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3 APROPRIAÇÃO DE RESULTADOS: UM POSSÍVEL CAMINHO PARA A

3.4. ANÁLISE DE DADOS

3.4.2 Respondendo à pergunta do caso de gestão “ se ocorre e como ocorre a apropriação

Em relação às ações desenvolvidas pela escola quanto à utilização dos resultados das avaliações do PROEB, Vice-diretor e Especialista tiveram o mesmo posicionamento.

O vice-diretor destaca que há orientação por parte da supervisão, para que os professores analisem e utilizem os resultados das avaliações na prática e no planejamento das aulas.

Segundo a Especialista, os professores relatam acessar os boletins pedagógicos do PROEB para analisar os resultados dos estudantes. Destaca que há aqueles mais comprometidos e dedicados que fazem até tabela analisando o resultado individual e coletivo. Porém, essa ação ainda é falha pelo fato de não ser aderida por todo grupo.

Confirmando o parecer da Especialista, quando se refere que não são todos os professores que acessam os resultados, de acordo com a pesquisa realizada junto aos professores, por meio do questionário, apenas 65% deles, relataram utilizar materiais de apoio presentes em boletins pedagógicos do SIMAVE/PROEB.

A Especialista destaca que quando estão de posse dos resultados, que chegam tardiamente à escola, há execução de algumas ações, embora não sistemáticas, de análise dos dados. Relata preocupação diante do fato de a escola não mais poder ajudar os alunos dos 3º anos do Ensino Médio, uma vez que, já saíram. “Por exemplo, o aluno que está no terceiro ano já foi, então não tem como fazer mais nada por eles.” (ESPECIALISTA. Entrevista realizada em abril de 2020).

Com relação a isso, Menezes (2019) ressalta a opinião de Machado (2012, p.77) esclarecendo que, diante dos resultados obtidos pela escola, gestores e professores devem refletir sobre os possíveis fatores que explicam o desempenho dos alunos, em um movimento de “[...] interpretação pretérita. Não há mais condições de ensinar o que os alunos não aprenderam, porque eles, em muitos casos, não são mais alunos da escola, mas é possível reconsiderar procedimentos, rever métodos e alterar projetos.”.

Menciona que já houve, em anos anteriores, práticas de montagem de aulões de Português e Matemática em que os professores elaboravam ou selecionavam questões pertinentes à cada habilidade ou descritor defasado e aplicavam as aulas aos alunos.

Dos professores pesquisados, boa parte (em torno de 75%), concorda que existe uma cobrança maior sobre os professores de Português e Matemática nos resultados do SIMAVE/PROEB.

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A fala da Especialista e a da maioria dos professores reforça e coaduna com Marques (2017),

A responsabilidade dos resultados recai sobre os professores das disciplinas avaliadas, fato que aponta para a necessidade de ações voltadas para o envolvimento dos diferentes atores do processo educacional escolar, para que esses possam ver o processo de apropriação como uma prática útil e assim possam realizar intervenções e melhorar a qualidade da educação. (MARQUES, 2017, p. 133).

Quanto às ações de incentivo a participação dos alunos na avaliação, a Especialista, relata haver muita sensibilização em relação a esse momento de grande importância. Costuma dizer, como forma de incentivar ao aluno, que “[...] o resultado da prova é identidade do aluno.” (ESPECIALISTA. Entrevista realizada em abril de 2020).

Diante disso é realizada uma campanha de divulgação e incentivo à importância da participação de todos. “Incentivamos, damos lanche antes da realização das provas, depois elogiamos e parabenizamos, com a entrega de uma mensagem individual de agradecimento pela participação.” (ESPECIALISTA. Entrevista realizada em abril de 2020).

Na pesquisa, 85% dos professores afirmaram que os resultados das avaliações do SIMAVE/PROEB obtidos pela escola são discutidos pela equipe diretiva (diretor, vice-diretor e especialista) com os professores. Disseram utilizar os resultados do SIMAVE/PROEB para (re) pensar o planejamento e mudar as estratégias de ensino para as suas aulas.

Para Marques (2017), “[...] os resultados das avaliações em larga escala, quando interpretados e apropriados de forma reflexiva, se tornam instrumentos de gestão e permitem repensar a escola em todas as suas dimensões.” (MARQUES, 2017, p.127).

Nesta perspectiva, os professores foram questionados sobre a análise dos resultados do SIMAVE/PROEB, se eles, contribuem para pensar a prática pedagógica. A maioria (75%) deles concorda que sim e os mesmos professores relatam utilizar os resultados presentes nos boletins pedagógicos para pensar novas estratégias de ensino. Relataram compreender a média da proficiência obtida pela escola e indicaram que os resultados do SIMAVE/PROEB são debatidos entre os professores, inclusive envolvendo os responsáveis por disciplinas não avaliadas.

Com base na análise apresentada ao longo dessa seção, concluímos que a equipe tem uma percepção do SIMAE/PROEB, porém, não agem coletivamente na preparação dos alunos para a prova. A responsabilidade maior é posta para os professores de Língua Portuguesa e Matemática e os demais são meros expectadores de todo o processo.

Percebe-se que não há um acompanhamento efetivo das intervenções pedagógicas planejadas, talvez pelo fato de a escola ter apenas uma especialista responsável pelos dois turnos, de modo ser necessário estabelecer metas e monitoramento das ações.

Nota-se também, em descrição anterior encontrada no capítulo 1, que a escola desenvolve uma rotina de reuniões semanais de planejamento, contudo, o trabalho com os professores não foi realizado com os dados das avaliações do PROEB.

Sendo assim, o processo de apropriação dos resultados, realizado na escola campo de pesquisa: divulgação dos resultados em reunião, solicitação aos professores para que acessem e analisem os dados, ações de incentivo a participação dos alunos, desinteresse por parte de alguns professores na utilização dos resultados, são incipientes e reiteram a necessidade de ações mais efetivas que possibilitem ao grupo a reflexão e discussão. Ações que serão propostas no PAE no quarto capítulo desta dissertação.