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A diversidade de características dos homens e das mulheres constitui um manancial de recursos de tal maneira valioso que a trajetória de cada pessoa ao longo do seu ciclo de vida está continuamente em aberto, construindo-se em função de uma multiplicidade de fatores históricos, sociais e contextuais.

De origem latina genus/generis, a noção de género engloba inúmeras acepções e aplicações. O termo género é usado para descrever inferências e significações atribuídas ao ser humano a partir do conhecimento da sua categoria sexual. Trata-se, neste caso, da construção de categorias sociais decorrentes das diferenças anatómicas e fisiológicas.

O género (isto é, masculino ou feminino) é o conjunto dos aspectos sociais da sexualidade, ou seja, um conjunto de comportamentos e de valores associados arbitrariamente em função do sexo. Por isso, o chamado papel social de género constitui uma categoria de análise em sociologia e antropologia que denota um conjunto de normas e convenções sociais do comportamento sexual das pessoas. O género permite conhecer as diferenças sexuais, relacionais e sociais numa determinada época ou local.

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.2ª ed. l8. Impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, l986.) o género é uma categoria que indica por meio de termos uma divisão dos nomes baseada em critérios tais como, o sexo e as associações psicológicas. Ou seja, estamos perante, segundo o autor, o género masculino, feminino e neutro. Se não vejamos:

“Género: categoria que indica por meio de desinências uma divisão dos nomes baseada em critérios tais como sexo e associações psicológicas. Há géneros masculino, feminino e neutro.” (Ferreira,1986)

O conceito de género é um conceito social que remete para as diferenças existentes entre homens e mulheres, diferenças essas não de carácter biológico, mas resultantes do processo de socialização. O conceito de género descreve assim o conjunto de qualidades e de comportamentos que as sociedades esperam dos homens e das mulheres, formando a sua identidade social. Tem a ver com a diferenciação social entre os homens e as mulheres. O conceito de género é diferente do conceito de sexo uma vez que sublinha as diferenças sociais entre os homens e as mulheres em deterimento de separar as diferenças estritamente biológicas. Isto é, abarca todas as características

básicas que possuem um determinado grupo ou classe de seres ou coisas. Falamos assim de um conceito que integra um conjunto de seres ou coisas que têm a mesma origem ou que se encontram ligados pela semelhança das suas principais características e não apenas um conceito que engloba a forma que a diferença sexual assume, nas diversas sociedades e culturas, e que determina os papéis e o status atribuídos a homens e mulheres e sua identidade sexual.

2.1.1 – Definição de conceitos de género

Para uma maior objetividade do que temos vindo abordar, neste sub-capítulo, faremos uma pequena referência aos conceitos de género e seus autores.

O género é um conceito mais útil do que o conceito do sexo para a compreensão das identidades, papeis e expressões de homens e mulheres na vida quotidiana, pois como podemos constatar:

“o conceito de género aborda o carácter fundamental sócias das características sexuais, ou seja, pretende-se referir à construção e representações de masculino e feminino a partir dos arranjos sociais e culturais, considerando-se também a conjuntura histórica e as distintas sociedades e os diversos grupos que a cosntiui. Pretende-se também pensar género a partir do seu carácter relacional e da pluralidade de fazer-se homem e mulher. Nesse sentido, o conceito compreende que é no âmbito das relações sociais que os géneros são construídos e , dessa forma, propõe considerar e incluir as inúmeras representações e formas de masculinidade e de feminilidade que se constituem socialmente.” (Connel, 1995; Louro 1997)

Enquanto que o termo sexo se refere às diferenças físicas e corporais, o termo género remete- nos para um conjunto de processos sociais, culturais e psicológicos entre homens e mulheres segundo os quais se constrói e reproduz a feminilidade e a masculinidade:

“O conceito também acentua que os discursos, representações e identidades de género são constituídas no campo social, através das variadas instituições e práticas que a constitui. A pretensão é pensar que os símbolos, leis, linguagens, práticas, realçoes e instituições de uma sociedade são comspostas e atravessadas por pressupostos de masculino e feminino e , ao mesmo tempo, implicadas com a sua produçãoo e manutenção. Deste modo, considera-se as diferentes maneiras pelas quais o género se estrutura e é estruturado pelo social.” ( Júnior, 2010:20)

Segundo Giddens20, “a distinção entre sexo e género é fundamental, na medida em que muitas

das diferenças entre homens e mulheres não têm uma origem biológica.” (Giddens,1989). Nesta linha de pensamento Parker21 sublinha que “as representações de género são variáveis dentro dos grupos sociais. Os indivíduos são submetidos a um processo de socialização sexual no qual as significações do que é ser macho ou fêmea, masculino ou feminino são construídos em um processo continuo.”(Parker, 2001).

O conceito de género, passa pela “(...) consciência e aceitação de se ser do género feminino ou masculino” (Silva, Araújo, Luís, Rodrigues, Alves & Tavares, 2005:11). Vários autores e autoras alegam que nem todos/as assumem o termo género da mesma forma e com o mesmo sentido, confundindo até, por vezes, o termo género com o termo sexo. No entanto, género e sexo não são duas palavras sinónimas. Recorre-se ao termo sexo quando temos a necessidade de distinguir indivíduos com base na sua sexualidade em termos da sua categoria biológica (sexo feminino e sexo masculino), e recorre-se ao termo género “(...) para descrever inferências e significações atribuídas aos indivíduos a partir do conhecimento da sua categoria sexual de pertença. Trata-se, neste caso, da construção de categorias sociais decorrentes das diferenças anatómicas e fisiológicas” (Cardona, Nogueira, Vieira, Uva, & Tavares, 2010:12). Assim sendo, o termo sexo pertence, portanto, ao domínio da biologia e o termo género ao domínio das ciências sociais. Por outro lado, Michel Foucault22 relaciona o conceito de género com o conceito de poder. Para o autor, as relações de género podem ser compreendidas a partir das redes de poder que constituem e atravessam a sociedade. Senão vejamos:

“ O poder dever ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado como uma riqueza ou um bem. O poder funciona e se exerce em rede (...) em outros termos, o poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles (...)” (Foucault, 1996)

As questões de género encontram-se diretamente relacionadas à forma como as pessoas concebem os diferentes papéis sociais e comportamentais relacionados com os homens e com as !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

20Anthony Giddens (18 de janeiro de 1938, Londres) é um sociólogo britânico, renomado por sua Teoria da estruturação. As suas obras englobam várias temáticas, entre as quais a história do pensamento social, a estrutura de classes, elites e poder, nações e nacionalismos, identidade pessoal e social, a família, relações e sexualidade.

21!Richard Guy Parker (Wisconsin, 1956) é um antropólogo, sociólogo, sexólogo e brasilianista estadunidense. Graduou-se em Antropologia em 1980 na Universidade da Califórnia (UC), Berkeley. Em 1988 obteve o doutorado na mesma Universidade. Em 1990 conclui o pós-doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tornando-se um dos mais referenciados (re)leitores de Gilberto Freire e de Roger Bastide, pais da antropologia brasileira.

22!Michel Foucault (15 de outubro de 1926 — Paris, 25 de junho de 1984) foi um filósofo, historiador das ideias, teórico

mulheres, estabelecendo padrões fixos daquilo que é “próprio” para o feminino bem como para o masculino, de forma a reproduzir regras como se fossem um comportamento natural do ser humano, originando condutas e modos únicos de se viver a sua natureza sexual. Isso significa que as questões de género têm ligação direta com a disposição social de valores, desejos e comportamentos no que concerne à sexualidade.

Para Meyer23 o género pode ser visto como uma ferramenta conceitual, política e pedagógica, possibilitando analisar narrativas e permitindo compreender os discursos contruídos de si e sobre si, sendo que os intervenientes expõem as suas crenças, as suas experiências e as suas vivências:

“ O conceito de género propõe um afastamento de análise que repousam sobre uma ideia reduzida de papéis/funções de mulher e de homem, para aproximarmos de uma aborgadem muito mais ampla que considera que as instituições sociais, os símbolos, as normas, os conhecimentos, as leis, as doutrinas e as políticas de uma sociedade são construídas e atravessadas por representações e pressupostos do feminino e do masculino ao mesmo tempo em que estão centralmente implicadas com a sua produção e manutenção ou ressignificação.” (Meyer, 2010:18)

2.2! - O que são as relações de género?

Como temos vindo a referir as relações de género fazem parte da identidade social. As relações de género envolvem significados diversos, representações, discursos que se relacionam com as redes de poder. Assim, estamos perante um processo permanente e contínuo que se constítui a partir de aspectos sociais e culturais, logo perante diferentes identidades. Segundo Guacira Lopes Louro24:

“Essas múltiplas e distintas identidades constituem os sujeitos, na medida em que esses são interpelados a partir de diferentes situações, instituições ou agrupamentos sociais. Reconhecer-se numa identidade supõe, pois, responder afirmativamente a uma interpelação e estabelecer um sentido de pertencimento a um grupo social de referência” (Louro, 2001)

As reflexões de Foucault são de enorme importância pois permitem compreender como se constituem os discursos e as hierarquias de género, ou seja, a perspectiva de Foucault permite analisar

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23!David S. Meyer é Professor de Sociologia, Ciência Política e Planejamento, Política, e Design. Suas áreas gerais de interesse incluem movimentos sociais, sociologia política, e política pública, e ele está mais diretamente relacionado com as relações entre os movimentos sociais e os contextos políticos.

24!Guacira Lopes Louro, é doutora em Educação e professora titular aposentada do programa de Pós-Graduação em

como as redes e as relações de poder influenciam os sujeitos e as suas identidades sociais:

“o interessante da análise é justamente que os poderes não estão localizados em nenhum ponto específico de estrutura social. Funcionam como uma rede de dispositivos ou mecanismos a que nada ou ninguém escapa, a que não existe exterior possível, limites ou fronteiras.”(Foucault, 1993)

No artigo, Uma análise da dinâmica do poder e das relações de gênero no espaço

organizacional, as autoras salientam a importância da relação entre o género e o poder as autoras

referem que é nas dimensões organizacionais que, por norma, o homem desempenha um papel de dominador e a mulher o papel de dominada:

“Os estudos acerca do poder, suas relações e efeitos no âmbito das organizações e, mais especificamente, relativos ao comportamento organizacional, abrangem temáticas instigantes e polêmicas, que envolvem, entre outros elementos, a subjetividade, o conflito, a dominação e adesões e resistências no processo de gestão de pessoas. Nesse contexto, essas dimensões organizacionais, perpassadas pelas relações de poder, abarcam também as relações de gênero vivenciadas no espaço de interação social, cuja análise deve ir além da simples polarização entre o masculino e o feminino, em que o homem desempenha o papel de “dominador” e a mulher atua como “dominada”. A adoção de uma perspectiva politizada para o estudo do gênero nas organizações permite a ampliação das interpretações que são dadas às diferentes possibilidades de interação entre homens e mulheres, de acordo com as regras sociais vigentes nos respectivos espaços em que são percebidas; e admite que as modificações nos hábitos e condições de vida, permeadas por inovações tecnológicas e pelo desenvolvimento sociocultural, sejam inseridas nas análises.” (Cappelle, et.al. 2004)

Também, na mesma linha de pensamento, Molinier25 e Welzer-Lang26 entendem que:

“masculinidade e feminilidade existem e se definem em sua relação, designam as características e as qualidades atribuídas social e culturalmente aos homens e ás mulheres. (...) são as relações sociais de sexo, marcadas pela dominação masculina que determinam o que

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25!Pascale Molinierestudou psicopatologia e psiquiatria social na Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais! 26!

Daniel Welzer-Lang doutorado em sociologia , ciências sociais. É professor de estudos de sociologia e de gênero Seus trabalhos mostram o progresso das teorias feministas do patriarcado , a opressão das mulheres, a dominação masculina .

é considerado normal – e em geral interpretado como natural para mulheres e homens.” (Molinier e Welzer-Lang, 2009:101)

Como podemos constatar, as relações de género fazem parte do nosso dia a dia, revelando diferenças, hierarquias, discriminações. Porém, nem sempre são percebidas em conformidade com a naturalidade com que as encaramos. As relações de género referem-se às relações sociais que existem entre homens e mulheres, nas quais cada um assume um papel social que é determinado pelas diferenças sexuais. Este género de relação é, por norma, imposto pela sociedade mesmo antes da criança entrar para a escola, no seio familiar. Vejamos o que nos dizem Amélia Marchão27 e Alexandra Bento28 sobre esta temática

“Desde cedo a criança lida e aprende a viver em função da realidade e género e esse lidar e aprender precoce influenciam de forma significativa o modo como ela encara o seu meio social e o modo como ela própria se situa e se considera a si, bem como aos outros. No seu quotidiano, responde socialmente de acordo com os modelos que impregnam o seu próximo, de feminilidade ou de masculinidade, reproduzindo-os.” (Marchão e Bento: 2012:2).

Verificamos que é na família que se arquitecta, em primeiro lugar, a construção da identidade sexual das crianças e a sua abordagem relativamente às relações de género:

“As relações de género são produto de um processo pedagógico que se inicia no nascimento e continua ao longo de toda a vida, reforçando a desigualdade existente entre homens e mulheres, principalmente em torno de quatro eixos: a sexualidade, a reprodução, a divisão sexual do trabalho e o âmbito público/cidadania” (Cabral, F. e Díaz, M., 1998)

A família assume um papel de grande relevo na construção da identidade de género da criança, pois “(...) é o primeiro e um dos principais agentes socializadores ao longo da infância.”(Neto, Cid, Peças, Chaleta e Floque, 2000). É neste contexto “que a criança começa, desde muito cedo a interiorizar ideias estereotipadas, fruto do meio social em que está inserida, sendo muito importante a atitude e posição de género que os familiares mais próximos assumem.”(Marchão e Bento: 2012). O género é !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

27!Amélia de Jesus G. Marchão, doutora em ciências da educação. Docente da área científica de psicologia e supervisão. Diretora do mestrado em educação pré-escolar. Professora adjunta na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Portalegre.

uma realidade permanente, apesar das muitas mudanças que ocorrem ao longo da vida do ser humano. No contexto da educação formal as aprendizagens e as experiências educativas devem ter um sentido inclusivo, integrando e valorizando a diversidade e a inclusão. Ou seja, “Uma sociedade inclusiva é uma sociedade onde todos partilham plenamente da condição de cidadania e a todos são oferecidas oportunidades de participação social.”(Pereira, 2009:7)

Este processo inclusivo, integra a igualdade de género, através da aceitação e valorização das diferenças entre as mulheres e os homens e entre os papeis que ambos assumem socialmente: “(...) confiram e/ou deleguem responsabilidades análogas aos rapazes e às raparigas, e preocupem-se em corrigir os desequilíbrios existentes entre as hierarquias de género” (Comissão para a Igualdade e Para os Direitos das Mulheres, 1999:17)

2.3!- Género e sociedade !

A tomada de conciência de relações de género equitativas é, na miaor parte das vezes inconsciente, uma vez que, ainda antes de podermos, segundo a nossa própria consciência, dizer “menino” ou “menina” somos induzidos a determinados comportamentos, derivados por uma vasta gama de indicadores não-verbais, resultantes da nossa interação com os adultos:

“(...) com o passar do tempo as crianças acabam incorporando os comportamentos que os adultos vão direcionando, no intuito de garantir um lugar de pertença, desse modo, começam a reproduzir e a produzir os parâmetros de comportamentos sociais. (...) Muito cedo as crianças aprendem como precisam se comportar para serem aceitas nas comunidades de prática29”(Salva; Ramos e Oliveira, 2014:227)

Estes indicadores acabam por, naturalmente, sugerir as diferenças entre rapazes e raparigas, tais como, o uso de determinados penteados, brinquedos, roupas, etc.

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29!Carrie Paecher, supervisiona doutoramentos em várias áreas, incluindo: gênero e educação; gênero e as crianças / jovens;

espacialidade e escolaridade; Consideradas por Paechter, 2000, como os diferentes contextos sociais em as pessoas vivem, lugares chave onde crianças e adultos convivem e são construídas relações de poder.

Como já referimos, o género é um conceito social que remete para as diferenças existentes entre homens e mulheres, diferenças essas não de carácter biológico, mas resultantes do processo de socialização. Giddens, afirma que:

“ao passo que dados biológicos contribuem para a nossa compreensão da origem das diferenças de género, pode-se seguir outros caminhos de investigação estudando a socialização do género — a aprendizagem de papéis de género através de factores sociais, como a família e os meios de comunicação.” (Giddens, 1989)

O conceito de género descreve assim o conjunto de qualidades e de comportamentos que a sociedade espera dos homens e das mulheres, ou seja, a sua identidade social: “(...) O género, portanto, não é algo que está dado, mas é construído social e culturalmente e envolve um conjunto de processos que vão marcando os corpos, a partir daquilo que se identifica ser masculino e/ou feminino.” (Goellner, 2011). O modo de ser homem e de ser mulher não sociedade não é em princípio constituído a partir de características biológicas. É todo um processo de construção:

“As brincadeiras vivenciadas geralmente pelas meninas, como serem donas de casa que embalam seus filhos ou filhas e a dos meninos que, muitas vezes, são os policiais atrás de bandido, fazem parte do imaginário infantil, mas elas são apreendidas e praticadas porque existem no universo cultural da criança. Dessa forma, as crianças vão se contruindo a partir das experiências que vivenciam. Assim cada sexo já sabe os comportamentos que deve seguir para se manter nas fronteiras estabelecidas de cada género, ou como refere Paechter, para (...) serem aceitos nas comunidades de prática

(...)” (Paechter, 2009)

A masculinidade e feminidade são o resultado de processos culturais, históricos e podem ser vividos de diferentes formas. O género é, pois, um conceito social, ou seja, é mais concretamente as relações que se estabelecem entre os homens e as mulheres. Estas relações de género caracterização por serem diferentes de cultura para cultura, de religião para religião, ou de sociedade para sociedade. Este facto advem influencia de diferentes factores tais como tais como: a etnia, a classe social, a condição e a situação que ocupam as mulheres nas relações sociais:

“A auto-identificação primária de uma pessoa como homem ou mulher, com um conjunto vasto de atidudes, ideias e espectativas que acompanham essa identificação, depende do rótulo que foi colocado a ele ou ela enquanto criança. No decurso normal dos acontecimentos, estes rótulos correspondem a uma diferença biológica consistente nos cromossomas, nas hormonas e na

morfologia. Assim, as diferenças biológicas tornam-se muito mais um sinal de que uma causa da diferenciação de papeis sociais.” (Lewontin,1982)

Segundo Nogueira30 (2004), o género não é um atributo individual, porque não existe nas pessoas, mas sim nas relações sociais. Segundo a investigadora, o género influencia os comportamentos, pensamentos e sentimentos dos indivíduos, afetando claramente as interações sociais e ajudando na determinação da estrutura das instituições sociais. Podemos considerar que o género é formado a partir de aspectos determinados por um grupo social, e pelas concepções de género que permeiam o discurso social: “Assim as crianças vão delineando o seu comportamento á medida que são encorajadas, (...) incentivadas ou desestimuladas, de forma que aprendem gradualmente o que é aceitável para os participantes de sua comunidade local de masculinidades e feminilidades.” (Paechter, 2009)

Como já mencionamos, as relações de género podem ser compreendidas a partir de variadas redes de poder que constituem e atravessam a sociedade. Foucault (1996) relata que o poder é visto como uma relação ou uma prática social na medida em que torna os indivíduos em sujeitos sociais, a partir dos seus discursos e símbolos. Senão vejamos:

“O poder para Foucault é pensado enquanto uma pluralidade dispersa de relações desiguais, discursivamente construídas em campos sociais de força, ou seja, o gênero se refere as relações

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