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5.1 Fase de Instauração

5.1.4 Requisitos para a Instauração

A Lei n. 9.784/99, no seu art. 6º, dispõe sobre o requerimento inicial o qual deverá ser escrito e indicar o órgão ou autoridade a que se dirige. Além disso, deve identificar o interessado ou o seu representante e o domicílio do requerente ou local para receber comunicações. Na formulação do pedido, deve haver a exposição dos fatos e os fundamentos que o justifiquem. Por fim, deve ser datado e assinado pelo requerente ou seu representante.

Requerimento ou petição é o pedido formalizado opor escrito, ao poder público, sobre assunto de interesse do cidadão, merecedor de esclarecimento. Os agentes públicos devem atender a qualquer solicitação, dando a orientação devida ao cidadão e o consequente encaminhamento para a esfera ou órgão competente.

Em hipótese nenhuma a Administração pode recusar-se a receber requerimentos, ainda que com falhas. O servidor autorizado deve orientar o interessado sobre o preenchimento correto do documento inicial.

A Lei n. 9.784/99 é clara quando, em seu art. 7º, diz que a Administração deverá elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes.

A autoridade administrativa não pode se limitar a descrições genéricas dos fatos, sendo passível de invalidar o ato caso o requerente não detalhe os acontecimentos e aponte os fundamentos jurídicos. Todavia, o procedimento administrativo não exige a intervenção de profissional tecnicamente habilitado.

Alfredo Ruprecht assim se manifestou sobre o assunto:

O princípio da simplicidade pressupõe que o procedimento deve ser de fácil manejo. É preciso levar em conta que a seguridade social compreende toda classe de pessoas, desde as mais instruídas até analfabetos e, portanto, não se pode exigir deles ritos complicados. A simplicidade deve prevalecer, sobretudo no processo administrativo177.

No caso de o requerente ser analfabeto ou estar impossibilitado de assinar, é permitida a aposição da impressão digital, na presença de um funcionário do INSS, que o identificará, ou a assinatura a rogo, em presença de duas testemunhas, que deverão assinar com o rogado, se não for possível obter a impressão digital.

É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas, sendo obrigatória a protocolização de todos os pedidos administrativos, cabendo, se for o caso, a emissão de uma carta de exigência ao requerente.

Caso o representante da Administração constate dificuldade por parte do requerente em entender o procedimento ou o que está sendo pedido em uma carta de exigência, por exemplo, será o mesmo encaminhado ao Serviço Social para ajuda.

Se o segurado ou seu representante legal solicite o protocolo somente com apresentação do documento de identificação (Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS ou Carteira de Identidade), deverá ser protocolizado o requerimento e emitida exigência imediatamente, solicitando os documentos necessários, dando-lhe prazo sempre de no mínimo trinta dias para apresentação. Após esgotado o prazo, não sendo apresentados os documentos e não preenchidos os requisitos, o benefício será indeferido.

Não deve ser recusado o protocolo dos pedidos nos casos que em uma análise inicial não preencham os requisitos, pois somente com o indeferimento o requerente poderá buscar seus direitos, seja na esfera administrativa (recurso à Junta de Recurso - JR) ou judicial, devendo ser analisados todos os dados constantes dos sistemas do INSS, para somente depois haver análise de mérito quanto ao pedido de benefício.

O pedido de beneficio não poderá ter indeferimento de plano, sem emissão de carta de exigência, mesmo que assim requeira o interessado, uma vez que cabe ao Instituto zelar pela correta instrução do feito, justificando o ato administrativo de indeferimento.

Os requerimentos de benefícios e serviços poderão ser solicitados pelos seguintes canais de atendimento: i) pela internet (www.previdencia.gov.br); ii) pelo PREVFone (135); ou iii) pela Agência da Previdência Social.

Qualquer que seja o canal remoto de protocolo será considerada como Data de Entrada no Requerimento (DER) a data da solicitação do agendamento.

5.1.5 Objeto do Pedido

O direito material cuja satisfação se pretende no processo previdenciário é um bem de índole alimentar, um direito humano fundamental, um direito constitucional fundamental.

O bem jurídico previdenciário corresponde à ideia de uma prestação indispensável à manutenção do indivíduo; destina-se a prover recursos de subsistência digna para os beneficiários da previdência social que se encontrem nas contingências sociais definidas em lei, bem com a suprir as necessidades primárias, vitais e presumivelmente urgentes do segurado e às de sua família, tais como alimentação, saúde, higiene, vestuário, transporte, moradia etc..

Não é vão lembrar que a proteção previdenciária corresponde a um direito intimamente ligado à dignidade da pessoa humana. Ao referir a existência de normas de proteção social em Tratados Internacionais de Direitos Humanos, é curial reconhecer que nada obstante a diversidade de nações e de culturas, a preocupação com os estados de necessidade é ínsita à percepção de que a humanidade é o valor dos valores. A Seguridade Social, enquanto meio de tutela da vida humana em situações de risco de subsistência, é um instrumento de salvaguarda deste valor de singular importância.

Em matéria de proteção social, antes da Constituição de 1988, a Declaração Universal dos Direitos dos Homens, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 10/12/1948, e ratificada pelo Brasil na mesma data, já dispunha em seu art. XXV:

1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito à segurança, em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias ora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Todavia, a obrigatoriedade jurídica de observância dos direitos previstos na Declaração Universal de 1948 só se operou em 1966, com a elaboração do Pacto Internacional