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REPRESENTAÇÕES DOS/AS PROFESSORES/AS SOBRE ALUNOS/AS PROVENIENTES DE CAMADAS POPULARES

Considerar a escola como um espaço de convivência de pessoas com culturas e saberes diversificados implica pensar um ensino que valorize e respeite as diversas manifestações culturais existentes na sociedade e presentes no interior da escola. Para uma reflexão sobre a convivência de culturas diversas no interior da escola procurou-se compreender o que os/as professores/as pensam sobre os saberes e conhecimentos dos/as alunos/as provenientes de culturas populares através de observações e entrevistas.

Nas observações em sala de aula de oito professores/as foram registrados aspectos do espaço físico e organizacional do ambiente das salas, algumas características dos alunos/as, a relação entre alunos/as X alunos/as, relação professores/as X alunos/as, e aspectos da prática pedagógica desses/as professores/as. As entrevistas possibilitaram o levantamento de informações sobre como os professores/as caracterizam seus/uas alunos/as, o que eles/as pensam sobre os saberes e conhecimentos desses/as alunos/as, e quais as implicações das representações dos/as professores/as em sua prática pedagógica. Também foram colhidas informações sobre como os/as professores/as tratam, em sua prática, os diferentes conhecimentos e saberes dos/as alunos/as provenientes de culturas populares.

Foram muitos os dados obtidos por meio das observações em sala de aula e entrevistas com professores/as das duas escolas selecionadas para este estudo. As informações coletadas foram organizadas e, posteriormente, elaborada uma análise que será apresentada neste capítulo.

Primeiro serão apresentados os resultados e discussão das informações obtidas por meio das observações e, em seguida, os resultados e discussão das entrevistas. É importante esclarecer que os depoimentos dos professores/as são apresentados no texto sem nenhuma correção.

Após o levantamento dos dados, seja das observações, seja das entrevistas, foi decidido que a análise destes dados seria feita sem distinção entre as escolas que participaram da pesquisa.

3.1 Análise das observações

3.1.1 Aspecto físico e organizacional do ambiente das salas de aula

Foram observadas oito aulas, conforme previsto na metodologia da pesquisa. Deste total, três salas eram amplas e bem ventiladas, com sete janelas grandes e quatro ventiladores. Bem iluminadas tanto com luz natural que entrava pelas janelas, como com lâmpadas fluorescentes. Possuíam quadros de giz grandes, um pequeno armário de madeira perto do quadro e outros dois armários na parte do fundo de cada sala de aula. As carteiras dos alunos/as eram compostas de mesas e cadeiras. Uma mesa e uma cadeira, para cada professor/a, ficavam dispostas na parte frontal da sala, perto do quadro de giz.

A situação de outras três salas observadas era bem diferente das três anteriores. As salas de aula eram pequenas, mal ventiladas, com quatro janelas muito altas e apenas dois ventiladores muito barulhentos e que ventilavam pouco. Embora a claridade natural fosse pouca nestas salas, elas eram bem iluminadas com lâmpadas fluorescentes. Possuíam um quadro grande de giz, um armário de aço perto do quadro e uma mesa da professora na parte frontal da sala. As carteiras dos/as alunos/as eram também compostas de mesas e cadeiras.

Duas outras salas de aula observadas apresentavam aspectos diferentes das demais. Uma das salas de aula, ampla e construída de madeira, não possuía janelas e sim caibros trançados que deixavam buracos, nos lugares onde deveriam ser as janelas. O mobiliário desta sala era composto de cadeiras e mesas, para os/as alunos/as e para a professora. Havia um armário de madeira onde a professora guardava seu material, um quadro de giz pequeno, quatro ventiladores, sendo que um não funcionava. Cinco pares de lâmpadas fluorescentes iluminavam a sala, cujo piso era de cimento queimado com alguns buracos.

A outra sala de aula era grande, porém mal ventilada, com quatro janelas muito altas e apenas dois ventiladores na parte da frente da sala que era bem iluminada com lâmpadas fluorescentes. Um quadro grande de giz, um armário de aço perto do quadro e uma mesa da professora ficavam na frente da sala. Como as demais, as carteiras dos/as alunos/as eram compostas de mesas e cadeiras.

Ambas as escolas apresentavam bom aspecto quanto à limpeza das áreas externas às salas de aula. No interior de algumas salas de aula havia sujeira no chão, jogadas pelos/as alunos/as. As paredes e as carteiras apresentavam alguns riscos de caneta, lápis ou pincel. Ressalta-se que o aspecto das escolas era no geral limpo e organizado, não apresentavam pichações ou quaisquer outros sinais de depredação.

A organização ambiental das salas de aula observadas era semelhante entre elas. Em uma das escolas todas as carteiras dos/as alunos/as estavam enfileiradas e juntas de duas a duas. Na outra escola quando não estavam em duplas, as mesas e cadeiras eram colocadas todas juntas no centro da sala. A organização em duplas ou em blocos, por si, não favorecia a realização das atividades em parceria ou em grupo, predominando a realização de atividades individuais.

E mesmo os alunos sentando muito próximos uns aos outros todos resolveram suas atividades individualmente. (Relatório de Observação Prof. 1).

Os alunos sentavam-se em duplas, com exceção de dois alunos que ficaram sentados sozinhos, nas últimas carteiras no fundo da sala. Meninos estavam sentados com meninos e meninas com meninas. (Relatório de Observação Prof. 6)

O aluno R. sentiu dificuldade em um problema e o professor o ajudou, mas não incentivou a trabalhar em dupla. Um aluno, sentado na carteira na frente de R., por iniciativa própria, se prontificou a ajudá-lo. (Relatório de Observação Prof. 12)

Durante o período de observação a disposição das carteiras nas salas de aula permaneceu inalterada, inclusive em situações como as leituras feitas pelos/as professores/as em que a organização das carteiras em filas não contribuía para a atenção dos/as alunos/as.

Analisando a utilização do espaço, no âmbito da sala de aula, pode-se inferir que a concepção de aprendizagem de conteúdos requer crianças sentadas, sempre na mesma posição, recebendo os ensinamentos dos professores,

independente de haver trocas interativas entre os/as alunos/as decorrentes da configuração espacial da sala.

O uso limitado do espaço da escola também denota concepções não manifestas no currículo formal. Uma das escolas pesquisadas possuía uma área externa ampla e arborizada, entretanto os/as professores/as restringiam suas aulas ao espaço de sala de aula, destinando a área externa somente à recreação. Percebe-se uma distinção entre aprender e brincar, entre conteúdos sérios e espaço destinado a jogos e brincadeiras, consideradas descompromissadas com a aprendizagem. “Recreação”, no conceito desta escola, designa o tempo destinado às atividades físicas no pátio, ou seja, recreação, por si, indica atividades desenvolvidas no pátio da escola. Recrear na definição do dicionário Houaiss significa: “distrair-se com jogos e brincadeiras; folgar, brincar. Aliviar de trabalho, tarefa ou situação difícil, pesada”. Em conclusão recrear é sinônimo de distração, diversão, divertimento, entretenimento.

Infere-se do significado dos espaços escolares e do uso destes espaços que há uma dicotomia entre estudar e se divertir. Estudar é atitude formal, séria, contrita, e recrear é atitude lúdica, mais ou menos livre e descomprometida com a aprendizagem. É preciso esclarecer que na recreação o processo educacional não é interrompido, particularmente quando se tem em vista a formação de atitudes, hábitos e valores durante esta atividade.

3.1.2 - Características dos/as alunos/as

A maioria absoluta dos/as alunos/as nas salas observadas não usava uniformes, se vestiam com roupas muito simples, em alguns casos rasgadas, e/ou sujas. Os/as alunos/as, em sua maioria, estavam calçados com chinelos de borracha, e alguns de tênis e sandálias. O material escolar dos/as alunos/as era composto de caderno grande do tipo brochura, lápis, caneta e borracha. Alguns cadernos bem cuidados e outros amassados e rasgados.

Os/as alunos/as apresentaram um comportamento comum à maioria das crianças e adolescentes na mesma faixa etária. As crianças eram bastante agitadas, andavam muito pela sala e fora dela, falavam muito uns com os/as outros/as, brincavam. Os/as adolescentes e pré-adolescentes também

apresentavam um comportamento considerado próprio para suas idades, conversavam muito, faziam brincadeiras uns com os outros, falavam sobre namorados/as.

A aparência e os materiais escolares evidenciavam a carência material a que estão submetidas as crianças das escolas pesquisadas. Peles queimadas pelo sol, cabelos mal cuidados, roupas e calçados desgastados, material escolar simples e algumas vezes, insuficiente.

O comportamento observado foi considerado comum para crianças. As diferenças existentes relacionam-se às experiências vivenciadas pelas crianças em seu meio social, e ao capital cultural adquirido junto à família. As crianças apresentam características comuns a crianças na mesma faixa etária: gostam de correr, brincar, conversar, e se movimentar bastante. Observadas atentamente apresentavam diferenças no ritmo de aprendizagem, na linguagem, comportamentos, hábitos e valores que dependem de suas idiossincrasias e da origem socioeconômica. Segundo Giné (2002, p. 39) “(...) cada aluno é diferente (...) O desafio está em abordar educativamente e tornar formativas as diferenças”. Quanto à participação dos/as alunos/as nas atividades desenvolvidas em sala de aula, foram observados muitos momentos de grande dispersão, em sete das oito classes observadas. Notadamente, sempre que as atividades se prolongavam, ou a atividade e/ou conteúdo, aparentemente, não lhes interessavam a conversa, a brincadeira e até algumas brigas aconteciam em sala de aula. A dispersão se apresentava através de conversas entre os alunos/as, alunos/as saindo de suas carteiras durante a realização das atividades, brincando, ou solicitando ao/a professor/a saírem da sala para irem ao banheiro repetidas vezes, e até mesmo brigando com os/as colegas. Alguns exemplos destas situações são relatados abaixo:

A leitura continuou e a classe cada vez mais dispersa. A professora interrompeu várias vezes a leitura para chamar a atenção dos alunos dispersos. Muitos alunos conversavam, outros faziam outra atividade ou mesmo andavam pela sala de aula. (Relatório de observação Profa. 6)

Os alunos ficaram muito dispersos durante toda a leitura. Três meninas escreviam alguma coisa em seus cadernos, outras duas comiam biscoitinhos e foram repreendidas pela professora, outros alunos simplesmente conversavam, ou olhavam para fora da sala. (Relatório de observação Prof. . 5)

A atividade se prolongou por 1h:45min, à medida que o tempo passava os alunos ficavam mais dispersos. Muitos alunos não faziam mais a atividade,

alguns porque já haviam terminado e outros aproveitavam a agitação daqueles que já haviam concluído a tarefa e não eram repreendidos pela professora. (Relatório de observação Prof. 11)

Apenas em uma das classes observadas foram registrados momentos de muito interesse e concentração nas atividades propostas pelo/a professor/a. Os/as alunos/as apresentavam-se calmos e concentrados nas atividades durante todo o período da aula. Este comportamento diferencia em muito das outras classes nas quais os/as alunos/as se concentravam apenas alguns minutos e se dispersavam passando a se interessar por outras atividades alheias aos conteúdos tratados pelo/a professor/a.

Os alunos estavam bastante interessados na atividade, conversaram pouco e quando chamados a responderem no quadro a maioria se apresentava espontaneamente. Depois dos alunos resolverem no quadro o professor ia até a lousa e conferia junto com a classe o resultado. (Relatório de observação. Prof. 12)

A discrepância entre atividades desenvolvidas em sala de aula e a vivência e conhecimentos dos/as alunos/as podem interferir nos seus interesses pelas atividades desenvolvidas pelos/as professores/as. Isto se revela no distanciamento e oposição entre as atividades prazerosas para a criança aprendidas em seu meio e a rigidez e formalidade expressa nas atividades curriculares que nem sempre são prazerosas para as crianças. Observou-se, em quase totalidade das classes, grande dispersão durante as atividades. Esta dispersão parece se relacionar com a concepção de ensino dos/as professores/as, baseadas em preceitos homogeneizadores: os/as alunos/as devem aprender os mesmos conteúdos, de preferência, simultaneamente. Esta situação reflete uma concepção de currículo centrado na transmissão de conteúdos definidos, muitas vezes, por especialistas ou autoridades educacionais que nem sempre atendem aos interesses e necessidades de aprendizagem dos/as alunos/as.

3.1.3 Relação Aluno/a X Aluno/a

Durante as sessões de observação a relação estabelecida entre os/as alunos/as pareceu ser amistosa, foram poucas as demonstrações de agressividade entre os/as alunos/as. Eles/as conversavam muito entre si,

brincavam, trocavam informações de seus interesses particulares, dividiam lanches.

Em três sessões de observações há registros de alguns alunos/as gritando uns com os outros durante a aula, um caso de agressão física e agressões verbais. Nestas situações, a divergência ou desavença rapidamente foram dissipadas e não tiveram maiores conseqüências.

Alguns alunos gritavam uns com os outros e a professora não interveio. (Relatório de Observação prof. 1)

Dois alunos brigaram, um agrediu fisicamente o outro, a professora chamou o aluno que agrediu o colega e pediu para ele se desculpar. O aluno pediu desculpas e a professora se afastou. (Relatório de Observação Prof. 7)

Em duas classes foi observado alunos/as sentados distantes dos/as outros/as colegas. Nas demais salas de aula não foram observadas distanciamento ou dificuldade de interação entre os/as alunos/as.

Dois alunos se recusaram a integrar qualquer um dos grupos formados. A professora conversou com eles, mas não os convenceu a trabalhar em grupo. Eles continuaram afastados dos grupos e não realizaram nenhuma atividade. Um destes ficou sentado em cima da mesa, imóvel olhando os colegas. O outro saiu e permaneceu alguns minutos fora da sala de aula, ao retornar sentou-se em sua carteira afastado de todos. (Relatório de observação Prof. 2)

Foram observadas situações em que o/a professor/a teve que intervir para acabar com desavenças entre os/as alunos/as e promover a reconciliação. Nestas situações observadas o/a professor/a usou sempre o recurso do diálogo para convencer os/as alunos/as da inadequação de seus comportamentos, como mostra os relatos de observação abaixo:

Em um dos grupos de alunos começou uma discussão. Um dos alunos se afastou do grupo dando sinais de que não participaria mais da atividade. A professora se aproximou do grupo conversou com todos, falou sobre a necessidade do trabalho coletivo, mas, um dos alunos continuou não aceitando trabalhar junto aos demais. (Relatório de observação Prof. 2).

Pode-se concluir que os/as alunos/as são agitados, mas nada que evidencie uma situação de intensa agressividade. Não houve fatos relevantes que justificassem uma maior atenção destes comportamentos interativos entre os/as alunos/as. As situações que envolveram reações agressivas foram casos isolados.

De uma maneira geral pode-se afirmar que o relacionamento observado entre professor/a e alunos/as era amistoso, porém, não desprovido de alguns conflitos. Não foram registradas muitas demonstrações de afeto. Frequentemente a professora chamava a atenção dos alunos, não só sobre a participação nas atividades como também para conter a agitação das crianças. Estas situações podem ser consideradas como umas das maiores fontes de atritos entre professores/as e alunos/as: o/a professor/a tentando conter a agitação dos/as alunos/as, e mantê-los atentos às explicações sobre os conteúdos e realização das atividades, e os/as alunos/as demonstrando interesse por outras questões alheias à aula e às explicações do/a professor/a.

A professora voltou a repreender verbalmente duas alunas que estavam fazendo outra atividade e não ouviram atentamente a história. (Relatório de Observação Prof. 6)

A leitura foi interrompida várias vezes, pela professora, para repreender os alunos por estarem conversando muito e/ou andando pela sala. (Relatório de Observação Prof. 5)

Para a manutenção da ordem na sala de aula e maior envolvimento dos/as alunos/as nas atividades propostas o/a professor/a utilizou-se de repreensões verbais, ameaças de privar os/as alunos/as da participação nas atividades recreativas, de permanecerem na escola após o término da aula para concluir a atividade. Não há registros de momentos de diálogo entre professores/as e alunos/as no período observado nas salas de aula.

Como os alunos conversavam demais e faziam barulho, a professora os repreendeu dizendo: "Na hora da saída ficam chorando para sair. Eu quero ver, se não tiver feito...” (Relatório de Observação Prof. 9)

A professora ausentou-se da sala por uns minutos, ao retornar, percebendo a “bagunça” dos alunos, falou em tom de ameaça: “Na hora da recreação vou olhar o caderno de todo mundo”. (Relatório de Observação Prof. 11)

Algumas atitudes pareceram demonstrar distração ou desinteresse dos/as professores/as em atender aos chamados e perguntas dos/as alunos/as. Não foi possível verificar se os/as professores/as não ouviram os chamados e perguntas dos/as alunos/as ou se não quiseram responder naqueles momentos ou situações.

Os alunos foram saindo aos poucos. Uma aluna se despediu duas vezes da professora, ela não respondeu e a aluna foi embora. (Relatório de Observação Prof. 7)

Uma aluna perguntou qual o texto deveria ser lido, a professora olhou para a aluna e não respondeu. (Relatório de Observação classe Prof. 1)

Um aluno disse à professora que não tinha o texto no caderno para consultar e responder à atividade. A professora respondeu: “Aí já é problema seu, se você não veio à aula a obrigação do aluno é copiar de outro colega”. (Relatório de Observação Prof. 1)

Apenas um/a professor/a demonstrou interesse em saber os motivos de alguns/mas alunos/as estarem ausentes da aula.

O professor demonstrou interesse em saber os motivos de alguns alunos estarem ausentes. Falou aos alunos sobre os problemas que as faltas podem acarretar. (Relatório de Observação classe prof. 12).

Todos sabem e Perrenoud (2001) afirma que um dos fatores essenciais para a aprendizagem refere-se a inter-relação entre professores/as e alunos/as. Cabe ao professor/a dedicar-se a estabelecer uma relação de respeito, valorização e amor com o/a educando/a. Infelizmente observou-se ausência de diálogo e de trocas afetivas entre professor/a e os alunos/as. Foram observadas também poucas demonstrações de afeto e de valorização das experiências e cultura dos/as alunos/as. Embora o tempo de observação não permita afirmar que os/as professores/as não são interessados pelos/as alunos/as, ou tenham relação afetuosa, é importante registrar as poucas manifestações de afetividade observadas.

Para Freire o diálogo é parte estruturante da interação entre professores/as e alunos/as. Esclarece Paulo Freire:

Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e ‘cinzento’ me ponha nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo ensinar. A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade. (1980, p. 160)

O uso de ameaças e punições para obrigar o/a aluno/a a se concentrar nas atividades e realizar seus deveres escolares, prescinde do diálogo e denuncia a dificuldade em relacionar afetividade e autoridade.

3.1.5 - Práticas Pedagógicas

Os conteúdos trabalhados em sala de aula durante as sessões de observação se restringiram às disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e Geografia. Os trabalhos de Língua Portuguesa se concentraram em interpretação de textos, leitura de textos pelo/a professor/a e em uma das classes por um aluno; escrita de palavras para alunos/as não alfabetizados/as, e produção de textos para alunos/as alfabetizados/as; na disciplina de Matemática as quatro operações e resolução de problemas; em Ciências, higiene corporal e do ambiente (Lixo), e desmatamento e na disciplina de Geografia, hemisférios sul e norte e meridianos.

A carga horária diária de aula nas duas escolas observadas é de quatro horas. Durante as sessões de observação registrou-se que os/as professores/as passam quase todo este horário desenvolvendo uma média de três atividades. Em cinco aulas foram registradas apenas duas atividades sendo desenvolvidas, uma antes do intervalo para a merenda e outra atividade depois do intervalo, mudando as disciplinas trabalhadas. Dois professores/as desenvolveram em todo o período de aula três atividades e apenas um/a dos/as professores/as observados/as desenvolveu quatro atividades.

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