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REQUISITOS DA NOTA DE HONORÁRIOS

CAPÍTULO IV. OS LAUDOS DOS HONORÁRIOS

8. REQUISITOS DA NOTA DE HONORÁRIOS

No que respeita aos requisitos da nota de honorários quer do solicitador, quer do agente de execução, verifica-se pelo art.º 4.º, do RL157 que mesma deve ser apresentada por escrito, de forma detalhada e fundamentada, ou seja, a mesma deverá discriminar todos os serviços, valores e datas das respectivas diligências, bem como deverá conter a taxa de IVA ou de isenção e, por fim, ser aposta a assinatura do profissional, caso a nota não seja elaborada electrónicamente, caso em que essa assinatura é dispensada.

Na senda ainda do anterior normativo do Regulamento dos Laudos sobre Honorários de Solicitadores, verificavam-se cinco princípios158 a que a nota de honorários devia atender: o princípio da separação entre honorários e despesas, o princípio da documentação, o princípio da expressão da moeda nacional, o princípio da imodificabilidade da nota de honorários após a apresentação ao cliente e, o princípio da certificação. Ora, conforme o próprio princípio sugeria, impunha o princípio da separação

156Redacção do art.º 3.º, do RL: «1 - Quando a conta inclua despesas, estas devem ter como referência

os documentos que as suportam. 2 - Na emissão do laudo dos solicitadores não deve existir pronúncia sobre as despesas e os encargos inerentes à prestação de serviços do associado, sem prejuízo de poderem ser qualificados como honorários as verbas indicada como despesas, nomeadamente associadas a deslocações ou que não tenham suporte documental. 3 - Os agentes de execução podem cobrar as despesas previstas nas normas legais.»

157 Redacção do art.º 4.º, do RL: «1 - A conta de honorários ou de tarifas aplicadas deve ser

apresentada, por escrito, de forma detalhada quanto aos serviços, aos valores e às datas, em termos facilmente entendíveis e mencionar o IVA que for devido ou a sua isenção. 2 - Os honorários e as tarifas são fixados em euros, sem prejuízo da indicação da sua correspondência com qualquer outra moeda, com referência ao câmbio na data da apresentação dos mesmos. 3 - A conta deve ser assinada pelo associado ou por administrador da sociedade profissional, podendo esta assinatura ser dispensada ou substituída caso seja elaborada por meios eletrónicos ou se houver delegação de poderes em funcionário forense ou equiparado.»

158 Cfr. diferenciação de Benjamim Silva Rodrigues, Esboço de um Curso de Deontologia (…), cit.,

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entre honorários e despesas159 que a nota de honorários separasse nitidamente os valores que respeitam a honorários e os que respeitam a despesas. Por outro lado, requeria o princípio da documentação160 que a nota de honorários e as respectivas diligências fossem apresentadas por ordem cronológica, com a menção das datas e valores gastos e entregues por conta de provisões, permitindo o melhor controlo possível sobre todos os gastos. No que toca ao princípio da expressão em moeda nacional161, tal princípio não revelava dúvidas de compreensão, uma vez que se impunha que os valores da nota de honorários fossem expressos em euros, no caso dos países aderentes ao Euro, por exemplo. Todavia, surge ainda o princípio da imodificabilidade da nota de honorários após a apresentação da mesma ao cliente162, significando que, sem eliminar a possibilidade de serem cobrados juros moratórios ou outras sanções163, ao solicitador estaria vedada a alteração dos valores da nota de honorários, de forma a garantir a transparência da mesma. Por fim, surgia o princípio da certificação164 que impõe ao solicitador que certificando a nota de honorários com a aposição da sua assinatura, concordando com o conteúdo da mesma.

Ora, analisando o novo Regulamento de Laudos, comparado com o Regulamento dos Laudos sobre Honorários de Solicitadores, verifica-se qua apenas alguns destes princípios sobreviveram à revogação do anterior Regulamento, nomeadamente, o princípio da documentação, de acordo com o já aqui exposto em que todas as despesas devem ser suportadas pelo documento respectivo, o princípio da expressão da moeda nacional e, o princípio da certificação. De resto, verifica-se o desaparecimento dos princípios da separação entre honorários e despesas e da imodificabilidade da nota de honorários após a apresentação ao cliente.

Por outro lado, quanto ao agente de execução, verifica-se pelo art.º 5.º, do RL165, outras regras específicas dada a natureza da sua actividade, referindo expressamente, no seu n.º 1 que o laudo apenas incidirá «na verificação do cumprimento das regras tarifárias e das suas fórmulas de cálculo». Ainda no seu n.º 2, impõe que salvo devida justificação, a

159 Previsto no art.º 4.º, n.º 2 do Regulamento dos Laudos sobre Honorários de Solicitadores. 160 Estipulado no art.º 4.º, n.º 3, do Regulamento dos Laudos sobre Honorários de Solicitadores. 161 Regulamentado no art.º 4.º, n.º 4, do Regulamento dos Laudos sobre Honorários de Solicitadores. 162 Consagrado no art.º 4.º, n.º 5, do Regulamento dos Laudos sobre Honorários de Solicitadores. 163 Vide art.os 804.º a 808.º, do CC.

164 Previsto no art.º 4.º, n.º 6, do Regulamento dos Laudos sobre Honorários de Solicitadores.

165 Redacção do art.º 5.º, do RL: «1 - Tratando-se de notas de honorários do agente de execução, o

laudo consiste na verificação do cumprimento das regras tarifárias e das suas fórmulas de cálculo. 2 - A conta dos agentes de execução, salvo motivo devidamente justificado, é elaborada no Sistema Informático de Suporte à Atividade do Agente de Execução (SISAAE).»

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nota discriminativa e justificativa do processo executivo é elaborada no Sistema Informático de Suporte à Atividade do Agente de Execução166. Todavia, verifica-se que, actualmente, esta elaboração via SISAAE ainda não produz efeitos práticos, dada a forma como a essa mesma nota foi concebida e a complexidade da mesma, sem que os profissionais estejam preparados para trabalhar com tal ferramenta. Desta forma, verifica- se que a nota continua a ser elaborada sem o SISAAE.