• Nenhum resultado encontrado

Desenvolvimento Implementação

4 UM FRAMEWORK PARA A PRODUÇÃO DE REAS COM FOCO NA DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO

4.2 ESPECIFICAÇÃO DOS REQUISITOS PARA O FRAMEWORK Para a definição dos elementos conceituais do framework, foram

4.2.1 Requisitos para a fase de análise e design

Para atender as especificidades desta primeira fase, é necessário apontar quais são os requisitos do ciclo de produção de REAs, com base nos fatores de relevância, de engajamento e de acessibilidade.

4.2.1.1 Relevância

Em relação ao conteúdo, destaca-se a necessidade de definir quais os objetivos de aprendizagem a serem atingidos e qual o nível de dificuldade e a quantidade de materiais necessários para alcançar os propósitos pré-estabelecidos (FILATRO, 2004).

Já quanto ao público-alvo, normalmente, os professores, quando desenvolvem um determinado material para o ensino presencial, conhecem quem é o público-alvo, o contexto sociocultural em que está inserido, as suas dificuldades, o seu interesse e o que o motiva (BECTA, 2005; NG'AMBI; LUO, 2013). No entanto, na produção de REAs, os desenvolvedores podem não saber quem serão especificamente os usuários daquele material, pelo fato de que qualquer um poderá utilizá- lo. Mesmo assim, Wright e Reju (2012) destacam que o REA deve ser construído de modo a atender a um determinado público em específico, o que facilita o julgamento pelos usuários quanto a sua relevância.

Um dos fatores que favorecem a produção e a disponibilização dos REAs passa pela existência e/ou garantia de recursos financeiros, humanos e tecnológicos (FILATRO, 2004). Quanto à equipe envolvida no desenvolvimento, Barrio et al. (2007) destacam a necessidade de três tipos de perfis de especialistas: os responsáveis pela produção do conteúdo, aqueles que produzem a parte gráfica e audiovisual e os que são responsáveis pelo desenvolvimento técnico. Esses especialistas são dirigidos por um coordenador com experiência no uso das TICs em cada uma das áreas.

4.2.1.2 Engajamento

Ainda na fase de análise e design, Luo, Ng'ambi e Hanss (2010) destacam fatores que merecem atenção no desenvolvimento de atividades em equipe na produção de REAs. O primeiro trata da identificação da expertise da equipe de produção: se os membros possuem base comum de conhecimento, de crenças e de entendimento mútuo a respeito do conteúdo tratado. O segundo fator refere-se ao acesso à tecnologia apropriada, como a Web, GroupWare, fóruns e repositórios (SUDUC et al., 2010), e o conforto quanto ao seu uso, a partir dos quais os membros interagem para atingir os objetivos propostos. A Internet, neste caso, atua como um facilitador técnico também para a produção colaborativa (ESPINOSA, 2010). O terceiro fator diz respeito ao tempo que os participantes têm para colaborar, os incentivos (estímulos) oferecidos e a clareza sobre as responsabilidades de cada indivíduo no projeto de reutilização, revisão, recontextualização e redistribuição do REA. Portanto, quanto mais bem planejado e gerenciado o projeto for, menores serão as dúvidas e mais colaborativo será o trabalho.

Para Tuomi (2013), o processo de produção de um REA requer motivação, capacidade e uma base de recursos. A colaboração realizada em comunidades caracteriza-se por atividades em grupos ou “produção em pares” (ESPINOSA, 2010, p.4) com objetivos claros e definidos, pela regularidade do trabalho realizado em conjunto, bem como pelas ações coordenadas e pela troca entre os pares. Para a OCDE, trabalho colaborativo pode ter maior atratividade quando várias pessoas contribuem com pequenas partes de conteúdo, não necessitando dedicar demasiado tempo para a confecção. Já o organizador do material necessita ter uma visão clara e global do assunto, oferecendo aos voluntários participantes o protagonismo na produção (OCDE, 2010). 4.2.1.3 Acessibilidade

No que tange à infraestrutura tecnológica, os REAs podem ser distribuídos via CDs, DVDs, pendrives ou impressos; no entanto, o meio mais comum é on-line. Neste sentido, a energia elétrica, os recursos computacionais e a conectividade com a Internet fazem com que os materiais sejam mais ou menos utilizados (HAßLER, 2009). Esses mesmos materiais necessitam ser pensados tanto para a utilização como percepção em diferentes dispositivos, como computadores, tablets,

smarthphones ou TV Digital (WRIGHT; REJU, 2012; ALGERS et al., 2013).

Ainda com relação à tecnológica, quanto à acessibilidade, Little

et al. (2011), e Pawlowski e Bick (2012) apontam que atualmente

existem três formas possíveis de localizar REAs: A primeira é realizar a busca através de metadados (título, nome, descrição, palavras-chave, formato, entre outros) em repositórios. A segunda forma é a pesquisa no texto livre que compõe o recurso, aplicável apenas naqueles materiais que são textuais. Por último, a indicação dos pares através de metadados sociais com tags, comentários, classificações, ranqueamento e recomendações que auxiliam na descoberta e no reúso dos REAs. Portanto, a definição de estratégias de busca com palavras-chave representativas é fundamental para a localização de REAs.

Algumas estratégias que podem ser adotadas para a localização daqueles REAs que são relevantes e se encaixam nos objetivos desejados e podem garantir a acessibilidade são:

a) uso de motores de buscas especializadas em REAs: A recomendação é fazer a busca em mais de um repositório. Os mais populares são: i) Global Learning Objects Brokered

Exchange <http://globe-info.org>; ii) Folksemantic – Open

Tapestry <http://www.opentapestry.com/folksemantic>; iii)

Search Creative Commons

<http://search.creativecommons.org>. Vale destacar que o

Search Creative Commons não é exatamente um motor de

busca; ele centraliza as pesquisas realizadas por outros buscadores independentes, como no Google, YouTuBe, Flickr ou Wikimedia Commons, em um único local; iv) Open

CourseWare Consortium:

<http://www.ocwconsortium.org/courses/search>; v) OER

Commons: <http://www.oercommons.org/>;

b) localização de repositórios que sejam adequados (temáticos): Para aumentar a utilização dos REAs, a Unesco/Col (2011) recomenda a seleção dos materiais em repositórios/portais especializados no assunto que está sendo pesquisado como o Portal AgEcon (Research in agricultural & Applied

Economics - <http://ageconsearch.umn.edu>), que armazena

arquitetura; ou o DELPHOS, na área de engenharia civil (ZAPATA et al., 2013);

c) busca em repositórios federados: São repositórios que hospedam somente os metadados dos recursos localizados em outros repositórios, formando, assim, uma federação de repositórios. Esta rede troca informações por meio de um protocolo denominado de OAI-PMH (WENK, 2010). Isto representa que o usuário buscará pelo recurso em um único local, facilitando o acesso e a consulta (BUTCHER, 2011). FEB <http://feb.ufrgs.br/feb/>, e MERLOT são exemplos de federação;

d) utilizar buscadores populares: Google e Bing são buscadores tradicionais que podem localizar uma grande quantidade de registros (ABEYWARDENA; THAM; RAVIRAJA, 2012; BANZATO, 2012a). No entanto, a vantagem é a busca textual também daqueles recursos que não foram indexados com metadados ou que não estão disponíveis nos repositórios; e e) seguir recomendação de colegas ou de publicações.

A usabilidade, a acessibilidade, a aparência, a facilidade de uso, a licença de uso e a confiabilidade do material, informações interessantes e atualizadas, aspectos como a nitidez de imagens e sons e organização do material são alguns aspectos utilizados para determinar a relevância e, por consequência, a reutilização exitosa do material (LEINONEN et al., 2010). O produtor pode pensar em selecionar uma variedade de materiais de diferentes formatos, como textos, vídeos, áudios e e-books, de modo a permitir melhores possibilidades de adaptação do material aos objetivos de aprendizagem propostos (GUTIÉRREZ; SALAZAR; RODRÍGUEZ, 2012). Assim, será possível formar um conjunto de recursos, porém, desconectados.

4.2.1.4 Questões e objetivos candidatos à fase de análise e design A partir dos aspectos apresentados na literatura, tem-se as seguintes questões e objetivos candidatos, para compor o framework na fase de análise e design:

RELEVÂNCIA 1: Quais são os objetivos de aprendizagem a serem atingidos com a elaboração do material?

A razão desta pergunta é atentar sobre a necessidade de se ter objetivos claros e definidos para a produção do material.

RELEVÂNCIA 2: Qual o nível de dificuldade, o contexto cultural e a quantidade de material necessário para atender aos interesses do público-alvo?

O objetivo desta pergunta é definir qual o nível de dificuldade que será imposto ao material, em que contexto cultural ele estará inserido e a quantidade de material que será necessário a fim de atingir os interesses do público-alvo definido.

ACESSIBILIDADE 3: Quais as restrições técnicas relacionadas ao público-alvo para acessar o recurso?

Esta pergunta tem o objetivo de identificar se o público-alvo possui acesso à energia elétrica, aos recursos computacionais e à conectividade com a internet.

ACESSIBILIDADE 4: O material será pensado para atender aos requisitos de acesso e visualização nos diferentes dispositivos?

Esta pergunta tem o objetivo de identificar se o material atenderá aos requisitos de acesso e visualização nos diferentes dispositivos: smartphone, tablet, TV Digital, computador ou ambos.

ACESSIBILIDADE 5: Existirão recursos financeiros, humanos e tecnológicos suficientes para a produção do material?

Esta pergunta tem como objetivo identificar se existe orçamento disponível para a produção do material. Se haverá uma equipe com especialistas responsáveis pela produção do conteúdo, pela produção gráfica e audiovisual, bem como, pelo desenvolvimento técnico do material. Além disso, se existem recursos tecnológicos como computadores, acesso à internet e softwares para a produção do material.

ENGAJAMENTO 6: O pessoal envolvido no processo de produção terá uma base comum de conhecimentos, crenças e entendimento prévio a respeito do que será tratado?

Esta questão tem por objetivo verificar o grau de entendimento da equipe a respeito do que será produzido. Se haverá a necessidade de

capacitação e se os participantes possuem clareza sobre as responsabilidades de cada indivíduo no projeto.

ENGAJAMENTO 7: Haverá um ambiente de gerenciamento das atividades que possibilitem ações colaborativas entre os membros da equipe?

Esta questão permitirá identificar qual é a estrutura e se ela oferece condições para que os membros da equipe produzam materiais colaborativamente.

ENGAJAMENTO 8: Que estímulos serão oferecidos à equipe com o propósito de motivá-los no trabalho de reúso, revisão, remixagem e redistribuição de REA?

Esta questão tem o objetivo de identificar que tipo de recompensa (estímulo) será dado à equipe: financeira, pessoal e/ou profissional. ACESSIBILIDADE 9: Quais serão as estratégias para a localização de REA já existentes e relacionados ao tema em questão?

Esta questão tem o objetivo de verificar quais serão: as palavras-chave utilizadas para a busca; onde os REA serão pesquisados: em motores de buscas especializados, em repositórios temáticos e federados, em buscadores populares como Google ou Bing, nas indicações de amigos ou publicações, ou em ambos; e quais formatos serão identificados: textos, vídeos, áudios, imagens entre outros a fim de oferecer maior possibilidade de adaptação.

RELEVÂNCIA 10: Como será realizada a triagem dos materiais selecionados quanto à relevância?

Esta questão tem como objetivo identificar a relevância dos materiais disponíveis para o reúso. Para esta triagem poderão ser observadas questões como a clareza da linguagem e a adequação ao nível proposto, a precisão do conteúdo, a atualização, a licença de uso, o formato, a acessibilidade, a nitidez de som e imagens, se permite a tradução e incorporação de legendas, se está adequado ao contexto cultural, entre outros, formando assim um conjunto de materiais desconectados. RELEVÂNCIA 11: Quais serão as lacunas existentes entre os REA identificados e os objetivos a serem atingidos?

Esta questão tem como objetivo identificar se os REA, reunidos na busca, atenderão aos objetivos definidos ou se será necessário alterá- los ou produzir novos.