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Representações do Diretório Nacional da Rede Sustentabilidade e Maria

4.2 ANÁLISE DAS DECISÕES NA JUSTIÇA ELEITORAL ​

4.2.2 Análise Qualitativa das Decisões ​

4.2.2.2 Análise dos pedidos de remoção de conteúdo deferidos ​

4.2.2.2.4 Representações do Diretório Nacional da Rede Sustentabilidade e Maria

O processo ​0600546-70.2018.6.00.0000​, no qual o perfil Anti-PT, após delação premiada do executivo da OAS Léo Pinheiro sobre Marina Silva, Lula e Dias Toffoli, afirmou que a presidenciável recebeu propina de R$ 1,25 milhões da Odebrecht oriundos de caixa 2. Nesse caso, também se observou a limitação da liberdade de expressão quando da divulgação de fatos sem comprovação que afetariam o resultado eleitoral.

Nessa quadra, a intervenção da Justiça Eleitoral, até pela importância das mídias sociais nestas eleições de 2018, deve ser firme, mas cirúrgica. É saber estabelecer o contraponto entre o direito à liberdade de expressão, consagrado na Constituição Federal de 1988, e o direito também constitucional e sagrado de bem exercer a cidadania ativa, no sentido de garantir–se a todos o direito de votar de forma consciente, a partir de concepções fundadas na verdade dos fatos, buscando a aderência do resultado eleitoral a real vontade dos eleitores. É de cidadania e legitimidade que isso se trata.

O perfil “Partido Anti–PT” publica frequentemente em sua página notícias inflamatórias e sensacionalistas, de teor político, muitas vezes contendo dados de veracidade questionável ou informações não verificadas.

No caso dos autos, os representantes denunciam a existência de diversas publicações contendo informações inverídicas sobre a pré–candidata Marina Silva. As manchetes, redigidas de forma exagerada e efusiva, afirmam que a representante é “omissa e oportunista, negligente e conivente” com a corrupção e a associam à Operação Lava jato e ao recebimento de propina.

As referidas críticas e notícias foram publicadas de maneira anônima, ou seja, tanto as publicações quanto os links nelas contidos não indicam os

autores dos textos. O perfil do Facebook, em sua declaração de autoria, afirma que se trata de “página dedicada aos mais de 84 milhões de brasileiros que são contra este governo corrupto, mentiroso e incompetente(...)”.

Conquanto a liberdade de expressão constitua garantia fundamental de estatura constitucional, sua proteção não se estende à manifestação anônima (art. 5o, inciso IV, da CF). A ausência de identificação de autoria das notícias, portanto, indica a necessidade de remoção das publicações do perfil público.

Ainda que assim não fosse, observo que as informações não têm comprovação e se limitam a afirmar fatos desprovidos de fonte ou referência, com o único objetivo de criar comoção a respeito da pessoa da pré–candidata.

Além disso, é inegável que tais postagens podem acarretar graves prejuízos no caso concreto. O perfil “Partido Anti–PT” possui mais de 1,7 milhão de seguidores, o que potencializa a já referida viralização das fake news.

Rp nº 060054670 - BRASÍLIA - DF. Decisão monocrática de

07/06/2018. Relator(a) Min. Og Fernandes. Relator(a) designado(a)

Min. Sergio Silveira Banhos. Publicação:DJE - Diário de justiça

eletrônico, Tomo 112, Data 08/06/2018.

O processo ​0600796-06.2018.6.00.0000 refere-se a alegação de existência de postagem de conteúdo que vincula a pré–candidata Marina Silva à prática de crime ambiental, contrabando de madeira, no ano de 2004. Essa decisão é interessante pois, apesar de ser caracterizado fato sabidamente inverídico, devido ao extenso lapso temporal da publicação original, a tutela de urgência foi indeferida, porém o pedido foi parcialmente deferido para identificação dos perfis. No despacho de 10 de setembro de 2019, devido o não cumprimento da determinação de fornecimento de dados, foi fixada multa diária no valor de R$ 5.000,00.

No tocante aos demais links impugnados, impende destacar que todas as publicações, tidas por fake news, referem–se a um único fato, qual seja: suposto favorecimento ilícito do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), federação de organizações não governamentais, cuja direção tinha como participante o marido da segunda representante.

Segundo informado pelos próprios representantes, esse fato foi alvo de uma tomada de contas especial pelo TCU (TC n° 012307/2003–5) e, posteriormente, de investigação conduzida pelo Ministério Público Eleitoral, solicitada pela própria pré–candidata.

É dizer, mesmo que se considere que as publicações não retratam completamente a verdade dos fatos, considerando que posteriormente não houve sequer acusação formal contra a representante ou seu cônjuge, as notícias, à primeira vista, não podem ser tratadas como inverdades patentes.

Mais, a terceira, quarta, quinta, sexta e sétima publicações impugnadas pelos representantes, embora tenham sido alvo de compartilhamentos este ano no Facebook, foram originalmente veiculadas nos anos de 2016 e 2017. Contra essas publicações não se tem notícia de que tenha sido requerida qualquer medida judicial, nesta Justiça especializada ou na Justiça comum.

Assim, no juízo próprio das medidas liminares, considerando também o extenso lapso temporal entre as publicações originais e a presente data, não vislumbro a urgência alegada pelos representantes.

Finalmente, não merece amparo a alegação feita pelos representantes de que as publicações foram realizadas por perfis anônimos. Isso porque, nos termos do § 2°, do supracitado art. 33, tal afirmação somente pode ser feita após apuração judicial de autoria.

Ante o exposto, defiro, em parte, o pedido liminar para determinar que o Facebook forneça, no prazo de 10 (dez) dias, a identificação dos números de IPs das conexões usadas para realização dos cadastros iniciais no Facebook dos perfis “Maria Amélia Lula da Silva”; MPB – Movimento do Povo Brasileiro; Milena Fontini; Ivan Dario Floripa; Brasil, um País de Otários; Picadeiro Brasil; Bolsonaro Opressor 2.0, bem como para a publicação ou propagação das informações.

Rp nº 060079606 - BRASÍLIA - DF. Decisão monocrática de

03/08/2018. Relator(a) Min. Rosa Weber. Relator(a) designado(a)

Min. Og Fernandes. Publicação:DJE - Diário de justiça eletrônico,

Tomo 156, Data 07/08/2018.

4.2.2.2.5 Representações da Coligação O Povo Feliz de Novo, por Fernando Haddad e