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Relato integrado: um estudo sobre os indicadores-chave de desempenho não financeiro das empresas brasileiras

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

MAXLEIDE NASCIMENTO CASTRO

RELATO INTEGRADO: UM ESTUDO SOBRE OS INDICADORES-CHAVE DE DESEMPENHO NÃO FINANCEIRO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Recife 2015

(2)

MAXLEIDE NASCIMENTO CASTRO

RELATO INTEGRADO: UM ESTUDO SOBRE OS INDICADORES-CHAVE DE DESEMPENHO NÃO FINANCEIRO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Pernambuco , como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato Rodrigues.

Recife 2015

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Catalogação na Fonte

Bibliotecária Ângela de Fátima Correia Simões, CRB4-773

C355r Castro, Maxleide Nascimento

Relato integrado: um estudo sobre os indicadores-chave de desempenho não financeiro das empresas brasileiras / Maxleide Nascimento Castro. - Recife : O Autor, 2015.

149 folhas : il. 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato Rodrigues.

Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Universidade Federal de Pernambuco, CCSA, 2015.

Inclui referências e apêndices.

1. Desenvolvimento sustentável. 2. Responsabilidade social da empresa.

3. Capital humano. 4. Capital intelectual. 5. Empresas brasileiras. I. Rodrigues, Raimundo Nonato (Orientador). II. Título.

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Programa de Pós-graduação

Mestrado em Ciências Contábeis

Coordenação

________________________________________________________________

“RELATO INTEGRADO: UM ESTUDO SOBRE OS

INDICADORES-CHAVE DE DESEMPENHO NÃO

FINANCEIROS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS”.

Maxleide Nascimento Castro

Dissertação submetida ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Pernambuco e aprovada em 09 de março de 2015.

Banca Examinadora:

Orientador/Presidente: Raimundo Nonato Rodrigues (Dr.)

Examinador Interno: Aldemar de Araújo Santos (Dr.)

Examinador Externo: Orleans Silva Martins (Dr.)

UFPE- Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais

Av. dos Funcionários s/n 1º andar, sala E -6.1 - Cidade Universitária – 50.740.- 580 Recife- PE (81) 2126-8911 – mestrado.contabeis@ufpe.br – www.controladoria.ufpe.br

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Ao nosso Mestre Jesus Cristo, ao meu esposo, André Castro, a minha mãe, Marileide Nascimento, aos meus amigos. A vocês, dedico este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Nesta parte deixarei meus sinceros e estimados votos:

Ao nosso Mestre Jesus Cristo, por me guiar e dar forças nessa conquista.

Ao meu esposo, André, responsável por incentivar e estar sempre ao meu lado nesta longa caminhada.

À minha mãe e guerreira, Marileide, por ter me ensinado o caminho a seguir, mesmo sem as condições necessárias.

À minha querida Doutora e Professora Umbelina Lagioia, por ter sido a minha estrela guia na decisão que mudaria a minha vida. E pelo apoio durante está caminhada.

À minha querida Mestre e Professora, Ângela Basante, por acreditar no potencial de uma aluna de graduação sedenta por seguir a carreira acadêmica.

À minha querida Doutora e Professora Lilian Outtes, que foi o meu farol nos momentos mais difíceis e indecisos da construção dessa dissertação.

Ao meu orientador, Raimundo Nonato, e a todos os Professores do programa, em especial o Doutor e Professor Marco Túllio pelos conselhos.

Aos Professores da Banca Examinadora Orleans Silva Martins e Aldemar de Araújo Santos, pelas considerações relevantes e valiosas para o término deste trabalho.

À todos meus amigos de turma 2013, em especial Juliana Gonçalves, Rodrigo Prazeres, Márcio Nunes e João Gabriel. Como também aos amigos da turma 2013 que me apoiaram, como Francisco de Assis, Lucivaldo Lourenço, Lívia Vilar , Karen Patrícia e outros, em especial Paulo César que foi mais que amigo, foi um irmão.

À minha amiga Natália Mary Oliveira de Souza, que esteve ao meu lado em todos os momentos finais dessa dissertação.

E a todos os amigos que não foram mencionados, mas que, estavam torcendo para essa conquista. Meus sinceros agradecimentos!

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O pensamento integrado fornece uma visão mais holística da organização em termos de suas operações, riscos e oportunidades, e colabora para uma gestão mais sustentável de criação de valor para o futuro (A4S,2015).

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RESUMO

Desde 2009, há uma discussão em âmbito internacional acerca do pensamento corporativo integrado, que tem por finalidade integrar informações financeiras e não financeiras em um único relatório, que é denominado “Relato Integrado”. E para este estudo o objetivo foi verificar quais os níveis de aderência das empresas brasileiras aos indicadores-chave de desempenho dos capitais não financeiros expostos na parte complementar do draft da Estrutura Conceitual do “Relato Integrado”. Tais capitais se restringem ao Capital Natural, Capital Humano, Capital Social e de Relacionamento e Capital Intelectual, sendo excluídos os capitais Financeiro e Manufaturado. Esta pesquisa se caracteriza exploratória-descritiva a partir de dados secundários, e utilizou-se como estratégia a pesquisa documental, como também a técnica de análise de conteúdo e estatística inferencial para complementar os resultados. A população consiste em 128 empresas listadas no segmento do Novo Mercado da BM&FBOVESPA, que divulgaram relatórios com informações não financeiras em 2012. Após a coleta dos dados, que compreendeu o período dos meses de setembro a outubro de 2014, somente 49% da população apresentaram alguma divulgação com informações não financeiras, assim amostra foi composta por 63 empresas. Para alcançar o objetivo proposto foi utilizado na analise dos relatórios um checklist composto por 34 indicadores-chave (KPIs), que resultou em um Índice de Divulgação de Capital por empresa e em seguida agrupado por setor, com a finalidade de verificar os níveis de aderências das empresas/setores aos indicadores-chave de capital não financeiro. De forma geral, observou-se que os níveis de aderência foram baixos, pois somente 6,3% das empresas obtiveram um nível Alto (nível 1), enquanto 39,7 % no nível 3 (moderado baixo) e 23,8% no nível 4 (baixo), somando 63,5% de aderência com força para baixo (0,50). Nesse sentido, verifica-se que o capital mais aderente foi o “Capital Natural”, com a maioria das empresas (38,1%) classificadas no Nível 2 de aderência, seguido de 14,3% classificadas no Nível 1, totalizando 52,4% de aderência. E o Capital Intelectual foi o menos aderente, apresentou a menor participação nos níveis elevados de aderência, pois a maioria das empresas (44,4%) encontra-se classificada como Nível 4 (baixo), e somente 6,3% (4) se classificam como Nível 1(alto). E ainda observou-se os índices de divulgação por setor no geral, destacou-se que somente três setores ficaram acima de 0,50: os setores “Utilidade pública” (0,64), “Telecomunicação” (0,62) e “Materiais básicos” (0,50). Enquanto que os setores de baixa aderência foram: “Financeiros e outros” (0,28) e “Consumo cíclico” (0,34). Para complementar o estudo, analisou-se o conteúdo dos indicadores quanto às características e às classificações, e, no geral, observou-se que 61% dos indicadores apresentam características “quantitativa não monetária”, e 58% apresentam classificação “Neutra”. Quanto às possíveis associações existentes, sugeriu-se, através da estatística, que, para a distribuição não normal, obteve-se associação significativamente positiva com a característica monetária (rho=0,033) e a classificação “Ruim” (rho=0,532); e na distribuição normal, a associação foi significativamente negativa com a característica “declarativa” (rho=- 0,312) e a classificação Neutra (rho=- 0,267). Esta pesquisa corrobora para o avanço dos estudos nesta temática, pois até 2014 há uma lacuna de trabalhos empíricos ligados ao “Relato Integrado”.

(9)

ABSTRACT

Since 2009, there is an internationally discussion of integrated corporate thinking, which aims to integrate financial and non-financial information in a single report, which is called "Integrated Reporting". And for this study the objective was to verify that the grip levels of the Brazilian companies to key performance indicators of non-financial capital exposed in the part complementary, of the Framework of the draft "Integrated Reporting". Such capital is restricted to Natural Capital, Human Capital, Social Capital and Relationship and intellectual capital, and excluding Financial and manufactured capital. This research is characterized exploratory and descriptive based on secondary data, and used a strategy of documentary research, as well as the technique if content analysis and inferential statistics to complement the results. The population consists of 128 companies listed on the Novo Mercado segment of BM&FBOVESPA, which released reports with non-financial information in 2012. After collecting the data, which covered the period from September to October 2014, only 49% of the population had some disclosure with non-financial information and sample consisted of 63 companies. To achieve the proposed objective was used in the reports analysis, a checklist consisting of 34 key indicators (KPIs), which resulted in a Capital Disclosure Index by company and then grouped by sector, in order to check the levels adhesions from companies/sectors to non-financial capital key indicators. Overall, it was observed that the grip levels were low, as only 6.3% of companies achieved a high level (level 1), while 39.7% at level 3 (moderately bass) and 23.8% in level 4 (low), totaling 63.5% of adhesion for down (0.50). In this sense, it appears that the most adherent capital was the "Natural Capital", with most companies (38.1%) classified as Level 2 of adhesion, followed by 14.3% classified at Level 1, totaling 52, 4% adhesion. And the Intellectual Capital was the least adherent, has the lowest participation in high levels adhesion, because most companies (44.4%) is classified as Level 4 (low), and only 6.3% (4) are classified as Level 1 (high). And yet It was observed that the disclosure indexes by sector in general, it was highlighted that only three sectors were above 0.50: sectors "public utility" (0.64) "Telecommunications" (0.62) and "basic materials "(0.50). While the low-grip sectors were: "financial and other" (0.28) and "cyclical consumption" (0.34). To complement the study, we analyzed the content of the indicators concerning the characteristics and classifications, and overall, it was observed that 61% of the indicators have "non-monetary quantitative" characteristics, and 58% are rated "Neutral”. As for the possible associations, it is suggested by statistics, that for the non-normal distribution, we obtained significantly positive association with monetary characteristics (rho = 0.033) and a rating of "Poor" (rho = 0.532); and normal distribution, the association was significantly negative with the "declarative" feature (rho = - 0.312) and the classification Neutral (rho = - 0.267). This research supports the advance the studies on this topic, until 2014 there is a lack of empirical work related to the "Integrated Reporting".

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Empresas Brasileiras – Programa Piloto do Relato Integrado ... 22

Quadro 2 – Estudos Anteriores ... 23

Quadro 3 – Evolução Histórica da Legislação Ambiental ... 28

Quadro 4 – Elementos do Conteúdo ... 34

Quadro 5 – Conceitos dos Capitais não financeiros – Relato Integrado ... 37

Quadro 6 – KPIs - Capitais não financeiros ... 38

Quadro 7 – População e Amostra ... 40

Quadro 8 – Checklist – Indicadores-chave de desempenho ... 43

Quadro 9 – Checklist – Característica da Informação ... 46

Quadro 10 – Classificações dos Indicadores-chave de Capitais ... 47

Quadro 11 – KPIs “quantitativa não monetária” - Capital Natural ... 83

Quadro 12 – Indicador de Capital Natural – KPI 6 ... 85

Quadro 13 – Indicadores-chave de desempenho – Capital Natural... 86

Quadro 14 – KPIs “quantitativa não monetária” - Capital Humano ... 90

Quadro 15 – Indicadores-chave de desempenho- Capital Humano ... 91

Quadro 16 – Indicador de Capital Humano – KPI 3 ... 95

Quadro 17 – Indicador de Capital Humano – KPI 6 ... 95

Quadro 18 – Indicadores-chave de desempenho - Capital Social e de Relacionamento ... 98

Quadro 19 – Indicadores-chave de desempenho – Capital Intelectual ... 105

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Variáveis Dicotômicas – Relatórios ... 39

Tabela 2 – Títulos dos relatórios divulgados ... 50

Tabela 3 – Modelo de Relatório ... 51

Tabela 4 – Citação de Capitais – Relatórios ... 52

Tabela 5 – Quantidade de Páginas por Setor ... 53

Tabela 6 – Divulgação de Indicadores – Capital Natural ... 54

Tabela 7 – Quantitativo de divulgação por KPIs – Capital Natural ... 54

Tabela 8 – Frequência de Divulgação por Setor - Capital Natural (%) ... 56

Tabela 9 – Índice médio de divulgação por setor - Capital Natural ... 58

Tabela 10 – Níveis de Aderência ao Capital Natural ... 59

Tabela 11 – Divulgação de Indicadores – Capital Humano ... 60

Tabela 12 – Quantitativo de divulgação por KPIs - Capital Humano ... 61

Tabela 13 – Frequência de Divulgação por Setor - Capital Humano ... 62

Tabela 14 – Índice Médio de divulgação por setor - Capital Humano ... 65

Tabela 15 – Níveis de Aderência ao Capital Humano... 65

Tabela 16 – Divulgação de Indicadores – Capital Social e de Relacionamento ... 66

Tabela 17 – Quantitativo de divulgação por KPIs - Capital Social e de Relacionamento ... 67

Tabela 18 – Frequência de Divulgação por setor - Capital Social e de Relacionamento ... 68

Tabela 19 – Índice Médio de divulgação por setor - Capital Social e de Relacionamento ... 70

Tabela 20 – Níveis de Aderência ao Capital Social e de Relacionamento ... 71

Tabela 21 – Divulgação de Indicadores – Capital Intelectual ... 72

Tabela 22 – Quantitativo de divulgação por KPIs - Capital Intelectual ... 72

Tabela 23 – Frequência de Divulgação por Setor - Capital Intelectual ... 73

Tabela 24 – Índice médio de divulgação por setor - Capital Intelectual ... 75

(12)

Tabela 26 – Ranking – Divulgação Geral dos Indicadores ... 78

Tabela 27 – Nível de Divulgação Geral - Ranking ... 79

Tabela 28 – Níveis de Aderência Geral – Capital Geral ... 80

Tabela 29 – Teste de Normalidade – Capital Natural ... 113

Tabela 30 – Correlação de Spearman rho – Capital Natural ... 114

Tabela 31 – Teste de Kruskal Wallis – Capital Natural ... 115

Tabela 32 – Teste de Normalidade – Capital Humano ... 116

Tabela 33 – Correlação de Spearman rho – Capital Humano ... 117

Tabela 34 – Kruskal Wallis IDCH por setor – Capital Humano ... 117

Tabela 35 – Teste de Normalidade – Capital Social e de Relacionamento ... 119

Tabela 36 - Correlação de Spearman rho – Capital Social e de Relacionamento ... 119

Tabela 37 – Kruskal Wallis IDCSR por setor - Capital Social e de Relacionamento ... 120

Tabela 38 – Teste de Normalidade – Capital Intelectual ... 122

Tabela 39 – Coeficiente de Correlação de Spearman – Capital Intelectual ... 122

Tabela 40 – Kruskal Wallis IDCI por setor - Capital Intelectual ... 123

Tabela 41 – Teste de Normalidade – Capital Geral... 124

Tabela 42 – Coeficiente de Correlação de Pearson – Capital Geral ... 125

Tabela 43 – Coeficiente de Correlação de Spearman – Capital Geral ... 125

(13)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Índice médio de Divulgação por setor – Capital Geral ... 79

Gráfico 2 – Níveis de Aderência Geral ... 81

Gráfico 3 – Características por Indicadores-chave de desempenho – Capital Natural ... 84

Gráfico 4 – Características dos indicadores por setores – Capital Natural ... 85

Gráfico 5 – Classificações por Indicadores-chave de desempenho – Capital Natural ... 87

Gráfico 6 – Classificações dos indicadores por setores - Capital Natural ... 88

Gráfico 7 – Características por Indicadores-chave de desempenho - Capital Humano ... 92

Gráfico 8 – Características dos indicadores por setores- Capital Humano ... 93

Gráfico 9 – Classificações por Indicadores-chave de desempenho – Capital Humano ... 94

Gráfico 10 – Classificações dos indicadores por setores – Capital Humano ... 97

Gráfico 11 – Características por Indicadores-chave de desempenho - Capital Social e de Relacionamento ... 98

Gráfico 12 – Características dos indicadores por setores - Capital Social e de Relacionamento ... 100

Gráfico 13 – Classificações por Indicadores-chave de desempenho - Capital Social e de Relacionamento ... 101

Gráfico 14 – Classificações dos indicadores por setores - Capital Social e de Relacionamento ... 103

Gráfico 15 – Classificações por Indicadores-chave de desempenho – Capital Intelectual .... 107

Gráfico 16 – Características dos indicadores por setores – Capital Intelectual ... 108

Gráfico 17 – Características dos indicadores totais por setores – Capital Geral ... 110

Gráfico 18 – Capitais não financeiros por classificações – Capital Geral ... 111

(14)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Capitais financeiros e não financeiros ... 35

Figura 2 – Conceitos Fundamentais no Processo Organizacional ... 36

Figura 3 – Fluxograma das etapas de análise dos relatórios... 49

Figura 4 – Frequências das características nos indicadores – Capital Natural ... 83

Figura 5 – Frequências das classificações nos indicadores – Capital Natural ... 86

Figura 6 – Frequência das características nos indicadores – Capital Humano ... 89

Figura 7– Frequências das classificações nos indicadores- Capital Humano ... 93

Figura 8 – Frequências das características nos indicadores – Capital Social e de Relacionamento ... 97

Figura 9 – Frequências das classificações nos indicadores - Capital Social e de Relacionamento ... 101

Figura 10 – Características das informações nos indicadores – Capital Intelectual ... 104

Figura 11– Indicador de Capital Intelectual – KPI 8 ... 106

Figura 12 –Indicador de Capital Intelectual – KPI 1 ... 106

Figura 13 – Frequências das características nos indicadores totais – Capital Geral ... 109

Figura 14 – Frequências das classificações nos indicadores totais – Capital Geral ... 111

Figura 15 – Box Plot - Índices de Divulgação por Setor - Capital Natural ... 115

Figura 16 – Box Plot - Índices de Divulgação por Setor - Capital Humano ... 118

Figura 17 – Box Plot – Índices de Divulgação por Setor - Capital Social e de Relacionamento ... 121

Figura 18 – Box Plot – Índices de Divulgação por Setor - Capital Intelectual ... 123

(15)

LISTA DE EQUAÇÃO

(16)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A4S The Prince’s Accounting for Sustainability Project ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas

BM&FBOVESPA Bolsa de Mercado e Futuro da Bolsa de Valores de São Paulo BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CDP Carbon Disclosure Program

CDSB Climate Disclosure Standards Board CEBDS Desenvolvimento Sustentável CVM Comissão de Valores Mobiliários DS Desenvolvimento Sustentável

FASB Financial Accounting Standards Board FEBRABAN Federação Brasileira dos Bancos

FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras GRI Global Reporting Initiative

IASB International Accounting Standards Board

IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas IBCG Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil IBRI Instituto Brasileiro de Relações com Investidores IDCG Índice de Divulgação de Capital Geral

IDCH Índice de Divulgação de Capital Humano IDCI Índice de Divulgação de Capital Intelectual

(17)

IDCN Índice de Divulgação de Capital Natural

IDCSR Índice de Divulgação de Capital Social e de Relacionamento IIRC International Integrated Reporting Council

IIRC International Integrated Reporting Council

IPSASB International Public Sector Accounting Standards Board

IR Integrated Reporting

ISO International Organization for Standardization KPI Key Perfomance Indicators

MOU Memorandum of Understanding

NBCT15 Norma Brasileira de Contabilidade Técnica número 15 ONU Organização das Nações Unidas

PNMC Política Nacional de Mudanças Climáticas PNRS Política Nacional de Resíduo Sólidos

RI Relato Integrado

SASB Sustainability Accounting Standards Board

SE Sustentabilidade Empresarial

RSE Responsabilidade Social Empresarial

(18)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 17 1.1 Caracterização do problema ... 18 1.2 OBJETIVO ... 20 1.2.1 Objetivo Geral... 20 1.2.2 Objetivos Específicos ... 20 1.3 Justificativa... 20 2 REVISÃO DA LITERATURA ... 24 2.1 Desenvolvimento Sustentável ... 24 2.2 Sustentabilidade Empresarial ... 26

2.3 Responsabilidade Social Empresarial ... 29

2.4 Prestação De Contas (Accountability) Da Sustentabilidade – Divulgações Não Financeiras ... 30

2.5 Relato Integrado ... 33

3 METODOLOGIA ... 39

3.1 População e Amostra ... 39

3.2 Coleta de dados ... 40

3.3 Tratamento dos dados ... 41

3.3.1 Análise Descritiva ... 41

3.3.2 Análise de Conteúdo ... 45

3.3.3 Análise Inferencial ... 47

4 ANÁLISE DOS DADOS: RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 49

4.1 Análise descritiva - Características dos Relatórios ... 50

4.2 Análise descritiva - Indicadores-Chave de Desempenho (KPIs) ... 53

(19)

4.3.1 Características e Classificações dos Indicadores ... 81

4.4 Análise inferencial... 113

4.4.1 Associações ... 113

5 CONCLUSÃO, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ... 127

REFERÊNCIAS ... 130

APÊNDICE A – Parâmetros de Classificação (Boa) do Indicador ... 138

APÊNDICE B - Parâmetros de Classificação (Ruim) do Indicador ... 139

APÊNDICE C – Índice de Divulgação por Empresa – Capital Natural ... 140

APÊNDICE D – Índice de Divulgação por Empresa – Capital Humano ... 142

APÊNDICE E – Índice de Divulgação por Empresa – Capital Social e de Relacionamento ... 144

APÊNDICE F - – Índice de Divulgação por Empresa – Capital Intelectual ... 146

(20)

1 INTRODUÇÃO

Relatórios Integrados (RI) é a mais recente proposta de inovação na comunicação empresarial no reporte de desempenho financeiro e não financeiro das empresas (Villiers et

al., 2014). Desde a década de 1960, os relatórios reportados eram meramente financeiros, já

em meados dos anos 80, além das tradicionais demonstrações contábeis, novos relatórios foram adicionados tais como os de governança, administração e ambiental. Porém, no século XXI, ampliaram-se as comunicações a partir da divulgação do relatório de sustentabilidade, que abrange os aspectos econômicos, ambientais e sociais da organização. E essa tendência segue para 2020, com o objetivo de transformar todos esses relatórios no “Relato Integrado - RI” (IIRC, 2011).

Segundo Eccles e Krzus (2011), estes relatórios estão presentes nos sítios eletrônicos corporativos para o fornecimento de informações financeiras e não financeiras, por vezes, podem conflitar-se entre si e até ferir o propósito de uma comunicação completa. Esse possível choque poderia afetar tanto a clareza quanto a compreensão dos usuários dessas informações.

Para minimizar os possíveis conflitos existentes nas divulgações reportadas pelas empresas, houve no The Prince’s Accounting for Sustainability Project (A4S), no St. James’s

Palace, em Londres, no ano de 2009, uma vigorosa discussão sobre a ideia e o significado de

um Relatório Integrado. O encontro reuniu organizações com perspectivas diferentes, incluindo investidores, formuladores de normas, empresas, entidades contábeis, representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) e membros da sociedade civil (A4S, 2009).

Após as discussões sobre a integração dos relatórios corporativos, chegaram ao consenso sobre um pensamento integrado que fosse capaz de alinhar as dimensões financeiras e não financeiras na criação de valor de uma organização. E sobre estas, quando se trata do desenvolvimento sustentável, os líderes do G-20 já tinham alertado anteriormente sobre a preocupação mundial em nivelar o desenvolvimento econômico ao sustentável (ECCLES; KRZUS, 2011).

Em resposta, algumas companhias começaram a publicar relatórios integrados, sob a forma de um documento, que fornece um resumo coerente de informações, facilitando a tomada de decisões por diferentes partes interessadas (Sanchez et al., 2013).

(21)

Perez Junior et al. (2014) esclarecem que a ideia do relatório integrado não significa "apenas mais um relatório", e sim a integração de informações financeiras e não financeiras resultante do efeito da utilização dos recursos pelas organizações. Tal qual a proposta do Relato Integrado (RI), foca estrategicamente no relato de valor a partir do alinhamento do modelo de negócio com a utilização de seus capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social e de relacionamento).

A possibilidade de concretização da estrutura conceitual do Relato Integrado, se deu a partir da parceria entre as seguintes instituições: Carbon Disclosure Program (CDP), Climate

Disclosure Standards Board (CDSB), Financial Accounting Standards Board (FASB), Global Reporting Initiative (GRI), International Accounting Standards Board (IASB), International Integrated Reporting Council (IIRC), International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB), International Organization for Standardization (ISO) e Sustainability Accounting Standards Board (SASB), que se uniram com o objetivo de propor

uma integração entre todas as dimensões relacionadas à operação da empresa (IIRC, 2014). O International Integrated Reporting Council (IIRC), em 2011, lançou o programa piloto chamado “Relato Integrado – RI” e, em 2013, emitiu o Framework - Estrutura Conceitual do RI, que foi guiado por conceitos fundamentais de capitais, modelo de negócios e criação de valor com o objetivo de promover uma abordagem mais coesa e eficiente na comunicação corporativa. Este arcabouço teórico pretende dar suporte para os provedores de capital financeiro ao permitir uma alocação eficiente e produtiva dos capitais, além de conectar os diversos fatores relacionados com a organização (IR, 2013a).

Segundo Cheng et al. (2014), os Relatórios Integrados (RI) apresentam novas oportunidades de pesquisas, considerando que, esse modelo de relatório está em fase de desenvolvimento, e ainda não há possibilidade de medir os efeitos que esses novos relatórios causaram nas partes interessadas.

1.1 Caracterização do problema

Desde a década de 1980, há esforços para padronização contábil ao redor do mundo, o formato utilizado pelas empresas para divulgar seu desempenho financeiro mudou, tal como os riscos e as oportunidades inerentes ao negócio (FRENCH, 2013). Essas mudanças promoveram a inovação na comunicação das empresas aos seus usuários. Dascalu (2008)

(22)

enfatiza que as empresas tendem a ter uma posição competitiva mais forte quando não utilizam somente a contabilidade tradicional, mas também as informações do seu modelo de negócio alinhado à criação de valor a partir do desempenho das dimensões socioambientais, como apoio na tomada de decisão.

Daub (2005) discorreu que as empresas precisam justificar suas ações para um público crítico e ainda devem comunicar-se além dos aspectos econômicos de suas operações, pois o comportamento dos stakeholders em relação às informações reportadas mudou ao longo do tempo, e agora terá que propor um tratamento adequado e amplo nas questões sociais e ambientais.

Neste sentido a divulgação dos capitais financeiros e não financeiros de uma organização tem o papel de sustentar, teoricamente, o conceito de geração de valor e também de direcionar as empresas para que assegurem todas as formas de capitais por elas utilizadas ou afetadas (IR, 2013a).

A apresentação de forma clara e objetiva dos fluxos de capitais depende também de indicadores quantitativos, tais como os KPIs (Key Perfomance Indicators), que podem ajudar no aumento da comparabilidade, sendo particularmente úteis para expressar e relatar em comparação com as metas estabelecidas (IR,2014).

O estudo anterior do IIRC, intitulado “Capitals”, identificou 34 indicadores-chave de desempenho específico – KPIs – de capitais não financeiros mais comuns nos relatórios das empesas inscritas no programa piloto do Relato Integrado em 2013 (IIRC,2013).

Mediante a escassez de estudos empíricos, que tratam dos indicadores-chave de desempenho não financeiros, conforme expostos no draft do Relato Integrado (RI) e ao processo de adequação das empresas a esses KPIs em seus sítios eletrônicos, levanta-se o seguinte questionamento: Quais são os níveis de aderência das empresas brasileiras de

(23)

1.2 OBJETIVO

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral é verificar os níveis de aderência das empresas brasileiras de capital aberto aos indicadores-chave de desempenho dos capitais não financeiros. Essa aderência é composta por quatro níveis (quartis): Nível 1 - Alto (0,75 a 1,00), Nível 2 - Alto Moderado (0,50 a 0,75), Nível 3 - Baixo Moderado (0,25 a 0,50) e Nível 4 - Baixo (0,00 a 0,25).

1.2.2 Objetivos Específicos

 Calcular o índice de divulgação de indicadores-chave por tipo de capital não financeiro;

 Identificar os níveis de aderências das empresas brasileiras aos indicadores-chave de desempenho dos capitais não financeiros;

 Distinguir as características e classificações dos indicadores-chave de capitais não financeiros divulgados;

 Verificar possíveis associações existentes entre os índices de divulgações e as respectivas caraterísticas e classificações dos indicadores-chave de capitais não financeiros divulgados pelas empresas estudadas.

1.3 Justificativa

Nos últimos 20 anos houve um desenvolvimento considerável na literatura acadêmica sobre sistemas de contabilidade e prestação de contas para a gestão combinada e a comunicação de desempenho financeiro e não financeiro (Villiers, et al. 2014). Gray (2010) já havia realizado um ensaio teórico com o objetivo de iniciar uma autocrítica da contabilidade para a sustentabilidade através de um exame de significados e contradições no desenvolvimento sustentável, e obteve várias narrativas com sugestões de um

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desenvolvimento misto e condicional, que desafiam o campo dos negócios com reivindicações de sustentabilidade.

A partir dessas perspectivas, o Relato Integrado tem a proposta de incentivar o diálogo entre os relatórios corporativos de informações financeiras e não financeiras (sustentabilidade), e ainda influenciar a inovação no mundo dos negócios por intermédio de uma linguagem simples sobre os fluxos de capitais financeiros e não financeiros que resultam na criação de valor da empresa ao longo do tempo (IIRC, 2013).

Domenici (2013) afirma que o “Relatório Integrado” (RI) é um tema que vem sendo abordado nos últimos anos e reúne cada vez mais argumentos para que as empresas possam reconhecê-lo como uma ferramenta de gestão que vai melhorar suas relações com investidores, acionistas e com a sociedade como um todo.

Para isso, o IASB (International Accounting Standards Board) e o IIRC (International

Integrated Reporting Council) formalizaram, em 04 de fevereiro de 2013, um acordo de

cooperação intitulada MOU (Memorandum of Understanding) (FIPECAFI, 2013). Segundo o informativo da FIPECAFI (2013):

O objetivo do memorando é articular as bases e princípios de cooperação entre as partes para promover a harmonização global e clareza entre os relatórios corporativos e os aspectos de sustentabilidade na forma de “Relatos Integrados” ou “One Report” (antes traduzido incorretamente como Relatórios Integrados).

A BM&FBOVESPA também expressa seu apoio ao IIRC – International Integrated

Reporting Council, que tem como missão criar um modelo globalmente aceito para relato

integrado (BM&FBOVESPA, 2014). No ano de 2014, o referido órgão promoveu o início do Ciclo 2014 do “Relate ou Explique” como um processo de evolução no movimento internacional de integração de informações financeiras e não financeiras nos relatórios anuais corporativos, denominada “Relate ou Explique para Relatório de Sustentabilidade ou Integrado” (BM&FBOVESPA, 2014).

Nesse sentido, o Comitê de Orientação de Divulgação (CODIM) lança o Pronunciamento de Melhores Práticas para preparação e divulgação dos Relatórios Anuais e de Sustentabilidade, esse evento colaborou ainda mais com as boas práticas de prestação de contas aos investidores, especialmente para as empresas que já incorporam o GRI - Global

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Desde o lançamento do Programa Piloto do Relato Integrado, várias empresas de diversos setores ao redor do mundo divulgaram no site do IIRC sua adoção ao programa. Até setembro de 2014, 70 empresas sinalizaram que estão no processo de integração, e dentre elas 5, são empresas brasileiras.

Quadro 1 – Empresas Brasileiras – Programa Piloto do Relato Integrado

Setor Empresa Quantidade Energia CPFL Energia 1

Banco BNDES Itaú Unibanco

2

Transporte CCR 1

Cuidados Pessoais Natura 1

Serviços de suporte Via Gutenberg 1

Total de Empresas 5

Fonte: dados da pesquisa (2014)

Os estudos que contemplam o tema do Relato Integrado (RI), ainda estão tímidos, mas podemos observar um avanço na temática conforme o Quadro 2.

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Quadro 2 – Estudos Anteriores

Autores Objetivo Resultados

Dragu e Tudor (2013) Investigar se há uma correlação entre a adoção voluntária de relatórios integrados e os fatores políticos, culturais e econômicos externos, baseado na teoria institucional.

As evidências são de que o fator político, cultural e econômico, estão influenciando a adoção dos relatórios integrados.

Garcia-Sanchez et al. .(2013)

Analisar o impacto do sistema cultural nacional Hofstede, que representa os valores dos stakeholders locais, nos relatórios integrados, em comparação com a disponibilização de documentos que contém o desempenho das empresas.

Os resultados obtidos mostram que as empresas localizadas em sociedades com forte coletivista e valores feministas estão na vanguarda da integração de informações.

Frías-Aceituno et al. . (2013)

Analisar a influência de um dos fatores institucionais mais importantes, o sistema legal, sobre o desenvolvimento de relatórios integrados.

Os resultados mostram que as empresas localizadas em países de direito civil, e onde os índices de lei e ordem são altos, são mais propensos a criar e publicar uma ampla gama de relatórios integrados, favorecendo, assim, a tomada de decisão dos diferentes stakeholders. Lodhia (2014) Explorar a transição para relatórios integrados

por um banco (referido como Good Bank) e identificar os controladores desta transição, fornecendo assim subsídios para outras empresas que procuram se engajar em tais relatórios.

O Good Bank, está habilitado para fazer a transição para o relatório integrado, já que , sua estrutura organizacional contempla a

responsabilidade econômica, ambiental e social, juntamente com os valores e metas corporativos.

Haller e Staden (2014) Contribuir para as discussões atuais sobre o conceito de Relatórios Integrados (IR) e fornecer uma proposta prática e útil de um instrumento que poderia ajudar a aplicar o conceito de IR na prática empresarial.

Baseado em uma revisão abrangente da literatura e de pesquisa internacional, o artigo argumenta que a estrutura de apresentação da medida tradicional de "valor adicionado" em uma "demonstração do valor adicionado" chamado (DVA) tem o potencial de servir como uma prática e instrumento de comunicação eficaz para IR.

Villiers et al. . (2014) O objetivo deste trabalho é sintetizar

conhecimentos de contabilidade e prestação de contas, no rápido crescimento da pesquisa no campo de comunicação integrada e propõe uma agenda abrangente para futuras pesquisas nesta área.

O trabalho mostra que o rápido desenvolvimento da política de comunicação integrada, e os desenvolvimentos iniciais da prática, apresentam desafios teóricos e empíricos por causa das diferentes maneiras em que os relatórios integrados é compreendido e adotados dentro das instituições.

Higgins et al. . (2014) Explorar como os gestores estão se antecipando, para contribuir com a adoção e institucionalização do relato integrado (RI) nas empresas australianas.

Duas narrativas principais dominam a experiência dos nossos gestores: (1) IR como narração de histórias e (2) IR como corresponder às expectativas.

Estas duas narrativas são construídas simultaneamente e eles montaram parcelas contrastantes em relação a acontecimentos relevantes, responsabilidades e personagens. E a estratégia da empresa, e seu engajamento na solução de problemas atuais.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Nesta seção é apresentada a revisão de literatura, em que são abordados assuntos referentes à trajetória do Desenvolvimento Sustentável até a integração de informação não financeira.

2.1 Desenvolvimento Sustentável

Até a década de 1970, predominava o modelo de crescimento econômico pós-industrial, que estimulava o consumo em massa, a alta produtividade, a rentabilidade das empresas e a exploração dos recursos naturais. Tal modelo sustentava a noção de que os recursos naturais eram infinitos (KIDD, 1992), e, para muitos, o crescimento econômico em detrimento do ecológico melhoraria a condição de vida da população. Porém, alguns sinais de crescimento econômico ocorridos no período pós-industrial não apresentaram maior acesso da população à educação e à saúde (VEIGA, 2008). O que ocorreu, de fato, conforme assegurado por Foladori (2005), foi o aumento da pobreza absoluta e da desigualdade social.

Apesar dos problemas sociais existentes, o declínio desse modelo de crescimento, segundo Buarque (2008), deu-se a partir da década de 1970, com a crise do petróleo, indicando um possível esgotamento desse recurso, e com a publicação do relatório “Os limites do crescimento”, em 1972, decorrente dos estudos do Clube de Roma, no qual foi discutida a probabilidade de esgotamento dos principais recursos naturais em médio prazo.

Essa preocupação social com o esgotamento dos recursos naturais, caso fossem mantidos os padrões de produção e consumo, resultou também na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, também realizada em 1972, em Estocolmo. Segundo Sachs (2002), em meio a duas visões extremistas dessa Conferência – uma que defendia a permanência do modelo de crescimento econômico, e a outra que afirmava que os padrões de produção, consumo e crescimento demográfico deveriam cessar para garantir a continuidade do planeta. Surgiu assim a concepção de desenvolvimento sustentável, a qual defende o desenvolvimento econômico desde que não impacte negativamente o meio ambiente e que promova a equidade social.

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Essa Conferência de Estocolmo, para Mebratu (1998), permitiu chegar à conclusão de que o dano causado pelas atividades humanas no ambiente natural torna tais atividades insustentáveis. Dessa forma, ainda conforme o autor, reconheceu-se a importância da gestão ambiental e o uso da avaliação ambiental (por meio de indicadores e apresentação de relatórios) como ferramenta de gestão.

Mebratu (1998) ainda assevera que, embora a discussão sobre o desenvolvimento sustentável fosse frequente, o conceito de desenvolvimento sustentável predominante na atualidade foi definido no relatório “Nosso futuro comum”, desenvolvido pela Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, publicado em 1987. Para essa Comissão, o desenvolvimento sustentável é aquele “que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” (WCED, 1987, p. 15).

Essa definição, de acordo com Diesendorf (2000), aponta para a necessidade de desenvolvimento econômico e social que protege e aumenta o ambiente natural e a equidade social. Para ele, a definição presente no relatório “Nosso futuro comum” afirma que qualquer tipo de desenvolvimento social ou econômico será sustentável caso proteja e melhore o ambiente e a equidade social.

Nessa linha de raciocínio, Moldan e Dahl (2009) dizem que desenvolvimento sustentável é, então, o desenvolvimento de um sistema humano, social e econômico capaz de se manter em harmonia com o sistema biofísico do planeta, bem como é capaz de fornecer para todos, em qualquer lugar e em qualquer tempo, a oportunidade de uma vida digna, sendo, portanto, um conceito ético e justo.

Ainda se tratando do conceito fornecido pelo relatório da Comissão Mundial, Sachs (2004) argumenta que no conceito de desenvolvimento sustentável estão inclusos a noção de equidade (oportunidades semelhantes) e solidariedade. Para Buarque (2008), tal solidariedade, implícita no conceito de Desenvolvimento Sustentável - DS, pode ser classificada em três tipos: sincrônica (ou intrageracional), a qual corresponde à solidariedade da geração atual; diacrônica (ou intergeracional), referente às gerações futuras; e espacial, a qual, independente do local, deve existir a equidade social.

Embora a publicação do referido relatório, em 1987, tenha trazido importante contribuição conceitual, segundo Briassoulis (2001), a operacionalização do desenvolvimento sustentável é difícil e complexa. Para tentar solucionar a questão prática, em 1992, foi

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realizada a Conferência do Rio ou Cúpula da Terra, realizada na cidade do Rio de Janeiro, em que cada país membro da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentaria um plano de ação para promover o DS. Por intermédio dessa Conferência, foi possível elaborar a Agenda 21, um dos principais documentos para a consecução do desenvolvimento sustentável (MEBRATU, 1998; SOUZA, 2012).

Vinte anos depois ocorreu a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em junho de 2012 e, assim como a Conferência anterior, na cidade do Rio de Janeiro. A Rio+20 buscou traçar a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas e produziu um documento intitulado “o futuro que queremos” (RIO20, 2014). Tal documento reafirmou muitas das questões previstas na Agenda 21, como é possível observar no item 16 da seção 1 (intitulada Nossa Visão Comum): “Reafirmamos nosso compromisso de cumprir integralmente a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Agenda 21 [...]” (UNITED NATIONS, 2012, p. 03).

A agenda 21 destaca a necessidade da participação de vários atores sociais, incluindo as organizações, para se envolver ativamente nos esforços de desenvolvimento e cooperação social e ambiental (UNITED NATIONS, 1992). Nessa linha de entendimento, Baumgartner (2011) argumenta que o DS exige um consenso sobre o sua definição e aplicação e, para tanto, torna-se relevante a integração e ação de todos os atores sociais. Nesse sentido, destaca-se o papel das empresas, uma vez que suas atividades são esdestaca-senciais para o dedestaca-senvolvimento econômico de uma localidade e sua existência implica em impactos sociais e ambientais, sejam eles negativos ou positivos (SOUZA, 2012). Dessa forma, torna-se necessário que as empresas alcancem e adotem os objetivos da sustentabilidade empresarial.

2.2 Sustentabilidade Empresarial

As empresas são os principais agentes de mudança rumo aos objetivos do desenvolvimento sustentável (TREGIDGA; MILNE; KEARINS, 2014), visto que suas atividades impactam negativamente ou positivamente o âmbito social, econômico e ambiental de uma localidade. Tais instituições são integrantes fundamentais de uma economia, na medida em que contribuem para a geração de empregos e riquezas para uma sociedade (DUNPHY; GRIFFITHS; BENN, 2007). Além disso, as corporações impactam o ambiente natural, sua própria força de trabalho e a sociedade em geral, por meio de escolhas de

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matérias-primas, processo de fabricação, atividades comunitárias, geração de empregos, práticas de trabalho, pressão sobre o governo para criação de leis, dentre outras atividades (DIESENDORF, 2000).

Nesse sentido, Porter e Kramer (2006) argumentam que há uma dependência mútua entre empresa e sociedade, uma vez que a empresa fornece bens ou serviços e empregos, e, em contrapartida, obtém da sociedade mão-de-obra e clientela para o consumo dos seus produtos. É importante salientar que as empresas também dependem do meio ambiente para extrair os recursos necessários para suas atividades. Tendo em vista essa dependência, as empresas devem se engajar na sustentabilidade empresarial para garantir o uso dos recursos no futuro, bem como uma sociedade saudável e justa, elevando o potencial social.

Apesar de cientes sobre a dependência das empresas em relação à sociedade e ao meio ambiente, o tema “sustentabilidade empresarial” só passou a fazer parte do debate dos gestores organizacionais a partir de pressões de atores sociais incomodados com os impactos negativos das atividades produtivas sobre o planeta. Nessa linha de raciocínio, Dunphy, Griffiths e Benn (2007) afirmam que alguns escândalos empresariais ocorridos ao longo da história fizeram com que um público crescente pressionasse tais organizações a serem mais responsáveis.

Dentre os escândalos empresariais, Bellen (2006) destaca alguns desastres ambientais ocorridos entre as décadas de 60 e 80, quais sejam: o acidente da baía de Minamata (Japão), o acidente na usina nuclear de Chernobyl (União Soviética) e o vazamento de petróleo do navio Exxon Valdez (Alasca). Complementando Bellen, Souza (2012) cita o desastre ambiental, ocorrido em 2010, na qual ocorreu a explosão da plataforma Deep Water Horizon, da empresa British Petroleum, no Golfo do México, despejando uma quantidade estimada de três a quatro milhões de barris de Petróleo no mar.

Os acidentes citados tornaram evidente que poucos avanços foram feitos para se atingir o desenvolvimento sustentável, e confirmaram que as empresas devem ser monitoradas e estimuladas a desenvolver a sustentabilidade, sendo o Governo o principal agente fiscalizador, responsável pela criação de normas que regulem as práticas empresariais. Para apoiar essas questões, a legislação brasileira vem ganhando força na era do desenvolvimento sustentável empresarial a partir de leis e decretos que dispõe sobre preservação do meio ambiente e a utilização de recursos. A evolução da legislação ambiental brasileira está apresentada no Quadro 03.

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Quadro 3 – Evolução Histórica da Legislação Ambiental

Ano Lei / Decreto Descrição

1965 4771 Novo Código Florestal Brasileiro

1981 6938 Política Nacional do Meio Ambiente

1999 3179 Lei de Crimes Ambientais

2000 9985 Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza (SUNC)

2000 10165 Altera a Lei 6938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente

2009 12187 Política Nacional sobre a Mudança do Clima (PNMC)

2010 12305 Política Nacional de Resíduos Sólidos

Fonte: Elaboração própria.

Além das pressões dos atores sociais (governo, consumidores, fornecedores etc.) para a adoção da sustentabilidade empresarial, Hahn e Scheermesser (2006) asseguram que algumas empresas buscam a sustentabilidade para ganhar legitimidade em seu campo organizacional. Sendo assim, tais empresas teriam como razões para a SE: melhorar as relações públicas e sua imagem perante a sociedade. Figge e Hahn (2004) afirmam que a SE permite que os benefícios obtidos superem os custos com o investimento em práticas sustentáveis. Dentre os benefícios, Lo e Sheu (2007) apontam para o aumento no valor das ações organizacionais, maior retorno financeiro, diminuição de custos pela adoção da eficiência dos recursos, etc.

Transpondo a definição de desenvolvimento sustentável proposta pela Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED) para o âmbito empresarial, têm-se que a Sustentabilidade Empresarial é aquela que “satisfaz as necessidades dos

stakeholders de uma empresa, sem comprometer a sua capacidade de satisfazer as

necessidades dos stakeholders no futuro” (DYLLIC; HOCKERTS, 2002). Para Freeman (2010, p. 46), stakeholder é “qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela realização dos objetivos da organização”, sendo, portanto, acionistas, empregados, clientes, fornecedores, comunidade, etc. Dessa forma, Van Marrewijk (2003) afirma que a empresa deve incluir preocupações sociais e ambientais em operações de negócios e nas interações com os stakeholders.

O conceito de Sustentabilidade Empresarial - SE, além de englobar elementos dos conceitos de desenvolvimento sustentável e de teoria dos stakeholders, engloba também aspectos da responsabilidade social empresarial (RSE) e da prestação de contas corporativas

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(accountability) (WILSON, 2003). Segundo Lo e Sheu (2007), a SE seria o objetivo final de uma organização, e a RSE seria o meio para alcançá-la. Já Souza (2012) argumenta que a prestação de contas implica no fornecimento de informações por parte das empresas, através de relatórios ou balanço social. A RSE e a prestação de contas corporativas serão discutidas com mais detalhes nas subseções seguintes.

2.3 Responsabilidade Social Empresarial

Por muito tempo os empresários afirmaram que a responsabilidade social das empresas dizia respeito apenas aos acionistas. Devido ao impacto causado pelas ações empresariais, e em resposta às mudanças causadas pelo acesso da população às tecnologias da informação, munida da consciência do seu poder de mercado, hoje é consenso que as empresas são responsáveis por todos os stakeholders internos e externos (DUBIELZIG; SCHALTEGGER, 2005).

Para o Instituto Ethos (2007), Responsabilidade Social Empresarial - RSE implica práticas de diálogo e engajamento da empresa com todos os públicos ligados a ela, a partir de um relacionamento ético e transparente. Já Carroll (1979) afirma que responsabilidade social diz respeito às obrigações dos negócios para com a sociedade, devendo incorporar as categorias econômicas, legais, éticas e discricionárias (ou filantrópicas) do desempenho empresarial.

Nesse sentido, a responsabilidade econômica tem como função principal produzir bens e serviços para o consumo e obter um lucro aceitável no processo. Já a responsabilidade legal envolve a obrigação das empresas em cumprir as leis e regulamentos promulgados pelo Governo. A responsabilidade ética engloba atividades e práticas esperadas ou proibidas por membros da sociedade, mas não estão presentes nas leis. Por fim, a responsabilidade discricionária são ações voluntárias por parte das empresas, embora haja sempre a expectativa social que as empresas as forneçam (CARROLL, 1991).

Alguns exemplos de ações de RSE envolvem práticas responsáveis como a eliminação da escravidão, discriminação e tortura, promoção da religião e da liberdade de expressão, observância dos princípios de governança corporativa e transparência. Para que a RSE seja bem-sucedida, as empresas devem integrar na estratégia corporativa os princípios de RSE e

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torná-los objetos de comunicação corporativa e de marketing (BASSEN; JASTRAM; MEYER, 2005).

Uma vez incorporada no mundo de negócios, a responsabilidade social vem gradativamente conquistando a devida importância, a partir de temas relacionados à ética, transparência e sustentabilidade, com o propósito de formular modelos de desenvolvimento capazes de viabilizar uma harmonização entre os fatores econômicos, sociais e ambientais (ALLEDI et al. , 2012).

Nesse sentido, o discurso da responsabilidade social tem sido ativamente abordado por uma gama de lideranças internacionais sobre o desenvolvimento sustentável das organizações. Segundo Sandler e Loyd (2009), a conexão entre empresa e sociedade foi feita a partir da necessidade de enfrentar problemas ambientais e sociais globais, e o desenvolvimento dos setores privados.

Para vários autores, existe uma tendência crescente na área de Responsabilidade Social nas Empresas, que ratificou o desenvolvimento na produção e a divulgação de informações de natureza ambiental e social, por meios de comunicações normalmente utilizadas para reportar informações financeiras (WANDERLEY; COLLIER, 2000; KOLK, 2003; DAUB, 2005; OLIVEIRA, 2005; GOLOB; BARLETT, 2007; SANDLER; LOYD, 2009; CASTRO; SIQUEIRA; MACEDO, 2009; AMORIM, 2010; GANESCU, 2012; ROCHA, 2012). Dessa forma, passou-se a fazer parte da rotina de algumas organizações a divulgação de informações não financeiras com o objetivo de “prestar contas” à sociedade. Valor (2005) afirma que a prestação de contas corporativa (accountability) pode ser entendida como um controle social corporativo, uma vez que a sociedade pode punir ou beneficiar as empresas pelo seu desempenho econômico, social ou ambiental.

2.4 Prestação De Contas (Accountability) Da Sustentabilidade – Divulgações Não Financeiras

Nos últimos anos, o nível de interesse das partes interessadas no desempenho ambiental, social e ético empresarial tem aumentado significativamente. Para Gray (2010), a emergência do desenvolvimento sustentável teve uma influência crescente na literatura contábil, permitindo o desenvolvimento da contabilidade social e ambiental e a elaboração de relatórios de sustentabilidade.

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Cardoso (2006) já relatava que a informação e os processos de divulgações sempre estiveram presentes na evolução das estratégias empresariais e na própria evolução das organizações. Contudo, de acordo com Gray (2010), nos últimos 40 anos, a divulgação de relatórios de sustentabilidade têm ganhado ênfase por parte das empresas como forma de prestar conta à sociedade sobre suas interações com a sociedade e o ambiente natural.

Os relatórios de sustentabilidade, muitas vezes referidos como relatórios não financeiros, permite que as empresas sejam transparentes nas comunicações de gestão e desempenho dos aspectos não financeiros (ERNST & YOUNG, 2009, p. 1). Os relatórios de desenvolvimento sustentável apresentam informações econômicas, ambientais e sociais, conhecidos como os três pilares da sustentabilidade empresarial ou triple bottom line. Esse termo foi desenvolvido por Elkington (1999), e os três pilares devem ser satisfeitos simultaneamente, apontando os resultados de uma organização.

A divulgação dos relatórios de sustentabilidade por parte das empresas foi um dos tópicos presentes na agenda 21, a qual afirma que os Governos devem estimular as empresas: para que ofereçam informações ambientais pertinentes por meio de relatórios claros aos

stakeholders, para que desenvolvam e implementem métodos e normas para a contabilidade

do desenvolvimento sustentável, e para que haja confiabilidade na coleta de dados e informações (UNITED NATIONS, 1992).

Para Tregidga, Milne e Kearins (2014), o uso dos relatórios de desenvolvimento sustentável é necessário para a criação de uma identidade de “organização sustentável” que possibilite legitimidade diante dos stakeholders. Tais relatórios apontam para a transparência das ações empresariais, permitindo que os stakeholders aliem-se ou se desvinculem das organizações.

Para Sousa Filho, Wanderley e Faranche (2010, p. 73), as empresas podem comunicar suas ações de responsabilidade social utilizando novas tecnologias e fazendo com que, cada vez mais, os stakeholders e a sociedade tenham acesso a tais informações. Ainda exemplificam que a internet se mostra como uma ferramenta eficaz para disseminação das informações empresariais, ratificando a necessidade de divulgação de relatórios de sustentabilidade nos websites das empresas.

Nesse sentido, França (2012, p. 238) comenta que “a iniciativa de publicar os relatórios de sustentabilidade é motivada pela demanda de incorporar a transparência empresarial nos negócios, por meio da prestação de contas dos investimentos realizados e dos

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resultados alcançados”. Antes, Lopes (2005) já defendia que os profissionais de comunicação têm que estabelecer parcerias com o departamento das áreas financeira e contábil, pois caso contrário à etapa final do planejamento de mensuração e valoração dos resultados pode causar problemas no alinhamento das informações financeiras e não financeiras que são comunicadas às partes interessadas.

Além dos potenciais problemas oriundos do descuido com o alinhamento das informações, Moldan e Dahl (2009) apontam que muitas organizações omitem as informações que consideram “confidenciais” e que possam causar impactos negativos nos retornos financeiros, dificultando a confiabilidade dos dados informados. Eccles e Krzus (2011) atentam que muitos sistemas de apresentação de relatórios financeiros e de sustentabilidade não fornecem as informações necessárias para os novos desafios dentro de um ambiente complexo.

Eccles e Krzus (2011) ainda relatam que as organizações responsáveis pela contabilidade e por relatórios não financeiros, como por exemplo, IASB e GRI, se reuniram para levantar a possibilidade de estabelecer a estrutura de governança e diretrizes para o desenvolvimento de um modelo de estrutura adequado ao mercado. Muitas dessas estruturas englobam indicadores de sustentabilidade que permitem avaliar os avanços ou retrocessos rumo aos objetivos do desenvolvimento sustentável (MEADOWS, 1988).

Dentre os modelos de relatório desenvolvidos por grandes organizações, destacam-se o relatório da Global Reporting Iniciative (GRI), e os indicadores Ethos de Responsabilidade Social. Os indicadores de desempenho do GRI podem ser qualitativos ou quantitativos, e são agrupados a partir das dimensões econômica, social e ambiental. Em sua estrutura, o relatório do GRI apresenta grandes grupos, denominados categorias, compostos por aspectos e indicadores (GRI, 2002). O GRI possibilita a inclusão de novos indicadores por parte das empresas. Os indicadores Ethos consistem em um questionário organizado em sete temas: valores, transparência e governança; público interno; meio ambiente; fornecedores; consumidores e clientes; comunidade; e governo e sociedade (INSTITUTO ETHOS, 2007).

Por fim Eccles e Krzus (2011, p. 11) diz que não há “empresa social”, “empresa cidadã”, “empresa sustentável” ou titulações assemelhadas, se as atividades são firmemente inter-relacionadas [...]. Nesse sentido, os autores afirmam a importância da proposta de um Relato Integrado ou Relatório Único para a organização. Por exemplo, a África do Sul é o país pioneiro nesse modelo de relatório, pois, desde 2010, as empresas de capital aberto

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listada na Johannesburg Stock Exchange (JSE) são obrigadas a divulgar de forma integrada as informações sobre o desempenho financeiro e não financeiro (RI, 2012a, p. 4).

2.5 Relato Integrado

Nesse sentido, para elaborar a estrutura conceitual do Relato Integrado, foi criada uma coalizão global compondo reguladores, investidores, empresas, organismos de normalização, os contabilistas e organizações não governamentais, denominada de International Integrated

Reporting Council (IR, 2013b). Juntos partilharam opiniões sobre como deveria ser uma

comunicação que demonstrasse a criação de valor, e enfatizaram que este pode ser o próximo passo na evolução da comunicação corporativa (IR, 2013b).

A proposta do Relatório Integrado é incentivar para que as empresas apresentem uma comunicação concisa sobre a estratégia, a governança, o desempenho e as perspectivas futuras dentro de um contexto relacionado ao ambiente externo, levando à geração de valor no curto, médio e longo prazo (IR, 2013b). ConFigura-se também como um processo fundado no pensamento integrado que resulta em um relatório periódico de uma organização relacionado à comunicação da geração de valor ao longo do tempo (IR, 2013b).

Uma vez que o Relato Integrado (IR, 2014b) tem como objetivo principal explicar aos provedores de capital financeiro como uma organização gera valor ao longo do tempo. Ainda no processo de elaboração do framework, foram elencados alguns objetivos específicos de um Relato Integrado (2013a, p. 8):

 Melhorar a qualidade das informações disponíveis para os fornecedores de capital financeiro, para permitir uma alocação mais eficiente e produtiva do capital;

 Promover uma abordagem mais coesa e eficiente para relatórios corporativos que se baseiam em relatos de diferentes vertentes e comunica toda a gama de fatores que afetam materialmente a capacidade de uma organização para criação de valor ao longo do tempo;

 Melhorar a prestação de contas e gestão para a ampla base de capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social e de relacionamento, natural) e promover a compreensão entre suas interdependências;

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 Dar suporte na tomada de decisão em ações que incidem sobre a criação de valor ao longo do curto, médio e longo prazo.

Em dezembro de 2013, o IIRC lançou a Estrutura Conceitual da elaboração do Relato Integrado (RI) com a seguinte proposta: “relatório integrado é um documento conciso sobre como a estratégia, a governança, o desempenho e as perspectivas de uma organização, no contexto de seu ambiente externo, geram valor no curto, médio e longo prazo (IR, 2013d, p. 7). E esse framework tem o propósito de estabelecer Princípios Básicos e Elementos de Conteúdo que guiem o conteúdo geral de um relatório integrado, e explique conceitos fundamentais que os sustentam (IR, 2013d, p. 7).

Quadro 4 – Elementos do Conteúdo

Elementos Questionamento

Visão geral organizacional e ambiente externo O que a organização faz e sob quais circunstâncias ela atua?

Governança Como a estrutura de governança da organização apoia sua capacidade

de gerar valor em curto, médio e longo prazo?

Modelo de negócios Qual é o modelo de negócios de organização?

Riscos e oportunidades Quais são os riscos e oportunidades específicos que afetam a

capacidade da organização de gerar valor em curto, médio e longo prazo, e como a organização lida com eles?

Estratégia e alocação de recursos Para onde a organização deseja ir e como ela pretende chegar lá?

Desempenho Até que ponto a organização já alcançou seus objetivos estratégicos

para o período e quais são os impactos no tocante aos efeitos sobre os capitais?

Perspectiva Quais são os desafios e as incertezas que a organização provavelmente

enfrentará ao perseguir sua estratégia e quais são as potenciais implicações para seu modelo de negócios e seu desempenho futuro?

Base para apresentação Como a organização determina os temas a serem incluídos no relatório

integrado e como estes temas são quantificados ou avaliados?

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Na parte que trata dos elementos do conteúdo, esses são abrangidos por oito elementos interligados uns aos outros, que tem como finalidade responder os seguintes questionamentos (Quadro 4):

Os Princípios Básicos e Elementos do Conteúdo do framework estão fundamentados por conceitos fundamentais norteadores que tem como objetivo sustentar a estrutura do Relato Integrado, esses são divididos em três partes: A) Geração de valor para a organização e para outros; B) Os Capitais; C) O processo de geração de valor (IR, 2013d, p.3).

Sobre os princípios básicos do RI, o framework descreve que esses deverão sustentar a preparação e apresentação de um relatório integrado quanto ao conteúdo que deve ser relatado e qual a forma de relatar. Esses princípios são: a) Foco estratégico e orientação para o futuro; b) Conectividade da informação; c) Relações com partes interessadas; d) Materialidade; e) Concisão; f) Confiabilidade e completude; e g) Coerência e comparabilidade (IR, 2013d. p. 16).

No framework do RI, diversas vezes é mencionado o termo “geração de valor”, isso significa que os valores presentes na empresa podem ser preservados ou reduzidos em diversas situações que ocorrer trocas de capitais, como também na relação da geração do valor ao logo do tempo (curto, médio ou longo prazo) (IR, 2013).

Figura 1 – Capitais financeiros e não financeiros

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Assim, dentro dos conceitos fundamentais da estrutura do Relato Integrado, seis categorias de "capitais" são classificados como: financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social e de relacionamento e capital natural, porém as organizações que preparam um relatório integrado não são obrigadas a adotar essa categorização ou estruturar o seu relatório ao longo das linhas desses capitais (IR, 2013a). A Figura 1 revela que “as empresas dependem de diversos tipos de capitais para que suas atividades gerem valor” ( PEREZ et al. , 2014, p. 23).

Uma visão do processo de geração de valor é demostrada na Figura 2. Assim, a visão a longo prazo do IIRC é interferir no ambiente empresarial com intuito de facilitar a normatização dos relatórios integrados corporativos (IR, 2013b). A partir do pensamento integrado, incorporá-lo dentro das práticas de negócios tanto no setor público quanto no privado (IR, 2013b).

Figura 2 – Conceitos Fundamentais no Processo Organizacional

Fonte: IR (2013a, p. 11)

Mediante a importância dessa nova ferramenta de comunicação “RI”, voltamos a mencionar sobre o princípio básico no que se refere à conectividade das informações. Esse princípio diz que “um relatório integrado deve mostrar uma imagem holística da combinação, da interrelação e das dependências entre os fatores que afetam a capacidade da organização de gerar valor ao longo do tempo” (IR, 2013d, p. 16). Nesse princípio também é pontuado

Referências

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