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Da Resolução CNE/CP 2/2002

6. UMA NOVA PROPOSIÇÃO CURRICULAR PARA A PRÁTICA EM

6.5 Da Resolução CNE/CP 2/2002

O Parecer CNE/CP 9/2001 sugere uma linha de raciocínio que será discutida nos Pareceres que o sucedem, como o Parecer CNE/CP 21/2001, corrigido pelo Parecer CNE/CP 28/2001, e ainda pela alteração sobre a designação de estágio, como no caso do Parecer 27/2001, mas esses documentos mereceriam maior cuidado ou esclarecimento quanto à indicação de estágio que pode caracterizá-lo como divorciado da caracterização de prática que os primeiros documentos propõem e depois perdem sua coerência.

A incoerência que pode ser destacada na redação da Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002, que sucede à indicação do Art. 12 da Resolução CNE/CP 1/2002 e institui a duração e carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da educação básica em nível superior, com o mínimo de 2.800 horas, com destaque para a articulação teoria e prática, das quais 800 horas devem ser consideradas com base na análise do que é prática na Resolução 1/2002:

Art. 1º: A carga horária dos cursos de Formação de professores da Educação Básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será efetivada mediante a integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e oitocentas) horas, nas quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos dos seus projetos pedagógicos, as seguintes dimensões dos componentes comuns:

I 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular, vivenciadas ao longo do curso;

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II 400 (quatrocentas) horas de estágio curricular supervisionado a partir do início da segunda metade do curso;

III 1.800 (mil e oitocentas) horas de aulas para os conteúdos curriculares de natureza científico-cultural;

IV 200 (duzentas) horas para outras formas de atividades acadêmico- científico-culturais;

Parágrafo único. Os alunos que exerçam atividade docente regular na educação básica poderão ter redução da carga horária do estágio curricular supervisionado até o máximo de 200 (duzentas) horas.

Note-se que, na Resolução CNE/CP 2/2002, não se pretende explicar as recomendações da Resolução CNE/CP 1/2002, naquilo que nos interessa, o que é prática e o que é estágio.

No entanto, pela divisão da carga horária mínima prevista para os cursos de formação de professor, pode-se observar, independentemente da indicação de horas, uma separação entre prática como componente curricular e entre estágio supervisionado, como se este último não abrangesse o que se entende por prática.

Poderia pensar no que já foi referido sobre o documento que originou o Parecer 28/2001, que indica mais claramente a ambigüidade contida no Parecer 9/2001, e que poderia definir como incoerência (na alusão às 800 horas de prática) a separação de prática como componente curricular do estágio, enquanto no Parecer original, lê-se que a prática como componente curricular abrange prática de ensino e estágio curricular, indicando que tudo que se refere à prática no universo curricular pode ser incluído nessas 800 horas.

No próprio Parecer CNE/CP 28/2001 e na correção realizada no Parecer CNE/CP 21/2001, sugere-se o que está dito no Parecer 9/2001: que a prática deverá ser considerada como componente curricular em que se trabalha a reflexão e a atividade profissional, sendo que esta última deve ser exercitada com o estágio. No entanto, no parágrafo seguinte, o parecer indica que se deve distinguir a prática como componente curricular da prática de ensino, e do estágio, destacando o que é prática como componente curricular e o que é estágio curricular, desconsiderando a alusão à prática de ensino. Essa relação mais ampla entre teoria e prática abrange múltiplas maneiras na formação docente. Ela compreende vários modos de se fazer a prática tal como expostos no Parecer CNE/CP 9/2001.

Uma concepção de prática mais como componente curricular implica vê-la como uma dimensão do conhecimento, que tanto está presente nos cursos de formação nos momentos em que se trabalha na reflexão sobre a atividade profissional, como durante o estágio nos momentos em que se exercita a atividade profissional. (Parecer CNE/CP 9/2001, p. 22)

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Assim, há que se distinguir, de um lado, a prática como componente curricular e, de outro a prática de ensino e o estágio obrigatório definidos em lei. A primeira é mais abrangente: contempla os dispositivos legais e vai além deles. (Parecer CNE/CP 28/2001, p. 9)

Quando se sugere que a prática deve ocorrer como componente curricular, entende-se que esta inclui prática de ensino e estágio, conforme o que ficou claro no Parecer CNE/CP 9/2001 e mencionado na análise do primeiro parágrafo do Art. 12, da Resolução CNE/CP 1/2002, na indicação de que a prática deve ser concebida como ação e reflexão da atividade profissional, mas não se restringir a ela, o que significa que essa prática vai além disso. Evidencia-se diante do levantamento da problemática do curso de formação20, que seja revisto o tratamento restrito da prática como atuação profissional. Entendemos que essa prática também deve se assentar nos princípios da contextualização e reflexão de situações problemáticas, diante não só do isomorfismo sugerido pela diretriz, mas também sobre a transposição didática, sobre os conhecimentos do objeto de ensino, do diálogo com a formação contínua, da reinterpretação dos contextos escolares, da relação do currículo na licenciatura com o segundo segmento do ensino fundamental e do ensino médio da educação básica etc. Defendemos que essa prática como componente curricular deve ser prevista para rearticular o currículo. Este que, por tradição, se fragmenta em conhecimentos teóricos e práticos, em disciplina, em pesquisa e ensino, e, conforme a proposta curricular das diretrizes curriculares aqui enfatizadas, devem dispor de coerência para articular todos esses momentos, para alcançar uma profissionalização que indique, reconhecimento da identidade docente, autonomia e criticidade na prática docente, numa perspectiva de formação inicial reflexiva e transformadora.

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