• Nenhum resultado encontrado

REPRESENTAÇÃO DA COLÔNIA JAPONESA NA POLÍTICA LONDRINENSE.

IMIGRANTES JAPONESES E

5.2. REPRESENTAÇÃO DA COLÔNIA JAPONESA NA POLÍTICA LONDRINENSE.

No começo da década de 1950, a união do grupo étnico japonês, perceptível nas formas associativas de ajuda mútua e de convívio social, proporcionou à colônia japonesa a possibilidade de eleger um representante político na Câmara Municipal de Londrina. Conforme Oguido (1988, p. 276 e 277), Kanji Minamizawa foi eleito vereador, em 1951.

Minamizawa foi autor da emenda nº 2, do projeto de Lei nº 41/54, referente à proposta orçamentária para o exercício de 1955. Na emenda, datada de 30/10/1954 e aprovada em 1º turno, o vereador solicitava um auxílio de Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros) para a Associação Cultural e Esportiva de Londrina - ACEL. Em seu arrazoado, Minamizawa justificava que Londrina seria a sede do VII Campeonato Brasileiro de Beisebol, no ano de 1955, e reuniria delegações de vários Estados. A ACEL era a responsável pela organização do evento, cujas “pelejas” seriam realizadas em sua “praça de esportes”. Esta, por sua vez, necessitava de “inúmeros melhoramentos, orçados em Cr$ 200.000,00 (duzentos mil cruzeiros), para poder acolher o grande número de assistentes de vários Estados, que por certo” acorreriam à Londrina. Considerava, ainda, que a realização do evento na cidade muito contribuiria “para aumentar o conceito de Londrina tanto no setor esportivo como também econômico e cultural”. Além disso, informava que em outras cidades onde haviam sido realizados os campeonatos anteriores, os poderes municipais tinham “auxiliado com importâncias maiores”. Citava como exemplo as cidades de Araçatuba e São Paulo (CÂMARA, 1954, p. 22).

O projeto de Lei foi aprovado e sancionado pelo então Prefeito Municipal, Milton Ribeiro Menezes, convertendo-se na Lei nº 256, de 11/12/1954.

No mandato seguinte, em 1955, foi a vez de Sadao Masuko ser eleito vereador por meio do apoio da colônia japonesa, de Londrina.

Em maio de 1957, Masuko apresentou à Câmara Municipal o Projeto de Lei nº 15/57, que isentava de “impostos municipais, todas as cooperativas Agrícolas e de Consumo”, que se instalassem no município. Após passar pelas Comissões de Finanças e de Justiça, Legislação e Redação, receber emendas modificativa, substitutiva e subemenda à substitutiva, o projeto aprovado isentou de “impostos municipais as cooperativas em geral, que tenham sede no Município de Londrina, quando negociem somente com os seus cooperados”. Acrescentou, em parágrafo único, a isenção dos referidos impostos, também, às “cooperativas de produção, com sede na Comuna”, embora negociassem, inclusive, com não cooperados (CÂMARA, 1957). Após ser sancionado, o projeto de Lei converteu-se na Lei nº 384, de 20/09/1957.

Ainda no mês de setembro de 1957, o vereador Masuko apresentou outro projeto de Lei, de nº 41/57, que abria, “no atual exercício financeiro, o crédito especial de Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros)”, com o objetivo específico de “conceder auxílio à Associação Cultural e Esportiva de Londrina (ACEL), para esta ocorrer despesas decorrentes da realização da IV Exposição Agrícola, a realizar-se nos dias 5 e 6 de outubro do ano corrente” (CÂMARAa, 1957). O recurso para suprir o crédito era proveniente do excesso de arrecadação ocorrido no exercício orçamentário daquele ano.

O parecer da Comissão de Finanças, Orçamento e Tomada de Contas da Câmara, de 20/09/1957, foi favorável ao projeto de Lei, pois considerava que “com vista das subvenções feitas à LEAL e à Sociedade Médica de Londrina, e em se tratando de uma finalidade de importância para a região, é de parecer favorável a aprovação do mesmo” (CÂMARAa, 1957, p. 05). O projeto foi aprovado em 1ª e 2ª votação. Foi sancionado e converteu-se na Lei Municipal nº 397 de 08/10/1957.

Vale lembrar que a Exposição Agrícola promovida pela associação japonesa, o

Nihonjinkai, acontecia desde 1934.

Por ocasião do jubileu da imigração japonesa no Brasil, o vereador Sadao Masuko, como representante da comunidade nipo-brasileira de Londrina, apresentou, em 12 de maio de 1958, o Projeto de Lei nº 20/58, que autorizava o Poder Executivo “a conceder um auxílio da quantia de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) à Comissão Organizadora dos Festejos e Solenidades que serão realizados em Londrina no dia 18 de junho de 1958, em comemoração ao Cinqüentenário da Imigração Japonesa no Brasil”. Para viabilizar a despesa, abria-se, no

exercício daquele ano, “um crédito especial da quantia de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros), para cuja abertura” ficava o “Poder Executivo autorizado a promover operação de igual importância junto a estabelecimento de crédito da praça, a prazo de 12 meses e juros próximos de 12% ao ano” (Câmara, 1958).

Em 30/05/1958, após exame do Projeto de Lei, a Comissão de Finanças, Orçamento e Tomada de Contas deu parecer favorável. Nos dias 02/06/1958 e 05/06/1958 foi discutido, votado e aprovado em 1ª e 2ª votação, respectivamente. Sancionado pelo então prefeito municipal Antonio Fernandes Sobrinho, converteu-se na Lei nº 432, de 19/06/1958 (Câmara, 1958).

Este grande evento promovido pela colônia nipo-brasileira de Londrina foi um marco importante na história da imigração japonesa no Brasil, uma vez que confere ao grupo étnico japonês o seu alto grau de inserção na sociedade local e regional, nos âmbitos econômico, cultural, social e político.

A “colônia japonesa” de Londrina conseguiu, ainda, reeleger Sadao Masuko por mais quatro mandatos seguidos, isto é, foi reeleito nos anos de 1958, 1960, 1964 e 1968. Em 1963, Masuko ocupou interinamente o cargo de Vice-Prefeito do Município de Londrina. A partir de 1960, Masuko foi acompanhado por Mitsuo Morita, outro representante de origem japonesa eleito com o apoio do seu grupo étnico. Morita também foi reeleito em 1964. Posteriormente, outros representantes políticos nas esferas municipal, estadual e federal foram eleitos pela colônia japonesa local e regional.

A partir da década de 1960, vários descendentes de origem nipônica começaram a atuar no âmbito do Poder Judiciário do Estado do Paraná, como Juízes e Promotores de Justiça (OGUIDO, 1988, p. 283-285).