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2.1 Relações Públicas e a manipulação da mídia nos EUA

No documento arthurmazzucatto (páginas 30-39)

Diplomacia Pública:

“Diplomacia pública – a troca aberta de idéias e informações – é uma característica inerente das sociedades democráticas. Sua missão central é focada em (...) política externa. E isto se mantém indispensável para (...) os interesses, ideais e o papel de liderança [dos EUA] no mundo”. (US Advisory Commission on Public Diplomacy, 1991 Report)

(apud TAYLOR, 1999, p.XIV, tradução nossa)

A negociação, política, manipulação de informações e manutenção de interesses são encontradas nas mais antigas civilizações humanas. No entanto, as Relações Públicas passam a ser institucionalizadas e desenvolvidas dentro da modernidade, que teve como principal palco a democracia norte-americana.

Segundo Paulo Nassar (2007), as Relações Públicas nasceram primeiro como um instrumento de manipulação, através da divulgação de informações parciais por meios de

Figura 5 – Cartaz informativo

britânico: Orientação para que os cidadãos sempre carregassem suas

comunicação controlados pelos grandes capitalistas da época e pela onipresença do Estado nesta sociedade, com o objetivo de manter sob controle os sindicatos de trabalhadores, comunidade, imprensa, etc. É neste contexto que, em 1914, o famoso magnata americano John Rockefeller contrata o jornalista Ivy Lee – que depois será considerado como o pai das Relações Públicas - para atuar como conselheiro, visando melhorar a relação do magnata e suas empresas com os jornalistas e trabalhadores. Com isto, Lee criou a primeira agência de Relações Públicas do mundo, especializando-se em zelar a imagem de empresas. Porém, as estratégias usadas por Lee logo passaram a ser alvos de críticas e muitos estudiosos a enxergavam como uma atividade manipuladora e interesseira.

Luiz Amaral (apud DUARTE, 2006, p.88) reforça que as Relações Públicas, no início do século passado, nos EUA, eram uma maneira de manipulação da mídia, ao citar Odegard:

Para se ter uma idéia do fortalecimento da posição dos assessores de imprensa na segunda década do século passado (nos EUA), vejamos alguns números: o jornalista Silas Bent disse que pelo menos 147 das 255 matérias publicadas pelo New York Times no dia 29 de dezembro de 1926 foram por eles originadas, assim como 75 das 162 publicadas pelo New York Sun no dia 14 de janeiro do mesmo ano (Bent, 1927, p.134). John Jessup, editor das revistas Fortune e Life, lembra que quando trabalhou para a agência de publicidade J. Walter Thompson, no início da década de 1930, ficou impressionado quando soube que 60% das matérias do New York Times eram inspiradas pelos assessores de imprensa (entrevista pessoal a Michael Schudson em 1977). E em 1930 o cientista político Peter Odegard estimou em 50% a proporção das noticias fornecidas pelas agências de relações públicas. Conclusão, segundo ele: hoje muitos repórteres são pouco mais do que intelectuais mendicantes que vão de um agente de publicidade ou de uma assessoria de imprensa a outra em busca de assistência.

Por mais que, ao longo do século XX, a prática das Relações Públicas tenha se profissionalizado e fincado raízes teóricas em outras ciências sociais, como a psicologia e sociologia - principalmente quando aplicadas à comunicação organizacional de empresas privadas - parece que o Governo dos Estados Unidos manteve a prática manipuladora iniciada por Ivy Lee.

Com a popularização dos televisores na metade do século passado, agora o Estado tinha uma mídia ainda mais poderosa para compor seu arsenal de comunicação e manipulação de massa. Arbex Jr. (2003, p.11) comenta que a televisão adquiriu um enorme poder de transformar quase tudo em show, espetáculo, diversão. As câmeras de televisão chegaram aos locais de combate antes dos soldados. Para quem assiste tudo pela televisão, se tem a impressão de estar testemunhando “a” verdade dos fatos, e não apenas “uma” verdade, isto é, uma simples versão que alguém filmou, editou e veiculou.

Diferente dos outros meios de comunicação que a população norte-americana tinha acesso, que eram principalmente os rádios e os jornais, a televisão tinha a capacidade de mostrar fatos deturpados como uma realidade, minando ainda mais a capacidade crítica do público. Esta “criação” de fatos também é indicada por Luiz Amaral (apud DUARTE, 2006, p. 62), chamando-a de pseudo-evento:

Outro acréscimo ao léxico do jornalismo ocorreu em 1961, quando o historiador Daniel Boorstin sugeriu o termo pseudo-evento para referir- se a acontecimento planejado com o “propósito imediato de ser transmitido ou reproduzido”. Um pseudo-evento, explicou ele, pode ser provocado para convencer, mas sua lógica é bem diferente da propaganda. Ele disse que um acidente de trem é um acontecimento real, mas uma entrevista é um pseudo-evento. E mostrou a diferença entre o pseudo-evento e a propaganda: “Enquanto a propaganda substitui opiniões por fatos, os pseudo-eventos são fatos sintéticos que influenciam indiretamente as pessoas, fornecendo a base ‘factual’ sobre a qual elas supostamente compõem as suas mentes”.

(...) Os Jornalistas queixaram-se da política posta em prática pela administração de manipulação da noticia e criação de pseudo-eventos, mas não chegaram a tomar uma posição firme a respeito. Alguns ficaram chocados com as mentiras em relação aos vôos do U-2 (avião de espionagem norte-americano) sobre a União Soviética nos anos 60. Outros ficaram perturbados com o grau de tolerância do New York Times com a administração Kennedy, aliviando o acelerador na cobertura da iminente invasão da Baía dos Porcos (Cuba) em 1961, e com a posição do Pentágono na administração Kennedy e Johnson. O porta-voz da Casa Branca Arthur Sylvester declarou “No mundo em que vivemos, a geração de notícias de medidas tomadas pelo governo tornou-se uma arma numa situação de dificuldade. Os resultados justificam os métodos que usamos.” Um mês depois, falando no capítulo de New York da Sigma Delta Chi, fraternidade honorária em jornalismo, ele completou: “Penso que é um direito inerente do governo mentir – mentir para salvar-se quando confrontado com um desastre nuclear – é básico, é básico.” (...)

Mais chocante do que pensar na criação destes pseudo-eventos é imaginar que eles são passados como verdades para a população, sem nenhum tipo de filtro ou crítica, que deveriam ser feitos pelos meios de comunicação que veiculam estas informações. Luiz Amaral (apud DUARTE, 2006, p. 63) explica este fenômeno:

A extraordinária porcentagem de informações publicadas, nos últimos anos, pela imprensa, originadas nas assessorias de instituições públicas e privadas, parece sugerir uma espécie de conluio entre imprensa, governo e corporações. (...)

Daí a notícia ter-se tornado inteiramente dependente da opinião desses funcionários ou de seus especialistas, que escolhem local e momento para divulgar seus pontos de vista, muitas vezes transmitidos como “fatos”. O fenômeno não é novo. A idéia da declaração oficial mascarando como “fato” um pseudo-evento transformou-se na faceta central da forma narrativa da “notícia”. Chomsky explica essa prática como exigência econômica ditada pela necessidade de notícias por parte da mídia que é explorada pelas assessorias que sabem quando e como usar a informação em vantagem própria e para obter melhor cobertura.

A confiança dos jornalistas em pronunciamentos oficiais e na opinião de especialistas, sem uma apuração independente e objetiva, representa, para Chomsky:

Um relacionamento simbiótico com fontes poderosas de informação por necessidade econômica e reciprocidade de interesses. A mídia precisa de um fluxo regular e confiável de matéria-prima. Ela tem necessidade diária de notícias e prazos imperativos que precisa cumprir. Ela não pode se permitir ter repórteres e câmeras em todos os locais onde se desenvolvem matérias importantes. Motivos econômicos determinam que ela concentre seus recursos onde geralmente acontecem fatos importantes e pronunciamentos regulares. A Casa Branca, o Pentágono e o Departamento do Estado são os pólos de notícias.

(...) Embora a pesquisa de Chomsky tenha focalizado primeiramente publicações americanas, convém notar que seu modelo é baseado em uma visão da relação entre o capital e o trabalho nas sociedades contemporâneas, pós-industriais e capitalistas, das quais os Estados Unidos constituem um exemplo. Para ele, nessas sociedades, o propósito da notícia é a aprovação pelo eleitorado, em vez de um serviço que proporciona um relato imparcial dos eventos cuja inclusão no noticiário do dia é com base em critério da objetividade. É uma expectativa natural, argumenta, que os jornalistas reflitam a ampla perspectiva e interesses dos proprietários da mídia, dos anunciantes dos

jornais e das estações de rádio e televisão e políticos em geral.” (Luiz Amaral apud DUARTE, 2006, p.63)

Esta manipulação das notícias através do controle dos meios de comunicação não é apenas exclusividade dos Estados Unidos. Em Israel, um país que tem grande influência política dos EUA, aplica formas de controlar as notícias de maneira muito parecida:

O que existe muito é censura informal e um método de boicote por meio também de publicidade e recursos. Por exemplo, se um jornalista estrangeiro passa informação que desagrada ao governo, o seu veiculo passa a sofrer um boicote; na melhor das hipóteses, não receberá mais informações oficiais. Em casos mais radicais, eles tiram a carteira oficial de imprensa e o jornalista não poderá mais trabalhar, isto é, poderá até trabalhar como jornalista, mas não poderá entrar em nenhuma sala de imprensa oficial, falar com funcionários oficiais do Exército. Se você precisa de informações ou verificar informações com o Exército, não pode fazer isto sem o cartão de imprensa. Também não poderá entrar nos territórios ocupados. (...) Grande parte dos jornalistas que cobrem a região é formada por profissionais que podem estar hoje em Israel, amanhã na Tanzânia e depois no Vietnã. Não têm relação sentimental com o conflito. O problema para o jornalista é que, se não é boicotado, tem todas as informações através do serviço de imprensa da polícia e do Exército. Algumas informações poderão ser obtidas por telefone, mas não poderão ser checadas. Muitas vezes, as informações são totalmente contraditórias. Por outro lado, se tenho um editor em Nova York que me pressiona, o mais simples é conseguir logo a notícia com alguém em Israel. Além do mais, Israel mantém, nos Estados Unidos e em países europeus, um sistema de monitoria da imprensa, para verificar tudo o que sai publicado. É um sistema de lobby, que envolve as embaixadas de Israel. Nenhum editor quer problemas. Muitas vezes, os porta-vozes do Exército israelense são mentirosos, patologicamente mentirosos. Os jornalistas sabem disso, mas preferem publicar declarações contraditórias e obviamente mentirosas, para evitar problemas com as autoridades, com os editores e com o lobby israelense. (Yahni apud ARBEX JR, 2003, p.93)

A cobertura da primeira invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em 1991, introduziu uma nova maneira de controlar o jornalismo, através da figura do jornalista

embedded, ou “acamado”, em tradução livre do inglês. O jornalista embedded é aquele

que aceitou se submeter a uma série de cinqüenta normas estabelecidas pelo Exército dos Estados Unidos, como condição para acompanhar as tropas, tendo acesso aos fatos mais rapidamente e em segurança. Porém, as normas previam, entre outras coisas, que ele não poderia reportar nada que não fosse aprovado pelos chefes de seu regimento, o mesmo

valendo para as transmissões de imagens. Tampouco poderia se deslocar para áreas consideradas perigosas. Em resumo, não teria a menor independência, nem sequer observar os fatos. Essas normas foram descritas como censura e restrição à liberdade de informação, pela organização Repórteres Sem Fronteiras. (ARBEX JR, 2003, p.9)

Desta maneira, os militares dos Estados Unidos puderam controlar todos os fatos apresentados para o público, criando uma realidade completamente diferente do que realmente acontecia nos campos de batalha. Foi nesta ocasião que termos como “armas cirúrgicas” e “bombas inteligentes” apareceram. Era uma guerra sem sangue e sem vítimas. Foi uma maneira de garantir que a opinião pública não se voltasse contra a invasão do Iraque, da mesma maneira que aconteceu na Guerra do Vietnã.

A segunda investida contra o Iraque, em 2003, não teve o mesmo êxito:

Entretanto, apesar de toda a censura exercida pelo Exército e pelas corporações, apesar de o patriotismo ter marcado toda a cobertura, e apesar da agressão e dos assassinatos dos jornalistas que não se deixaram prostituir, qualquer análise minimamente crítica, mesmo se rápida, terá de notar a grande diferença entre as coberturas dos ataques imperialistas estadunidenses praticados contra o Iraque em janeiro/fevereiro de 1991 e o de março de 2003. Em 1991, simplesmente não apareceu a população civil iraquiana. Agora não, sabemos, pelo menos, que crianças iraquianas foram cruelmente assassinadas; que as forças estadunidenses causaram a destruição de sítios arqueológicos (incluindo a omissão durante o saque do Museu Nacional do Iraque, quando foram pilhadas ou destruídas peças de milhares de anos); que as bombas atingiram civis e que não existem “armas cirúrgicas”, como notou enfaticamente o enviado especial da Folha de S. Paulo, na edição de 23 de março.

E mais: todos sabem que Bush filho não ataca o Iraque por “motivos humanitários”, mas por petróleo (em 1991, Bush pai teve um sucesso bem maior, ao vender a versão de que atacava Bagdá para liberar o Kuwait e salvar o mundo do “novo Hitler” que surgiu no Oriente Médio); sabem que Saddam Hussein não tem “armas de destruição em massa” – fato atestado pelos enviados da Organização das Nações Unidas, e amplamente divulgado pelos meios de comunicação, e comprovado pela ausência de evidências após a ocupação do Iraque. Sabem também que Bush despreza solenemente a ONU, os tratados internacionais, os mais elementares princípios humanitários. Em 1991 nada disso estava muito claro. Não que fosse exatamente um “segredo”. Não era. Mas tampouco era um fato tão claramente estabelecido. (ARBEX JR, 2003, p.9)

A credibilidade do governo Bush e, conseqüentemente, das ações militares feitas em sua gestão passaram a receber duros golpes, perdendo o controle que antes tinham conseguido exercer sobre a mídia:

Em 19 de fevereiro de 2002, o mundo foi brindado com uma espantosa notícia, divulgada pelo New York Times, e posteriormente, muito a contragosto, confirmada pelo governo dos Estados Unidos: logo após o atentado de 11 de setembro, a Casa Branca criou um escritório para “plantar” informações falsas na mídia estrangeira, com o objetivo de “enganar o inimigo” e “influenciar o sentimento público e os formuladores de políticas tanto em países aliados quanto nos hostis”. As falsas notícias seriam “plantadas” na mídia internacional pelo Escritório de Influência Estratégica (OSI, na sigla em Inglês), que contaria com os serviços do Comando de Operações Psicológicas do Exército (psyops), responsável pelo lançamento de milhões de panfletos e pela transmissão de vários programas de rádio no Afeganistão, que encorajavam os soldados do Taleban e Al Qaeda a se renderem.

[...] Pela primeira vez, surgiram evidências incontestáveis de que o governo dos Estados Unidos encarava os meios de comunicação como meros canais de divulgação de propaganda política e informações mentirosas. Não se tratava mais, no caso, de orquestrar uma “guerra ideológica” contra “países hostis”, como faziam as emissoras oficiais de rádio mantidas pelos dois lados da Guerra Fria. Tratava-se de, pura e simplesmente, divulgar mentiras legitimadas pela mitologia da “neutralidade” e “distanciamento” do “jornalismo objetivo”.

[...] A garantia de liberdade de expressão, opinião e manifestação, com todas as suas eventuais limitações e defeitos, foi um dos grandes esteios da democracia dos Estados Unidos, por permitir o funcionamento de um sistema que garante o máximo do equilíbrio possível entre os três poderes. Esse pilar da democracia passou a ser duramente minado pelas megacorporações da mídia em associação com o Poder Executivo, especialmente após a derrota no Vietnã e a implantação do neoliberalismo, como demonstram Noam Chomsky, Ben Bagdikian, Edward Herman, George Gerbner, Hamid Mowlana, Norman Solomon e outros professores, intelectuais, cientistas políticos e críticos da mídia (ainda que a cobertura da guerra, nos anos 60 e 70, não tenha sido tão “transparente”, “democrática” e fiel aos fatos como normalmente se pensa e diz). Mas caberá sobretudo ao governo de Bush júnior desferir os golpes mais duros contra a Primeira Emenda. (pp.21-23)

Ainda segundo Arbex Jr. (p.25) a relação promíscua entre o Estado e as grandes corporações da mídia ficou ainda mais clara quando, em fevereiro de 2000, notícias publicadas por jornais holandeses e franceses revelaram que vários oficiais do 4o Grupo do psyops trabalharam na divisão de noticias da sede da CNN em Atlanta, como parte de um programa de “estágio” iniciado na etapa final da Guerra do Kosovo:

[...] Mesmo se os estagiários do psyops não tiveram uma influência direta na produção das notícias, permanece a questão sobre a possibilidade de que a CNN tenha permitido que os oficiais recolhessem informações contra a própria rede. A idéia não é fora de propósito. Conforme publicado pela Intelligence Newsletter (17 fev.2000), um almirante do Comando de Operações Especiais declarou a uma conferência do psyops que os militares tinham de encontrar maneiras de “ganhar controle” sobre satélites comerciais de noticias, de forma a ajudar a criar um ‘cone do silêncio’ sobre regiões alvos de operações especiais. Um dos “estagiários” do psyops que trabalharam na CNN atuou na área de satélites da rede de televisão. (Durante a guerra do Afeganistão, o Pentágono encontrou uma maneira muito direta de “ganhar controle”: simplesmente, comprou todas as imagens de satélites comerciais do Afeganistão, com o objetivo de impedir que a mídia tivesse acesso a elas.) [...]

Apresentados todos estes casos de abuso de poder e contra a liberdade de expressão nos Estados Unidos, fica a pergunta: A sociedade e a opinião pública realmente aceitam e se sujeitam à tudo o que lhe é comunicado?

A resposta é não. Durante toda a história, a sociedade sempre se articulou e criou movimentos contra as guerras. Lampert (apud MANN JR, 2003) nos lembra que não foram produzidas apenas obras que apoiavam a guerra. O movimento artístico do dadaísmo surgiu em resposta aos horrores da Segunda Guerra Mundial. Enfrentando o

militarismo, o nacionalismo e o colonialismo, este movimento reuniu alguns dos artistas mais célebres do século XX. Na Alemanha, grandes artistas como Geroge Grosz e John Heartfield (reconhecido por muitos como o inventor da fotomontagem) fizeram ácidos ataques contra a guerra e Hitler. Suas imagens chegaram a mais de meio milhão de alemães através da publicação AIZ (Workers International) e serviram como ferramenta para a resistência alemã contra o fascismo.

O alcance destes movimentos nos

Figura 6 – “Esta é a felicidade que eles estão trazendo”.

Estados Unidos foi muito menor, porque o governo americano promulgou a Ata de Espionagem em 1917, que converteu as declarações contrárias à guerra em um crime. Mais de novecentas pessoas foram enviadas à prisão e vários jornais foram perseguidos. Esta situação mudou radicalmente na década de sessenta durante a guerra do Vietnã. Nesta época, houve o renascimento dos cartazes anti-bélicos nos Estados Unidos. Ainda que estas obras não fossem novidades, nunca obtiveram tamanho efeito e alcance como no final da década de sessenta e início dos anos setenta. A crescente resistência à invasão americana, tanto nos Estados Unidos quanto no Vietnã, conseguiu modificar a opinião pública e ajudou a colocar um fim à guerra (p.06).

Estranhamente, nesta época não existiu uma campanha de cartazes feita pelo governo americano. A Historiadora Carol A. Wells (LAMPERT apud MANN JR, 2003, p.06, tradução nossa) disse:

O governo não necessitava recorrer a arte gráfica. As administrações de Johnson e Nixon apresentavam diariamente suas posições aos americanos e ao mundo através do noticiário das seis. Tirando o máximo de proveito da televisão, os que estavam no poder chegavam a milhões de lares todas as noites, e influenciavam diretamente a opinião publica. Johnson e Nixon dominaram os informativos ao seu gosto [...]

Devido à má experiência com a opinião pública na Guerra do Vietnã, o domínio dos meios de comunicação foi ainda mais forte durante a primeira guerra do Golfo. As coberturas jornalísticas televisivas, levadas ao ar pela cadeia CNN e outras grandes redes, foram feitas sob uma restrita censura governamental. Em 16 de janeiro de 1991, 160 milhões de americanos presenciaram o início da guerra, que naquele momento se converteu no evento televisionado com a maior audiência da História. Ao contrário da guerra do Vietnã, os jornalistas tiveram acesso restrito ao campo de batalha e foram proibidos de mostrar os mortos civis e militares iraquianos. Também não eram permitidas entrevistas espontâneas com as tropas americanas, tampouco filmar os soldados feridos. Os principais meios de comunicação foram convertidos em uma espécie de porta-vozes do governo. De acordo com Lampert (p.06), após o término da Guerra do Golfo, os Estados Unidos pôde decretar fim à “síndrome do Vietnã”. A segurança e o poder

americanos haviam sido restituídos. Nos Estados Unidos, as manifestações contra a

No documento arthurmazzucatto (páginas 30-39)

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