CIDOB CCCB
Subcategoria 1.4) Reposicionamento da Missão do MACBA, a entrevistada revelou que a
Instituição repensou sobre a forma como atuava junto das comunidades e que, efetivamente, alterou a sua postura face a elas, pois tornou‐se muito mais próxima e interventiva em termos sociais, ainda que sem perder do horizonte as diretrizes que o definem. Todavia, ressalvava também, que tendo essas questões ficado bem definidas junto da Direção do Museu, algumas vozes dissonantes, dentro da própria instituição, insurgiram‐ se contra, uma vez que viam com desconfiança essa mudança de postura em função da criação de projetos participativos online. Essas discordâncias foram sanadas em pouco tempo, sobretudo quando foram assimiladas as potencialidades dessas ferramentas, tanto para os públicos, como para o Museu, nomeadamente ao nível da partilha de conteúdos. sim, sim, absolutamente quando escrevemos o projeto de... da nova Web, que naturalmente passou o visto da direção da casa, e construiu‐se, digamos, baseando‐se também nas linhas diretrizes, não?, que nos marcam, e se algum dos pontos, que primeiro tínhamos que...que discutir e não valia um cinzento, tinha de ser ou sim ou não. Não? Um branco ou um negro
pôr o usuário no centro do projeto tem tantas implicações dentro da instituição, da organização, que com muito esforço, existem outras pessoas, que não estão diretamente implicadas no projeto Web, que estão a começar a dar‐se conta, que estão a enganchar‐se, positivamente, a essa oportunidade de, Hum... isso, de gerar conteúdos entre todos o Museu é também um espaço de preservação e de geração de discurso, mas é também, ou deve ser também, um espaço para o intercâmbio de ideias e intercâmbio de discussões e um espaço, idealmente, socialmente mais centrado do que é agora, não? estou nessa fase, ainda, como de querer gritar: “– Vejam tudo o que temos, e é público, e é vosso!”, “Temo‐lo aqui, podeis usá‐ lo?”
Em suma, as questões formuladas neste primeiro tema, Ferramentas da Web 2.0 e Contextos de Adesão do MACBA, permitiram percecionar que as motivações e contextos que conduziram o MACBA na construção de um Projeto 2.0, estiveram relacionadas com a renovação do seu website, cujas funcionalidades se encontravam desatualizadas, mas igualmente ao fato do Museu estar interessado em divulgar e partilhar os conteúdos por si produzidos. Em nenhum momento esta adesão pretendeu dar resposta a solicitações exteriores ao Museu, nomeadamente por parte das comunidades online e vizinhas do Bairro do Raval, uma vez que as mesmas não existiram, ainda que alguns visitantes da instituição questionassem o porquê do MACBA não ter aderido ao Facebook ou ao Twitter. Também não exerceu pressão sobre o Museu o fato de outros Museus da cidade terem aderido a algumas ferramentas 2.0. Verificou‐se que antecederam à adesão vários questionamentos, concretamente relacionados com o modo como o MACBA iria comunicar com os seus públicos ou dar utilidade aos conteúdos por eles produzidos, mas igualmente com o fato do Museu recear que os comentários advindos das exposições contemporâneas, geradoras de inúmeras controvérsias, pudessem ser produzidos e divulgados através do mundo 2.0, pelo que não se sentia ainda preparado para recebê‐los ou geri‐los. Uma terceira preocupação, causadora da indecisão, relacionava‐se com a necessidade de haver recursos humanos suficientes, no sentido de dar continuidade ao projeto 2.0. Estes três fatores foram bastante ponderados pela instituição e tardaram à adesão e à efetivação das ferramentas. Quando questionado sobre se algum Museu Nacional ou Internacional tinha exercido influência no desenvolvimento do Projeto 2.0, aferiu‐se que o MACBA estava consciente dos programas participativos de outras instituições, Nacionais e Internacionais, e que se identificou mais com os programas desenvolvidos pelo Brooklyn Museum, o Whitney Museum, o Victoria & Albert Museum e a com a Tate Modern, tendo adotado algumas particularidades de cada um deles. Todavia, ressalvava que outros contextos, que não propriamente museológicos, podiam contribuir para a conceção de um projeto 2.0, como por exemplo uma plataforma como o Amazon, um catálogo online ou um videojogo como o Angry Birds. Por último, a conceção do Projeto 2.0 determinaria a reavaliação da Missão do Museu, tornando‐o mais próximo e interventivo junto das comunidades. Estas mudanças causariam desconfiança inicial a alguns Departamentos, que se dissiparam quando foram assimiladas as potencialidades de cada uma das ferramentas, no sentido da partilha de conteúdos.
No que concerne ao segundo tema, Ferramentas da Web 2.0 e a Equipa MACBA, pretendeu‐se conhecer o grau de complexidade existente na construção do Projeto 2.0 do MACBA, mais especificamente saber quais foram os Departamentos envolvidos na sua conceção, os principais constrangimentos sentidos e o grau de satisfação daqueles que participaram, mas também percecionar se foi contemplada nessa construção a participação das comunidades vizinhas do Museu e qual foi a forma dessa participação. Procurou‐se também conhecer qual o número de membros que constituía a equipa Web, áreas de formação ou se houve um aumento da equipa para uma melhor gestão das ferramentas ao nível da manutenção, revisão, atualização, aquisição, moderação e utilização dos conteúdos produzidos pelos usuários, com vista a perceber se as ferramentas estavam a ser utilizadas como canais de comunicação multidirecionais ou unidirecionais, ou seja, se as ferramentas eram entendidas como veículo de relacionamento cívico, entre o MACBA e as comunidades online, ou se constituíam um instrumento de divulgação e propaganda dos conteúdos produzidos pelo Museu78. Neste segundo tema foram definidas três categorias e nove subcategorias. A categoria 2) Equipa Web 2.0, composta por cinco subcategorias: 2.1) Área de Formação da Equipa Web; 2.2) Formações Realizadas para Administração das Ferramentas; 2.3) Participação das Comunidades no Projeto 2.0; 2.4) Relacionamento Interdepartamental; e 2.5) Voluntariado MACBA. A categoria 3) Projeto Web 2.0, composta por duas subcategorias: 3.1) Custos de Projecto; e 3.2) Ferramentas Participativas. E a categoria 4) Gestão das Ferramentas Web 2.0, composta por uma subcategoria: 4.1) Ferramentas e Programas mais Populares79.
Na Categoria 2, deste segundo tema, identificada como Equipa Web 2.0, procurou‐se conhecer o número de membros que constituíam a equipa Web do MACBA. Aferiu‐se que esta se compunha por uma pessoa e meia devido a cortes no orçamento em todos os Departamentos do Museu (sendo que esta meia pessoa representa a própria entrevistada, que se encontrava a meia jornada de trabalho, devido a licença de maternidade), mas que, até há cerca de dois meses atrás, era constituída por três funcionários fixos. Porém, referia ainda, que contava na atualidade com o auxílio de um estagiário, que administrava alguns conteúdos da Web. 78 Vide Apêndice 16 “II Tema. Ferramentas da Web 2.0 e a Equipa MACBA” in Matriz de Análise de Conteúdos. Categorias e Subcategorias e Respetiva Descrição.
79 Apêndice 17 II “Tema. Ferramentas da Web 2.0 e a Equipa MACBA” in Matriz de Análise de Conteúdos.
agora somos uma pessoa e meia (risos). A meia sou eu (risos), a meia sou eu também conto com a ajuda pontual de uma companheira do Departamento que carrega conteúdos quando estou a fazer outras coisas até há dois meses a equipa Web eram... três pessoas... três pessoas conto com a ajuda de um estagiário e... que pode fazer tarefas, pois só carregar fotografias e administrar pequenos conteúdos Lamentava, por isso, que não era um bom momento para descrever como funcionava o Departamento da Web do MACBA, face a esses condicionalismos, desvendando que o MACBA não estava muito distante da realidade dos Museus de Barcelona, com equipas compostas por dois ou três elementos. Esse seria um fundamento proeminente para que não estabelecessem comparações com grandes Museus Internacionais, como por exemplo a Tate Modern, cuja equipa Web se compõe por vinte e cinco membros. não é um bom momento para explicar‐te como funciona um Departamento Web, porque estamos um pouco desarticulados a Web visitam‐na cinquenta, sessenta mil pessoas por mês, pessoas, ah?, não visitas, Hum... conduzem‐na duas pessoas... três, quando têm uma boa equipa esta é uma realidade de muitos Museu de aqui na Tate, não sei quantos são, mas ainda são vinte e cinco, o que é muito diferente, muito diferente
Quanto à área de formação dos recursos humanos da equipa, categorizados na