Grupo Simoldes
Anexo 5 Relatório da entrevista ao Eng.º António Pinho
0. Dados pessoais
Formação inicial: Engenharia mecânica (especialização: moldes). Pós-graduação em lean management (a título pessoal)
Tarefas que desempenha na empresa: Responsável de Processos e Métodos (inovação, melhoria contínua, eficiência); responsabilidade por algumas máquinas da área fabril (Simoldes Aços)
Número de anos na empresa: 11 anos na Simoldes (últimos 3 nesta função)
A. Conceito de inovação
1. O que entende a empresa por inovação (exemplos do que é feito)? 1.1. E inovação de processos?
Fazer moldes não é estandardizável, cada molde é diferente, mas o processo pode ser o mesmo. A inovação com vista ao aumento da eficiência trabalha sobre esse processo.
o Encontrar pontos de estandardização é inovação
Inovação pode passar por olhar para o molde e ver se é possível fazê-lo mais rápido para conseguir um prazo de entrega mais curto (lead time)
o Estratégias de maquinação diferentes o Ferramentas diferentes
o Processos de assemblagem diferentes…
Procura constante de novas maneiras de fazer as mesmas coisas, para acrescentar valor ao trabalho sem ter desperdício de tempo (“método como se ataca o trabalho”)
Inovar em processos é inovar na maneira de fazer
Inovar no dia-a-dia percebendo onde é que as coisas estão erradas – exemplo a nível ambiental: os óleos de corte
o Antes: comprava-se, usava-se, trocava-se quando era necessário (de semana a semana ou de 15 em 15 dias) e depois ia para o lixo, não havia outras preocupações.
o Atualmente: encontrou-se um cuja duração é muito mais longa (até um ano) Quando se quer apostar num novo setor…
o Pesquisa para ver as máquinas que a empresa dispõe para isso
o Pesquisa para ver que máquinas o mercado (fornecedores) disponibiliza – o que há de melhor
o Estudar o processo o Estudar as máquinas
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o Comprar máquinas necessárias (podem não ser necessariamente o último grito em inovação)
o Fazer da melhor maneira possível, inovando nos processos e na maneira de fazer (fator distintivo)
“Hoje em dia não basta ter-se a tecnologia. Pode haver dinheiro, investir-se nos produtos mais avançados (e caros) que existem, mas depois se não houver pessoas capazes de o fazer, capazes de inovar na maneira de fazer as coisa, tem-se um Rolls Royce a andar à velocidade de um Fiat Punto.”
2. A que níveis a empresa procura inovar (produtos, processo, Marketing…)? 3. Como se caracteriza a inovação na empresa?
4. De que forma a empresa avalia a viabilidade de uma ideia de inovação, à priori? 5. Como são protegidas as inovações (patentes, segredo…)?
B. Importância e resultados da inovação
6. Qual a importância da inovação para a estratégia da empresa?
6.1. Porque é que a empresa inova? É uma necessidade? Quais as circunstâncias que a impõem?
Mercado impõe prazos mais curtos e apertados que implicam fazer o mesmo num intervalo de tempo mais apertados – inovar ao nível técnico (até porque ainda existe alguma base de máquinas antigas na empresa)
o Isso pode conduzir a um crescimento exponencial que é afetado e afeta a estratégia 7. Como é que a inovação está presente nos objetivos da empresa? / Indicadores
Não, “eu sinto a necessidade de perceber que as pessoas sentem melhorias, as pessoas mesmo no chão-de-fábrica, acabo por me preocupar mais com eles do que no que a administração possa pensar. Porque se eu melhorar neles, a administração acaba por sentir os resultados.”
8. Existem pessoas, tempo ou recursos dedicados exclusivamente à inovação ou é algo que se espera que aconteça no decorrer do trabalho diário?
Enquanto responsável de processos, este engenheiro está responsável por isso. Contudo, é algo que acontece no decorrer do trabalho do dia-a-dia, não é algo que ele faça exclusivamente (não é uma prioridade)
Não há uma equipa, passa por estar presente e ouvir o que as pessoas que trabalham diretamente com as máquinas têm a dizer
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9. No trabalho do dia-a-dia, qual a postura dos trabalhadores relativamente a problemas? (conseguem identificar? Comunicam? Propõem soluções?)
Há pessoas que aceitam bem a inovação e outras que não
o “Há áreas onde, se (eu) chegar com uma ferramenta nova, eles já estão mentalizados para experimentar a inovação e ver se funciona. E outras, quando se chega com uma inovação, estão todos mortinhos por me boicotar o trabalho
o “Isso também se treina”
“A maioria das inovações que tenho implementado são coisas em que foram outras pessoas que me deram o «clique»”
Importância de estar com as pessoas e ouvi-las: “Estás a fazer isto assim, porquê? – «porque não tenho outra maneira de o fazer» – O que é que precisas para fazer isto de outra maneira, mais rápido? – «preciso disto, disto e daquilo» – Então vamos tentar arranjar isso. Ao arranjar isso à pessoa ela consegue fazer a sua tarefa mais rápido, o que vai fazer crescer o bichinho da inovação, começa a ter outras ideias…” (promover a motivação para a inovação)
10. Em que setores ou níveis da organização a inovação tem origem, com maior frequência? (Nível de formação / Anos de experiencia na empresa)
Muitas ideias são retiradas da parte da produção mas os departamentos técnicos também têm inovado bastante
Desenvolvimento da ideia é transversal
o A maioria das ideias implicam alterações na maneira como se projeta o molde, como se encomenda…
o Há equipas de trabalho que envolvem elementos de diversos setores 11. Como é que os colaboradores encaram a introdução de inovações?
C. Redes e parcerias
12. É comum a empresa adotar inovações desenvolvidas por outras entidades ou pela concorrência, ou a inovação utilizada é apenas aquela que é desenvolvida internamente?
13. A empresa recorre a parcerias para fazer inovação?
A maioria das inovações em parceria são feitas com empresas do grupo
As parcerias com fornecedores são importantes – introdução de alterações e experimentação – informais, de confiança e empatia: “eles querem vender, nós queremos melhorar”
CENTIMFE: Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plástico (entidade promotora de inovação na industria de moldes)
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14. Qual a importância da localização da empresa para a inovação?
14.1. Dinamismo tecnológico das parcerias regionais (Oliveira de Azeméis ou Marinha Grande) (15.7.)
14.2. Proximidade a Universidades
Há projetos de colaboração com a Universidade do Minho 14.3. Social – papel da empresa a região
14.4. O contributo das unidades instaladas no estrangeiro
Permite que inovações desenvolvidas numa empresa portuguesa sejam rapidamente implementadas numa empresa do exterior, e vice-versa (acontece ocasionalmente)
Está a desenvolvimento uma espécie de chat em que cada um pode colocar as suas ideias, e qualquer pessoa do grupo pode rapidamente ver as ideias que estão em progresso
D. Estímulos e condicionantes da inovação 15. Qual o papel dos seguintes fatores?
15.1. Dimensão da organização
Estímulo:
o mais pessoas disponíveis (logo, podem haver pessoas com tarefas de inovação) o muitas pessoas, quando motivadas, permitem uma maior quantidade e variedade
de ideias Condicionante:
o o trabalho é mais elaborado, o que rouba tempo à inovação
o passar à ação – em reuniões com a administração, como há muita gente, é difícil chegar a um acordo para avançar
15.2. Integração das atividades
O grupo adquiriu um novo tipo de máquinas para diferentes fábricas e as equipas que trabalham com essas máquinas falam entre si: circuito de contributos que permite ir melhorando ideias
15.3. Cultura organizacional
Espírito da Simoldes: “As pessoas, felizmente, ainda vão tendo bastante liberdade de expressão. Isso é uma coisa que transparece de cima e faz com que as pessoas estejam à vontade para falar, experimentar e inovar” – abertura que estimula a inovação
Os colaboradores, para se evidenciarem, propõem ideias que geram inovação (17.2.) 15.4. Organização interna e estrutura de controlo
15.5. Conhecimentos internos (teóricos ou dados relativos à produção)
15.6. Circulação da informação (recolha, organização, compilação e distribuição)
A gestão da informação não é a melhor
As outras tarefas absorvem a maioria do tempo, logo a logística da informação é deixada para segundo plano
Vai havendo um esforço pessoal para se divulgar algumas coisas boas que são feitas, a maioria das vezes é feito presencialmente – chamam-se os responsáveis de outros setores
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onde uma inovação pode ser apicada e mostra-se como está a ser feita e estuda-se se ela pode ser aplicada noutro local
“Isto tem a ver com o passado: no passado as empresas foram crescendo e havia a ideia que cada empresa era a sua quinta e havia uma disputa (ver a Simoldes como as empresas individuais ou como um grupo). Agora começa, nalguns casos, a haver espírito de grupo, mas, até há 5 anos… qual espírito de grupo! Cada um defendia o seu quintal, cada um as suas ideias, isso era mesmo muito complicado. Hoje em dia já começa a haver alguma abertura e a maneira de fazermos isso é presencial: as pessoas vêm, veem o que está a ser efetuado…”
15.7. Fatores externos:
Procura
Quando a procura é excessiva viram-se todos os recursos para a produção e atividades de inovação são nulas, o importante é garantir a produção. “Não devia acontecer, quando existem pessoas como eu cuja função é trabalhar na inovação”, mas o trabalho sobrepõe-se porque não há recursos suficientes
“Há casos em que os próprios clientes exigem irmos atrás da inovação: recentemente uma marca de automóveis quis que aplicássemos uma determinada tecnologia. Nós não a temos, internamente, desconhecemo-la, tivemos que ir atrás dela, perceber como é que era e incorporá-la nos nossos moldes. Claro que o interessante era sermos nós a dar a conhecer, mas isso obriga a adquirir tecnologia e máquinas… a investir num processo tecnológico que não há necessidade de utilizar diariamente (…) logo, é difícil de rentabilizar.”
Fornecedores Depende dos fornecedores
“Um dos pontos onde se pode invar todos os dias é nas ferramentas. O problema é que (…), por vezes, por trocos, vai-se comprar ao candongueiro e aí perde-se logo tudo. Ou seja, vai-se comprar a pessoas que pegam no material de uma marca de referência, que tem técnicos que nos podem ajudar a resolver os nossos problemas, e vai-se comprar a uma pessoa que, apena, faz quase uma cópia. E quando se pede ajuda técnica, ele vai dando mas nunca é aquela ajuda técnica especializada. Isto acontece-nos muito e é um problema, e está reportado acima, que nos tem trazido bastantes dissabores e quebras na produtividade bastante grandes”
Concorrência
São feitas visitas para conseguir estar sempre a par do melhor que é feito. Até há 4 anos não se fazia isso porque o “pensamento interno era, enquanto fornecedores de referência, líder europeu quase mundial: «nós somos grandes, nós é que somos bons» Estão completamente enganados, há aí muita coisa pequenininha que faz muito mais inovação que nós e que quer estar sempre na vanguarda.”
Depende da região (segundo o que se apercebe das visitas que faz):
o Empresas da Marinha grande estão abertas à inovação e partilham tudo entre elas. Abrem-nos a porta e falam…