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Relação institucional entre o Centro Estadual de Combate a Homofobia e outros órgãos governamentais:

A transversalidade das políticas é uma característica bastante defendida por integrantes dos movimentos sociais e gestores/as de políticas públicas, sobretudo, por políticas de ação afirmativa. O caráter transversal das políticas afirmativas se faz necessário em uma sociedade que tem seu pensamento e suas práticas organizadas em modelos cartesianos, positivistas e fragmentados.

Como sujeitos/as historicamente subalternizados, como o de mulheres, negros/as, LGBT, entre outros/as, dependem de ações governamentais em distintos campos político-

administrativos (como a educação, a saúde, a assistência, a segurança, a cultura, o esporte, lazer, etc.) para terem assegurados diferentes direitos, é compreensível que os movimentos defendam a transversalidade das políticas.

Entretanto, a formação histórica do Estado conformou um modelo rigidamente departamentalizado, o que dificulta o desenvolvimento de ações integradas e complexas. Nesse sentido, uma alternativa ao modelo hegemônico de organização estatal pensada por militantes foi lutar pela criação de estruturas governamentais imbuídas da função de transversalizar as políticas públicas no conjunto do governo em tais estruturas estão inseridas.

Deste modo, os departamentos de políticas afirmativas (normalmente com nomenclaturas indicando segmentos específicos, como a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal, por exemplo) ficaram com a tarefa de “provocar” outros organismos governamentais para desenvolver aquilo que entendemos por políticas transversais nos seus departamentos.

Se por um lado essa forma de governar produziu resultados importantes, inéditos e eficazes, por outro gerou instabilidades, disputas e precariedades. É o argumento da transversalidade, inclusive, que muitas vezes vai justificar a ausência de orçamento para os órgãos responsáveis pelas políticas afirmativas. Nessa lógica, as Secretarias “clássicas” (Educação, Saúde, Assistência Social, etc.) detem os recursos necessários e o papel das instituições afirmativas seria o de articular, negociar, pactuar e convencer as Secretarias (ou Ministérios) a desenvolverem as políticas afirmativas no setor correspondente.

Inspirados nas reflexões do autor marxista italiano Antônio Gramsci, compreendemos que o Estado não é um ente homogêneo, harmônico e convergente, ao contrário, trata-se de uma instância concreta (ou mais precisamente, de uma arena), composta por atores e atrizes reais, dotados de diferentes concepções e visões de mundo, o que o torna heterogêneo, contraditório, divergente e em disputa. A ideia de projetos políticos (DAGNINO, 2006) é uma ferramenta analítica que nos ajuda a refletir sobre o caráter instável do Estado. Essa heterogeneidade é ainda mais saliente no caso do sistema político brasileiro, caracterizado pela extrema fragmentação partidária, pelo federalismo (que implica a existência de três instâncias de governo, a saber, União, Estados e Municípios) e pelo chamado “presidencialismo de coalizão”, no qual o poder executivo nacional é estruturado por forças políticas muitas vezes ideologicamente antagônicas entre si (DAGNINO, 2006).

projetos políticos, chegaremos à conclusão de que ele também carrega visões – e práticas – conservadoras, elitistas e discriminatórias. Os conceitos de homofobia, racismo e machismo institucional demonstram que o Estado expressa ideologias e que o exercício da transversalidade é mais desafiador do que se imagina.

Nessa direção, se o Estado é um ente com diferentes projetos políticos e se os departamentos de políticas afirmativas não detêm autonomia política e financeira, dependendo das alianças, do convencimento e das afinidades ideológicas de outras instâncias, logo temos estabelecida uma relação hierárquica e subordinada das políticas para LGBT (e outros segmentos sociais) perante as políticas tradicionais como Educação, Saúde, Segurança, etc.

Foi com esta noção política e teórica que buscamos descobrir como o CECH se relaciona com outras institucionalidades para emplacar os seus serviços, atividades, ações e, portanto, os seus projetos políticos. Nessa direção, questionamos aos/às sujeitos/as da pesquisa quais órgãos, secretarias e Ministérios eram mais cooperativos e “abertos” e os mais difíceis e “fechados” para lidar com ações sobre diversidade sexual e de gênero.

O atual coordenador do CECH, Miguel, informou que, em âmbito estadual, as instâncias mais difíceis de trabalhar eram a Secretaria de Defesa Social, a de Educação e a de Ressocialização (esta última, responsável pelo sistema carcerário), que trata-se de uma Secretaria Executiva subordinada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, a mesma que administra o CECH. Já as secretarias mais parceiras seriam as de Saúde, Assistência Social e a Secretaria da Mulher. Esta última, com algumas ressalvas, pois Miguel acredita que o órgão foca mais nas mulheres cisgênero em detrimento das mulheres travestis e transexuais, uma forte evidência do quanto o biológico ainda influi nas políticas de gênero. Em âmbito federal, Miguel cita a parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República no contexto do Disque 100, mas desabafa que é pouca a relação entre Governo de Pernambuco e Governo Federal.

O Psicólogo Davi também elenca duas Secretarias estaduais como sendo bastante difíceis de dialogar e firmar parcerias: a de Defesa Social e a da Mulher. Na de Defesa Social, a grande dificuldade é construir atividades formativas com a Polícia Militar, como já dito na seção anterior, dotada de grande resistência corporativa expressa pela homofobia de seus integrantes. Davi possui percepção semelhante à de Miguel em relação à visão predominante na Secretaria Estadual da Mulher de que suas políticas devem abarcar exclusivamente mulheres cisgênero, ou seja, aquelas nascidas com o sexo

biológico feminino. Essa visão, fortemente influenciada por uma visão essencializante da identidade de gênero, termina por excluir as sujeitas que se identificam socialmente como mulheres, mas que não nasceram biologicamente mulheres.

Já as entidades parceiras do CECH seriam a de Saúde, em virtude da instalação de um Comitê de Saúde LGBT, a de Desenvolvimento Social, responsável pelas políticas de assistência social e gerenciamento dos CRAS e CREAS, e, ao contrário da avaliação de Miguel, a Secretaria de Educação. Davi relata que não percebe nenhum trabalho concreto sobre diversidade sexual e de gênero na Educação, mas acha o órgão bastante acessível quando acionado. Na sua entrevista, ele diz ainda que em 2015, em face da campanha “O Trabalho TRANSforma”, a Secretaria de Trabalho teria sido bastante provocada, o que possibilitaria a verificação se se trata de uma instância aliada ou resistente. Em plano federal, Davi também cita a SDH/PR, mas pondera que a relação com o Governo Federal é muito pouca, que poderia ser ampliada. Em contrapartida, o CECH realiza diálogos profícuos com outros governos estaduais, principalmente com outros Centros de Referência LGBT para a troca de experiências laborais.

Artur, Assistente Social, acredita que o CECH não enfrenta maiores dificuldades na relação intergovernamental. Ele cita como órgãos parceiros os CRAS, o Centro de Referência em Direitos Humanos49, as Secretarias de Educação, Saúde e as Secretarias Executivas da própria Secretaria Estadual de Direitos Humanos, com exceção da SERES, a Secretaria Executiva de Ressocialização. Segundo Artur, a hipótese para essa dificuldade se deve a problemas estruturais e históricos da política prisional brasileira que seria bastante fechada e permeada por violações de direitos humanos. Em âmbito federal, a avaliação é a mesma que os sujeitos anteriores: a parceria se dá com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, responsável pelo Disque 100, mas o diálogo entre as duas esferas é bem restrito.

Alice avalia que os CRAS e CREAS são bastante receptivos às intervenções do CECH. Além da política de Assistência Social, a Secretaria Estadual da Mulher também

49 O Centro de Referência em Direitos Humanos é um serviço do Governo de Pernambuco, situado na cidade de Caruaru/PE e com abrangência em nível de Agreste Central, em parceria com o Governo Federal que visa a oferta de serviços e atendimentos à diferentes segmentos da sociedade que sofreram alguma violência em função de suas condições sociais. Dentre os segmentos, é foco desse Centro a população idosa, com deficiência, LGBT, criança e adolescente, vítimas da intolerância religiosa, entre outros. Para obter mais informações sobre a concepção, serviços disponíveis e público-alvo, acessar o seguinte endereço: http://www.sdh.gov.br/assuntos/direito-para-todos/programas/centros-de-referencia-em-direitos-humanos. Acesso em: 08/02/2016. Para conhecer a relação de Centros de Referência em Direitos Humanos em funcionamento no Brasil, acesse: http://www.sdh.gov.br/assuntos/direito-para-todos/pdf/conheca-crdh. Acesso em: 08/02/2016.

tem se mostrado um tanto receptiva às investidas do Centro. O desejo do CECH é que as mulheres travestis e transexuais também sejam atendidas pela rede de proteção às mulheres vítimas de violência, o que compreende os Centros de Referência da Mulher, as Delegacias da Mulher e Casas-Abrigo que atendem mulheres em risco iminente de morte. Possivelmente por ser advogada, Alice enxerga também como positiva a relação com setores do Poder Judiciário, como a Defensoria Pública. “[A Defensoria Pública] passou um tempo bastante fechada, mas depois da nossa parceria, a Defensoria Pública se mostra bastante aberta a acolher essa demanda, inclusive as de retificações de registro que atualmente acredito que seja a nossa maior demanda aqui no CECH” (Entrevista com Alice, 19/05/2015). Seu depoimento sobre a experiência com a Defensoria Pública nos mostra que a provocação de órgãos como o CECH pode vir a suscitar transformações culturais e comportamentais nas instituições. Já em relação à organizações refratárias, Alice também menciona a polícia e a política de ressocialização como campos difíceis e resistentes. Em relação às parcerias com o Governo Federal também cita o Disque 100 da SDH/PR.

Consultamos também os membros desligados do CECH considerando a vivência e a experiência de trabalho que tiveram no órgão. Pedro, por exemplo, emite uma opinião distinta dos membros atuais ao dizer que a Secretaria de Defesa Social e a Executiva de Ressocialização, aliadas as de Educação, Saúde e Assistência Social, eram abertas e que havia “diálogo intenso e produtivo” (Entrevista com Pedro, 18/05/2016). Essa disparidade na avaliação das relações institucionais pode ser explicada pelos diferentes períodos em que cada sujeito/a atuou. Não sabemos também se o corpo dirigente e técnico desses órgãos foi modificado ao longo do tempo, provocando diferenças nas relações institucionais. Por outro lado, ele aponta a Secretaria de Emprego, Trabalho e Renda como sendo “complicada”, Secretaria esta que não havia sido mencionada por ninguém, nem como colaborativa ou refratária. Do ponto de vista das relações interfederativas com o Governo Federal, o ex-coordenador do Centro diz que não houve parcerias.

Gabriel é o único entrevistado que cita a Assessoria de Diversidade Sexual ligada ao Gabinete do Governador como grande parceira do CECH:

Tinha Rildo que é um... Como era o nome do cargo dele, meu deus? É... Assessoria ao Governo da Diversidade Sexual, nem lembro do cargo dele, é um negócio assim. Mas Rildo era um parceiro assim massa. Ele foi essencial pra articular todas as atividades daquela campanha “Vamos Cantar um Pernambuco Sem Homofobia”. Ele foi acho que o maior parceiro do CECH (Entrevista com Gabriel, 01/06/2015).

Por outro lado, o antigo Psicólogo do Centro relata a necessidade de o Centro dialogar mais com o Judiciário, principalmente com a Defensoria Pública:

Com a Defensoria Pública, com o Poder Judiciário de um modo geral porque o lugar... As pessoas vinham preponderantemente buscar um apoio em relação à questão jurídica e obviamente o advogado do CECH não tava ali pra dar conta disso, ele não era nenhum Defensor, ele tava ali pra assessorar. Mas aí quando se mandava pra buscar a Defensoria, buscar alguma forma da pessoa entrar na Justiça, isso tinha uns entraves aí né? (Entrevista com Gabriel, 01/06/2015) Seu depoimento demonstra que o problema histórico do Direito sobre o acesso à justiça também é uma realidade premente da população LGBT. Com efeito, os segmentos sociais mais vulneráveis, porque possuem mais direitos negados e violados, são os que mais precisam do poder do Judiciário brasileiro. No entanto, o Brasil possui uma construção histórica que exclui aqueles/as que mais precisam da justiça. Em nosso país, a balança Poder Judiciário versus justiça social nunca foi equilibrada (SANTOS, 2007). Sobre as relações instituídas com o Governo Federal, Gabriel também lembra o Disque 100 da SDH/PR.

A Assistente Social da equipe anterior do CECH elenca os setores da Assistência Social e da Educação como campos férteis de parceria, apesar do conservadorismo no setor educacional. Diz ela: “Porque a gente fazia muita formação, apesar da resistência e das estruturas dessa educação formal que é normativa ainda a gente tinha muito bom contato e muito boa articulação com a Educação” (Entrevista com Ana, 01/06/2015). Quanto ao setor mais fechado, Ana taxativamente indica a Segurança Pública. A SDH/PR também é citada como exemplo de boa relação com o Governo Federal, assim como os demais sujeitos/as avaliam.

Encerrando o bloco de membros que não trabalham mais no CECH, Lúcia lembra que a mais aberta era a própria Secretaria Estadual de Direitos Humanos e a mais fechada também era a de Defesa Social. Em nível federal, ela também menciona o Disque 100, mas sobre ele Lúcia tece um conjunto de críticas sobre o seu funcionamento:

Disque 100 pra gente era uma porcaria! Várias e várias pessoas ligavam pro Disque 100, não tinham resultado nenhum. O Disque 100 tinha obrigação de passar ‘pras’ regiões e tal. Passavam pra gente informação, por exemplo, uma travesti tá sendo ameaçada, foi espancada, não sei o que, não sei o que... Não dava informação do

nome da vítima, do local que a vítima morava, de um telefone de contato, nada. Então muitas vezes a gente pegava demandas que a gente ia e ficava com o coração na mão e pensava “meu deus, será que essa pessoa está viva ou morta!?” E a gente simplesmente não tinha como ter contato com ela. Então assim, essa parte com o governo federal que era essa com o Disque 100 era muito limitada na minha época. Era uma coisa que a gente tinha muita dificuldade em lidar (Entrevista com Lúcia, 12/05/2015).

A fala da Advogada sinaliza que, para além do próprio movimento social, os membros do Poder Público se avaliam mutuamente, corroborando para a ideia de heterogeneidade do Estado. Sobre o Disque Direitos Humanos, recentemente o serviço federal incluiu o módulo “racismo”, passando a receber também denúncias de violações motivadas pela discriminação racial. Vale a pena avaliar a qualidade dessa política na medida em que recebe denúncias de violações de direitos cometidas contra um conjunto de segmentos sociais no país inteiro.

Para fins de visualização das Secretaria indicadas como parceiras e resistentes, elaboramos a seguinte tabela abaixo:

Tabela 11: Avaliação de órgãos parceiros e resistentes do CECH Membros do CECH

Miguel Davi Artur Alice

Função Coordenador Psicólogo Assistente Social Advogada

Órgãos abertos • Sec. Saúde • Sec. Assistência Social • Sec. Mulher • Sec. Saúde • Sec. de Desenvolvimento Social • Sec. Educação • Centros de Referência em Assistência Social • Centro de Referência em Direitos Humanos • Centros de Referência em Assistência Social • Centros de Referência Especializados em Assistência Social • Defensoria Pública de Pernambuco Órgãos fechados • Sec. de Defesa Social • Sec. de Educação • Sec. Exec. de Ressocialização

• Sec. Defesa Social • Sec. Mulher • Sec. Exec. de Ressocialização • Polícia • Sec. Exec. de Ressocialização

Ex-Membros do CECH

Pedro Gabriel Ana Lúcia

Função Ex-Coordenador Psicólogo Assistente Social Advogada

Órgãos abertos • Sec. de Defesa Social • Sec. Exec. de Ressocialização • Sec. de Educação • Sec. de Saúde • Sec. de Assistência Social • Assessoria Especial do Governador para Diversidade Sexual • Sec. de Saúde • Sec. de Assistência Social • Sec. de Assistência Social • Sec. de Educação • Sec. Estadual de Direitos Humanos

Órgãos fechados • Sec. Emprego, Trabalho e Renda • Necessidade de provocar o Poder Judiciário • Sec. de Defesa Social. • Sec de Defesa Social

Por meio da análise da tabela, de modo geral, as Secretarias estaduais mais fáceis de dialogar são a de Saúde, de Assistência Social e, eventualmente, a de Educação. Já os órgãos mais fechados e resistentes são, majoritariamente, a Secretaria de Defesa Social e a de Ressocialização, evidenciando que a hostilidade à temática dos direitos humanos no campo da Segurança Pública se constitui como um grande desafio a ser superado para a garantia da cidadania e a superação da violência contra a população LGBT.

A nossa hipótese para esse retrato é o de que a área da Saúde tem uma relação histórica com o Movimento LGBT e com as temáticas da diversidade sexual e de gênero. Isso fica evidenciado na trajetória da participação social desse segmento e as interlocuções estabelecidas entre militantes e os departamentos de saúde motivadas pela luta anti-HIV/AIDS desde a década de 80.

Os outros setores aliados, como a Assistência Social e Educação, também podem ser observados como campos científicos, políticos e profissionais dotados de uma fundamentação progressista. Sabe-se que a base do pensamento teórico da Assistência Social é marxista – que explora as desigualdades sociais e a luta de classes – e a da Educação é freireana – que inspirado nas lutas populares, teoriza a relação da educação

com a transformação social – que podem ser consideradas ideologias vinculadas ao pensamento das esquerdas.

É válido ainda pontuar que embora essas ideologias sejam dominantes na Assistência Social e na Educação, não podemos desconsiderar a penetração de produções intelectuais conservadoras e a disputa política que permeia tais campos. Um bom exemplo disso são as teses que defendem uma educação meramente tecnicista, competitiva, meritocrática e voltada unicamente para a formação de mão de obra para o mercado de trabalho ou ainda a visão neoliberal que advoga uma política de assistência social assistencialista, clientelista e emergencial. Logo, a constatação de distintas concepções de Educação e Assistência Social demonstra o papel que os projetos políticos tem na construção de modelos mais horizontais ou hierárquicos de políticas públicas

Ao contrário das ideologias transformadoras, o campo da Segurança Pública, compreendendo nele também as políticas de Ressocialização, possui uma trajetória de proximidade com o pensamento conservador, elitista, repressor e punitivo. Primeiro porque o corpo militar surge no nascimento da propriedade privada, com a função de resguardar o patrimônio, algo essencial no modo de produção capitalista. Se a polícia, as forças armadas e o conjunto de sujeitos/as responsáveis pela segurança surgem numa perspectiva patrimonialista e militarizada, torna-se compreensível que as ideologias dominantes desses setores estejam significativamente alinhadas ao pensamento de quem detém o poder econômico e social. Nesse contexto, qualquer movimentação que aponte para a transformação de iniquidades e justiça social – e consequentemente, os/as sujeitos/as que expressam esses desejos – terá consideráveis posturas opositoras vindas desse setor. Entretanto, assim como a Educação e a Assistência Social, a Segurança Pública também é um terreno em disputa, com diferentes visões e projetos sobre o que é ou deveria ser a segurança das pessoas, o que a torna fértil de possibilidades.