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as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

VIII) a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX) outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Vamos a alguns detalhes...

a) Segundo o STF, as relações entre a Administração Pública e seus servidores regidos pelo regime estatutário (cargo efetivo ou em comissão) devem ser julgadas pela Justiça Federal (e não pela Justiça do Trabalho).

b) Segundo o STF, após a EC 45/2004, as ações de indenização (inclusive por dano moral) propostas por empregado contra empregador fundadas em acidente de trabalho são da competência da Justiça do Trabalho. Essa regra não se aplica às ações ajuizadas contra o INSS buscando o recebimento de benefícios previdenciários decorrentes de acidente de trabalho. Nesse caso, a competência é da Justiça comum (estadual).

Esse entendimento gerou a edição de súmula vinculante pelo STF:

“A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de

indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional no 45/04” (Súmula

Ademais, você tem de conhecer outra súmula vinculante relacionada com esse assunto:

“A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação

possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve

pelos trabalhadores da iniciativa privada” (Súmula Vinculante 22).

Segundo o § 1º do art. 114 da CF/88, frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

E recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente (CF, art. 114, § 2°).

Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito (CF, art. 114, § 3°).

Justiça eleitoral

São órgãos da Justiça Eleitoral: a) o Tribunal Superior Eleitoral; b) os Tribunais Regionais Eleitorais; c) os Juízes Eleitorais;

d) as Juntas Eleitorais.

O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) três juízes dentre os Ministros do STF; b) dois juízes dentre os Ministros do STJ;

II - dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral (por nomeação do Presidente da República, após indicação do STF). O TSE elegerá:

a) seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do STF; b) o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do STJ.

Haverá um TRE na Capital de cada Estado e no Distrito Federal. Na regra de escolha dos ministros dos TREs será observada certa semelhança à regra do TSE.

Assim, os TREs compor-se-ão:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

b) dois juízes dentre juízes de direito, escolhidos pelo TJ.

II - de um juiz do TRF, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo respectivo TRF;

III - de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral (por nomeação pelo Presidente da República, após indicação pelo Tribunal de Justiça).

O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os desembargadores.

Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais (CF, art. 121).

Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis (CF, art. 121, § 1º).

Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria (CF, art. 121, § 2º).

São irrecorríveis as decisões do TSE, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança (CF, art. 121, § 3º).

Já das decisões dos TREs somente caberá recurso quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa da Constituição ou de lei;

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;

V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de injunção.

Justiça militar

São órgãos da Justiça Militar: o Superior Tribunal Militar (STM); e os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

O Superior Tribunal Militar compor-se-á de 15 Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo:

a) três dentre oficiais-generais da Marinha; b) quatro dentre oficiais-generais do Exército; c) três dentre oficiais-generais da Aeronáutica; e d) cinco dentre civis.

Quanto aos dez ministros militares devem ser todos da ativa e do posto mais elevado da carreira.

Já os cinco ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de 35 anos, sendo:

I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;

II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.

Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares definidos em lei (CF, art. 124). A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar.

Justiça estadual

Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios constitucionais. Cabe destacar que a regra do quinto constitucional aplica-se também aos tribunais de justiça estaduais.

A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.

Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio (CF, art. 126, parágrafo único).

A Constituição Federal ainda prevê para a Justiça estadual aquelas duas mesmas regras previstas para a Justiça Federal:

a) o Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo;

b) o Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

Compete privativamente aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (CF, art. 96, III).

Passemos às regras relativas à Justiça militar estadual.

A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída:

a) em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça; b) em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares. Ressalva-se a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. Por fim, cabe comentar duas regras específicas.

Em primeiro lugar, o DF não dispõe de competências para organizar a sua própria justiça, cabendo à União essa competência mediante lei aprovada pelo Congresso Nacional.

Em segundo lugar, nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei (CF, art. 110, parágrafo único).

Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa (CF, art. 33, § 3°).

5) Súmula Vinculante

Bem, esse assunto normalmente é visto em controle de constitucionalidade, mas se relaciona também ao estudo do Poder Judiciário. Por isso, vale a pena tratá-lo aqui.

O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei (CF, art. 103-A).

De notar que, há muito, as decisões proferidas pelo STF em sede de controle abstrato (em que se está impugnando uma lei em tese, sem vinculação a um caso concreto) dispõem de efeito vinculante à administração pública e aos demais órgãos do Poder Judiciário.

Com a criação da súmula vinculante pela EC 45/2004, também as decisões do Supremo Tribunal Federal no âmbito do controle incidental (aquele que ocorre diante de um caso concreto) poderão adquirir esse efeito vinculante.

Entendeu para quê serve a aprovação de uma súmula vinculante? Em resumo, a função dessas súmulas é dar força vinculante às decisões e entendimentos do Supremo Tribunal Federal, inclusive aquelas decisões do controle incidental de constitucionalidade.

De maneira bem simples, você pode entender a função das súmulas vinculantes da seguinte maneira: vincular a atuação (e também as decisões) de juízes, tribunais e administradores a uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Isso para que cada um não fique dando sua própria interpretação sobre determinado aspecto constitucional. Podemos considerar também como uma forma de padronização das decisões judiciais.

Atenção! Como acontece também no controle de constitucionalidade, os efeitos vinculantes não atingem nem o STF (que poderá revisar ou cancelar súmula vinculante anteriormente editada) nem o Poder Legislativo (que poderá elaborar normas com conteúdo contrário à súmula editada).

As súmulas tratarão de matéria constitucional que esteja ensejando controvérsia atual entre os órgãos judiciários (ou entre esses e a Administração Pública), causando grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

Bem, então, o STF poderá, de ofício ou por provocação, aprovar súmula vinculante, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional.

Com efeito, a partir da publicação na imprensa oficial, essas súmulas terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

Entretanto, o Supremo poderá, por dois terços de seus membros, restringir os efeitos vinculantes ou diferir a sua aplicação para um momento posterior, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.

É importante mencionar que no procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula vinculante, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros na questão, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (art. 3°, § 2º, da Lei 11.417/2006). Trata-se da aplicabilidade do conceito de amicus curiae no processo de edição de súmula vinculante.

Ademais, a lei prevê que o Procurador-Geral da República, nas propostas que não houver formulado, manifeste-se previamente à edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante.

E se houver descumprimento, qual o instrumento pode ser utilizado para fazer valer a decisão do STF?

Bem, da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação (art. 7° da Lei 11.417/2006).

Cabe destacar que contra omissão ou ato da Administração Pública, o uso da reclamação só será admitido após o esgotamento das vias administrativas (Lei 11.417/2006, art. 7°, § 1°).

Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso. (Lei 11.417/2006, art. 7°, § 2°).

Portanto, vale a pena você ter mente os principais aspectos relacionados às Súmulas Vinculantes.

I) Órgão competente: Supremo Tribunal Federal; II) Legitimados a provocar a edição de uma súmula:

a) STF, de ofício;

b) Os legitimados à impetração de ADI (CF, art. 103); c) Defensor Público Geral da União;

d) Tribunais do Judiciário;

e) Municípios (apenas incidentalmente, no âmbito de processo em que sejam parte)

III) Objeto e requisitos: as súmulas versarão sobre matéria constitucional que esteja causando controvérsia atual entre os órgãos judiciários (ou entre esses e a Administração Pública), causando grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica;

IV) Quórum: dois terços dos membros do STF;

V) Súmulas anteriores: as súmulas anteriores poderão ter efeito vinculante, desde que confirmadas por voto de dois terços dos ministros do STF e republicadas na imprensa oficial (EC 45/2004, art. 8º).

Passemos ao exame de algumas questões sobre esse assunto.

(FCC/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/TERESINA/PI/2010) O relator poderá admitir o amicus curiae no procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula vinculante, por decisão irrecorrível. De fato, no procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula vinculante, o relator poderá, por decisão irrecorrível, admitir a manifestação de terceiros na questão, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (Lei 11.417/2006, art. 3°, § 2°). Correta a assertiva. (FCC/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCM/PA/2010) O Município poderá provocá-la diretamente ao Supremo Tribunal Federal, sendo incabível sua provocação incidental no curso do processo em que seja parte.

Ao contrário. O município somente poderá propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante, incidentalmente ao curso de processo em que seja parte (Lei 11.417/2006, art. 3°, § 1°). Errada a questão.

(ESAF/APO/MPOG/2008) O Supremo Tribunal Federal pode aprovar súmula que terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

O efeito vinculante não atinge o Poder Legislativo (e nem o próprio STF). Incorreta a questão.

(CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STM/2011) Súmula vinculante deve ser aprovada por maioria absoluta dos votos do STF e incidir sobre matéria constitucional que tenha sido objeto de decisões reiteradas desse tribunal. A aprovação de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal exige decisão de dois terços dos seus membros da Suprema Corte, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional. Incorreta a questão.

6) Precatórios Judiciais

O regime dos precatórios está previsto no art. 100 da CF/88 e no art. 97 do ADCT (dispositivos recentemente alterados pela EC 62/2009).

Os precatórios são a forma de cumprimento das decisões judiciais transitadas em julgado que condenam os entes públicos ao pagamento de importâncias pecuniárias (observada a ordem do requerimento). Observe que se trata de uma forma de criar uma regra para o pagamento das obrigações estatais, homenageando o princípio da impessoalidade ao não deixar à escolha do administrador qual crédito deverá ser satisfeito primeiro.

Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim (CF, art. 100). Portanto, é obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente (CF, art. 100, § 5°).

Entretanto, há regras de exceção. Segundo o § 3° do art. 100 da CF/88, estão excluídos do regime de precatórios os pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

Ou seja, cada ente deverá fixar seu próprio valor, desde que cumprido o teto mínimo equivalente ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social (CF, art. 100, § 4°).

Há exceções também quanto à ordem de pagamento. Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave,

definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do valor fixado em lei (como sendo o de pequeno valor). Será admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório (CF, art. 100, § 2°).

Vale comentar que os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado (CF, art. 100, § 1°). Como regra, eles terão preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles acima referidos (de natureza alimentícia cujo titular tenha mais de 60 anos).

Portanto, há uma escala na ordem de precedência para o pagamento dos precatórios:

paga-se os débitos de natureza alimentícia “especiais” (maiores de 60 anos ou portadores de doença grave, até o triplo da obrigação de pequeno valor);

demais débitos de natureza alimentícia (os “não especiais”); débitos que não sejam de natureza alimentícia.

E as obrigações definidas em leis como de pequeno valor? Essas não entram na regra dos precatórios.

O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o CNJ (CF, art. 100, § 7°).

Segundo o § 8º do art. 100 da CF/88, é vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total no conceito de obrigação de pequeno valor. Ademais, o não pagamento de débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precatórios judiciais regularmente inscritos pode configurar desobediência a ordem judicial (desde que seja o descumprimento injustificado, doloso, desarrazoado). Isso poderá ensejar inclusive intervenção federal, nos termos do art. 34, VI, da CF/88.

Sequestro

Vale destacar regra concernente ao seqüestro da quantia necessária para pagamento dos precatórios. Trata-se de medida excepcional que ocorrerá em apenas duas hipóteses:

(i) preterimento do direito de precedência; e

(ii) não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do débito. Nesse sentido, o § 6º do art. 100 da CF/88 estabelece que as dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder

Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.

Compensação e cessão do crédito

No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial (CF, art. 100, § 9°).

Para isso, antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda