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UM 11.2% (19) Quadro 31 Perfl do usuário do RepositóriUM.

5.3 REPOSITÓRIO INSTITUCIONAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – Repositório da UFBA

Em 2007, com o objetivo de disponibilizar os conteúdos da produção da Editora da Universidade Federal da Bahia em acesso aberto, buscou-se o apoio do Centro de Processamento de Dados da UFBA (CPD), para propor à Universidade a criação de um Repositório Institucional (RI), a partir da insta- lação do software livre, DSpace.

Essa proposta originou-se de uma das recomendações da dissertação de mestrado Pasta do professor: uso de cópias nas universidades, defendida em outubro de 2006, no Programa de Pós-Graduação do Instituto de Ciência da Informação (ICI) da UFBA. (ROSA, 2006, p. 157) O objetivo da proposta era mi- nimizar o uso de cópias de livros, dando acesso aberto à produção da Editora.

Outra situação inquietante e pouco aceitável em uma Instituição na qual a cada ano se amplia o número de Programas de Pós-Graduação e, como consequência natural, há um crescimento da produção científica, é verificar- -se que a visibilidade dessa produção não corresponde a esse crescimento. A posição ocupada pela UFBA no Ranking Web das Universidades do Mundo55,

elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa da Espanha, em junho de 2009, 55 Disponível em: <http://www.webometrics.info/>. Acesso em: 29 jan. 2009

era a 422ª posição, a 19ª no continente latino-americano e a 12ª posição em relação às demais universidades brasileiras. Em janeiro 2010, essas posições se alteram para os seguintes índices: 555ª posição com relação às universida- des do mundo, a 16ª no continente latino-americano e a 11ª posição em rela- ção às demais universidades brasileiras. Em janeiro de 2011, passou para a 15ª posição na América Latina, mantendo a 11ª posição em relação às demais universidades brasileiras. Como foi dito na Introdução deste trabalho, há, no entanto, um descompasso evidente entre a primeira colocada no Brasil e a UFBA, sobretudo no item visibilidade e produção acadêmica, disponível e ci- tada. A primeira colocada em termos de visibilidade ocupa a 51ª posição mun- dial, enquanto a UFBA ocupa a 444ª, respectivamente, embora, em relação a julho de 2009, a UFBA tenha melhorado seu posicionamento. Com relação ao Scholar, a posição ocupada é a 127ª, enquanto a primeira colocada no Brasil ocupa a 5ª. É de se esperar que, com a ampliação da adesão ao RI da UFBA, que no próximo ranking esta posição se altere.

A necessidade de ampliar a visibilidade da produção científica da univer- sidade repercute tanto para a sua comunidade interna, que passará a acompa- nhar o que está sendo produzido na Instituição, podendo acessar facilmente. Por outro lado, ao inserir a Instituição na produção científica nacional e mun- dial, graças às ferramentas disponíveis, A necessidade de ampliar a visibilidade da produção científica da universidade repercute tanto para a sua comunidade interna, que passará a acompanhar o que está sendo produzido na Instituição, podendo acessar facilmente o conteúdo disponível, bem como, insere a Insti- tuição no contexto nacional e mundial, graças às ferramentas disponíveis para esse acesso à produção científica. Segundo Sanchez Tarragó (2007),

Os países subdesenvolvidos dependem do uso intenso dos resultados das atividades científicas e técnicas para fazer avançar suas socieda- des. Sem dúvida, o abismo existente entre esses países e os desenvol- vidos com respeito ao acesso, criação e utilização dos conhecimentos científicos se aprofunda cada vez mais. As dificuldades para o acesso à informação científica atualizada nos países subdesenvolvidos, e a pouca visibilidade internacional de sua própria atividade científica são duas caras de uma mesma moeda de marginalização e iniqüidade. [...] Promover as potencialidades do Movimento de Acesso Aberto entre a comunidade científica além de trocar seus sistemas de recompensa, contribuirá para transformar o modelo atual de comunicação cien- tífica em um modelo mais justo e que traga mais benefícios para a sociedade.56

56 Los países subdesarrollados dependen del uso intensivo de los resultados de laactividad científico y técnica para hacer avanzar sus sociedades. Sin embargo, la brecha existente entre estos países y los de-

É nesse contexto que surgiu a proposta de implantação do Repositório Institucional da UFBA57, tendo como comunidade piloto a Editora da Univer-

sidade, por ser a unidade de convergência da produção da Instituição, inter- disciplinar e aglutinadora que interage com todas as áreas da Universidade.

Havia limitações, por conta do Centro de Processamento de Dados, em implantação pelo novo Regimento da UFBA, como Sistema Universitário de Tecnologia da Informação, com relação ao conhecimento sobre instalação e gerenciamento de repositórios, embora sua direção entendesse, desde a pri- meira reunião, a importância do projeto, de forma abrangente, para a comu- nidade da UFBA, e tenha acatado a implantação.

A Editora da UFBA buscou apoiar tecnicamente, instrumentalizandoo CPD, na medida do possível, através da disponibilização de artigos científicos que tratavam do tema, bem como incentivando que o próprio Centro pesqui- sasse sobre o DSpace – software de código e acesso aberto de suporte ao desen- volvimento de RI. Além disto, contou-se, com o suporte tecnológico de Rodrigo Meirelles, bibliotecário e mestre em Ciência da Informação pelo ICI\UFBA – na ocasião aluno do mestrado –, que já tendo dominado o Sistema de Editoração Eletrônica de Revistas, interessou-se em participar voluntariamente do proje- to, aprofundando seu conhecimento sobre a implantação do software escolhi- do, e tomando parte ativa nas discussões em torno da gestão do repositório.

Ainda em setembro de 2007, o DSpace foi instalado no servidor da UFBA e percebeu-se então que, para alcançar os resultados desejados, a criação do RI deveria ser repensada na forma de um projeto mais amplo, e não restrito à EDUFBA.

Essa implantação do RI foi então transformada neste projeto de pesqui- sa de doutorado, submetido à seleção e aprovado para o ano letivo de 2008, no Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Cultura e Sociedade da Fa- culdade de Comunicação. Para a estruturação do projeto, pensando o RI como uma política da Instituição, as principais motivações foram: a possibilidade de redução do uso de cópias de livros no ambiente acadêmico; ampliação da sarrollados con respecto al acceso, creación y utilización de los conocimientos científicos se ahonda cada vez más. Las dificultades para el acceso a la información científica actualizada en los países subdesar- rollados, y la poca visibilidad internacional de su propia actividad científica, son dos caras de uma misma moneda de marginalización e inequidad. [...] Promover las potencialidades del Movimiento Open Access entre la comunidad científica, además de cambiar sus sistemas de recompensa, contribuirán a transfor- mar el modelo actual de comunicación científica en un modelo más justo y beneficioso para la sociedad. (Tradução nossa)

visibilidade da pesquisa da UFBA em todas as áreas, possibilitando que a área de artes – Dança, Música, Teatro e Artes Plásticas – disponibilizem conteúdos em outros formatos, que não apenas textuais; e, consequentemente, contri- buir de certa forma para o desenvolvimento da ciência do País e a redução da exclusão cognitiva.

O planejamento inicial de implantação do RI previa o que está disposto no Quadro 34, e obedecendo o cronograma do Quadro 35

ETAPAS GERAIS • Criação; • Implantação; • Manutenção. ETAPAS ESPECÍFICAS

• Instalação do sistema (software livre DSpace);

• Definição das “coleções” – entendida como a forma dos conteúdos a serem organizados no RI – sugere-se que as “coleções” sejam estruturadas por unidades de ensino e órgãos da Instituição;

• Definição da política da Instituição para o RI, explicitando: - Diretrizes delineadas e estruturadas, constituindo as políticas de

informação desse sistema;

- Definição da responsabilidade pelo controle da entrada dos conteúdos. Sugere-se que cada unidade possua sua senha de moderador para efetuar as inserções e obedeça aos critérios estabelecidos pela Instituição;

- Definição da tipologia de conteúdos a serem disponibilizados. IMPLANTAÇÃO PILOTO

• Implantação do acervo da EDUFBA por ser este um órgão interdisciplinar e aglutinador;

• Definição da política para o acervo da EDUFBA.

NECESSIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA PILOTO • Administração do sistema por um técnico do CPD;

• Estagiário para implementar os conteúdos referentes ao catálogo de publicações da EDUFBA.

Quadro 34 - Disposições gerais para a implantação do Repositório Institucional da UFBA.

Fases/Mês JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Instalação do DSpace - 2007 Audiência c/ Reitor p/ apresentação do projeto x Primeiro contato presencial com a Universidade do Minho x Audiência c/ diretora do CPD x Definição de técnico do CPD x Definição da política para Coleção da EDUFBA x Entrevistas com membros da Pró- Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação x Reunião com a Diretora do Sistema de Bibliotecas x Contratação e treinamento de estagiário x Implementação do conteúdo da EDUFBA x Apresentação do projeto piloto ao Conselho Universitário x

Quadro 35 - Cronograma de implantação 2008.

O processo de instalação do DSpace na UFBA, iniciou-se em setem- bro de 2007. Foi um processo lento, sem a definição de um técnico do CPD responsável por esta tarefa, e com dúvidas frequentes, solucionadas por um técnico do IBICT, Milton Shintaku, e a participação de Meirelles. A efetivação deste processo só ocorreu, na prática, em 2008, sendo que, em novembro desse mesmo ano, foi necessário migrar para a nova versão do DSpace. Nes- ta etapa, a participação de Meirelles e Shintaku junto ao técnico do CPD foi imprescindível para a finalização da instalação. A partir dessa parceria, foi

traçado um planejamento para a execução do processo de customização que consistiu no seguinte:

• Atualização da versão do DSpace: o sistema foi atualizado para a versão 1.5.1 com banco de dados PosGreSql e sistema operacional Linux, instalado em um servidor da UFBA;

• Customização do formulário de entrada: consistiu em adequar o formulário padrão do DSpace às necessidades de descrição dos re- gistros a serem depositados no RI, de acordo com as políticas de conteúdo do RI. Nesta etapa, foram definidos o levantamento dos metadados, associação dos metadados com o padrão Dublin Core e ajustes nos metadados do formulário padrão do DSpace para a en- trada dos dados;

• Implantação do tema: foram realizados ajustes para adequar o layout do sistema à proposta do RI. Nessa etapa, optou-se por não realizar grandes mudanças na estrutura do sistema, pois o mesmo já possui uma arquitetura funcional e a manutenção da estrutura padrão tam- bém facilita a inserção de novos recursos e a atualização de versão; • Configuração das comunidades: foi elaborada uma estrutura basea-

da nas políticas de conteúdo, de submissão e preservação, de acordo com os recursos disponíveis no sistema. Com base nessa estrutura, o RI é organizado a partir de comunidades – unidades orgânicas (es- colas, departamentos e centros de pesquisa). Cada comunidade pode organizar os seus documentos, em diferentes coleções, individual- mente, com base na política do RI.

Concluída essa etapa com relação ao DSpace, finalizada a adequação do layout e criada a página principal do RI (Figura 13), iniciaram-se os testes a partir do que se estabeleceu como projeto piloto, com a disponibilização do catálogo de livros da EDUFBA. Para tanto, o Conselho Editorial definiu a po- lítica de arquivamento para esse conteúdo, que foi aprovada em reunião do Conselho Editorial, em 21 de agosto de 2008 (Anexo I):

• O Conselho Editorial da Editora da UFBA será soberano nas decisões relativas ao arquivamento dos conteúdos produzidos pela Editora; • Todo e qualquer conteúdo, já publicado, para ser disponibilizado de-

assinatura de um termo. Os autores com conteúdos a serem publi- cados, no ato de assinatura do contrato de direito autoral, estarão autorizando sua disponibilização, obrigatoriamente.

• Os livros esgotados e relevantes, após análise do Conselho Editorial, serão disponibilizados na íntegra;

• As Coleções MANUAIS e SALA DE AULA além de outras que sur- girem, tendo como objetivo dar suporte aos cursos de graduação e pós-graduação, serão disponibilizadas na íntegra, independente da data de lançamento;

• Títulos definidos pelo Conselho Editorial, a partir da análise do pa- recer, que se destina a um público muito restrito, ficarão disponíveis apenas no RI;

• Os novos títulos, excetuando-se as coleções definidas anteriormente, serão arquivados no RI, após seis meses de lançamento, salvo nos casos em que editais e/ou contratos recomendem a obrigatoriedade do acesso aberto.

Em junho de 2008, realizou-se uma visita técnica à Universidade do Minho em, Braga, Portugal, inspiradora desse projeto, quando foi possível dialogar com o Prof. Dr. Eloy Rodrigues, diretor do Centro de Documentação e idealizador do projeto de implantação do RI dessa Instituição. Na ocasião, a principal questão levantada por Rodrigues foi a ausência de uma política institucional, quando ocorreu a implantação do RI na Universidade da Mi- nho, questão que foi corrigida e com isso se ampliou a adesão da comunidade ao autoarquivamento, permitido por essa modalidade de arquivo aberto e do software utilizado. A comprovação da bem-sucedida experiência da UMinho reforçou a necessidade de um aprofundamento no percurso de implantação do RepositóriUM.

Ainda em junho, antes da visita à Universidade do Minho, o projeto foi apresentado ao Reitor da UFBA, Naomar de Almeida Filho, que, de imediato, entendeu que o projeto do RI deveria, de fato, ser encaminhado como uma política da Instituição, com o compromisso de todos e para todos. Havia, até então, uma indefinição e a ausência de uma política relativa à disseminação da produção científica da Universidade, conforme apresentado no Capítulo 3.