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Nesse sentido, para elaborar a estrutura conceitual do Relato Integrado, foi criada uma coalizão global compondo reguladores, investidores, empresas, organismos de normalização, os contabilistas e organizações não governamentais, denominada de International Integrated

Reporting Council (IR, 2013b). Juntos partilharam opiniões sobre como deveria ser uma

comunicação que demonstrasse a criação de valor, e enfatizaram que este pode ser o próximo passo na evolução da comunicação corporativa (IR, 2013b).

A proposta do Relatório Integrado é incentivar para que as empresas apresentem uma comunicação concisa sobre a estratégia, a governança, o desempenho e as perspectivas futuras dentro de um contexto relacionado ao ambiente externo, levando à geração de valor no curto, médio e longo prazo (IR, 2013b). ConFigura-se também como um processo fundado no pensamento integrado que resulta em um relatório periódico de uma organização relacionado à comunicação da geração de valor ao longo do tempo (IR, 2013b).

Uma vez que o Relato Integrado (IR, 2014b) tem como objetivo principal explicar aos provedores de capital financeiro como uma organização gera valor ao longo do tempo. Ainda no processo de elaboração do framework, foram elencados alguns objetivos específicos de um Relato Integrado (2013a, p. 8):

 Melhorar a qualidade das informações disponíveis para os fornecedores de capital financeiro, para permitir uma alocação mais eficiente e produtiva do capital;

 Promover uma abordagem mais coesa e eficiente para relatórios corporativos que se baseiam em relatos de diferentes vertentes e comunica toda a gama de fatores que afetam materialmente a capacidade de uma organização para criação de valor ao longo do tempo;

 Melhorar a prestação de contas e gestão para a ampla base de capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social e de relacionamento, natural) e promover a compreensão entre suas interdependências;

 Dar suporte na tomada de decisão em ações que incidem sobre a criação de valor ao longo do curto, médio e longo prazo.

Em dezembro de 2013, o IIRC lançou a Estrutura Conceitual da elaboração do Relato Integrado (RI) com a seguinte proposta: “relatório integrado é um documento conciso sobre como a estratégia, a governança, o desempenho e as perspectivas de uma organização, no contexto de seu ambiente externo, geram valor no curto, médio e longo prazo (IR, 2013d, p. 7). E esse framework tem o propósito de estabelecer Princípios Básicos e Elementos de Conteúdo que guiem o conteúdo geral de um relatório integrado, e explique conceitos fundamentais que os sustentam (IR, 2013d, p. 7).

Quadro 4 – Elementos do Conteúdo

Elementos Questionamento

Visão geral organizacional e ambiente externo O que a organização faz e sob quais circunstâncias ela atua?

Governança Como a estrutura de governança da organização apoia sua capacidade

de gerar valor em curto, médio e longo prazo?

Modelo de negócios Qual é o modelo de negócios de organização?

Riscos e oportunidades Quais são os riscos e oportunidades específicos que afetam a

capacidade da organização de gerar valor em curto, médio e longo prazo, e como a organização lida com eles?

Estratégia e alocação de recursos Para onde a organização deseja ir e como ela pretende chegar lá?

Desempenho Até que ponto a organização já alcançou seus objetivos estratégicos

para o período e quais são os impactos no tocante aos efeitos sobre os capitais?

Perspectiva Quais são os desafios e as incertezas que a organização provavelmente

enfrentará ao perseguir sua estratégia e quais são as potenciais implicações para seu modelo de negócios e seu desempenho futuro?

Base para apresentação Como a organização determina os temas a serem incluídos no relatório

integrado e como estes temas são quantificados ou avaliados?

Na parte que trata dos elementos do conteúdo, esses são abrangidos por oito elementos interligados uns aos outros, que tem como finalidade responder os seguintes questionamentos (Quadro 4):

Os Princípios Básicos e Elementos do Conteúdo do framework estão fundamentados por conceitos fundamentais norteadores que tem como objetivo sustentar a estrutura do Relato Integrado, esses são divididos em três partes: A) Geração de valor para a organização e para outros; B) Os Capitais; C) O processo de geração de valor (IR, 2013d, p.3).

Sobre os princípios básicos do RI, o framework descreve que esses deverão sustentar a preparação e apresentação de um relatório integrado quanto ao conteúdo que deve ser relatado e qual a forma de relatar. Esses princípios são: a) Foco estratégico e orientação para o futuro; b) Conectividade da informação; c) Relações com partes interessadas; d) Materialidade; e) Concisão; f) Confiabilidade e completude; e g) Coerência e comparabilidade (IR, 2013d. p. 16).

No framework do RI, diversas vezes é mencionado o termo “geração de valor”, isso significa que os valores presentes na empresa podem ser preservados ou reduzidos em diversas situações que ocorrer trocas de capitais, como também na relação da geração do valor ao logo do tempo (curto, médio ou longo prazo) (IR, 2013).

Figura 1 – Capitais financeiros e não financeiros

Assim, dentro dos conceitos fundamentais da estrutura do Relato Integrado, seis categorias de "capitais" são classificados como: financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social e de relacionamento e capital natural, porém as organizações que preparam um relatório integrado não são obrigadas a adotar essa categorização ou estruturar o seu relatório ao longo das linhas desses capitais (IR, 2013a). A Figura 1 revela que “as empresas dependem de diversos tipos de capitais para que suas atividades gerem valor” ( PEREZ et al. , 2014, p. 23).

Uma visão do processo de geração de valor é demostrada na Figura 2. Assim, a visão a longo prazo do IIRC é interferir no ambiente empresarial com intuito de facilitar a normatização dos relatórios integrados corporativos (IR, 2013b). A partir do pensamento integrado, incorporá-lo dentro das práticas de negócios tanto no setor público quanto no privado (IR, 2013b).

Figura 2 – Conceitos Fundamentais no Processo Organizacional

Fonte: IR (2013a, p. 11)

Mediante a importância dessa nova ferramenta de comunicação “RI”, voltamos a mencionar sobre o princípio básico no que se refere à conectividade das informações. Esse princípio diz que “um relatório integrado deve mostrar uma imagem holística da combinação, da interrelação e das dependências entre os fatores que afetam a capacidade da organização de gerar valor ao longo do tempo” (IR, 2013d, p. 16). Nesse princípio também é pontuado

[...] que tanto informações qualitativas como quantitativas são necessárias para que um relatório integrado represente corretamente a capacidade de uma organização de gerar valor, pois cada uma delas cria um contexto para a outra. A inclusão de KPIs como parte de uma explicação descritiva pode ser uma maneira eficaz de conectar informações quantitativas e qualitativas.

Os capitais são depósitos de valores que se tornam insumos para o modelo de negócios de uma organização (IR, 2013a, p.11). Eles são aumentados, diminuídos ou transformados através das atividades e produtos da organização, sendo aprimorados, consumidos, modificados, destruídos ou afetados de alguma forma por essas atividades e produtos (IR, 2013a, p.11). O conceito de cada capital está apresentado no Quadro 5.

Quadro 5 – Conceitos dos Capitais não financeiros – Relato Integrado

Capital Natural São todos os recursos ambientais renováveis e não renováveis e processos que fornecem bens ou serviços que suportam a prosperidade passada, presente ou futura de

uma organização. Inclui: ar, água, terra, minérios, florestas, biodiversidade e saúde do ecossistema.

Capital Humano São consideradas as competências, capacidades e experiências das pessoas, bem como

suas motivações para inovar.

Capital Social e de Relacionamento

As instituições e os relacionamentos internos e entre comunidades, grupos de partes interessadas e outras redes, bem como a habilidade de compartilhar informações para aprimorar o bem estar individual e coletivo.

Capital Intelectual Este capital é baseado no conhecimento transferido para a organização com bem

intangível.

Fonte: Adaptado do Framework Relato Integrado (IR, 2013a)

Assim, o propósito desse estudo é analisar os indicadores-chave de desempenho relacionados aos capitais não financeiros, pois está descrito na parte complementar do draft do framework “Capitals”, que os indicadores quantitativos podem ser muito importante para explicar os usos e efeitos entre o fluxo de capitais de uma organização (IR, 2013c, p. 4). E no Quadro 6 apresentamos os indicadores-chave de desempenho (KPIs) de capitais não financeiros identificados no estudo anterior do IIRC em 2013.

Quadro 6 – KPIs - Capitais não financeiros

Capitais não financeiros Indicadores-chave de Desempenho - KPIs

Capital Natural (7)

1. Emissão de CO2

2. Consumo de energia por Fonte de energia 3. Quantidade de resíduos

4. Acidentes ambientais 5. Resíduos reciclados

6. Investimentos em proteção ambiental 7. Animais adquiridos para testes

Capital Humano (11)

8. Número de funcionários 9. Diversidade

10. Total investido em treinamento

11. Funcionários em aprendizagem eletrônica corporativa 12. Média de idade

13. Média de dias de treinamento por funcionário 14. Resultado da pesquisa com funcionários

15. Acidentes com lesão por milhões de horas trabalhadas 16. Taxa de absenteísmo

17. Taxa de demissão

18. Relação de salário mínimo

Capital Social e de Relacionamento

(8)

19. Ranking de “Excelente lugar para trabalhar” 20. Número de voluntários

21. Reclamações trabalhistas / Processos 22. Envolvimento em ações sociais 23. Envolvimento em projetos culturais 24. Índice de satisfação do cliente 25. Provisão para projetos sociais

26. “Investimento social” (dinheiro gasto em filantropia)

Capital Intelectual (8)

27. Número de patentes requeridas 28. Dinheiro gasto em P&D

29. Número de testes com nova tecnologia 30. Reconhecimento da marca

Outros itens que podem incluir:

31. número de novos produtos desenvolvidos;

32. despesas com o desenvolvimento de mudanças/processos da organização; 33. despesas com o desenvolvimento de softwares para sistemas internos; 34. vendas geradas por produtos originados de P&D.

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