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Representações semióticas multimodais do desenho animado educativo “O

A animação “O Show da Luna” apresenta diversas representações semióticas multimodais que possibilitam ao telespectador a construção de significados. A animação é uma narrativa que utiliza recursos no modo visual (linguagem visual) e linguagem sonora.

A imagem visual é o elemento que o produtor do texto utiliza para construir os significados interpretados pelo telespectador, ficando sob sua responsabilidade, de acordo com a sua visão de mundo, diante do enredo, de como o material é organizado (VIEIRA; SILVESTRE, 2015).

A personagem Luna, seu irmão mais novo chamado Júpiter, e o furão de estimação da família, Cláudio, praticam Ciência diariamente, formulando hipóteses e fazendo experimentos. A esse respeito, “[...] as histórias remetem as aventuras de Luna que busca desvendar o mundo à sua volta [...]” (PRESTES, 2017, p. 2).

Na animação, a personagem principal procura investigar cientificamente situações do dia a dia, que fazem parte da vivência da criança. Com a emblemática frase “Essa é a melhor experiência de todas”, os personagens Luna, Júpiter e Claúdio mergulham em um mundo faz de conta para descobrir os mistérios científicos que estão por trás de acontecimentos do cotidiano. A personagem principal – Luna – atua como protagonista na difusão da Ciência

(PRESTES, 2017).

“O Show da Luna” foge ao estereotipo que normalmente é associado às crianças em desenhos infantis, em que as meninas usam vestido rosa, brincam com bonecas, vivem em um mundo de sonhos e fantasias esperando pelo príncipe encantado. Na animação, a protagonista, Luna, é uma menina que não veste rosa. Ela usa um vestido azul. Ao contrário da família tradicional retratada na mídia, em que a mulher quem predominantemente cozinha e realiza demais atividades domésticas, nesse desenho é o pai de Luna e Júpiter quem prepara as refeições para a família. Em diversos episódios, o contexto em que ele aparece está atrelado ao contexto da culinária, como uma forma de expressão familiar em que as pessoas se reúnem com frequência e interesse comum – alimentar-se adequadamente.

A animação destaca em seu roteiro conteúdos que de forma didática transmitem informações de caráter científico à criança. Contudo, o desenho animado não é livre de ideologia, tendo em vista que ele também é um produto da indústria do entretenimento, que tem como objetivo levar as crianças ao consumo, mesmo que de forma velada e sutil, por meio de uma gama de produtos que são direcionados ao público infantil, tendo como estampa e objetos de divulgação os personagens do desenho de animação. A personagem Luna movimenta uma indústria de produtos licenciados, tais como: jogos eletrônicos, livros, revistas, boneca, agendas, cadernos, entre outros, o que gera cifras milionárias aos seus produtores (PRESTES, 2017).

Mas, mesmo sendo produto da indústria do entretenimento, o desenho animado trabalha com signos semióticos, como o visual, o sonoro, o gestual, a linguagem, que podem levar a criança para além do consumo, incentivando uma reflexão sobre o conteúdo cientifico ali presente.

[...] um signo não se limita à linguagem verbal, ou seja, ao signo linguístico. Os modos de representação gráfica podem incluir a linguagem verbal no seu modo escrito, sob a forma de letras, palavras, frases ou sob a forma de números. Para além desta forma de representação, outras formas como, por exemplo, o desenho, a fotografia ou a pintura são representadas sob a forma de linguagem visual (VIEIRA; SILVEIRA, 2015, p. 102).

O modo como à criança atribuirá significado ao desenho animado, dependerá da maneira como esse desenho chegará até ela, tendo em vista

que cada modo semiótico apresenta suas próprias possibilidades e limitações no que tange à realização dos significados:

[...] qualquer modalidade semiótica tem a capacidade de formar “textos”, isto é, complexos de signos internamente coerentes entre si como também coerentes externamente, com o contexto e em função do qual foram produzidos (CARVALHO, 2013, p. 2).

As representações semióticas utilizadas no referido desenho animado, como cores fortes, personagens cativantes, expressões faciais que dão ênfase ao diálogo, interação entre os personagens, linguagem conotativa, uso de metáforas, linguagem sonora e ilustrações colaboram para despertar o interesse da criança pelo desenho animado, para que deste modo ela atribua significado ao mesmo.

4 PERCURSO METODOLÓGICO

Este capítulo apresenta a descrição das escolhas metodológicas feitas ao longo desta pesquisa. O capítulo está dividido em quatro subcapítulos: A escola e os sujeitos envolvidos na pesquisa; Natureza da pesquisa e fontes para a constituição de dados; A escolha do objeto de pesquisa e Experimentos desenvolvidos na constituição dos dados.

O primeiro subcapítulo – “A escola e os sujeitos envolvidos na pesquisa” – descreve todos os instrumentos utilizados na pesquisa: observações diretas registradas no diário de campo, entrevistas semiestruturadas e representações pictóricas. Descreve ainda o conceito de sequência didática.

No segundo subcapítulo – “Natureza da pesquisa e fontes para a constituição de dados” – apresenta-se a descrição do local da pesquisa, os sujeitos participantes, a descrição das etapas da sequência didática “Ciência divertida: Aprendendo Ciências com o Show da Luna” e ainda descrição das etapas de constituição dos dados.

O terceiro subcapítulo – “A escolha do objeto de pesquisa” – apresenta a descrição do desenho animado, objeto de estudo desta investigação. Descreve três episódios do referido desenho, selecionados para a constituição dos dados, a saber: Sol vai, noite vem!, Quatro Luas para Luna e Como a água vira chuva.

No quarto e último subcapítulo – “Experimentos desenvolvidos na constituição dos dados” – apresenta-se a descrição dos três experimentos desenvolvidos nas três aulas de constituição dos dados, a saber: Luz da lanterna na bola, Chuva artificia e Luz da lanterna na caixa.

Na literatura na área do Ensino de Ciências há diversos trabalhos que têm como foco de estudo desenhos animados na perspectiva do ensino de forma geral, como estão descritos no quadro 1.

QUADRO 1 - TRABALHOS DE PESQUISAS QUE ABORDAM DESENHOS ANIMADOS

Desenho animado – entretenimento, ideologia e comunicação de

massa. (LAMAS, 2012)

O desenho animado em sala de aula (MAGNO, 2003)

Os desenhos animados e as crianças; Um estudo multicaso sobre as preferências de desenhos animados por crianças do 1ºCiclo do Ensino Básico.

(MORAIS, 2008)

Ideologias animadas – a criança e o desenho animado. (BORTOLETTO, 2008).

Fonte: A autora (2018).

Outros trabalhos de pesquisa que tratam de forma específica sobre os desenhos animados no ensino de Ciências, estão descritos no quadro 2.

QUADRO 2 - TRABALHOS DE PESQUISAS QUE ABORDAM DESENHOS ANIMADOS NA PERSPECTIVA DO ENSINO DE CIÊNCIAS

Fonte: A autora (2018).

Os trabalhos citados perpassam pelo debate da influência dos desenhos animados sobre as crianças e sobre como essas animações abordam a Ciência. São poucos os trabalhos que se dedicam à pesquisa sobre a utilização do desenho animado na sala de aula, sobre como o professor pode utilizar esse recurso em prol do ensino e aprendizagem.

É neste quesito que reside o diferencial desta pesquisa, uma vez que nela, além de abordar a questão da influência do desenho animado sobre a criança, busca-se apontar como o professor de Ciências do Primeiro Ciclo do Ensino Fundamental I pode utilizar o desenho animado “O Show da Luna” como um material de apoio nas aulas. Por meio da sequência didática

“Ciência divertida: Aprendendo Ciências com o Show da Luna”, que

compõe o Produto Educacional – exigência do Mestrado Profissional – o professor terá acesso a um conjunto de atividades educacionais elaboradas a partir de três episódios da animação. As atividades são sugestões iniciais para o trabalho com a animação na sala de aula.

Visões de Ciências em desenhos animados: uma alternativa para o debate sobre a construção do conhecimento científico em sala de aula.

(MESQUITA; SOARES, 2008);

Ciência e poder no universo simbólico do desenho animado. (SIQUEIRA, 2002) O que aprendemos com o Show da Luna? Mídia, divulgação

científica e protagonismo feminino.

(PRESTES, 2017) Ciência, gênero e infância: reflexões teóricas a partir da

série animada “O Show da Luna”.

(VARGAS; FUMAGALLI; PETERMANN, 2017) Aprendendo a amar a Ciência na animação “Sid, o

Cientista”.