um dia, dance... Um dia dance do jeito que você quiser Sem dúvida as pessoas que dançam com verdade São pessoas muito mais felizes E por mais louco que possa parecer, não me ouça Pois posso ser apenas mais um tijolo daquele muro que você quer [...]” A carne dos Deuses – Scambo, 2005.

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Pensar na questão regional é compreender que há a necessidade de superar certas dis-paridades reproduzidas no território, sob diferentes perspectivas, sejam elas intra ou inter-regionais. A presente dissertação teve como objetivo geral analisar a estrutura produtiva das regiões brasileiras e os determinantes das desigualdades intermunicipais de renda no Brasil. Ambos os temas foram estudados sob à luz das teorias da economia regional. O estudo parte de duas hipóteses que o orientam: primeiro, que os setores mais produtivos e que necessitam de menos qualificação crescem dinamicamente em períodos de crise; e, segundo, que o fator espacial ajuda a explicar os diferenciais de renda per capita no Brasil, com base em indicadores socioeconômicos como distribuição de renda, saúde, educação, infraestrutura e outros. Como procedimento metodológico, foram utilizados o método shift-share, para análise da estrutura produtiva regional, e técnicas de abordagem exploratória de dados espaciais e de econometria espacial para análise das desigualdades intermunicipais de renda no Brasil. Os dados utilizados pelo estudo são de natureza secundária provenientes de órgãos oficiais e o recorte temporal adotado equivale a períodos distintos dos anos pós-2000, compreendendo múltiplas características e momentos da economia brasileira, sejam eles períodos de crescimento econômico e/ou crise na economia. Os resultados mostram que setores como comércio e serviços geraram mais empregos no período de crise em detrimento dos setores da indústria e da construção civil, com impactos negativos no mercado de trabalho. O setor agrícola, por outro lado, mostrou forte sazonalidade em todos os períodos de análise. No que diz respeito à desigualdade de renda intermunicipal, houve uma grande diferença regional, uma vez que os clusters Baixo-Baixo prevalecem nas regiões Norte e Nordeste, enquanto os clusters Alto-Alto estão localizados em grande parte no Centro-Sul do país. Pelo exercício econométrico, foi diagnosticado pelos testes de I de Moran da regressão, Hausman e de Multiplicador de Lagrange que o modelo mais adequado para o banco de dados utilizado é o Spatial Panel Fixed Effects Lag Model. Os resultados mostraram que os indicadores de Gini, taxa mortalidade infantil, infraestrutura (domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário inadequados), densidade populacional e do PIB per capita de um município impactam positivamente e diretamente no aumento da desigualdade intermunicipal de renda. Variáveis como educação e infraestrutura (domicílios com instalações elétricas) apresentaram-se como fortes instrumentos no combate à desigualdade de renda intermuni-cipal, tanto no município em questão quanto em seus vizinhos, causando uma redução nos diferenciais de renda. De maneira geral, observou-se que as características da estrutura produtiva regional acabam concentrando um maior dinamismo econômico no Centro-Sul, em comparação às regiões mais atrasadas, como Norte e Nordeste. Além disso, conclui-se que essa desigualdade também é vista no indicador de diferenciais de renda per capita e seus determinantes.

Palavras-chave: Estrutura produtiva regional; Diferenciais de renda; Economia Regional;

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To think about the regional issue is to understand that there is a need to overcome certain disparities reproduced in the territory, from different perspectives, be they intra or interregional. The present dissertation had as general objective to analyze the productive structure of the Brazilian regions and the determinants of the inter-municipal income inequalities in Brazil. Both themes were studied in the light of regional economic theories. The study starts from two hypotheses that guide it, firstly that the most productive sectors and that need less qualification grow of dynamism in periods of crisis, and secondly, that the spatial factor helps to explain the differentials of income per capita in Brazil, based on socioeconomic indicators such as income distribution, health, education, infrastructure and others. As a methodological procedure, the shift-share method was used to analyze the regional productive structure, and techniques of exploratory approach to spatial data and spatial econometrics for the analysis the income inter-municipal inequalities in Brazil. The data used by the study are of a secondary nature from official bodies and time cut adopted is equivalent to different periods of the post-2000 years, comprising multiple characteristics and moments of the Brazilian economy, be they periods of economic growth and/or crisis in the economy. The results show that sectors such as commerce and services generated more jobs in the period of crisis to the detriment of the sectors of industry and civil construction, which have negative impacts on the labor market. The agricultural sector, on the other hand, showed strong seasonality in all periods of analysis. With regard to intermunicipal income inequality, there was a great regional difference, since the Low-Low clusters prevail in the North and Northeast regions, while the High-High clusters are largely located in the Center-South of the country. Through the econometric exercise, it was diagnosed by the Moran I, Hausman and Lagrange Multiplier tests that the most suitable model for the database used is the Spatial Panel Fixed Effects Lag Model. The results showed that the Gini indicators, infant mortality rate, infrastructure (households with inadequate water supply and sewage), population density and GDP per capita in a municipality positively and directly impact the increase in inter-municipal income inequality. Variables such as education and infrastructure (households with electrical installations) presented themselves as strong instruments in combating inter-municipal income inequality both in the municipality in question and in its neighbors, causing a reduction in income differentials. In general, it was observed that the characteristics of the regional productive structure end up concentrating a greater economic dynamism in the Center-South, in comparison to the more backward regions, such as North and Northeast. In addition, it is concluded that this inequality is also seen in the indicator of per capita income differentials and their determinants.

Keywords: Regional productive structure; Income differentials; Regional Economy; Shift-Share; Spatial Panel Fixed Effects Lag Model.

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Figura 1 – Emprego Formal por grande setor nos estados da região Norte - 2017. . 36 Figura 2 – Emprego Formal por grande setor nos estados da região Nordeste - 2017. 36 Figura 3 – Valor da Transformação Industrial - 2017 . . . 46 Figura 4 – Eixos de desconcentração, polos tecnológicos e o novo polígono de

aglomeração industrial . . . 69 Figura 5 – Diagrama de dispersão de Moran . . . 82 Figura 6 – Diagrama de dispersão de Moran indicando autocorrelação espacial

positiva (lado esquerdo) e negativa (lado direito) . . . 83 Figura 7 – Efeito Alocação do grande setor da Indústria por estados – 2000-2017 . 96 Figura 8 – Efeito Alocação no grande setor da Indústria por estados – (períodos

selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 99 Figura 9 – Efeito Alocação no grande setor da Construção Civil por estados –

2000-2017 . . . 103 Figura 10 – Efeito Alocação no grande setor da Construção civil por estados –

(períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 105 Figura 11 – Efeito Alocação no grande setor de Comércio por estados – 2000-2017 . 108 Figura 12 – Efeito Alocação no grande setor de Comércio por estados – (períodos

selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 111 Figura 13 – Efeito Alocação no grande setor de Serviços por estados – 2000-2017 . 114 Figura 14 – Efeito Alocação no grande setor de Serviço por estados – (períodos

selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 116 Figura 15 – Efeito Alocação no setor Agropecuário por estados – 2000-2017 . . . . 120 Figura 16 – Efeito Alocação no setor Agropecuário por estados – (períodos

selecio-nados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 122 Figura 17 – Diagrama de dispersão de Moran para as variáveis de renda per capita

(lado esquerdo) e de diferenciais de renda per capita (lado direito) – 2000130 Figura 18 – Diagrama de dispersão de Moran para as variáveis de renda per capita

(lado esquerdo) e de diferenciais de renda per capita (lado direito) – 2010130 Figura 19 – Mapa de significância LISA para as variáveis de renda per capita (lado

esquerdo) e de diferenciais de renda per capita (lado direito) - 2000 . . 131 Figura 20 – Mapa de significância LISA para as variáveis de renda per capita (lado

esquerdo) e de diferenciais de renda per capita (lado direito) - 2010 . . 131 Figura 21 – Mapa de clusters LISA univariado para as variáveis de renda per capita

(lado esquerdo) e de diferenciais de renda per capita (lado direito) - 2000132 Figura 22 – Mapa de clusters LISA univariado para as variáveis de renda per capita

(12)

capita em relação às demais variáveis do estudo – 2000 . . . 134 Figura 24 – Mapa de dispersão I de Moran bivariado para a variável de renda per

capita em relação às demais variáveis do estudo – 2010 . . . 135 Figura 25 – Mapa de significância LISA bivariado para a variável de renda per capita

em relação às demais variáveis do estudo – 2000 . . . 136 Figura 26 – Mapa de significância LISA bivariado para a variávelde renda per capita

em relação às demais variáveis do estudo – 2010 . . . 137 Figura 27 – Mapa de clusters LISA bivariado para a variável de renda per capita

em relação às demais variáveis do estudo – 2000 . . . 138 Figura 28 – Mapa de clusters LISA bivariado para a variável de renda per capita

em relação às demais variáveis do estudo – 2010 . . . 139 Figura 29 – Mapa de significância LISA, mapa de clusters LISA e diagrama de

dispersão de Moran univariado para a variável renda per capita – 2000 e 2010 . . . 191 Figura 30 – Mapa de significância LISA, mapa de clusters LISA e diagrama de

dispersão de Moran univariado para a variável de diferenciais de renda per capita – 2000 e 2010 . . . 192 Figura 31 – Mapa de significância LISA, mapa de clusters LISA e diagrama de

dispersão de Moran univariado para a variável de índice de Gini – 2000 e 2010 . . . 193 Figura 32 – Mapa de significância LISA, mapa de clusters LISA e diagrama de

dispersão de Moran univariado para a variável de taxa de mortalidade infantil – 2000 e 2010 . . . 194 Figura 33 – Mapa de significância LISA, mapa de clusters LISA e diagrama de

dispersão de Moran univariado para a variável de infraestrutura (infra1) – 2000 e 2010 . . . 195 Figura 34 – Mapa de significância LISA, mapa de clusters LISA e diagrama de

dispersão de Moran univariado para a variável de infraestrutura (infra2) – 2000 e 2010 . . . 196 Figura 35 – Mapa de significância LISA, mapa de clusters LISA e diagrama de

dispersão de Moran univariado para a variável de anos médios de estudo (educ) – 2000 e 2010 . . . 197 Figura 36 – Mapa de significância LISA, mapa de clusters LISA e diagrama de

dispersão de Moran univariado para a variável de densidade populacional – 2000 e 2010 . . . 198 Figura 37 – Mapa de significância LISA, mapa de clusters LISA e diagrama de

dispersão de Moran univariado para a variável de PIB per capita – 2000 e 2010 . . . 199

(13)

Figura 39 – Mapa de dispersão de I de Moran bivariado para a variável de diferenciais de renda per capita em relação às demais variáveis do estudo – 2010 . . 201 Figura 40 – Mapa de significância LISA bivariado para a variável de diferenciais de

renda per capita em relação às demais variáveis do estudo – 2000 . . . 202 Figura 41 – Mapa de significância LISA bivariado para a variável de diferenciais de

renda per capita em relação às demais variáveis do estudo – 2010 . . . 203 Figura 42 – Mapa de clusters LISA bivariado para a variável de diferenciais de renda

per capita em relação às demais variáveis do estudo – 2000 . . . 204 Figura 43 – Mapa de clusters LISA bivariado para a variável de diferenciais de renda

(14)

Tabela 1 – Distribuição relativa dos PIB’s regionais 1939-2016 (períodos selecionados) 27 Tabela 2 – Participação dos estados da região Norte no PIB e na estrutura produtiva

regional - 2016 (%) . . . 30

Tabela 3 – Participação dos estados da região Nordeste no PIB e na estrutura produtiva regional - 2016 (%) . . . 32

Tabela 4 – Índice de Gini na participação dos estados das regiões Norte e Nordeste no PIB e na estrutura produtiva regional - 2016 (%) . . . 33

Tabela 5 – Renda per capita nos estados das regiões Norte e Nordeste - períodos selecionados (1991/2000/2010) . . . 35

Tabela 6 – Taxa de desemprego por estado nas regiões Norte e Nordeste - períodos selecionados (1991/2000/2010) . . . 37

Tabela 7 – Participação no PIB nacional e na Estrutura Produtiva das regiões do Centro-Sul - 2016 (%) . . . 39

Tabela 8 – Renda média domiciliar per capita - Centro-Sul - períodos selecionados (1991/2000/2010) . . . 40

Tabela 9 – Indice de Gini da renda domiciliar per capita - Centro-Sul - períodos selecionados (1991/2000/2010) . . . 42

Tabela 10 – Emprego Formal no Centro-Sul por setor - 2017 . . . 43

Tabela 11 – Produção agrícola no Centro-Sul - 2017 . . . 45

Tabela 12 – Sinais dos possíveis do Efeitos Alocação . . . 76

Tabela 13 – Base de dados utilizada para o estudo sobre estrutura produtiva . . . . 79

Tabela 14 – Base de dados utilizada para o estudo sobre as desigualdades regionais 90 Tabela 15 – Decomposição da estrutura do emprego do setor industrial por estados em relação a sua Região e das Regiões em relação ao Brasil – 2000-2017 95 Tabela 16 – Decomposição da estrutura do emprego do setor industrial por estados em relação a sua Região e das Regiões em relação ao Brasil – (períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 98

Tabela 17 – Decomposição da estrutura do emprego do setor da construção civil por estados em relação a sua Região e das Regiões em relação ao Brasil – 2000-2017 . . . 102

Tabela 18 – Decomposição da estrutura do emprego do setor da construção civil por estados em relação a sua Região e das Regiões em relação ao Brasil – (períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 104 Tabela 19 – Decomposição da estrutura do emprego do setor de comércio por estados

(15)

selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 110 Tabela 21 – Decomposição da estrutura do emprego do setor de serviço por estados

em relação a sua Região e das Regiões em relação ao Brasil – 2000-2017 113 Tabela 22 – Decomposição da estrutura do emprego do setor de serviços por estados

em relação a sua Região e das Regiões em relação ao Brasil – (períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 115 Tabela 23 – Decomposição da estrutura do emprego do setor agropecuário por estado

em relação a sua Região e das Regiões em relação ao Brasil – 2000-2017 119 Tabela 24 – Decomposição da estrutura do emprego do setor agropecuário por

estados em relação a sua Região e das Regiões em relação ao Brasil – (períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 121 Tabela 25 – Estatísticas descritivas das variáveis utilizadas . . . 126 Tabela 26 – Índice Global de Moran relativo à variável de Renda per capita . . . . 128 Tabela 27 – Modelos de Regressão com Dados em Painel sem Dependência Espacial 142 Tabela 28 – Teste de Hausman e Teste I de Moran Global da Regressão . . . 143 Tabela 29 – Diagnóstico do Multiplicador de Lagrange para dependência espacial . 144 Tabela 30 – Teste de Hausman para modelos espaciais . . . 145 Tabela 31 – Modelos de Regressão com Dados em Painel de Efeitos Fixos com

Dependência Espacial – Lag Model . . . 146 Tabela 32 – Mensuração dos Impactos (lag, trace) . . . 149 Tabela 33 – Variação percentual do viés das variáveis independentes . . . 150 Tabela 34 – Decomposição da estrutura do emprego industrial por estados em relação

ao Brasil – 2000-2017 . . . 174 Tabela 35 – Decomposição da estrutura do emprego industrial por estados em relação

ao Brasil – (períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 175 Tabela 36 – Decomposição da estrutura do emprego do setor da construção civil por

estados em relação ao Brasil – 2000-2017 . . . 176 Tabela 37 – Decomposição da estrutura do emprego do setor da construção civil

por estados em relação ao Brasil – (períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 177 Tabela 38 – Decomposição da estrutura do emprego do setor de comércio por estados

em relação ao Brasil – 2000-2017 . . . 178 Tabela 39 – Decomposição da estrutura do emprego do setor de comércio por estados

em relação ao Brasil – (períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 179 Tabela 40 – Decomposição da estrutura do emprego do setor de serviços por estados

(16)

em relação ao Brasil – (períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 181 Tabela 42 – Decomposição da estrutura do emprego do setor agropecuário por

estados em relação ao Brasil – 2000-2017 . . . 182 Tabela 43 – Decomposição da estrutura do emprego do setor agropecuário por

estados em relação ao Brasil – (períodos selecionados) - 2000-2008 e 2009-2017 . . . 183 Tabela 44 – Efeito Alocação (UF - Brasil) para o grande setor da indústria . . . 185 Tabela 45 – Efeito Alocação (UF - Brasil) para o grande setor da construção civil . 186 Tabela 46 – Efeito Alocação (UF - Brasil) para o grande setor de comércio . . . 187 Tabela 47 – Efeito Alocação (UF - Brasil) para o grande setor de serviços . . . 188 Tabela 48 – Efeito Alocação (UF - Brasil) para o grande setor agropecuário . . . . 189

(17)

1 INTRODUÇÃO . . . 20

I

REVISÃO DE LITERATURA

25

2 ESTRUTURAS PRODUTIVAS E DESEQUILÍBRIOS INTRA REGIONAIS BRASILEIROS . . . 26

2.1 HISTÓRICO DOS DESAJUSTES REGIONAIS NO BRASIL . 26 2.2 CONFIGURAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DAS REGIÕES NORTE E NORDESTE . . . 29

2.3 AS CONFORMAÇÕES DA ECONOMIA DO CENTRO-SUL . 38 2.4 PERSPECTIVAS DE MUDANÇAS E PERSISTÊNCIA DOS PROBLEMAS . . . 47

II

REFERENCIAL TEÓRICO E EMPÍRICO

49

3 DAS CORRENTES TEÓRICAS DA ECONOMIA REGIONAL AOS FATOS ESTILIZADOS RECENTES . . . 50

3.1 A GÊNESE DA ECONOMIA REGIONAL . . . 51

3.2 TEORIA DOS DESEQUILÍBRIOS REGIONAIS . . . 55

3.3 NOVA GEOGRAFIA ECONÔMICA . . . 57

3.4 REVISÃO EMPÍRICA VOLTADA A ECONOMIA REGIO-NAL E SUAS QUESTÕES . . . 61

3.5 RELAÇÃO ENTRE AS TEORIAS E OS FATOS ESTILIZA-DOS RECENTES . . . 67

III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

71

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS . . . 72

4.1 ANÁLISE DIFERENCIAL-ESTRUTURAL PARA A ESTRU-TURA PRODUTIVA REGIONAL . . . 73

4.1.1 Método Shift-Share . . . 73

4.1.2 Aperfeiçoamento do modelo . . . 74

4.1.3 Recorte e base de dados . . . 78

4.2 ESPECIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ECONOMETRIA ES-PACIAL PARA ANÁLISE DAS DESIGUALDADES . . . 79

(18)

4.2.2 Econometria Espacial . . . 83 4.2.3 Modelos de regressão: efeitos fixos e aleatórios sem e com dependência

espacial . . . 84 4.2.4 Modelo empírico adotado . . . 88 4.2.5 Recorte e base de dados . . . 89

IV

RESULTADOS E DISCUSSÃO

92

5 ESTRUTURA PRODUTIVA REGIONAL: DECOMPOSIÇÕES

DO EMPREGO FORMAL . . . 93

5.1 DECOMPOSIÇÃO DO EMPREGO FORMAL NO SETOR

INDUSTRIAL . . . 93

5.2 DECOMPOSIÇÃO DO EMPREGO FORMAL NO SETOR

DA CONSTRUÇÃO CIVIL . . . 100

5.3 DECOMPOSIÇÃO DO EMPREGO FORMAL NO SETOR

DE COMÉRCIO . . . 106

5.4 DECOMPOSIÇÃO DO EMPREGO FORMAL NO SETOR

DE SERVIÇOS . . . 112

5.5 DECOMPOSIÇÃO DO EMPREGO FORMAL NO SETOR

AGROPECUÁRIO . . . 117

6 DETERMINANTES DA DESIGUALDADE

INTERMUNICI-PAL DE RENDA NO BRASIL – 2000/2010 . . . 125

6.1 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS . . . 125

6.2 ANÁLISE EXPLORATÓRIA DE DADOS ESPACIAIS . . . 127

6.3 MODELOS DE REGRESSÃO COM DADOS EM PAINEL

SEM DEPENDÊNCIA ESPACIAL . . . 140

6.4 MODELOS DE REGRESSÃO COM DADOS EM PAINEL

COM DEPENDÊNCIA ESPACIAL . . . 144

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . 152

(19)

APÊNDICE A – DECOMPOSIÇÕES DA ESTRUTURA DE EMPREGO POR SETOR DAS UNIDADES DA FEDERAÇÃO EM RELAÇÃO AO BRA-SIL (PERÍODOS SELECIONADOS) – 2000-2008, 2009-2017 E 2000-2017 . . . 173 APÊNDICE B – DESMEMBRAMENTO DO EFEITO

ALO-CAÇÃO (UF - BRASIL) BASEADO EM

HER-ZOG JÚNIOR E OLSEN (1977) . . . 184

APÊNDICE C – LOCAL INDICATOR OF SPATIAL ASSO-CIATION - LISA . . . 190

(20)

1 Introdução

Pensar sobre a questão regional é compreender que há a necessidade de superar certas disparidades produzidas e reproduzidas no território, sob diversas óticas, sejam elas intra ou inter-regionais. Historicamente, os estudos que versam sobre os desequilíbrios regionais são fundamentais para entender o processo de crescimento e desenvolvimento nacional. Sabe-se que os cursos desses processos são geograficamente desiguais, com inúmeros desdobramentos nos seus aspectos econômicos, sociais, culturais, ambientais e políticos.

Nas últimas décadas, tem crescido bastante a análise, em diversas escalas, dos desequilíbrios regionais, priorizando, sobretudo, os aspectos da renda, salário, emprego e produção dentre outros, além de indicadores sociais. A sua existência em um determinado momento, e quase sempre tomados em um contexto nacional, decorrem de vantagens econômicas e sociais, produzidas historicamente, mais favoráveis a determinadas regiões do que a outras (SILVA et al., 2010).

São variadas as teorias que fomentam o argumento dos desequilíbrios regionais sob a perspectiva histórica-estrutural. Williamson (1965), por exemplo, acredita que há um processo de convergência do desenvolvimento das regiões e que em fases mais avançadas desse desenvolvimento, naturalmente ocorreria uma tendência ao equilíbrio e, assim, redução das desigualdades regionais. Há, também, linhas de pensamento que relacionam os desequilíbrios existentes ao processo de colonialismo interno. Hind (1984) destacava a analogia das relações vigentes no antigo sistema colonial com a existência de setores “colonizadores” e setores “colonizados” convivendo na mesma sociedade nacional. Daí surge o problema de regiões mais favorecidas frente à outras.

Enquanto existir um padrão espacial de forma centrada no desequilíbrio territorial, polarizado e desigual, as atividades produtivas, por sua vez, terão efeitos regressivos. Esses efeitos sob à luz da chamada teoria da causação circular cumulativa, desenvolvida por

Myrdal(1968), afirma que um processo acumulativo, quando não controlado, promoverá desigualdades crescentes. Assim, uma vez que existem regiões mais favorecidas frente a outras é promovido efeitos negativos que se reverberam em concentração de renda, riqueza, poder e diversos outros elementos e que se configuram e se conformam os desequilíbrios regionais. Para Furtado (1982) e Bercovici (2003) os grandes problemas nacionais só podem ser estudados corretamente se levarem em consideração os desequilíbrios regionais presentes no território. Daí a importância de se investigar tais desajustes para se pensar em políticas públicas mais alinhadas à realidade de cada região.

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economia é bastante enfatizada no campo de estudo da Economia Regional. Para a qual autores clássicos como Von Thünen, Alfred Weber, August Lösch, Walter Christaller, Walter Isard, Albert Hischman, Gunnar Myrdal, François Perroux, dentre outros, emergem estudos e investigações sobre o processo de localização das atividades produtivas, bem como alguns enfatizam o desenvolvimento através da industrialização. O destaque tem sido a busca de uma lógica para a localização das atividades econômicas provocando efeitos diferenciados do ponto de vista regional e de sua dinâmica e por vezes atuam de forma desigual (ISARD, 1956; HADDAD et al., 1989; SILVA et al., 2010).

Assim, a Economia Regional busca conceituar, investigar e discutir as causas da riqueza regional e os motivos inerentes à formação do espaço econômico a partir das ações de aglomerações de atividades produtivas, bem como das distribuições desiguais nas regiões (ISARD, 1956, 1972)1.

O uso de ferramentas adequadas para efeitos de política pública tem sido um desafio constante no que concerne a busca por redução das desigualdades regionais dentro da própria regionalização do território. No entanto, mais recentemente, com o advento da Nova Geografia Econômica (NGE) na década de 1990, o uso do instrumental econométrico na teoria centro-periferia, desenvolvido inicialmente por Krugman(1991) e aprimorado na versão de Fujita, Krugman e Venables(1999) resgatam a economia regional dos bastidores da teoria econômica e a tornam mais uma onda de inovações produzidas pelas teorias de retornos crescentes (RUIZ, 2003).

Com base na compreensão destas teorias e no entendimento da região sob o aspecto histórico-estrutural, tem-se subsídios que auxilia no processo de diferenciação regional-espacial presente no território nacional e como a atividade econômica produz e reproduz no espaço. Esse é um exercício fundamental não só para identificar e mensurar atrasos e desigualdades regionais, mas também compreender a própria dinâmica do processo de crescimento econômico dessas regiões e estados nos últimos anos. Países de dimensões espaciais de grandes proporções, como é o caso do Brasil, os desequilíbrios regionais tendem a ser mais problemáticos.

Segundo Cano (1985), os desequilíbrios regionais brasileiros se acentuaram com maior nitidez no momento em que se intensificou o processo de industrialização nacional entre 1930 a 1980. ParaLima Júnior (2008, p.31) “está mais associado à intensificação do processo de industrialização, situado em sua maior parte no Centro-Sul”. Assim coube então, às outras regiões, notadamente o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, passarem a estimular e diversificar suas atividades produtivas em busca de elevar a produtividade e a 1 SegundoCavalcante(2008), as correntes de pensamento predominantes sobre o assunto dividiam-se em: as teorias desenvolvidas a partir dos trabalhos de Von Thünen em 1926 e de Isard em 1956, que priorizavam o fator localização; e as teorias que evoluíram a partir das abordagens de Marshall em 1890 e Keynes em 1936 cujos principais representantes foramPerroux(1967),Myrdal(1968) e Hirschman (1961), que enfatizavam o desenvolvimento através da industrialização.

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inserção no mercado interno e externo que, por sua vez, pode condicionar a promoção do desenvolvimento regional.

Muito embora, a reversão espontânea do processo de concentração regional de renda seja uma tarefa praticamente impossível e, sendo assim, a integração econômica não planejada leva ao agravamento dos desequilíbrios regionais. A solução seria por meio de uma Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR). Nesse sentido, foi justificada a intervenção planejada via órgãos de fomento ao desenvolvimento regional tais como a SUDENE, SUDAM e SUDECO2. Essas instituições promoveram acentuado crescimento em termos regionais no que se refere a infraestrutura, comércio e integração dos mercados, geração de emprego e renda, dinamismo econômico, dentre outros avanços.

Nesse contexto, o crescimento econômico alicerçado pelo fortalecimento da es-trutura produtiva nacional tem por características o desenvolvimento, modernização e ampliação de interesses econômicos nos três setores da economia. Esse modelo de cresci-mento econômico promoveu um processo de acentuada concentração de renda e riqueza nas décadas de 1980 e 1990, com retomada do crescimento econômico, modernização setorial e da distribuição de renda nos anos 2000 (RESENDE; CARVALHO; SAKOWSKI, 2013;

RESENDE et al.,2016).

Algumas políticas adotadas nas décadas de 1900 e 2000 que contribuíram para a diminuição da desigualdade e pobreza regionais no país, são o processo de desconcentração da produção industrial, o controle da inflação, a política de valorização do salário mínimo e os programas de transferência de renda (RIBEIRO et al., 2019).

Além dessas políticas, os programas de financiamento de créditos instituídos pela constituição de 1988, tais como: Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO), tem como missão contribuir para o desenvolvimento regional e econômico na tentativa de reduzir as desigualdades regionais brasileiras. A atuação se dá por meio das instituições financeiras federais de caráter regional, mediante a execução de programas de financiamento aos setores produtivos, em que fornecem financiamento de longo prazo para projetos de investimento em muitos setores diferentes, com taxas de juros subsidiadas e grandes períodos de carência (MACEDO; MATTOS, 2008).

Transformações significativas repercutiram sobre a estrutura produtiva nacional. Essas transformações econômicas que aconteciam na conjuntura brasileira se repercutiram nos anos seguintes e conforme dados das contas regionais, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em termos de participação no PIB no ano 2000, o Norte detinha de 4,6%, o Nordeste 13%, o Sudeste de 57,5%, o Sul com 17,7% e o Centro-Oeste com 7,2% da participação efetiva no PIB.

2 Superintendência para o desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), da Amazônia (SUDAM) e do Centro-Oeste (SUDECO).

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Pouco se altera nesse quadro em 2010, no comparativo com o ano 2000. O Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram as regiões que apresentaram aumento na participação do PIB em 0,7%, 3,8% e 26,4%, respectivamente. No caso do Centro-Oeste, o aumento expressivo, muito se deve ao agronegócio e as exportações, já que em 2010 o VAB agropecuário da região detinha de participação de 16,4% no VAB agropecuário do Brasil. No caso do Sul e Sudeste apresenta redução de 9,6% e 2,4%, na participação do PIB. Grande parte do processo de crescimento nacional faz parte da própria unificação econômica dos mercados regionais (IBGE, 2020a).

Mais recentemente, em 2016, o destaque se deu por conta do aumento da partici-pação do PIB das regiões Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste. Para além disso, a queda na participação do Sudeste é de 2,9%. Em termos regionais, observa-se, aparentemente, uma redução das desigualdades, muito embora a concentração de produção e riqueza esteja centrada em sua maior parte na região Sudeste. No entanto, é preciso se atentar às lacunas por meio das desigualdades intra regionais. Surge, então, os seguintes questionamentos: quais os setores de maior dinamismo na estrutura produtiva regional? Será que de fato ocorre no intervalo de 2000-2010 uma queda das desigualdades intermunicipal de renda no Brasil? O fator espacial é relevante para explicar a desigualdade nesse período de tempo? Quais os impactos?

Diante do exposto, o objetivo geral dessa dissertação é de analisar a estrutura produtiva das regiões brasileiras e os determinantes das desigualdades intermunicipais de renda no Brasil. Nessa investigação são elencados alguns objetivos específicos, como: i) explorar o histórico das desigualdades regionais no Brasil; ii) estudar os aspectos conceituais da economia regional que fortalecem o arcabouço teórico; iii) analisar a decomposição setorial e as principais características que conformam a estrutura produtiva nas regiões e nos estados brasileiros no quadro atual; iv) analisar as desigualdades intermunicipais de renda.

O estudo parte de duas hipóteses que o norteiam, primeiramente é a de que os setores mais produtivos e que necessitam de menos qualificação crescem de forma dinâmica em períodos de crise, como os setores primário e terciário, diferentemente dos setores da indústria e da construção civil3. Em segundo, de que o fator espacial ajuda a explicar os

diferenciais de renda per capita no Brasil, baseados em indicadores socioeconômicos como distribuição de renda, saúde, educação, infraestrutura e outros. Evidenciando concentração em algumas regiões frente à outras.

Esse hiato acadêmico entre estudos que versam sobre estrutura produtiva e desigualdades motivou a presente dissertação, sendo importante ressaltar à busca por evidências empíricas e mensuração das características das regiões. Através de técnicas aperfeiçoadas, como é o caso do shift-share com mudanças no modelo original deDunn

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(1960), bem como utilizando o acabou teórico e empírico da Nova Geografia Econômica através de ferramentas das ferramentas que levam em consideração o fator espacial, como é o caso da Econometria Espacial.

Portanto, mensurar os desequilíbrios regionais de um país é uma difícil e relevante tarefa da economia regional. Se trata de um importante aspecto compreender que os problemas de disparidades regionais são, por vezes, problemas estruturais da formação econômica e que geram gargalos e ausência de desenvolvimento equilibrado na região. Entender o processo que leva a tais concentrações ajuda a identificar os problemas de desigualdades nas territorialidades econômicas de cada região.

Além dessa introdução e das considerações finais, a dissertação é composta por mais cinco capítulos. No segundo capítulo são abordadas as estruturas produtivas e desequilíbrios regionais brasileiros. O terceiro capítulo revisa a gênese da economia regional e das principais teorias dos desequilíbrios regionais, bem como uma revisão empírica. O quarto apresenta os procedimentos metodológicos. O quinto apresenta os resultados obtidos da análise da estrutura produtiva regional. No sexto capítulo, tem-se os resultados do modelo econométrico adotado para os determinantes da desigualdade intermunicipal de renda no Brasil. Por fim, logo após as considerações finais, tem-se as referências e os apêndices.

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2 ESTRUTURAS PRODUTIVAS E DESEQUILÍBRIOS

IN-TRA REGIONAIS BRASILEIROS

No Brasil, as desigualdades inter e intra regionais são problemas fundamentalmente marcados pelo passado histórico de formação e consolidação das estruturas econômicas produtivas regionais. Algumas regiões como Norte e Nordeste devido a diversos fatores saem atrás em termos de desenvolvimento regional, diferentemente do Centro-Sul que é mais avançado em termos de estrutura produtiva.

Nesse ínterim, os fatores econômicos e sociais das regiões moldaram as carac-terísticas dos setores da economia e das suas próprias estruturas produtivas regionais. Alinhado a essas características, o processo de crescimento ou desenvolvimento é, por definição, geograficamente desigual, com inúmeros desdobramentos na vida econômica, social, demográfica, cultural e política de um país (SILVA et al., 2010).

Nesse sentido, o presente capítulo, tem como objetivo explorar o histórico das desigualdades regionais no Brasil e analisar alguns fatores econômicos e sociais das regiões, na tentativa de analisar os desequilíbrios em termos de estrutura produtiva intra regional, bem como compreender as perspectivas de mudanças e persistência dos problemas.

2.1

HISTÓRICO DOS DESAJUSTES REGIONAIS NO

BRA-SIL

Os desequilíbrios ou desajustes regionais brasileiros se acentuaram com maior nitidez no momento anterior em que se intensificou o processo de industrialização nacional. ParaCano (1985) e Diniz (2001) é no seu processo de formação, datado no período 1880 a 1930, que se forjam as bases das desigualdades regionais no Brasil, com a dinâmica diferenciada das várias regiões brasileiras.

Esse processo pode ser compreendido em dois momentos distintos, são eles: i) de 1930 a 1955 e ii) de 1956 a 1970. SegundoCano (1977,1985) no primeiro momento, da década de 30 até meados dos anos cinquenta, tem-se a alteração do padrão de acumulação de capital e, dessa forma o país ingressa na chamada industrialização “restringida”. No segundo momento, entre o período de 1956 a 1970, que é quando o padrão se altera e são implantadas as indústrias produtoras de bens de produção e consumo durável, tem-se a chamada industrialização “pesada”.

A fase da indústria “restringida” é assim denominada por conta que a reprodução do capital dependia do setor externo e da capacidade de importar. É nessa fase, que

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há a consolidação da posição hegemônica do capital produtivo industrial, extremamente concentrado num espaço regional restrito, o Centro-Sul (mais especificamente em São Paulo). Esse processo de concentração regional acontece e agrava cada vez mais as desigualdades regionais, assim coube as demais regiões passarem estimular e a dinamizar suas atividades produtivas como forma de se inserir no mercado nacional.

O processo de industrialização “pesada”, brasileira teve início com maior consis-tência no Governo de Juscelino Kubistchek, iniciada na segunda metade da década de 1950. Essa última etapa tomou proveito do momento internacional favorável. Durante esse período já era visível a forte concentração, no Centro-Sul, dos setores dinâmicos da estrutura produtiva nacional (CANO, 2008).

O problema dos desajustes regionais surge assim, com intensidade, nesse momento em função da unificação dos mercados nacionais. É desse modo que é promovido o chamado hiato econômico entre às regiões do Centro-Oeste, Norte e Nordeste com as regiões do Sul e Sudeste. Imprimindo traços e características típicas de economias dualistas.

Os dados apontam que há mais de setenta anos tem-se uma concentração econômica regional em que a participação da região Sudeste no PIB nacional é de mais de 50%. Conforme dados do IBGE (2020a), apresentado na Tabela 1, houve mudanças, porém, mantêm-se uma grande diferença das participações das regiões no PIB.

Tabela 1 – Distribuição relativa dos PIB’s regionais 1939-2016 (períodos selecionados)

Regiões 1939 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2016 Norte 2,7 1,7 2,2 2,3 3,3 4,9 4,6 5,3 5,4 Nordeste 16,7 14,6 14,8 12,0 12,2 12,9 13,0 13,5 14,3 Sudeste 63,2 65,6 62,8 65,0 62,1 58,8 57,5 56,1 53,2 Sul 15,3 16,3 17,8 17,0 17,3 18,2 17,7 16,0 17,0 Centro-Oeste 2,1 1,8 2,4 3,7 5,1 5,2 7,2 9,1 10,1

Fonte: Elaboração própria com base nos dados disponibilizados peloIBGE(2020a).

A maior composição do PIB brasileiro no período apresentado acima, foi fortemente concentrado na Região Sudeste, com extensa participação do estado de São Paulo. Contudo essa participação vem caindo ao longo dos anos. Conforme observado por Brandão (2019) tem-se reduzido a concentração espacial e, consequentemente as desigualdades regionais. Porém, medidas devem ser tomadas como forma de planejar o desenvolvimento regional que viabilize não só as reduções das disparidades regionais, mas, sobretudo, das desigualdades sociais dentro de cada região1.

1 Entende-se que tanto as desigualdades regionais, quanto as desigualdades sociais, coexistem em um mesmo espaço, ou seja, não há uma sem a outra. No entanto, as desigualdades sociais em regiões atrasadas são mais preocupantes do que em regiões mais desenvolvidas.

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Para além da unificação dos mercados nacionais, nos últimos anos, sobretudo de 1970 a 2016, observa-se que a participação na composição do PIB regional é quase dobrada na região Centro-Oeste, passando de 3,7% para 10,1%. Isso pode ser explicado pelo fato de que houve uma participação elevada no que diz respeito a comercialização de commodities, ampliando a produção agrícola e geração de novos postos de trabalho. No Norte e no Nordeste, o aumento nesse período foi de apenas 3,1% e 2,1%, respectivamente. Já no Sul apresentou a mesma participação de 17%, e no Sudeste há uma redução da participação na composição do PIB, 65,0% para 53,2%. Não necessariamente tenham sido reduzidas suas produções, mas em termos agregados, começa a perder espaço no mercado nacional, muito embora essas duas regiões concentrem mais de 70% do PIB do país no ano de 2016. Ocorrendo assim um processo de descentralização produtiva no país.

Diniz (2001) entende que a descentralização produtiva no Brasil se caracterizou por ser mais uma realocação industrial do que uma descentralização de capitais. Segundo ele, isso se deve ao fato que a descentralização do principal centro produtor brasileiro (São Paulo), ter ocorrido em grande parte dentro do próprio território. Assim, as indústrias rea-locaram algumas de suas filiais para cidades interioranas, no entanto estas se apresentavam como pontos estratégicos, próximas a capital ou a região metropolitana de São Paulo.

Esses processos de desconcentração industrial no Brasil sempre tiveram o incentivo do Estado, seja por meio de políticas econômicas ou mesmo de projetos e programas de outras instituições com apoio da União. ParaBercovici (2003) e Pereira (2004), o Estado brasileiro é o principal promotor do desenvolvimento e, em virtude disso, terá que lidar com um dos principais problemas ligado a formação do Estado nacional: as desigualdades regionais.

A existência dessas desigualdades é um problema da sociedade nacional como um todo, não apenas dos residentes nas regiões menos desenvolvidas. Para Furtado(1982) e

Bercovici (2003) os grandes problemas nacionais só podem ser estudados corretamente se levarem em consideração os desequilíbrios regionais tanto na sua forma inter quanto na sua forma intra regional.

Para tanto, nas próximas seções, serão exploradas algumas características econô-micas e sociais dessas desigualdades regionais. Primeiramente, às regiões Norte e Nordeste e, em seguida, o Centro-Sul, que contempla às regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil.

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2.2

CONFIGURAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DAS

RE-GIÕES NORTE E NORDESTE

Tanto a região Norte, quanto a região Nordeste, apresentaram no seu passado grandes dificuldades para se desenvolver e integrar ao mercado nacional. Foram diversos fatores que colaboraram para que houvesse tamanha desigualdade inter-regional. Dentre eles estão as questões climáticas, ambientais, políticas e, sobretudo, os aspectos econômicas e sociais. Nessa seção, foram analisados esses dois últimos aspectos enfatizando as características intra regionais presentes nas regiões Norte e Nordeste nos últimos anos.

Até o final da década de 1960, a expansão econômica da região Norte estava vinculada à diferentes flutuações do ciclo da borracha, principal fator de atração de mão de obra de outras regiões, principalmente da região Nordeste. A Amazônia recebeu discreta atenção do governo federal. SegundoBarbosa (2004) nem mesmo com a implementação do Plano de Valorização Econômica da Amazônia, que detinha a união, os Estados e os Territórios (Guaporé, Rio Branco e Amapá) de aplicarem anualmente até 3% de suas rendas tributárias na região, sob a responsabilidade da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), impediu que esta fase ficasse conhecida como de estagnação. Após 1966, que SPVEA foi transformada na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM).

A década de 1970 foi marcada pelo ambicioso projeto dos governos militares em tentar ocupar a Amazônia mediante construções de estradas explorando as fronteiras. Esta ação incluiu incentivos fiscais, financeiros e investimentos estatais com participação de capital privado, além da criação de órgãos regionais de desenvolvimento (BARBOSA,2004;

DINIZ,2009).

Após a fase do “milagre econômico” dos governos militares, a partir de meados dos anos 1970 começou a desaceleração da economia brasileira, enquanto a Região Norte apresenta um desempenho muito bom. De acordo com Buarque, Lopes e Rosa (1995), no período 1975-1980, a região apresentou a mais alta taxa anual de crescimento de sua história – 15,8%, que representou mais do dobro da taxa anual de crescimento do país que foi de 6,4% no mesmo período. Entre 1980 e 1990, a economia da Região Norte cresceu quase cinco vezes mais que a economia nacional, sob o estímulo dos investimentos públicos em infraestrutura (sobretudo um aumento dos municípios com abastecimento de energia e melhores condições de saneamento básico) e na atividade produtiva minero-metalúrgica (BARBOSA,2004). Mais ainda, de acordo com dados oficiais do Instituto de Econômica Aplicada (IPEA), entre 1996 e 2000, o PIB do Brasil cresceu em média, 2,3%, enquanto o PIB da Região Norte foi de 3,9% (DINIZ,2009).

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do governo federal em tentar estabelecer metas prioritárias nas zonas selecionadas com critérios econômicos para fins de desenvolvimento regional. Para tanto, a estratégia apoiou-se basicamente em duas frentes: integração física, econômica e cultural da comunidade brasileira em direção ao Nordeste e ao Centro-Oeste; e ocupação e expansão econômica visando atrair excedentes populacionais de outras áreas.

De acordo com dados do Censo de 2000 (IBGE, 2020b), o Norte tinha uma população de 12,9 milhões de habitantes, a segunda menor do país, após a região Centro-Oeste (11,3 milhões). Desse total, cerca de 70% residem na zona urbana e 30% na zona rural, sendo que para o Brasil a distribuição é de 81% de residentes na zona urbana e 19% na rural. Quanto à distribuição por sexo, 50,6% são homens e 49,6% são mulheres.

Em termos intra regionais, até início dos anos 2000, o PIB do estado do Amazonas crescia acima da média nacional, assim como o contingente populacional devido à migração do resto do país e do interior do estado para a capital, Manaus (BARBOSA, 2004). No entanto, em estudos mais recente, observou-se que a economia paraense avança em termos de maior participação na economia da região Norte e em termos demográficos.

Por meio da Tabela 2 para o ano de 2016, é observado que a maior participação do PIB se concentra nos estados do Pará (40,9%) e Amazonas (26,4%), como já era esperado. Juntos somam mais de 65% da composição do PIB da região Norte.

Tabela 2 – Participação dos estados da região Norte no PIB e na estrutura produtiva regional - 2016 (%)

RO AC AM RR PA AP TO

Participação no PIB 11,7 4,1 26,4 3,3 40,9 4,3 9,4

Participação na Estrutura Produtiva

- Produto Agropecuário 14,5 4,3 17,4 1,7 50,7 0,8 10,7

- Produto Industrial 9,1 1,5 36,7 1,2 43,9 2,2 5,3

- Produto de Serviços 12,0 4,4 24,4 3,2 41,1 4,6 10,3 Fonte: Elaboração própria com base nas Contas Regionais -IBGE(2020c).

Vale destacar que a maior participação na estrutura produtiva da região Norte é a do estado do Pará. Com mais de 50% do produto agropecuário, 43,9% do produto industrial e 41,1% do produto total do setor de serviços. De modo geral, nos três segmentos é o estado com maior participação. Outro ponto importante, é referente a baixa participação dos estados de Amapá, Roraima e Acre na estrutura produtiva. Se tratam de unidades da federação em que suas economias são baseadas, principalmente, no setor terciário, com registros de alta taxa de crescimento, nos últimos anos conforme dados disponibilizados peloIBGE (2020c).

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Segundo Barbosa(2004), dentro do estado do Amazonas, o maior da região Norte em termos de extensão territorial, a concentração econômica e demográfica é muito forte na sua capital. A autora afirma que na Amazônia e região Norte, em períodos mais recentes, aprofundam-se as questões ambientais, étnicas, demográficas e principalmente sociais, desnudando diferenças próprias da região.

O caso da região Nordeste é particularmente interessante pelo modo como a região foi marcada no seu passado histórico. Furtado (1977) relata a herança colonial/escravista da região e a lenta recuperação de suas exportações ao longo do século XIX e sua difícil complementação com as economias do Sul do país. Dos componentes do complexo Nordestino, Furtado (1977) explicou que tanto a pecuária2 quanto a agricultura de

subsistência3, contribuíram para a formação de um imenso reservatório de mão de obra.

Até por volta de 1910, o complexo Nordestino não conseguiu superar sua formação estrutural, que se refletia no problema de excedente e no problema de mercado. Com isso às mudanças de produção pouco se alteram qualitativamente, perpetuando baixos salários e baixa produtividade e eficiência, reedificando à estrutura e à dinâmica de demanda de bens de consumo (GUIMARÃES NETO, 1997).

Até meados do século XX, o Nordeste brasileiro era uma região esquecida, causando um atraso econômico e social em relação ao centro da economia do país. O desconhecimento dos fatores responsáveis pelo atraso gerava a incapacidade de elaborar planos de diretrizes que modificassem o cenário. As disparidades regionais eram cada vez mais crescentes. Os problemas do Nordeste foram agravados por interesses da elite, o que levou o Governo Federal a intervir no desenvolvimento da região através de política regional. No Governo JK, foi criado o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), que teve como função fazer um estudo exaustivo da Região. É, contudo, ao final do Governo de Juscelino, que é justificada a intervenção planejada via SUDENE (CANO, 2000; LIMA JÚNIOR, 2008).

A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE)4 tinha como

objetivo proporcionar ações de fomento ao desenvolvimento do Nordeste, dentre elas destacava-se a política dos incentivos fiscais5 e a correção das distorções intra regionais.

Proposta por Celso Furtado - à frente do GTDN -, a superintendência tinha como função orientar a utilização de seus recursos, “para lograr: i) a elevação da produtividade da 2 Com o papel histórico de ocupação territorial, consolidação de um regime latifundiário de propriedade de terra, nestas condições a maioria da população livre se integra na situação de “morador de condição”. 3 Fatores como a exígua urbanização, os altos custos de transportes, a relativa autossuficiência da pecuária e do açúcar e a pequena dimensão da propriedade reforçaria o círculo vicioso da pouca dinamicidade dessa agricultura, principalmente em termos de mercado e acumulação de capital. 4 A SUDENE, foi criada pela Lei no 3.692, de 15 de dezembro de 1959.

5 O sistema de incentivos fiscais era basicamente centrado na isenção total ou parcial do imposto sobre a renda, para subsidiar o investimento privado no Nordeste, a partir da criação da SUDENE (CANO, 2000)

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agricultura, ii) a modernização da infraestrutura regional de transportes, comunicação, energia e saneamento básico; e, iii) a utilização intensiva dos recursos naturais da região” (BONAVIDES, 1971, p.18). Muito embora a premissa da Superintendência fosse levar o

desenvolvimento para a Região Nordeste, desconcentrando os empreendimentos, houve concentração de investimentos em alguns estados como Bahia, Ceará e Pernambuco.

A região apresenta concentração histórica de investimentos nesses estados, prin-cipalmente por conta da guerra fiscal ocorrida com maior consistência nos anos 1990. Contudo, diferentemente da região Norte, a região Nordeste se configura no ano de 2016, com importantes participações dos nove estados. Há, ainda, concentração muito alta no maior estado em termos de extensão territorial e populacional, a Bahia, com 28,8%. Seguida pelos estados de Pernambuco (18,6%) e do Ceará (15,4%). Conforme demonstrado na Tabela 3:

Tabela 3 – Participação dos estados da região Nordeste no PIB e na estrutura produtiva regional - 2016 (%)

MA PI CE RN PB PE AL SE BA

Participação no PIB 9,5 4,6 15,4 6,7 6,6 18,6 5,5 4,3 28,8

Participação na Estrutura Produtiva

- Produto Agropecuário 12,4 3,8 11,7 3,9 4,4 12,7 13,8 3,5 33,8

- Produto Industrial 8,5 3,0 15,1 6,6 5,3 18,4 3,6 4,5 35,0

- Produto de Serviços 9,2 4,6 16,4 6,5 6,4 19,1 5,3 4,1 28,4 Fonte: Elaboração própria com base nas Contas Regionais -IBGE(2020c).

Importante participação no PIB regional se dá aos estados do Maranhão e Alagoas, com alto peso do produto agropecuário de ordem de 12,4% e 13,8%, respectivamente. E, além disso, identifica-se que os estados do Piauí e Sergipe apresentam mais baixa participação no PIB como estruturas produtivas mais atrasadas com participação inferior a 5% no total da região.

A desigualdade pela forma inter e intra regional ainda prevalece nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Essas regiões durante muito tempo apresentam atrasos em relação as demais regiões do país. Pela ótica intra regional, a própria guerra fiscal que imperou com maior força nessas regiões de acordoPereira (2015), promoveu maior hiato econômico entre os estados.

A Tabela 4 demonstra, por meio do Índice de Gini, a participação no PIB e na estrutura produtiva regional desses estados. No Norte, a maior desigualdade reside nos estados mais ricos da região. O destaque é para o estado do Amazonas e Pará em relação ao Produto Interno Bruto, muito embora apresentem queda nos últimos anos, sobretudo no Pará, ainda é discrepante a desigualdade existente, conforme atentaBarbosa (2004)

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concentra, historicamente, nas capitais Manaus e Belém. Já às menores disparidades em termos de PIB identificados pelo índice de Gini é referente aos estados de Rondônia e Acre, com 0,69 no ano de 2016.

Tabela 4 – Índice de Gini na participação dos estados das regiões Norte e Nordeste no PIB e na estrutura produtiva regional - 2016 (%)

Estados/ Regiões Índice de Gini -VAB agropecuário Índice de Gini -VAB da indústria Índice de Gini -VAB dos serviços

2000 2010 2016 2000 2010 2016 2000 2010 2016 RO 0,36 0,31 0,32 0,72 0,84 0,84 0,67 0,70 0,71 AC 0,45 0,32 0,31 0,80 0,86 0,82 0,73 0,73 0,72 AM 0,44 0,53 0,55 0,96 0,97 0,97 0,86 0,80 0,80 RR 0,40 0,28 0,39 0,80 0,87 0,85 0,72 0,77 0,76 PA 0,47 0,46 0,49 0,91 0,91 0,87 0,77 0,70 0,68 AP 0,34 0,45 0,34 0,80 0,80 0,74 0,80 0,80 0,79 TO 0,52 0,50 0,48 0,84 0,87 0,88 0,71 0,71 0,73 NO 0,51 0,54 0,55 0,94 0,94 0,92 0,81 0,78 0,77 MA 0,39 0,48 0,47 0,84 0,90 0,89 0,75 0,73 0,67 PI 0,44 0,58 0,58 0,89 0,92 0,90 0,78 0,71 0,62 CE 0,40 0,47 0,50 0,88 0,90 0,89 0,80 0,73 0,67 RN 0,51 0,62 0,66 0,87 0,91 0,88 0,77 0,75 0,68 PB 0,54 0,52 0,56 0,90 0,92 0,91 0,76 0,77 0,71 PE 0,47 0,53 0,61 0,87 0,90 0,89 0,78 0,74 0,68 AL 0,50 0,53 0,63 0,84 0,88 0,89 0,74 0,74 0,67 SE 0,44 0,46 0,50 0,83 0,84 0,84 0,75 0,71 0,64 BA 0,55 0,58 0,57 0,91 0,91 0,90 0,79 0,73 0,66 NE 0,55 0,60 0,62 0,90 0,92 0,91 0,80 0,82 0,79

Fonte: Elaboração própria com base nas Contas Regionais -IBGE(2020c).

As desigualdades que predominam no VAB do setor agropecuário são concentradas nos estados do Amazonas e Pará, com tendência crescente. A indústria, por sua vez, é concentrada e em alguns estados é quase 100%, no caso do estado do Amazonas, Pará e Tocantins são estados que mais predominam em termos de concentração na capital e regiões próximas. O setor de serviços, assim como em outras regiões vem reduzindo as desigualdades. Os estados do Acre, Amazonas, Pará e Amapá têm apresentado queda no Índice de Gini nesse setor.

Na região Nordeste, em termos de desigualdades intra regionais, observa-se que o PIB apresenta maior concentração nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco

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e Bahia, sendo que neste último ocorre reduções das desigualdades, muito embora ainda estejam elevadas. No que se refere ao VAB agropecuário, o Nordeste como um todo apresenta aumento das disparidades entre o ano 2000 e 2016, saindo de 0,55 para 0,62. A maior concentração está no estado do Rio Grande do Norte, na faixa Oeste do estado, conforme observado porAlves, Lima Júnior e Pereira (2019). Chama-se atenção para a alta concentração do Valor Adicionado Bruto da Indústria na região Nordeste, com 0,91 em 2016.

O Índice de Gini captou um crescente aumento das desigualdades no setor indus-trial. Identificado como altamente concentrado em todos os estados, no ano de 2016, o valor do índice é de 0,92 no Norte e 0,91 no Nordeste. É relevante destacar duas características desse setor. Uma delas é a concentração intra estadual, mais comum nas capitais e regiões metropolitanas e a segunda é a ocorrência do processo denominado de desindustrializão em curso no país, conforme evidências e estudos elaborados por Nassif (2008), Oreiro e Feijó(2010), Cano (2012) e Silva e Lourenço(2014).

Já o Setor de serviços apresenta queda de concentração em todos os estados, uma queda virtuosa, maior dispersão e interiorização nesse segmento nos estados nordestinos. O que de fato impacta no aumento da renda per capita da população.

A renda per capita na região Norte tem crescido bastante, conforme demonstrado pela Tabela 5, superando em 2010 a renda per capita da região Nordeste. Vale ressaltar que estas regiões são as com menor renda per capita do país. Portanto, em 2010, o Nordeste é o estado mais pobre em termos per capita do Brasil. Demonstrando a fragilidade econômica e social e a necessidade de um planejamento estratégico de âmbito nacional visando o desenvolvimento regional, conforme ressaltado por Diniz(2001).

No Norte, os estados de Roraima (em 1991) e Rondônia (em 2000 e em 2010) foram os que apresentaram maior renda per capita regional. Os estados de baixa renda per capita foram Tocantins em 1991 e Pará nos anos 2000 e 2010. O Norte como um todo em 2010 apresentou renda per capita média de 543,91 reais.

No caso do Nordeste, Maranhão é o estado historicamente mais pobre, não só do Nordeste, mas no âmbito nacional. E os estados de Pernambuco (nos anos de 1991 e 2000) e Rio Grande do Norte (no ano de 2010) apresentaram maior renda per capita regional. No entanto, conforme estudo de Carvalho(2014, p.180), o Nordeste continua a ser a região do Brasil “com os indicadores sociais mais problemáticos, resultado da sua pobreza econômica, combinada com uma estrutura fundiária carente de modernização e com disparidades na distribuição da renda”. Esta tem sido uma característica marcante na região e é nesse sentido que se dá a preocupação com a questão regional, já que ambas às regiões estão bem à baixo da média nacional.

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Tabela 5 – Renda per capita nos estados das regiões Norte e Nordeste - períodos selecio-nados (1991/2000/2010)

Estados/

Regiões Renda per capita

Média Final 1991 2000 2010 Rondônia 242,4 462,00 646,78 450,39 Acre 224,04 357,21 497,44 359,56 Amazonas 271,24 342,97 508,28 374,16 Roraima 347, 27 458,26 578,38 461,30 Pará 214, 54 331,96 429,57 325,36 Amapá 292, 21 416,67 575,42 428,10 Tocantins 192, 8 339,65 571,51 367,99 Norte 254,93 386,96 543, 91 360,92 Maranhão 123,89 217,01 348,72 229,87 Piauí 138,13 253,37 408,27 266,59 Ceará 177,98 307,28 445,88 310,38

Rio Grande do Norte 193,66 346,96 531,56 357,39

Paraíba 161,49 295,79 462,29 306,52 Pernambuco 216,67 362,01 508,82 362,50 Alagoas 169,54 276,41 421,32 289,09 Sergipe 198,64 322,26 508,2 343,03 Bahia 187,83 315,98 481,18 328,33 Nordeste 174,20 299,67 457, 36 314,04 Brasil 348,47 585,94 767,02 567,14

Fonte: Elaboração própria com base nos Censos Demográficos -IBGE(2020b).

No âmbito do emprego formal, à região Norte em termos intra regional concentra no estado do Pará a maior quantidade de pessoas empregadas. Em todos os cinco setores considerados. À baixa participação de Acre, Amapá e Roraima reproduz não só uma estrutura produtiva mais atrasada, mas também maior número de desempregados em termos formais. A Figura 1, mostra a relação dos empregos formais por grande setor da região e como estão distribuídos em cada um dos sete estados. Desse modo, se torna mais evidente identificar as potencialidades de cada estado. No caso dos empregos formais da indústria, nota-se que 36,7% dos empregados são do estado do Pará, outros 36% do estado do Amazonas e, em seguida, vem Rondônia com 14,2%. De maneira geral, o estado do Pará concentra a maior parte dos empregados formais nos setores da construção civil (50,7%) e agropecuária (53,5%). Logo, considera-se o estado que mais emprega na região,

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muito embora a renda per capita seja uma das mais baixas da região em 2010, conforme Tabela 5.

Figura 1 – Emprego Formal por grande setor nos estados da região Norte - 2017.

Fonte: Elaboração própria com base em dados da RAIS/MTE (2019).

No caso do Nordeste, é evidente que a maior parcela de empregados formais no ano de 2017 esteja ainda nos estados que historicamente são considerados os mais ricos: Bahia, Ceará e Pernambuco.

Figura 2 – Emprego Formal por grande setor nos estados da região Nordeste - 2017.

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De acordo com a Figura 2, com base nos dados da RAIS/MTE(2019) esses três estados são responsáveis por mais de 50% dos empregos nos cinco setores analisados na região. Algo expressivo e preocupante.

Trata-se de uma das regiões mais pobres do país, com menor renda per capita, estrutura produtiva mais desenvolvida concentrada em três estados. Isso demonstra um elevado desequilíbrio intra regional. Até mesmo no que se refere à taxa de desemprego, sendo à região Nordeste a que apresenta taxa superior à média nacional no período analisado. Conforme demonstrado na Tabela 6.

Tabela 6 – Taxa de desemprego por estado nas regiões Norte e Nordeste - períodos selecio-nados (1991/2000/2010)

Estados/

Regiões Taxa de desemprego

Média Final 1991 2000 2010 Rondônia 3,46 9,88 5,31 6,22 Acre 4,5 11,81 7,54 7,95 Amazonas 9,33 19,27 9,54 12,71 Roraima 9,64 14,28 7,51 10,48 Pára 5,57 13,53 9,02 9,37 Amapá 8,89 19,06 11,62 13,19 Tocantins 3,9 13,54 7,14 8,19 Norte 6,04 14,47 8,54 9,68 Maranhão 4,41 11,48 8,54 8,14 Piauí 3,95 10,31 7,82 7,36 Ceará 4,09 12,92 7,59 8,20

Rio Grande do Norte 6,34 16,00 9,79 10,71

Paraíba 4,91 14,02 8,57 9,17 Pernambuco 7,27 18,01 10,95 12,08 Alagoas 6,59 17,28 10,65 11,51 Sergipe 6,48 16,26 10,18 10,97 Bahia 6,91 17,85 10,73 11,83 Nordeste 5,88 15,50 9,63 10,34 Brasil 4,90 14,67 7,42 9,00

Fonte: Elaboração própria com base nos Censos Demográficos -IBGE(2020b).

Ambas às regiões apresentam elevadas taxas de desemprego. Um olhar para dentro do território nortista, observa-se que o desemprego na década de 1990 foi alarmante, devido ao momento conjuntural instável que passava a economia brasileira. Vale destacar

Referências

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