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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.3. Resistência média à compressão - f cm

Figura 36. Resistência média à tração na flexão para argamassas com traço LVL aos 7 e 28 dias de idade.

Ao avaliar os dados da Tabela 7, que mostram o ganho nos valores de 𝑓𝑐𝑚 para cada idade, teor e tipo adição de RLV, pode-se perceber com clareza que a adição de fibras curtas trouxe muito mais benefícios para a resistência à compressão do que as fibras longas.

Corrobora-se esta afirmação ao perceber que para a ruptura aos 7 dias de idade, o traço LVM-15 apresentou o maior percentual de incremento de 𝑓𝑐𝑚, com 43% de ganho, quase o dobro do ganho de 𝑓𝑐𝑚 obtido pelo traço LVL-15, que foi de apenas 23%. Na ruptura dos cps aos 28 dias de cura, percebe-se que os incrementos de resistência, ainda que significativos, foram consideravelmente menores dos que os ganhos obtidos nas idades iniciais. Isso fica evidente ao verificar que, enquanto o traço LVM-5 atingiu um incremento máximo de 20%, o traço LVL-7.5 conseguiu apenas um incremento máximo de 13% em relação ao traço REF.

Tabela 7. Resistência à compressão média para cada traço, com incremento em relação ao traço de referência.

Incremento de fcm em função do teor de adição de fibra (%)

Traço 0 2,5 5,0 7,5 15,0

7 d LVM 46,04 (0) 46,05 (0) 48,11 (4) 52,18 (13) 65,93 (43) LVL 46,04 (0) 45,86 (0) 51,46 (12) 51,48 (12) 56,69 (23) 28 d LVM 53,17 (0) 54,13 (2) 63,84 (20) 61,44 (15) -

LVL 53,17 (0) 58,53 (10) 56,24 (6) 60,22 (13) -

Os resultados da análise de regressão para os cps rompidos no ensaio de compressão uniaxial aos 7 dias de cura estão mostrados nas Figura 37a e b. Percebe-se que além dos elevados coeficientes R2 > 0,90 para ambas as retas de ajuste A e B (Tabela 8), a avaliação dos coeficientes angulares das equações das retas mostrou que 𝑏𝐴 = 1,405 > 𝑏𝐵 = 0,749. Isso revela que a adição de maiores teores de fibras curtas LVM teve quase o dobro de influência nos valores de 𝑓𝑐𝑚, em comparação com a adição dos mesmos teores de fibras longas LVL.

Para explicar essa tendência de comportamento de 𝑓𝑐𝑚 em relação ao fator de forma, atribuiu-se este ganho de resistência devido à ocorrência simultânea de dois efeitos já discutidos na seção 2.2.4: o efeito filler e a atuação das superfícies das microfibras como sítios de nucleação heterogênea (Figura 6) (DEFÁVERI et al., 2022; DEZFOULI; AFSHINNIA;

RANGARAJU, 2018). As fibras curtas, que após serem cominuídas mediante sucessivos impactos pelas esferas de aço, tiveram comprimentos tão minúsculos que muitas partículas mais se assemelhavam com grãos muito finos do que com fibras em si (Figura 27). A esta alta eficiência de moagem também se atribui um expressivo aumento na área de superfície específica do material, em comparação com as fibras mais longas e íntegras.

Deste modo, além da adição das fibras do tipo LVM melhorar o empacotamento das partículas pelo efeito fíller, estas também possuem muito mais área de superfície específica disponível para o fenômeno de nucleação heterogênea do que as fibras do tipo LVL. Embora a atuação do efeito crack-bridging promovido pelas fibras longas também possa ajudar a combater as tensões de tração transversais no momento da aplicação de uma carga compressiva, este não se mostrou o suficiente para contrabalancear o efeito da adição das fibras curtas no valor de 𝑓𝑐𝑚. Os resultados obtidos estão em acordo com as observações feitas nos trabalhos de George, Das & Goudar (2019), Khalaf, Ibrahim & Mahdi (2022) e Sivanantham et al. (2022).

Figura 37. Análise de regressão linear para fcm aos 7 dias para os traços a) LVM e b) LVL.

Os resultados do ANOVA/Tukey para os cps rompidos por compressão aos 7 dias estão mostrados na Tabela 8. Pode-se constatar que como ambos os valores de p foram nulos, logo rejeitou-se a hipótese nula do ANOVA, ficando assim evidente que há uma discrepância estatisticamente significativa entre os valores de 𝑓𝑐𝑚 em função do teor de adição de RLV. A análise de Tukey para ambos os traços LVM e LVL permitiu agrupar os respectivos valores de 𝑓𝑐𝑚 para cada teor de adição de fibras em três categorias A, B e C, sem a presença de nenhuma categoria mista do tipo AB ou BC. Isso indica que houve um significativo distanciamento dos valores de 𝑓𝑐𝑚 entre os distintos teores de adição de RLV, o que também é evidência de que houve influência desta variável nos resultados obtidos. No entanto, cabe observar que também houve alguns resultados com bastante sobreposição estatística dos valores de 𝑓𝑐𝑚, como é o exemplo dos traços REFC, LVM-2.5C e LVM-5C, que foram classificados numa única categoria C. Algo similar também ocorre entre os traços REFC, LVL-2.5C, que também foram classificados dentro de uma categoria C, enquanto os traços LVL-5B e LVL-7.5B, por possuírem semelhança entre si, estão agrupados numa outra categoria B.

Tabela 8. Resultados do ANOVA/Tukey, para ruptura por compressão aos 7 dias de cura.

Adição de RLV (%) – Tukey* ANOVA

Traço 0 2,5 5,0 7,5 15,0 F p Significância R2 LVM 46,04C 46,05C 48,11C 52,18B 65,93A 167,33 0,00 Sim** 0,935

LVL 46,04C 45,86C 51,46B 51,48B 56,69A 49,01 0,00 Sim 0,912

* As médias que não compartilham uma mesma letra são significativamente diferentes.

** Sim quando p < α = 0,05; Não quando p > α.

Os resultados de regressão linear para os valores de 𝑓𝑐𝑚 obtidos no ensaio de compressão aos 28 dias de cura estão mostrados nas Figura 38a e b. Nota-se que houve certo prejuízo dos coeficientes de ajuste R2 (Tabela 9), posto que ambos os valores calculados de R2 ficaram abaixo de 0,90. Esta perda de correlação se atribuiu devido à falta do valor de 𝑓𝑐𝑚 para os traços com 15% de adição de RLV para a idade de cura de 28 dias. Ao comparar os valores dos coeficientes angulares das retas A e B, fica bastante evidente que, embora tenha ocorrido uma ínfima mudança nos valores numéricos, a tendência 𝑏𝐴 = 1,381 > 𝑏𝐵 = 0,754 se manteve muito próxima da tendência observada para o regime de 7 dias de hidratação.

Deste modo, tem-se evidências para afirmar que a ocorrência conjunta dos efeitos fíller e como superfície extra para nucleação heterogênea trouxe benefícios à 𝑓𝑐𝑚 que perduraram até os 28 dias de tempo de hidratação das matrizes com adição de fibras do tipo LVM. Já no caso das fibras LVL com maior L/d𝑚é𝑑, embora estas tenham promovido algum benefício nos

valores de 𝑓𝑐𝑚, este não chegou a ser tão eficaz quanto os benefícios promovidos pela adição das fibras curtas. As observações dos incrementos de 𝑓𝑐𝑚 para ambos os traços LVM e LVL, em função do teor de adição de fibras, revelam que aos 28 dias não se alcançou a mesma magnitude dos incrementos observados aos 7 dias (Tabela 7). Contudo, embora os incrementos de 𝑓𝑐𝑚 tenham sido mais sutis, verifica-se que o aumento do teor de adição de RLV ainda continua a provocar grande influência nos valores de 𝑓𝑐𝑚. Os resultados obtidos nesta análise vão de encontro com as observações feitas por Cakir et al. (2022), Defáveri et al. (2022), Khalaf, Ibrahim & Mahdi (2022) e Rao & Sekhar (2010).

Figura 38. Análise de regressão linear para fcm aos 28 dias para os traços a) LVM e b) LVL.

Os resultados do ANOVA/Tukey para os cps ensaiados por compressão aos 28 dias encontram-se na Tabela 9. Nota-se que para ambos os tipos de traço LVM e LVL, os valores calculados de p foram menores do que o nível de significância 𝛼 = 0,05. Deste modo, pode-se afirmar que também houve variação estatisticamente significativa dos valores de 𝑓𝑐𝑚 em função do teor de adição de fibras para ambos os métodos de beneficiamento. A análise de Tukey para o traço LVM classificou os valores de 𝑓𝑐𝑚 em apenas duas categorias A e B, ao mesmo tempo que para o traço LVL, a classificação foi feita com três categorias A, AB e B.

O teste de Tukey comprova que, apesar de ter ocorrido variação significativa de 𝑓𝑐𝑚 em função do teor de RLV, ainda sim alguns resultados apresentaram algum nível de sobreposição estatística, que os permitiram serem classificados em categorias em comum. Nesse sentido, cita-se como exemplo os valores de 𝑓𝑐𝑚 obtidos para os traços LVM-5A e LVM-7.5A, ambos agrupados na mesma categoria A, enquanto os traços REFB e LVM-2.5B foram agrupados na categoria B. Outro exemplo é o caso dos traços LVL-2.5AB, LVL-5AB e LVL-7.5A, sendo que embora este último esteja numa categoria distinta dos outros dois, estes ainda compartilham a categoria A em comum. O mesmo ocorre no caso dos traços REFB, LVL-2.5AB e LVL-5AB, que

embora possuam diferenças significativas entre si, todos estes também possuem a categoria B em comum.

Tabela 9. Resultados do ANOVA/Tukey, para ruptura por compressão aos 28 dias de cura.

Adição de RLV (%) – Tukey* ANOVA

Traço 0 2,5 5,0 7,5 15,0 F p Significância R2 LVM 53,17B 54,13B 63,84A 61,44A - 11,79 0,00 Sim** 0,709

LVL 53,17B 58,53AB 56,24AB 60,22A - 4,31 0,02 Sim 0,635

* As médias que não compartilham uma mesma letra são significativamente diferentes.

** Sim quando p < α = 0,05; Não quando p > α.

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